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domingo, 27 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24593: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (5) ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70): vive em Senhora da Hora, Matosinhos - Parte I

Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá  > Setor L1 > Bambadinca >  Pel Rec Daimler 2046, "Os 14 Furões" (Bambadinca, 1968/70)    > O memorial que o Pel Rec Daimler 2046 (1968/70) deixou em Bambadinca... Esta subunidade desembarcou no cais fluvial do Xime no dia 7 de maio de 1968, tendo seguido em coluna auto até Bambadinca onde ficou ao serviço do comando do BART 1904 (Bambadinca, maio /setembro 68) e depois do BCAÇ 2852 (Bambadinca, outubro 68/fevereiro 70).

Foto nº  2 > Guiné > Rio Geba > Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) > Fevereiro de 1970 > Viagem de LDG,  de regresso, do Xime a Bissau,  finda a comissão de serviço em Bambadinca. A LDG , possivelmente a 101 Alfange, embarcando tropas e material (nomeadamente de engenharia).

Foto nº  3 > Guiné > Rio Geba > Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) > Fevereiro de 1970 > Viagem de LDG,  de regresso, do Xime a Bissau,  

Foyo nº 4 > Guiné > Rio Geba > Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) >  Fevereiro de 1970 > Viagem de LDG,  de regresso, do Xime a Bissau,  finda  a comissão de serviço em Bambadinca... Tanto a LDG 101 [Alfange] como a LDG 104 [Montante] estavam equipadas com 2 peças Oerlikon de 20 mm  

Foto nº  5  > T/T Niassa > Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) > Viagem de regresso, Bissau-Lisboa, abril de 1970.

Foto nº  6 > Porto > RC 6 > Abril de 1970 > O Pel Rec Daimler 2046,  na passagem à disponibilidade (1): O Jaime Machado está ao meio na fila de pé. A composição incial das subunidadea eram 14 elementos, em maio de 1968:

Cmdt, alf mil cav Jaime de Melo R. Machado; | 2º srgt cav, Jose Claudino F. Luzia | 1º cabo cav, apontador de Daimler, José Óscar Alves Mendes | 1º cabo cav, apontador de Daimler, João Manuel R Jesus | 1º cabo cav, apontador de Daimler, Manuel Maria S. Alfaia | 1º cabo cav, apontador de Daimler, João de Jesus Cardoso | 1º cabo cav, apontador de Daimler, José Ferreira Couceiro | 1º cabo SM, mecânico, Germano de Oliveira Fonseca | Soldado cav, condutor Daimer, António José Raposo | Sold cav, condutor Daimer, Aníbal José dos A. Duarte | Sold cav, condutor Daimer, Joaquim Pinho Marques | Sold cav, condutor Daimer, José do Nascimento Lázaro | Sold cav, condutor Daimer,  Arlindo da Conceição Silva | Sold cav, condutor auto, Manuel Moreira Tavares.

Foto nº 7 > Matosinhos > Senhora da Hora > Bajuda no Cais de Bambadinca: quadro a óleo pintado, em 2007, pelo Jaime Machado.


Foto nº 8 > Matosinhos > Senhora da Hora > Jaime Machado > "Mulher de Bambadinca -Guiné" (2014),  a partir de foto datada de 1969. Acrílico s/ tela 40/40 cm.

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Seleção (*) das melhoras fotos do álbum do nosso camarada e amigpo Jaime Machado, ex-alf mil cav,  Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70):

(i)  vive na Senhora da Hora, Matosinhos, mas é minhoto de Viana do Castelo; 

(ii) está connosco, na Tabanca Grande, há 15 anos (desde 21 de maio de 2008) (**);

(iii) tem 65 referências no blogue;

(iv)  disponibilizou-nos uma boa parte dos seus 150 "slides" (publicados na série "Álbum fotográfico do Jaime Machado" de que se publicaram pelo menos 17 postes, entre junho e novembro de 2015) (***); 

(v) tem página no Facebook (503 amigos, 54 em comum); 

(vi) continua a fazer fotografia, além de também se dedicar à pintura como "hobby"; 

(vii) convivemos, eu e o Machado, cerca de seis/sete meses em Bambadinca (entre julho de 1969 e fevereiro de 1970); 

(vii) era (e é ainda hoje) alto e magro: as bajudas chamavam-lhe o "alfero fininho";

(ix) faz 78 anos hoje (nasceu a 27 de agosto de 1945 (: 

(x) está ligado a causas solidárias, sendo membro, nomeadamente, do Lions Clube Lusofonia.

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Notas do editor:

(*) Vd. o último e o primeiro poste:

10 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15347: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte XVII: Bambadinca, um quartel onde há homens, bichos e flores...

21 de junho de  2015 > Guiné 63/74 - P14775: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte I: Chegadas e partidas...

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20924: 16 anos a blogar (8): Outro combate (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

Porto - Parque da Cidade
Foto: Com a devida vénia ao autor


1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), autor do livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia", com data de 29 de Abril de 2020:


OUTRO COMBATE

Francisco Baptista

Os dias de confinamento vão passando devagar, com algumas leituras agradáveis, algumas passagens breves pela televisão e pela internete e com algumas saídas ao Parque da Cidade ou às ruas próximas de casa, para desentorpecer as pernas, renovar o ar dos pulmões e viver a ilusão de caminhar só pela Terra a sentir, a liberdade, a paz e o silêncio, que esses momentos de solidão proporcionam. Anteontem foi o dia da Terra, essa entidade suprema, que criou todas as formas de vida e nos criou, que aprendi a amar por viver tantos anos em contacto próximo com ela, que na minha filosofia de vida, depois de muitos anos elegi como a justificação plausível e satisfatória para compreender os princípios e os fins, o nascimento e a morte.

