sábado, 29 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22949: Os nossos seres, saberes e lazeres (489): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (35): Faiança polícroma, corda seca, ponta de diamante, o azulejo decorativo visto à lupa (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos,
Havia que repartir por uma curta série de textos a visita a um dos mais esplendorosos museus nacionais, implantando no Convento da Madre de Deus com a sua deslumbrante igreja. Logo o restaurante-cafetaria é do maior interesse, bem como o espaço da estufa, e depois continua a viagem pela evolução do azulejo em Portugal, a contemplação do retábulo Nossa Senhora da Vida, passamos pela importante pintura Panorama de Jerusalém, nesse mesmo rés-do-chão temos a igreja, uma das mais importantes do barroco português, vamos desfrutando de silhares de azulejos, de painéis em que não falta o exotismo, como O Casamento da Galinha, o extraordinário presépio, as figuras de convite, e assim avançamos até ao século XX, e a coroar a visita o extraordinário conjunto da Grande Vista de Lisboa. É para visitar com tempo e pensar em regressar depressa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (35):
De um belo presépio à grande vista de Lisboa antes do terramoto, Museu Nacional do Azulejo


Mário Beja Santos

Seria imperdoável pormos termo a esta visita ao Museu Nacional do Azulejo sem fazer uma referência à monumental Natividade que se encontra na capela de Santo António. Trata-se de um dos conjuntos mais importantes de uma tradição portuguesa. Estava agora na chamada Sala do Presépio, hoje reduzida a um terço da sua dimensão original, é uma criação de valor excecional dos barristas portugueses, o visitante confronta-se com anjos músicos, foliões, a Sagrada Família, as imagens dos Reis Magos e muitíssimo mais. É de visita obrigatória.
A sua grande importância a exposição do azulejo do século XX, desde a Arte Nova até à atualidade. Ganha destaque um painel relevado de Jorge Barradas, pintor e ilustrador do modernismo português, um grande renovador da cerâmica, figura da primeira geração de modernistas. Como escreve Maria Antónia Pinto de Matos, “O decorativismo adequou-se ao gosto do artista, que já o manifestara na sua atividade gráfica, conduzindo-o a uma produção escultórica que associa a graciosidade requintada, por vezes quase barroca a um tratamento que se aproxima à tradição barrista dos oleiros portugueses. O seu interesse pelas formas escultóricas está patente nesse painel, criado para a fachada do Museu de Arte Contemporânea, hoje Museu do Teatro, uma alegria às artes da pintura e da escultura, representadas por duas figuras andróginas”. Antes, porém, temos o decorativismo de Raul Lino, carateres geometrizantes do fim da Arte Nova.
Seguem-se duas imagens da evolução azulejar que vai de Maria Keil a Júlio Resende e Eduardo Nery. Maria Keil é uma figura destacada pelo seu trabalho na primeira fase do Metropolitano de Lisboa, exigiram-lhe uma grande sobriedade nos seus padrões, era um tempo em que o decorativismo parietal ocupava um papel secundário, parecia que o passageiro do metro não tinha direito à fruição estética na atmosfera da estação, tudo se resolvia com umas cores garridas e música ambiente, conceito que está hoje totalmente ultrapassado.
Outro ângulo do claustro concebido por Diogo Torralva, atenda-se à harmonia das proporções, independentemente de todos os trabalhos posteriores, designadamente a adaptação dos andares superiores a espaço museológico.
Despedimo-nos com alguns pormenores do silhar de azulejos Grande Vista de Lisboa. Demos a palavra à autora do guia do museu: “Este extraordinário conjunto, um dos mais importantes da história da azulejaria portuguesa e uma das joias do Museu Nacional do Azulejo, é, simultaneamente, um documento único para a História de Lisboa, mostra-nos a cidade vista a partir do azulejo antes do terramoto de 1755. A sua execução tem vindo a ser associada a um dos primeiros mestres da azulejaria barroca nacional, Gabriel del Barco, ainda que seja, provavelmente, obra de uma oficina. Com cerca de 23 metros de comprimento, nele estão representados 14 quilómetros de costa, de Algés a Xabregas, retratando palácios, igrejas, conventos e casas de habitação, para além de toda uma vivência que se observa desde as áreas mais densamente povoadas aos campos e arrabaldes de Alcântara ou Belém. Outrora numa sala do Palácio dos Condes de Tentúgal, na Rua de Santiago, em Lisboa, ele terá sido aplicado como silhar, ou seja, colocado nas paredes, junto ao rodapé, com a visão do Palácio Real seguramente em destaque, na parede do topo do espaço. Deste modo, o acentuar da linha de costa ganharia uma ênfase própria, que a colocação do conjunto relevando o espaço, numa visão a 360º, dotaria de uma visão similar ao que viriam a ser, futuramente, os diaporamas”. Parece sentir-se o movimento da cidade, podemos agora comparar o que foi engolido pelo terramoto, num dos extremos do painel temos o Convento Madre de Deus e numa perspetiva avantajada avulta o Palácio Real e o Terreiro do Paço, numa dimensão desproporcionada, aquele local era o eixo a partir do qual a vida de Lisboa se articulava.
Está-se a crer que é uma imagem do essencial para que o leitor tome a decisão de visitar ou voltar de novo a este extraordinário museu.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22930: Os nossos seres, saberes e lazeres (488): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (27): Faiança polícroma, corda seca, ponta de diamante, o azulejo decorativo visto à lupa (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22948: Parabéns a você (2030): Luís Graça, Fundador e Editor deste nosso Blogue, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22929: Parabéns a você (2029): Virgínio Briote, ex-Alf Mil Cav da CCAV 489 e Alf Mil Comando, CMDT do Grupo "Os Diabólicos" (Cuntima e Brá, 1965/67)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22947: Em busca de... (316): Furriel Silva que em 1973 deu escolinha aos meninos de Chugué. Procura-o o cidadão guinnense, radicado em Itália, Vasco Na Nena que lhe quer prestar o seu reconhecimento. Ponto da situação (Carlos Silva, Cor Tir na Reforma)

Localização de Chugué. Infogravura da Carta de Bedanda 1:50.000. © Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Mensagem do senhor Coronel Tirocinado na Reforma Carlos Cação da Silva, com data de 26 de Janeiro de 2022:

Meu caro Carlos Vinhal,
Espero que se encontre bem de saúde e em “pleno” no cumprimento da sua tarefa no vosso Blog.

Venho dar-lhe conta da evolução positiva deste assunto pois neste momento estamos em vias de estabelecer contacto com o Fur Silva.

Na sequência do esforço de pesquisa destaco:

- 1.ª Pista: A vossa triagem das sub-unidades presentes no Chugué no període de 1972/1974 apontando para as CCAÇ’s 3477 e 4143;

- O Arquivo Geral do Exército na sua pesquisa não encontrou qualquer referência ao Fur Silva em ambas as Companhias mas identificou o Fur. Enf. Faria na CCAÇ 4143 que teria também apoado a Escolinha do Chugué. Deu-nos assim a 2.ª pista.

- Com o nome completo deste Furriel Enfermeiro e as indicações de um outro aluno da mesma escola e naquela época, que localizámos, hoje como médico no Hospital de Beja, estamos a aproximarmo-nos do Fur Silva que, não pertencendo àquelas Companhias, está confirmada a sua presença na escola do Chugué.

- Estamos confiantes de que o nosso objectivo foi conseguido mercê do vosso empenho e interesse que sempre manifestaram e que nos proporcionaram os primeiros e fundamentais elementos para que fosse conseguido um desfecho que, acreditamos, irá ser positivo.

Só tenho que, mais uma vez, enviar os meus sentidos agradecimentos aos Srs. Dr. Luis Graça, Carlos Vinhal e também a todos aqueles que tiveram que envolver nesta pesquisa.
Estarei sempre ao vosso dispor para o que julgarem necessária e nas minhas possiblidades.

A melhor saúde para todos
Cordiais cumprimentos
Um grande abraço amigo
Cação da Silva


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2. Mensagem resposta enviada ao senhor Coronel Cação da Silva no mesmo dia:

Senhor Coronel Cação da Silva,
Muito obrigado pela sua mensagem dando nota da evolução da tarefa que assumiu levar até ao fim.
Se não se importar darei notícia no nosso Blogue desta sua mensagem. Fico a aguardar a sua autorização.
Pela nossa parte também estamos ao seu inteiro dispor, assim lhe possamos ser uteis.
Retribuímos o abraço com votos de que esteja bem.