Interrompo a escrita porque me telefona um camarada da Guiné, que vive em Santarém com a Boneca, uma cadela mais velha do que ele pois já tem 16 anos. Foi sempre um aventureiro, foi corredor de automóveis, teve um bom hotel numa pequena cidade do litoral, em Buba foi um organizador de paródias, criou no quartel uma emissora de rádio, com microfone e colunas potentes com discos pedidos e bailes fandangos e carnavalescos de militares na messe de sargentos. Continua a ser um bom amigo

Volto ao computador, e eu, que gosto de música, para preencher os espaços vazios que o meu pensamento um pouco letárgico cria, escolho no Youtube "Hasta Siempre Camarada" uma canção melódica e nostálgica sobre um guerrilheiro que sonhou e morreu a lutar por um ideal. Nathalie Cardone, com os requebros melódicos da sua voz jovem e com o bambolear ritmado do seu corpo esbelto, transmite prazer e emoção estética. a quem a ouve e a quem a vê.

A Terra, como uma Deusa indiferente à vontade dos humanos, continua a girar em torno do sol e em torno do seu eixo há milhões de anos, já teve somente um grande continente que por fenómenos geológicos vários ao longo de milhões de anos se foi fraccionando até tomar a forma actual com cinco continentes e cinco mares, até um dia muito distante. Na sua transformação foi criando as vidas mais simples e as mais complexas, até criar o homem que inventou a escrita, o amor, a informática, a arte e a bomba de hidrogénio.

Na Terra, o nosso adorável planeta azul e verde já houve cataclismos terríveis, grandes vulcões em erupção, terramotos, maremotos, idades de gelo implacáveis, epidemias, pandemias, pestes e outras grandes calamidades em que morreram milhões de seres vivos, de muitas espécie e muitos humanos também. A peste negra que veio também da China, nos meados do século XIV, terá matado 30 a 60% dos habitantes da Europa, a gripe espanhola que surgiu em 1918, terá matado entre 20 a 100 milhões de pessoas em todo o mundo, em quase todos os séculos houve grandes gripes e pandemias. Houve guerras terríveis entre os homens os filhos mais inteligentes da Terra. Bem perto de nós, no século vinte, na 1.ª Guerra Mundial morreram cerca de 40 milhões de pessoas: na 2.ª Guerra Mundial terão morrido 80 milhões de pessoas. Na Europa houve também a guerra civil espanhola, a guerra dos balcãs com muitos milhares de mortos e em Portugal, país de brandos costumes, houve a guerra do Ultramar com mais de 8 mil mortos.

Esta pandemia do covid-19 que nos altera as rotinas e obriga ao recolhimento , terá em comum com as outras que se têm sucedido talvez a omnisciência da Terra em procurar equilibrar os seus recursos de acordo com os seus habitantes.

Os homens por pensarem ser entidades superiores sonham com a vida eterna por não quererem aceitar o destino dos restantes habitantes da Terra. Dizem-nos que temos espírito, dizem-nos que temos alma, mas a nossa alma ou espírito volatiza-se quando o corpo, que é feito de água, de carbono, de ferro, de enxofre e doutras matérias-primas que a terra nos deu, morre e regressa às origens. Depois do dia da Terra tivemos o dia do livro, livros que vieram acrescentar a minha curiosidade em me compreender e conhecer a Terra que no sítio onde me criei se alongava por horizontes a perder de vista, que ainda me enchem a memória de sonhos. Os livros têm-me dado muito prazer muitos conhecimentos e têm também sido fontes de muitas dúvidas e interrogações de que nem sempre encontrei respostas. Penso muitas vezes se não teria sido mais feliz se fosse como os rapazes da minha aldeia e da minha idade, todos trabalhadores valentes e musculados que somente leram os livros da escola primária porque a isso foram obrigados. A esses que nunca foram curiosos e aceitaram o destino procurando melhorá-lo embora, aceitando os poderes e os deuses dos pais sem discussão, desejo longa vida ou mais breve se já vos pesarem os anos.

Os velhos portugueses do meu tempo, os da minha aldeia e doutras aldeias e cidades de Portugal, que regressaram e ainda se conservam vivos, agora vêem-se ameaçados pela clausura e pela segregação para sobreviverem, sem armas de defesa eficazes contra um inimigo que não dá a cara. Fragilizados pelas doenças das guerras africanas e pelas outras que vão surgindo com a idade, não quererem esconder-se por muito tempo debaixo das saias das mulheres, longe dos filhos, dos netos e dos amigos. Quando a vida lhes prometia realizações e aventuras, foram mandados para longe ouvir o troar assustador dos canhões e dar o corpo às balas com coragem, por uma Pátria que nunca lhes agradeceu. Que ninguém queira agora quando os seus filhos já estão criados e os seus netos são promessas de futuro, arrumá-los em casa como se fossem trastes velhos, fora de prazo. Há rumores, temos que estar atentos.

Para quem gostar de ler recomendo dois livros que estou a ler e outros dois que já li:
"Origens - Como a Terra Nos Criou" autor Lewis Dartnell;
"O Naufrágio das Civilizações" de Amin Maalouf

Acabei de ler já em Abril o romance "Um Milionário em Lisboa", de José Rodrigues dos Santos, que continua a história do "Homem de Constantinopla" sobre a vida de Calouste Gulbenkian.