Pelo Blogue LG&CG
Carlos Vinhal


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3. Ainda no mesmo dia recebemos do senhor Coronel a seguinte mensagem:

Meu Caro Carlos Vinhal,
Não tem que pedir autorização alguma. Faça a publicação que melhor entender pois também penso que é importante para os nossos combatentes na Guiné e que participam no Blog terem conhecimento do sucesso da nobre tarefa a que todos deitámos mão. Um reencontro, passados quase meio-século, destes “jovens” que se conheceram no Chugué em condições nada fáceis será certamente emotivo e vivenciado com muitas recordações. O Vasco Na Nema está presentemente na Guiné onde está a tratar de assuntos familiares e aguarda-se a sua passagem por Lisboa onde ficará uns dias antes de seguir para Veneza.
Estou esperançado de que tudo irá correr bem e disso lhe darei oportunamente conhecimento.

Um abraço amigo e sempre ao vosso dispôr.
Cação da Silva

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Nota do editor

Vd. poste de 21 DE NOVEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22737: Em busca de... (315): Furriel Silva que em 1973 deu escolinha aos meninos de Chugué. Procura-o o cidadão guinnense, radicado em Itália, Vasco Na Nena que lhe quer prestar o seu reconhecimento (Carlos Silva, Cor Tir na Reforma)

Guiné 61/74 - P22946: Notas de leitura (1414): Depoimentos de combatentes cabo-verdianos na Guiné: André Corsino Tolentino e outros (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Fevereiro 2019:

Queridos amigos,
Para contextualizar, factualizar, documentar e interpretar a guerra da Guiné, com bases no rigor científico da hermenêutica e heurística, é indispensável obtermos os múltiplos depoimentos das hostes cabo-verdianas que combateram na Guiné. Há recolhas já efetuadas, recordo que Leopoldo Amado juntou um acervo de testemunhos a propósito do livro sobre Aristides Pereira, em que colaborou. José Vicente Lopes, jornalista e escritor cabo-verdiano, procedeu ao estudo do movimento subversivo no interior do arquipélago, das tensões e frustrações aí existentes, cria-se uma luta armada que não vinha. E os depoimentos são vários, mas são peças soltas, infelizmente. Por isso mesmo, é de toda a utilidade visitarmos sites como este, são outras abordagens, outras clarificações, contributos para um poliedro, esse sim, poderá ter a capacidade de ajudar a compreender o todo que anda por aí fragmentado.

Um abraço do
Mário



Depoimentos de combatentes cabo-verdianos na Guiné:
André Corsino Tolentino e outros


Beja Santos

André Corsino Tolentino viu os seus livros apreendidos no Lar dos Estudantes Ultramarinos, em 1967. Foi expulso e anos depois passou a dedicar-se inteiramente à luta como dirigente do PAIGC. Regressou a Cabo Verde em 1974, exerceu funções ministeriais e atualmente é administrador não-executivo da Fundação Amílcar Cabral.

Neste site podemos ler a sua entrevista mas também a de outros cabo-verdianos que combateram na Guiné como Pedro Pires, antigo Presidente de Cabo Verde e que liderou a delegação que negociou com Portugal o reconhecimento da independência da Guiné e depois de Cabo Verde; Carlos Reis, que ensinou na escola-piloto do PAIGC e que estava em Conacri aquando da invasão portuguesa em 1970, e da morte de Amílcar Cabral; Lilica Boal, escolhida por Amílcar Cabral para dirigir, em Conacri, a escola que preparava os filhos dos combatentes para a independência; e Pedro Martins, o prisioneiro mais jovem do Tarrafal.
André Corsino Tolentino conta como depois da sua expulsão seguiu para França, passou pela Suíça até chegar à Bélgica. Guarda boas recordações da Universidade de Lovaina e da comunidade cabo-verdiana como também do grupo de professores que apoiava os estudantes das colónias. E observa:
“Esta comunidade de estudantes já tinha uma relação com a comunidade vizinha, principalmente com a França e a Holanda. Havia até um certo intercâmbio cultural entre esses estudantes e os emigrantes daquela região. O primeiro objetivo era conseguir mobilizar alguns jovens emigrantes cabo-verdianos. Os obstáculos e preconceitos nesta mobilização eram enormes: Nós éramos terroristas para o regime salazarista, mas éramos também uma espécie de mensageiros do comunismo. E do comunismo no seu pior, daquele comunismo que chega e redistribui tudo o que se tem, desde o mais íntimo. Havia que desfazer essa ideia, o que era relativamente fácil, quando as pessoas conheciam a realidade, os interlocutores. Por exemplo, quando eu falava com as pessoas da ilha de Santo Antão era relativamente fácil desmontar esta propaganda. Para os meus colegas da ilha de Santiago, de São Vicente ou da ilha da Boavista era igualmente fácil, mas o encontro tinha de acontecer e a conversa tinha de ocorrer também para que isso fosse possível”.