Interessantes.
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20921: 16 anos a blogar (7): Os camiões Volvo... e outras peripécias da cooperação com Bissau (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)


Guiné > região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (Canjmab rai e Fraim, 1969/71) > Da esquerda para a direita, o 1º cabo cripto e o alf mil Armando Mota.


Foto: © Luís Nascimento (2014). Todos os direitos reservados







1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte XIIV (Armando Mota, alf mil at inf,  1º pelotão):

Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias).

Registe-se, como facto digno de nota, que esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos às mãos, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel. Até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande, apesar dos convites, públicos, que temos feito aos autores cujas histórias vamos publicando.

Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as aventuras e desventuras vividas pelo pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).(*)

Desta vez vamos publicar mais 3 histórias, contados pelo ex-alf mil Armando Mota, do 1º pelotão:  (i) a queda granada da bazuca (p. 63); (ii) samba em Lisboa (p. 64; e (iii) a caçada dos passarinhos (p. 68).

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13235: Artistas de variedades no mato (1): Rui Mascarenhas... em Bafatá, anunciado para o dia 27/2/1973... Ou uma história com moral: voluntário na tropa nem para comer... (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

1. Mensagem do António Santos, grã-tabanqueiro da primeira hora [, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74], respondendo a um  mail nosso, enviado pelo correio interno da Tabanca Grande, na sequência do poste P13233 (*):

Camaradas:  Quem se tembra de espetáculo de variedades no mato ? E com que artistas ? E em que épocas ? Podiam ser iniciativas do Programa das Forças Armadas ou o Movimento Nacional Feminino... Se sim, mandem histórias e fotos... Obrigado. Luís Graça

Data: 4 de Junho de 2014 às 16:18

Assunto: Artista no mato

Caro Luís

Espero que estejas a recuperar bem desse esqueleto.

Uma pequena estória sobre o assunto em epígrafe: no dia 27-02-1973, saí da enfermaria [, em Nova Lamego,] para dois dias de convalescença de mais uma dose de Paludismo, portanto dois dias sem escala de serviço. Ao sair da mesma fui convidado a ir numa coluna para Bafatá para assistir a um espectáculo do Rui de Mascarenhas.

Claro que não resisti e vai daí saltei para a Berliet. A viagem era para ser de ida e volta no mesmo dia, mas não foi.

Não foi porque infelizmente morreu um camarada nosso afogado no Rio Geba, e o Ten Cor de Bafatá não autorizou o espectáculo. Depois descambou tudo, tivemos que ficar para o outro dia, acabamos por dormir numa caserna de um pelotão que tinha saído para o mato, jantar, lerpámos, pequeno almoço idem, Arrancamos para o Xime que ainda era a casa da CART 3494 do Sousa de Castro e de um amigo meu que foi 1º cabo enfermeiro da a mesma e que descobri in loco.

De novo Bafatá e depois de algum barulho lá se arranjou uma ração de combate para dois, e seguimos para a tua Contubuel para recolher 2 Pelotões de Mililícias destinados à zona de Nova Lamego, onde chegamos ao fim do dia 28-02-1973... sem Rui de Mascarenhas, cansados e maltratados moralmente.

Para mim chegou, voltei a aplicar a velha máxima, voluntário na tropa nem para comer, que eu na véspera tinha esquecido.Cumprimentos,
António Santos

[foto à direita: II Encontro Nacional da
 Tabanca Grande, Pombal, 2007]

Noprodigital, Lda.
Tel.: +351 219 809 880
Fax: +351 219 809 889
www.noprodigital.pt

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13233: Estórias e memórias de Silvério Dias, radialista, PFA, 1969/74 (3): Acompanhando artistas de variedades como o Horácio Reinaldo, o Rui de Mascarenhas e outros em digressões pelo mato


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > 17 de fevereiro de 1970 , 3ª feira  (nesse ano, o Carnaval foi a 10) > 14h > Espetáculo de variedades, organizado pelo Programa das Forças Armadas (PFA) > Na foto o cantor Horácio Reinaldo (1992-1993) é apresentado ao auditório, nmum improvisado palco montado de manhã.


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > 17 de fevereiro de 1970 , 3ª feira  (nesse ano, o Carnaval foi a 10) > 14h > Espetáculo de variedades, organizado pelo Programa das Forças Armadas (PFA) > Aspeto da assistência, incluindo à direita o piloto da avioneta que trouxe a Canjambari o artista e um furriel do PFA.

Fonte: "Histórias da CCAÇ 2533", s/d, s/l, pp. 46-47 (*)


1. Resposta de ontem, a um pedido do editor sobre o cantor Horácio Reinaldo (*) ao nosso camarada Silvério Dias, no âmbito das suas funções no Programa das Forças Armadas (PFA) (**):


Ao tempo, tive por missão acompanhar Horácio Reinaldo, na sua digressão de alegrar as hostes espalhadas pelos aquartelamentos da Guiné.. O "artista" era possuidor de refinada brejeirice e alegrava sem duvidas os auditórios mais improvisados.

De compleição um tanto frágil, "o pobre" sofria imenso com o calor. Após breves actuações, já o ouvia:
- Oh senhor sargento, conte lá algumas anedotas do seu reportório, até eu recuperar deste clima!...

Contou-me histórias hilariantes da sua vida artística, que desenvolveu mundo fora.