Recebeu treino militar em Madina do Boé, e esteve durante um ano na Escola de Marinha em Odessa, no ano seguinte. Perguntado se acreditava realmente que algum dia seria possível em Cabo Verde a luta de guerrilha, André Corsino Tolentino elogiou a estratégia de Amílcar Cabral por este ter pensado e conseguido formar o PAIGC com guineenses e cabo-verdianos, mas não ilude a questão da frustração dos cabo-verdianos dentro do próprio PAIGC e da emigração. “Só depois viemos a saber que, de facto, era muito difícil em termos militares, sobreviver a um desembarque nas ilhas de Cabo Verde. Era altamente perigoso porque podia haver um fácil aniquilamento nos guerrilheiros. Houve discórdia entre Amílcar Cabral e Che Guevara na altura, porque Guevara defendia o princípio dos focos. Dizia que desde que as pessoas se instalem e tenham armas e o abastecimento garantido do exterior, a guerrilha poderá depois mobilizar a base e avançar. E Cabral defendia que a guerrilha só vinga se emergir da população local”.
Questionado sobre a sua viagem de Conacri para o interior da Guiné, depois de maio de 1964, respondeu:
“Houve uma explosão de alegria. A guerra durou muito tempo, mais de dez anos. Este cansaço manifestava-se através de conspirações, da desistência de operações, falta de apoio das populações ou através da deserção para o inimigo. Estávamos todos cansados da guerra, quer as tropas coloniais quer a resistência. Por conseguinte, a substituição do poder em Portugal e as declarações seguintes de predisposição para realizar a Descolonização, a Democracia e o Desenvolvimento só podiam ser bem-vindas. É neste contexto que o ambiente muda radicalmente”.

Para saber mais sobre estes combatentes cabo-verdianos, ver o site https://www.dw.com/pt-002/est%C3%A1vamos-todos-cansados-da-guerra-lembra-corsino-tolentino/a-17759520.
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22937: Notas de leitura (1413): A utopia de André Álvares d’Almada, Revista Sintidus, nº. 1, de 2018 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22945: As tuas melhoras, camarada !... (1): Padre Mário de Oliveira (ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, 1967/68), hospitalizado, em Penafiel, com múltiplos traumatismos, mas consciente, depois de grave acidente automóvel

1. O nosso camarada Mário de Oliveira, de 84 anos, ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68), está hospitalizado, no Centro Hospital do Tâmega e Sousa, em Penafiel, com traumatismo múltiplos, mas consciente, na sequência de grave acidente automóvel, ocorrido anteontem à tarde, em Macieira da Lixa, Felgueiras. (Para mais detalhes, ver aqui notícia de ontem, no semanário Visão).

 Foi assistido, nos cuidados intensivos, por uma querida sobrinha, enfermeira, que falou com ele, embora ele não lhe pudesse responder por estar entubado. Ele foi pároco da sua freguesia, Paredes de Viadores, depois de ele vir da Guiné (, de mal com Deus e com César...).

Desejamos ardentemente as suas rápidas melhoras, eu e a Alice  (de que ele é um velho amigo, foi ao nosso casamento, civil, em Candoz). 

Um abraço fraterno, Luís Graça.

PS - Se acharem bem, mandem-lhe uma mensagem, para ele ler, quando sair do hospital e voltar a casa,  ele vai gostar e não se importa que eu aqui divulgue o seu endereço de email, que de resto é público: padremario@sapo.pt 


2. O Mário de Oliveira tem 15 referências no nosso blogue. Ele é  um dos nossos capelães (,  que integram a nossa Tabanca Grande, juntamente com:

  • Arsénio Puim (açoriano, da Ilha de Santa Maria, ex-alf mil capelão, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72);
  • Augusto Batista (ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã. 1969/70);
  • Horácio Fernandes (ex-padre franciscano, ex-alf mil capelão, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69);
  • Libório Tavares (1933-2020) (, natural de São Miguel, Açores, ex-alf mil, CCS/ BCAÇ 2835, Nova Lamego, 1968/69).

Guné 61/74 - P22944: Memória dos lugares (435): Missirá, regulado do Cuor, Sector L1 (Bambadinca), 23 de dezembro de 1966 (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, 1966/68)

Foto nº 1

Foto nº 2

Foto nº 3



Foto nº 3A

Foto nº 4



Foto nº 4 A

Foto nº 5


Foto nº 5A


Fpoto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 7A


Foto nº 8


Foto nº 8A


Foto nº 9



Foto nº 9A


Foto nº 10


Foto nº 10A


Foto nº 11



Foto nº 11A



Foto nº 11B


Foto nº 12


Foto nº 12A


Foto nº 13


Foto nº 13A


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadic«nca) > Missirá > CCAÇ 1439 /1965/67) e Pel Caç Nat 54 (1966/68) > 23 de dezembro de 1966...  Algumas legendas: 

Foto nº 1: sítio do Unimog, debaixo da 'cabaceira'; 

Foto nº 8 / 8 A: Alguns elementos do Pel Caç Nat 54 e da CCaç 1439, fotografados num cenário de destruição, na sequência do ataque do PAIGC;

Foto nº 9 ( 9 A: alf mil Marchand (Pel Caç Nat 54), comandante do destacamento, a avaliar os estragos do ataque de 22/12/1966, três dias antes da noite de Consoada;

Foto nº 10 /10A: José António Viegas (Pel Caç Nat 54); 

Foto nº 11 / 11A: morança dos furriéis (Pel Caç Nat 54)  alf mil Freitas (CCAÇ 1439), que comandou uma coluna de socorro a partir do Enxalé;   

Foto nº 12 / 12 A: a messe que escapou, por milagre, ao ataque, com balas incendiárias;

Foto nº 13 / 13A: a  morança do comandante do destacamento, que também não foi atingida.

Fotos (e legendas): © José António Viegas (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1.  [ Foto à esquerda:  José António Viegasex-fur mil art, Pel Caç Nat 54 (Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole, Bolama, Ilha das Cobras e Ilha das Galinhas, na altura, colónia penal); vivehoje  em Faro; é um dos régulos da Tabanca do Algarve; tem meia centena de referências no nosso blogue].

Estas fotos, que acima se reproduzem (de 1 a 13), foram tiradas pelo nosso camarada e amigo José António Viegas, e são reveladoras da violência da guerra em finais de 1966. Neste caso, do ataque do PAIGC ao destacamento e tabanca de Missirá, a norte do rio Geba Estreito, no regulado do Cuor, Sector L1 (Bambadinca), região de Bafatá. zona leste. Foram reproduzidas há muitos anos, na série "Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique  Matos)" (*)

O ataque começou por volta das 22h30 do dia 22 de dezembro de 1966, três dias antes da Consoada. 

O destacamento e a tabanca eram defendidos pelo Pel Caç Nat 54,  comandado pelo alf mil Marchand  (, foto à direita,) e por um pelotão de milícia, comandado pelo alferes de 2ª linha e régulo da tabanca, Malan Soncó.  O destacamento pertencia ao subsector atribuído à CCAÇ 1439, que estava então no Enxalé  (**)

O fur mil Viegas ainda era periquito: tinha partido para o CTIG em rendição individual, em 30/7/1966.  Completaria 25 meses de comissão, tendo regressado a casa em 22/9/1968. 

2. Ele já  descreveu aqui o aconteceu nessa noite (***):

(...) 22 de Dezembro 1966. 22h30 da noite estavam os 3 furriéis conversando á espera do sono, eis que atravessa a palhota uma saraivada de balas incendiárias, tracejantes, explosivas, um pouco acima dos mosquiteiros.

Fui pegar na G3, meio vestido, a caminho do abrigo. A palhota já ardia, no caminho duas morteiradas certeiras entram no depósito de géneros alimentícios, acertando no bidão de óleo e de azeite o que provocou um fogo de artifício.

Já no abrigo ajudo o meu cabo a municiar a MG [42, a célebre metralhadora do exército alemão na II Guerra Mundial], no meio daquele fogacho ele diz que ouve falar espanhol, presume-se que estavam lá Cubanos .