Tal como aconteceu com o Horácio Reinaldo [Luanda, 1922- Entroncamento, 1993] (*), muitos mais artistas colaboraram, nessa base da diversão. Acompanhei muitos e destaco um espectáculo memorável na Base Aérea de Bissalanca, em que a "estrela" foi o saudoso, Rui de Mascarenhas [Vila Pery, Moçambique,1929 - Vila Nova de Gaia, 1987].(***)

Algum dos "tabanqueiros" da FAP . assistiu?

Meu Deus, há quanto tempo!...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13142: A minha CCAÇ 12 - Anexos (IV): Uma sessão de projeção de diapositivos, no refeitório das praças, pelo ex-alf mil at cav José António G. Rodrigues, natural de Lisboa, já falecido (Foto do álbum de Arlindo Teixeira Roda, ex-fur mil at inf)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1970 > Não, não é uma sessão de cinema, no refeitório das praças (ou sala de convivio das praças, a avaliar pela mesa de pingue-pongue)... É um simples projeção de "slides" ou diapositivos... Tudo servia para ajudar a passar o tempo, embora não fosse habitual esta mistura de "classes" (oficiais, sargentos e praças)... Recorde-se que o nosso exército era "classista" e, em aquartelamentos como o Bambadinca, com razoáveis e desafogadas instalações, a regra era a da estratificação socioespacial, ou seja, nada de misturas...

O artista principal, neste caso,  é o alf mil at cav José António G. Rodrigues, natural de Lisboa, e já falecido, comandante do 4º Gr Comb da CCAÇ 12.



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1970 >  Sessão  projeção de "slides!" ou diapositivos, a que assistiram,  no refeitório das praças, pelo menos dois capitães (a olhar para o seu lado direito)... O segundo é comandante da CCAÇ 12, cap inf Carlos Brito.  Em segundo plano, por detrás dos capitães, o alf mil op esp Francisco Magalhães Moreira, comandante do 1º Gr Com da CCAÇ 12.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1970 >  Sessão  projeção de "slides!" ou diapositivos... O "projecionista", à civil, era o alf mil cav José António G. Rodrigues... Devia ser também o "dono" dos diapositivos, cujas caixas, de plástico, são visíveis à frente do projeto.

Nessa época, este material fotográfico era tratado na "nossa inimiga"... Suécia, principal aliada, no mundo ocidental, do PAIGC a aquem forneceu importante apoio (político, humanitário, financeiro, logístico...). Era de lá. da terra dos "vikings" e das loiras do nosso imaginário,  que vinham as mágicas caixinhas com os "slides"... Não sei quanto custavam por unidade...

Pormenor interessante: devido ao excesso de calor e humidade do ar, usava-se uma ventoínha para "refrigerar" o ar à volta do projetor...

Mas agora: que raio de "slides" seriam estes para atrair a atenção de tanta gente, oficiais, sargentos e praças ?!... Possivelmente, "recuerdos" das férias do nosso alferes Rodrigues... A ser assim, esta sessão só pode ter acontecido já no 2º semestre de 1970, ao tempo do BART 2917... Mas, digam-me lá, quem estava interessado em saber onde e com quem passou férias, na metrópole, o nosso alferes Rodrigues ?... Sim, na metrrópole, porque nessa época nenhum combatente podia ter passaporte para ir passar férias ao estrnageiro no "intervalo" da guerra... A CCAÇ 2590/CCAÇ 12 chegou á Guiné em finais de maio de 1969...

Ao lado do alf Rodrigues, reconheço o alf at inf Abel Rodrigues, comandante do 3º Gr Comb da CCAÇ 12, e nosso grã-tabanqueiro...  Talvez o Abel se lembre do teor dos "slides", sobre os quais tenho imensa curiosidade... (Infelizmente, também não tenho qualquer contacto com familiares do meu malogrado camarada José António G. Rodrigues, com quem alinhei no mato muitas vezes).

Na ponta direita, o nosso 1º cabo escriturário e acordeonista, Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares (de quem não tenho notícias, sei que trabalhava no Porto).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]
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Nota do editor:

Poste anterior da série > 15 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13141: A minha CCAÇ 12 - Anexos (III): Bar e messe de sargentos de Bambadinca (1969/71) (Fotos do álbum de Arlindo Teixeira Roda, ex-fur mil at inf)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12905: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (13): O fadista regressa ao palco - I

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com data de 26 do corrente:

Meu Caro Luís Graça,  Camarada.

Acontece que faço anos. Um número redondo. Muito redondo. Faço 69 anos de idade.
Decidi presentear-me a mim próprio com mais um episódio da série "Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista". Um episódio, também ele, com um número fetiche. O número 13.

Noutro anexo, envio uma fotografia aérea de Bissorã, para o caso de achares que, no texto original, a deves redimensionar.
 




2. Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (13):  O fadista regressa ao palco

[, foto à esquerda. o jovem aprendiz de enfermeiro, 1968, Hospital Militar Principal, Lisboa]

Tirando uns mal entendidos com a rapaziada do Morés, os dias corriam pachorrentos em Bissorã.

Desde logo porque o Rodrigues, quando à chegada lhe fui oferecer os meus préstimos, ficou-me muito agradecido mas respondeu que “a malta cá se arranja”. A malta era a CCAÇ 2444, mais conhecida pelos “Coriscos”, companhia da qual o Rodrigues, Felizardo Rodrigues, era furriel miliciano enfermeiro. O felizardo neste caso era eu, melhor dito, até, era a minha equipa, porque com uma companhia operacional a prescindir do nosso apoio, passámo-nos a ocupar, a tempo inteiro, das micoses, paludismos e gonorreias entre os nossos, e da saúde de toda a população em geral, coisa que caía muito bem dentro dos relatórios da “psico-social”.

O Dr. Oliveira, deixemos lá o alferes de lado que ele era médico, não era militar, começava as manhãs na nossa enfermaria e, depois do almoço, preenchia as tardes com umas consultas na enfermaria civil.
– Ó Pires, temos um problema, pá.

Temos, era um eufemismo por ele muito usado,  sempre que pretendia dizer que EU tinha um problema. Contou-me que com um elevado sentido de oportunidade, e aqui que o senhor das almas me perdoe, o senhor enfermeiro civil morrera pouco antes da nossa chegada.

Num ápice, quem passou a ter um problema,  foi o Maltez, meu soldado maqueiro, a quem eu mandei avançar ao reconhecimento. O Maltez era uma espécie de “pau para toda a obra”, de quem e de cujos méritos falarei em tempo mais oportuno.

A enfermaria civil era uma casa térrea mas arejada, com gabinete médico, área de internamento para 12 camas, e uma dependência onde funcionava a enfermaria do Rodrigues. Comecei logo por embirrar com esta separação. Isto é, enfermaria dos operacionais para um lado, a da CCS para o outro. E no caminho que vinha fazendo pelo meio da vila,  dei comigo a embirrar com tudo o resto.

Já o escrevi, em Bissorã não existia quartel. O quartel é, por definição, pelo menos na minha definição, um espaço delimitado em cujo interior se concentram homens, instalações e serviços. Bissorã era assim como que uma espécie de “cidade” abandonada pelos civis, cujas casas foram, convenientemente, ocupadas pelos militares.

E no meu fraco entender, isto em nada facilitava o tal “espirito de corpo” muito propagandeado nas directivas militares. Para me fazer entender, socorro-me de uma fotografia aérea de Bissorã, de autoria do Cap Carlos Oliveira, e que devidamente autorizado retirei do “website” leoesnegros.com.sapo.pt/



Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Foto nº 1 > Vista aérea



Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Foto nº 1 A > Vista aérea (parcial)


Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Foto nº 1 B > Vista aérea (parcial)

Foto: Cortesia da página do © Carlos Fortunato > CCAÇ 13, Leões Negros  > Guiné - Bissorã  [Edição: LG e AP]

Legendas [Armando Pires]:

1 – Caserna da CCAÇ 2444, depois da CCAÇ 13
2 – Sede da Administração de Bissorã
3 – Enfermaria civil
4 – Messe de oficiais
5 – Secretaria da CCS, Transmissões e espaldões de morteiros
6 – Casernas e refeitório da CCS
7 – Quartos de sargentos da CCS e bar
8 – Secretaria do comando do batalhão no r/c e quartos dos oficiais no 1º andar
 9 – Clube social e cinema de Bissorã
10 – Bar de sargentos da CCAÇ 2444, depois da CCAÇ 13
11 – Quartos de sargentos da CACÇ 2444, depois da CCAÇ 13
12 – Armazém de armamentos, enfermaria da CCS e Oficinas auto
13 – Messe de sargentos
14 – Campo de futebol.

Pois deu-se o caso que num certo fim de tarde, indo eu de 7 para 12 passei em 10 e ouvi uma viola a tocar.

Poupando-lhes a maçada de revisitarem a legenda, quero eu dizer que tendo saído do meu quarto para ir à enfermaria ver como marchavam as coisas, passei à porta do bar de sargentos da 2444 de cujo interior saiam uns acordes de viola, que por acaso até me soarem bem ao ouvido.
– Pode-se entrar, camaradas?

Entrei, apresentámo-nos, sai um Johnnie Walker com duas pedras de gelo a selar o momento, e dei comigo a pensar que o gajo da viola era o mesmo que, no dia da minha chegada, me ia “atropelando” com a mota.
– Ouve lá, pá, tu não és o João Rebola?

Claro que era ele, sim senhor, contei-lhe que tinha sido o Filipe a dizer-me quem ele era, que isso se passara logo no dia da minha chegada, quando, à saída dos quartos de sargentos da CCS, ele, João Rebola, que vinha de mota, desenhara uma perfeita “chicuelina” para evitar atropelar-me (P12023).

Gargalhada geral, venha de lá esse abraço, “agora tenho de ir lá acima à enfermaria ver como estão as coisas, mas hei de vir aqui mais vezes que talvez ainda façamos umas fadistices".

Lá na enfermaria estava tudo bem, o que nem era de estranhar dada a qualidade do pessoal da minha equipa, saí para ir jantar “à D. Maria” e tropecei, de novo, no João Rebola.
– Queres boleia, pá?

Primeiro: a D. Maria e o marido, o senhor Maximiano, um velho casal de cabo-verdianos, tinham um restaurante que era subvencionado pelo exército para funcionar como messe de sargentos. Segundo: o Rebola vinha a sair do quarto de sargentos da 2444, que era ali quase paredes meias com a minha enfermaria, e indo jantar à messe, tal como eu ia, convidou-me a fazer “a viagem” na sua motorizada.
– Tens medo de andar nisto, pá?
– Só não sei andar, mas medo de andar não tenho.
– Ó pá, mas se quiseres aprender eu ensino-te já. Isto é o mesmo que andar de bicicleta.

E foi assim que o João Rebola, antes de ser meu viola privativo, se transformou no meu instrutor de motorizada.




Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) >Guiné >  O furriel miliciano João Rebola na “nossa” motorizada.

Numa vertiginosa sucessão de factos ocorridos após “a decapitação” do comando do batalhão, o major Candeias, que foi direitinho a Bissau, foi substituído nas operações pelo, entretanto promovido a major, capitão Alcino, que era o comandante da CCS, chegando para ocupar o seu lugar o senhor capitão Luís Andrade Barros.

Foi este senhor capitão que me chamou e que manteve comigo uma cordial conversa a versar mais ou menos estes termos.
– Ó furriel Pires, o nosso comandante pretende estreitar os laços de amizade e de cooperação entre as nossas tropas e a comunidade civil de Bissorã, e propôs-me que realizássemos no nosso bar de sargentos, que tem espaço e excelente condições, uns serões sociais, animados com musica e jogos de mesa, eu pensei em fazermos umas sessões de bingo aos sábados à noite, e o nosso comandante até me disse constar entre os nossos oficiais que o senhor canta muito bem o fado…
"Olha para onde vens tu, ó Barros!", pensei eu, ao mesmo tempo que atalhei aquela espécie de música para encantar meninos, fazendo-lhe uma declaração definitiva.
– Pois é, meu capitão, mas fará o favor de dizer ao nosso comandante que comigo não há fados à capela.

O senhor capitão pôs um ar surpreendido, juro que até pensei que ele me ia dizer que os fados eram no bar, não eram na igreja do capelão Baptista, mas dois ou três segundos depois ficou-se por um pedido de esclarecimento, assim como “o que é que o nosso furriel quer dizer com isso?”.
– Meu capitão, quero dizer que., sem acompanhamento, sem guitarra nem viola, eu não canto.

O recado foi levado ao senhor comandante, a conversa decorreu em plena messe de oficiais, e quem encurtou razões à conversa foi o alferes miliciano Marcão, comandante do 2º grupo de combate da 2444, cujo anunciou que tinha no seu grupo um furriel que tocava muito bem viola.

O furriel de que o Marcão falava era, como me parece ser fácil de ver, o João Rebola.

Aqui também acho que é hora de encurtar parágrafos à história e dizer que as sessões de Bingo foram por diante, que o João Rebola trouxe consigo outro exímio violista, o soldado de transmissões Vilas Boas, e que depois de várias horas de necessários ensaios lá fizemos a nossa apresentação pública.

Todos os sábados à noite, o bar de sargentos da CCS enchia de tropa e civis para as sessões de bingo, e, modéstia à parte, rebentava pelas costuras quando chegava a hora do fado.



Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Sentimento e casa à cunha, em mais uma noite de fados. Eu, acompanhado pelo João Rebola, à esquerda, e pelo Vilas Boas, à direita.



Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Noite de bingo no bar de sargentos da CCS. Eu canto os números, o furriel Orlando Bonito (já falecido) ordena as bolas saídas, o capitão Andrade Barros supervisiona o sorteio.







Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Três aspectos do bar de sargentos da CCS


Fotos (e legendas): © Armando Pires (2014). Todos os direitos reservados

E tudo foi assim até que chegou o mês de Junho de 1970. A Bissorã chegaram os rapazes da CCAÇ 13, formada originalmente por quadros e especialistas metropolitanos da CCAÇ 2591, a quem em Bolama se juntou pessoal guineense, predominantemente de etnia balanta. Chegaram para integrar o dispositivo e manobra do BCAÇ 2861, o meu batalhão, rendendo a CCAÇ 2444 que foi terminar o seu tempo de comissão em Binar. E,  com ela, lá foram o João Rebola e o Vilas Boas.

Quer isto dizer que “calaram-se as guitarras, calou-se o fadista, e acabou-se o fado”.

Só não acabou a história.

Vão ver mais tarde como o fadista se transformou no locutor do “Programa das Forças Desarmadas”.
______________

Nota do editor:

Postes anteriores da série:

19 de fevereiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12742: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (12): Chegou Polidoro, "O Terrível"

(...) Queiramos ou não, a primeira imagem, a primeira impressão que causamos, acompanha-nos vida fora, cola-se-nos à pele como lapa. Podemos melhorá-la, ou piorá-la, “vê lá tu, pá, quem diria que aquele gajo se transformava no que é hoje”, mas a primeira impressão fica para sempre. À primeira, eu vi o Polidoro assim. Emproado, como um pavão. Escreva-se, por ser verdade, ele fez tudo menos querer causar uma primeira boa impressão. (...) 

23 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12333: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (11): A decapitação do Comando

(...) Aquelas primeiras horas em Bissorã não foram fáceis. Desde logo, como já escrevi, o não me sentir dentro de um quartel. Era assim a modos como que um exército que tivesse ocupado uma cidade e “vamos lá instalar-nos”. Não quero com isto dizer que fossem más aquelas acomodações. Antes pelo contrário. Mas num quartel está ali tudo próximo, estamos ali todos juntos, tipo ó militar chegue aqui, e em Bissorã não, era mais ó furriel dê um salto à enfermaria e lá ia eu, no jeep, rua acima. E depois, o que também me fez confusão, abrigos "cá tem". (...)

10 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12023: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (10): Alô Bissorã, cheguei!!!

(...) Portanto, o DO aterrou em Bissorã eram nove da manhã. Nem fanfarra nem guarda de honra à minha espera. Apenas um Unimog para me levar a mim, mais ao correio e outras mercadorias que o avião transportara. Sem esquecer, evidentemente, o Machado, o meu cabo enfermeiro, que viera receber-me, dar-me as boas vindas, e levar-me ao comando onde era devida a minha apresentação ao comandante da companhia. (...)