O ataque já ia avançado e as nossas munições escasseando, o único Unimog que tínhamos estava debaixo de um embondeiro [, "cabaceira", em crioulo] e caiam morteiradas junto, com as palhotas na maioria a arder.

Parecia Roma vista de Bambadinca , o condutor da CCAÇ 1439 arranca debaixo de fogo e põe o Unimog a trabalhar para o retirar da zona de fogo. Como ele estava a escape livre, a barulheira foi muita e o IN, pensando que eram reforços, retirou. Este soldado condutor foi condecorado com a cruz  de guerra de 4ª classe. 
[ Soldado, condutor auto, nº 5406064, António dos Santos Campos ].

Tendo ido montar emboscada em Mato Cão, já calculando que a CCAÇ 1439, sediada em Enxalé, viria em nosso socorro, o que aconteceu, e como tal caíram debaixo de fogo, não havendo feridos do nosso lado. Houve um tiro caricato no Furriel Monteirinho, do Pel Caç Nat 52, do Alf Matos [, o açoriano Henrique José de Matos Francisco] , que lhe passou no meio das nádegas deixando somente queimaduras.

Ao nascer do dia, feito o balanço, tivemos dois mortos na população  
[, quatro mortos, segundo relatório da CCAÇ 1439, ] (**)   e alguns feridos ligeiros e muitas palhotas destruídas, alguns de nós ficaram só com a roupa que tínhamos no corpo.

Aproximava-se a véspera de Natal, e para o rancho pouco havia... O meu cabo nativo Ananias Pereira Fernandes sugeriu que ia tentar caçar qualquer coisa e caçou, arranjou óleo de chabéu e arroz e cozinhou uma maravilha que todos na messe gostaram, mas quando chegou a altura de mostrar o troféu, a cabeça do macaco cão, houve quem não aguentasse o estômago... Guardei essa caveira do macaco por anos.

E foi este o primeiro Natal na Guiné do Pel Caç Nat 54. (...) 
 (***)

Num tipo de guerra como  esta ("subversiva", diziam as NT; "de libertação", dizia o PAIGC), não se fazia, de um lado e do outro, uma clara distinção entre alvos civis e alvos militares...A "militarização" (, sistema de autodefesa e formação de milícias, ) do povo fula, aliado tradicional das autoridades portuguesas de então,  teve consequências como estas, com todo o seu cortejo de mortos, feridos, casas incendiadas, víveres destruídos, dor e ódio: muitas tabancas fulas eram atacadas "com fúria e em força", de noite, com armamento pesado e balas incendiárias...  (****)
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22943: Tabanca dos Emiratos (9): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte III: O Dia de Portugal, 14 de Janeiro de 2022 (Jorge Araújo)





Foto 1 - Expo’2020 Dubai  - Identificação do Pavilhão 
 de Portugal (parede frontal ao nível do solo). 


Foto 2 - Expo’2020 Dubai - “Peça artística” (“Pinguins de Magalhães”) da autoria de Bordalo II (Artur Bordalo), feito à base de plástico reciclável, colocada à frente do Pavilhão.



Foto 3 - Expo’2020 Dubai - Os repórteres lusos na Praça Central «Al Wasl»: da RTP (Inês Carranca) e da Tabanca Grande (Jorge Araújo).


Fotos (e legenda): © Jorge Araújo (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


“APONTAMENTOS” DA «EXPO’2020»

(DUBAI - 01OUT2021 / 31MAR2022)

Parte III  - O DIA DE PORTUGAL -

14 DE JANEIRO DE 2022 (*)




Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver neste momento em Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos.



1.  – PROGRAMA DE ACTIVIDADES (13 E 14 DE JANEIRO’2022)

◙ ▬ DIA 13 DE JANEIRO DE 2022 (5.ª FEIRA)

● Na véspera do “Dia de Portugal” na Expo’2020 (Dubai - UAE), 13 de Janeiro, foram agendados três eventos para o interior do Pavilhão Nacional. O primeiro, designado por «Portugal Business Briefing», tratou-se de um seminário empresarial organizado pela AICEP Portugal Global - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, com o objectivo de apresentar o nosso País nas áreas de comércio e de investimento.