30 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11994: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (9): Um reencontro para agasalhar a idade


(...) Mais um reencontro para agasalhar a idade. Estava eu posto em sossego e chama-me o João Rebola para perguntar:
- Ó Pires, sabes quem está aqui?

A pergunta foi feita através desse prodígio da comunicação chamado Skype. Sabem os que sabem, quem não sabe fica a saber que é um software que podemos instalar no computador, e que nos permite falar com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, e, o melhor de tudo, estar a vê-la do outro lado. (...) 



(...) Tal como prometera, envio um conjunto de 12 (doze) fotografias de Bula. Tenho dúvidas quanto à forma de as editar. Por essa razão permito-me enviar duas versões. Como podes ver, a que tem o titulo de Bula 2 ocupa menos espaço no blog, mas algumas das fotos perdem em qualidade. Deixo ao teu critério, ou ao critério do "Editor de Dia", escolher qual das duas versões publicar. Do mesmo modo, também fica ao vosso critério decidir em que série as inscrever. Se na série "furriel enfermeiro, 
ribatejano e fadista", se em "Álbum fotográfico..." do que for. (...) 



(...) A oito de agosto, deixei Bula com um nó na garganta e sem saber que não mais lá voltava. Tinha férias marcadas para Portugal e pedi ao comandante que me permitisse ir uns dias mais cedo para Bissau, de forma a poder visitar o Daniel no Hospital Militar. (...)


(...) Raios te partam, Manel Jaquim, que as tuas Cartas de Amor e Guerra incendeiam-me a memória na razão directa do respeito que me provocam. Começo pelo fim, em que sou mais breve, para dizer de quanta admiração sinto por essa cumplicidade entre ti e a Dionilde, tua mulher, nascida no tempo do amor e dos segredos, trazida pela vida fora, chegando hoje à comum aceitação da partilha dessas palavras escritas, tão intensas de paixão e raiva, que só os amantes sabem dizer.  (...) 

3 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11048: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (5): O dia em que a minha mala voou

(...) A coluna estava pronta para se pôr em marcha. À frente o rebenta minas, logo atrás uma das Panhard’s do EREC 2454, depois um Unimog com munições para o Óbus 14 e as restantes viaturas.  Eram seis camionetas civis que, vindas de Bissau, tinham sido cambadas, uma a uma, através do Rio Mansoa para João Landim e daí escoltadas até Bula, onde foi organizado o comboio militar que iria levar os reabastecimentos ao aquartelamento de Binar.  (...)

(...) Eu tinha dois doutores. Era para ter três, mas perdi um mesmo à saída da escada de portaló. Era um oftalmologista em quem alguém descobriu, logo ali, insuspeitadas capacidades para ver fundo na raiz dos dentes, razão porque ficou em Bissau para uma especialização de três meses em medicina dentária, findos os quais percorreu todos os quadrantes dessa Guiné, em socorro de algum militar carente dos seus serviços. (...) 

7 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10629: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (3): Enquanto não chegar a evacuação, ao meu lado ninguém morre! ... Promessa cumprida! (Parte II)

(...) Já era noite fechada em Bula quando o Teixeira, meu soldado maqueiro, veio ao bar dizer-me:
– Furriel, está uma mulher à porta de armas a pedir para tratarmos o filho.
– Já lá vou.
– Mas, ó furriel, olhe que o miúdo se não está morto, parece.
– Leva-a para a enfermaria que eu é só acabar o café. (...)


5 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10622: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (2): Enquanto não chegar a evacuação, ao meu lado ninguém morre! ... Promessa cumprida! (Parte I)

(...) - Então doutor, o puto safa-se?

Não me respondeu. Limitou-se a olhar-me assim como quem diz “vamos ver”, e a dizer-me com um sorriso benevolente:
- Vá lá dormir que você está com cara de quem precisa de descansar. (...) 


(...) Bula, 15 de Abril de 1969, depois das oito da noite.

Ofegantes, os noventa cavalos da velha GMC galgaram a cancela do aquartelamento e estacaram às dez rodas em frente ao bar. Ao lado do condutor ergueu-se o Caeiro e gritou-me:
– Salta práqui, ó pira, que esta noite vai haver espectáculo no Esquadrão. (...)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12643: O que é que a malta lia, nas horas vagas (26): A Bola, o Diário de Notícias, a Vida Mundial, Banda Desenhada... (Jorge Araújo, ex-fur mil, op esp/ ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974)


Foto nº 4


Foto nº 3


Foto nº 2


Foto nº 1 

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) >  O Jorge Araújo e os seus  "tempos livres"...

Fotos: © Jorge Araújo (2013). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Jorge Araújo [, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974],  com data de 9 de dezembro último:


Caríssimo Camarada Luís Graça,

Procurando no baú das imagens do meu tempo de Guiné lá encontrei algumas [poucas] que ajudaram a compor o texto que anexo, referente a esta nova série temática.
Que tenhas uma boa semana.

Um abração, Jorge Araújo.



2.  O que a malta lia, nas horas vagas:  A Bola, o DN - Diário de Notícias, BD - Banda Desenhada e VM - Vida Mundial (Jorge Alves Araújo, ex-fur mil, op esp/ ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974)


 O que eu lia… quando o contexto o permitia.