No segundo, também em parceria com a AICEP, foram comemorados os 116 anos da fundação da Livraria Lello, com sede na Rua das Camélias, no Porto, também conhecida como “A Livraria Mais Bonita do Mundo”. O propósito desta celebração do seu aniversário na Expo’2020, no Dubai, coincidiu com a publicação das primeiras traduções para árabe de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, e de “Mensagem”, escrito por Fernando Pessoa (1888-1935). Para além do tradicional “bolo de aniversário”, foram ofertados 116 livros aos primeiros visitantes do dia.

A razão de ser desta iniciativa foi explicada por Aurora Pedro Pinto, a administradora da Livraria Lello, afirmando que “como exportadores e promotores da Literatura e da Cultura portuguesas, é com grande satisfação que contribuímos para que duas obras que retratam de forma tão especial o país e o seu povo cheguem ao mundo árabe”, num tempo em que a língua árabe tem cerca de 274 milhões de falantes.

Por último, a organização do terceiro evento foi da responsabilidade dos CTT - Correios de Portugal, S.A., que se traduziu no lançamento de um “postal comemorativo” relativo à participação portuguesa na Expo’2020, edição que abaixo se reproduz (frente e verso).


Foto 4 - Expo’2020 Dubai  – Reprodução do postal comemorativo editado pelos CTT.

 

◙ ▬ DIA 14 DE JANEIRO DE 2022 (6.ª FEIRA)

► A primeira Cerimónia Oficial do “DIA DE PORTUGAL” na EXPO’2020 (Dubai), decorreu na «Praça Al Wasl», com a chegada das delegações dos dois países – os Emirados Árabes Unidos (país anfitrião) e Portugal.

● Pelas 10:30 horas, procedeu-se ao hastear da Bandeira Nacional no mastro existente entre a dos UAE e a da Expo ao som d’ “A Portuguesa” (o nosso hino), seguindo-se os discursos oficiais a cargo dos principais representantes (vidé foto abaixo).

Concluída esta Cerimónia protocolar, as comitivas realizaram visitas aos pavilhões de ambos os países.     


Foto 5 - Expo’2020 Dubai – A Bandeira Nacional hasteada na Praça Central «Al Wasl».


► Espectáculo Musical com a presença da cantora Teresa Salgueiro

Pelas 15:00 horas, de novo na Praça Central «Al Wasl», um número significativo de visitantes da Expo’2020, de entre os quais se encontravam cerca de quatro centenas de portugueses, foram presenteados com um espectáculo musical de grande nível, onde actuaram a fadista Teresa Salgueiro, acompanhada por António Chainho, o nosso magno da guitarra portuguesa, com 84 anos, e por Marta Pereira da Costa, a primeira e única mulher guitarrista profissional de fado a nível mundial.

Foi, de facto, muito bom... e um grande orgulho para a diáspora lusa que teve o privilégio de a ele assistir.


Foto 6 - Expo’2020 Dubai – Actuação da fadista Teresa Salgueiro na Praça Central «Al Wasl», perante uma vasta plateia de convidados, com a repórter da RTP (Inês Carranca) em momento de gravação e transmissão para a redacção da RTP.


Pelas 17:00 horas, teve lugar a cerimónia de acolhimento da comunidade portuguesa, junto ao Pavilhão de Portugal, com o hastear da Bandeira ao som do hino Nacional, onde aconteceram diversas intervenções por parte dos responsáveis da Missão, seguido do visionamento da mensagem do Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que não pôde comparecer aos “actos oficiais” devido à situação pandémica do momento.






Fotos 7 e 8 - Expo’2020 Dubai – Cerimónia protocolar diante do Pavilhão de Portugal.


2 – MENSAGEM DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

         ▬ Professor Marcelo Rebelo de Sousa



Foto 9 - Expo’2020 Dubai – A mensagem “virtual”, enviada pelo Presidente da República, para assinalar o “DIA DE PORTUGAL” na Expo’2020.


Eis algumas passagens da sua intervenção, gravada a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, e que foi divulgada no sítio oficial da Presidência da República.

(…) Considera que “a “Expo’2020 Dubai” é a primeira exposição universal realizada no Médio Oriente, o que reflecte o crescente dinamismo dessa região, bem como o seu empenho em cada vez mais se assumir como plataforma de intercâmbio e de diálogo político, económico, científico, tecnológico e cultural, que não são mais do que os princípios e valores das exposições mundiais desde a sua origem”.

São estes também os princípios e valores que inspiram a participação de Portugal nesta “Expo’2020 Dubai”, sob o mote «Portugal, um mundo num país» ”.

Deste modo, “marca o regresso do nosso país às grandes exposições mundiais. Quero, por isso, sublinhar como foi significativa esta presença nacional num acontecimento mundial, que foi um verdadeiro encontro entre culturas, países, formas de ver a vida, e que nos permite promover e projectar Portugal, a nossa história, a nossa cultura, a nossa economia, as nossas empresas, a nossa gastronomia, a nossa geografia e o nosso povo”. (…)

Termina a sua mensagem com três “vivas”: “viva o Dubai, vivam os Emirados Árabes Unidos, viva o nosso Portugal”… seguido por uma salva de palmas por parte dos presentes na cerimónia.

De seguida, a Organização procedeu à oferta de algumas lembranças, nomeadamente “Galos de Barcelos” em louça (miniaturas) com as cores da Bandeira: vermelhos, verdes e amarelos, e um íman de lapela com a designação “Portugal”.



Momentos depois, em dois balcões distintos [fotos 10 e 11], foram oferecidos aos visitantes, nacionais e estrangeiros, centenas de “pastéis de nata” e uma garrafa de água, e, ainda, pastéis de “carne”, “bacalhau” e “peixe” (uma unidade de cada), tipo “almôndega”, servidos numa pequena embalagem de papel de alumínio, confeccionados no Restaurante do Pavilhão «Al-Lusitano», dirigido pelo Chef Chakall.



Foto 10 - Expo’2020 Dubai - Filas para recepcionar os “doces” da gastronomia portuguesa. No balcão da esquerda, os “pastéis de nata” e a água, no da direita, “os bolinhos” de carne, bacalhau e peixe… Tudo foi acontecendo de forma ordeira, aliás, como se pode comprovar pelas imagens.



Foto 11 - Expo’2020 Dubai - idem do referido na foto anterior.


Pelas 18:00 horas, como constava no programa, deu-se início ao «AL QANTARA SHOW», designação dada ao espectáculo de música e multimédia concebido exclusivamente para esse momento, considerado como o “ponto alto” de encerramento do “DIA DE PORTUGAL” na «Expo’2020.

O espectáculo teve lugar num dos palcos principais do recinto – o JUBILEE STAGE – onde actuaram o “Grupo de Percussão Retimbrar”, de Espinho, seguindo-se a actuação da cantora Teresa Salgueiro, acompanhada pelos guitarristas António Chaínho e Marta Pereira da Costa, e o Músico Fred Ferreira.

Foram noventa minutos de muitas emoções, com a diáspora lusa, a oito mil quilómetros de distância, a sentir-se em “casa” e onde os estrangeiros, no final, não regatearam os seus aplausos aos artistas lusos.



Foto 12 - Expo’2020 Dubai - O palco «Jubilee Stage» onde decorreu o espectáculo de encerramento do “Dia de Portugal” na Expo’2020. 



Foto 13 - Expo’2020 Dubai - Actuação da fadista Teresa Salgueiro durante o espectáculo, em português, na Expo’2020.



Postal (montagem) dos três músicos portugueses que acompanharam a fadista Teresa Salgueiro no espectáculo de encerramento do “Dia de Portugal”, na Expo’2020.



Foto 14 - Expo’2020 Dubai  – Panorâmica do palco «Jubilee Stage» e da plateia que assistiu ao espectáculo de encerramento do “Dia de Portugal”, na Expo’2020, e onde se falou e ouviu a língua de Camões.

Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Foi uma “reportagem curta”. Mas, mesmo assim, espero que tenha sido do vosso agrado… pois o espaço não é ilimitado. (**)

(Continua)

 

Votos de um óptimo ANO de 2022, com muita saúde.

Com um forte abraço de amizade.

Jorge Araújo.

23Jan2022

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Notas do editor:


(*) Último poste da série > 14 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22904: Tabanca dos Emiratos (8): O nosso blogue em números: os seguidores nas "Arábias" (Jorge Araújo)

(**) Vd. postes de:


1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22864: Tabanca dos Emiratos (6): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte II (A): A Presença dos Países da CPLP: Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe... (Jorge Araújo)

2 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22869: Tabanca dos Emiratos (7): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte II (B): A Presença dos Países da CPLP: Angola, Moçambique e Timor-Leste (Jorge Araújo)