Não será novidade para nenhum dos camaradas tertulianos, ex-combatentes no CTIGuiné, que o tempo reservado à leitura [ou leituras] não tinha dia nem hora marcada, dependendo da interacção entre, principalmente, duas das dimensões humanas: a biológica e a psicológica, já que a social se ia desenvolvendo com alguma tranquilidade.

Daí o repouso ser considerado como atitude de bom senso no sentido de garantir a melhor condição física possível, carregando o máximo de baterias, já que o tempo prospectivo era… sempre… uma incógnita, independentemente de termos, naquela época, 21/22 anos. Mas, como sabemos, cada Ser Humano é uno e indivisível, ou, como nos refere o poeta brasileiro, nascido em Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade [1902-1987], “Todo o Ser Humano é um estranho ímpar”.

Por isso, as minhas leituras… e escritas… no Xime, estavam dependentes da intensidade da jornada e da competente recuperação que nos era imposta pelo nosso grau de consciência, quanto às crenças, expectativas e desempenhos, tendo em consideração o somatório de experiências que esse contexto sociogeográfico e militar nos determinavam.

Agora, que o tempo nos permitiu criar um certo distanciamento sobre as diferentes práticas, é relativamente fácil concluir que se tratava de um contexto difícil e muito complexo, fazendo apelo permanente a um elevado grau de concentração, pela qualidade e exigência da missão global, na justa medida em que estávamos encurralados por arame farpado e por dois rios, o Geba e o Corubal, e quem lá esteve ou por lá passou sabe bem do que estou a falar.

Nesse sentido, as primeiras leituras [e escritos] eram reservadas à actualização das notícias vindas da Metrópole – de familiares e amigos – em particular dos pais, em que a minha mãe, agora com oitenta e seis anos, escrevia todos os dias, numerando os aerogramas, as cartas e/ou os postais sequencialmente, para efeitos de conferência, caso algum deles se extraviasse. [Foto nº 1]

Ao meu pai [que já não está entre nós] estava reservada a remessa do Jornal Desportivo «A Bola», então trissemanário [desde 10Jul1950], com edições às 2ªs, 5ªs e sábados. Porque tinha um estabelecimento comercial, onde existiam diariamente alguns dos matutinos editados em Lisboa, no dia seguinte à sua publicação fazia o pacote, e remetia-me para a Guiné. [Foto nº 2]

Juntamente com o jornal “A Bola”, enviava-me, também, com periodicidade irregular, um exemplar do “Diário de Notícias”, baseado em critério pessoal, cuja opção residia em factos e temas que estivessem relacionados com a vida política nacional e/ou com referências a notícias ultramarinas, em particular sobre a Guiné. [Foto nº 3]

No aquartelamento do Xime, no ano de 1972, não existia nada organizado sobre literatura. Mas, para além da referida anteriormente, circulavam outros jornais regionais, particularmente do Norte, remetidos pelos familiares do efectivo militar ali residente, assim como livros de Banda Desenhada, já muito gastos pelo tempo e pelo uso, a maioria deles deixados pelas Unidades Militares que por lá passaram. [Foto nº 4]

Neste lote avulso de livros, era também possível encontrar algumas revistas da Vida Mundial.

Eis, em suma, a minha pequena contribuição histórica sobre o pedido formulado para alimentar a série começada no Poste 12371, de 1 de Dezembro de 2013 (*).

Um abraço e votos de muita saúde… de modo a que nos permita continuar a ler, a escrever e a contar… outras histórias. (**)

Jorge Araújo.

09Dez2013.
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1de dezembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12371: O que é que a malta lia, nas horas vagas (1): a revista "Time", de 10 de maio de 1971 (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12522: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (3): Tenho pena de não ter, na minha posse, cartas que escrevi, onde narrava o nosso sofrimento.

1. Mais um texto do nosso recém membro da Tabanca Grande, Mário Gaspar (*):

Eu,  Mário Vitorino Gaspar, ex-Furriel Miliciano de Artilharia Nº 03163264, com a Especialidade de Explosivos de Minas e Armadilhas da CART 1659 – “A Zorba” e com o lema “Os Homens não Morrem”, que cumpriu a Comissão de 1967 a 1968 em Gadamael Porto e Ganturé, em relação à sondagem [sobre o que a malta lia nas 'horas vagas'] (**), embora tenha enviado já uma primeira resposta, como solicitado, interessa talvez completá-la.

Tanto em Gadamael Porto, como em Ganturé nada existia. A luz que havia era improvisada, com garrafas de cervejas repletas de gasolina, um pavio de gaze enfiado num orifício de uma carica. À noite, e através de um motor, tínhamos luz principalmente para iluminar o espaço que ia da paliçada ao arame farpado.

Não havia nada, nem possibilidades de tomar um banho, senão através de um púcaro, feito de uma lata de óleo com uma asa de arame. Os copos eram feitos de garrafas de cerveja, cortados com um ferro em brasa, depois de cheios até à zona que pretendíamos aproveitar. Os armários, mesas, bancos, etc. feitos de madeiras dos caixotes de munições. As cadeiras – e que luxo – feitas das madeiras dos barris de vinho. Como é sabido, tudo improvisado portanto.

Não existiam nem bibliotecas com livros, nem sem livros. Os jornais e revistas que lia eram enviados pela minha mãe, que aproveitava a embalagem no envio dos mesmos para que recebesse uma ou duas postas de bacalhau, fazendo um embrulho que só uma mãe é capaz de fazer. O bacalhau era partilhado por todos. Quando chegavam à minha mão as notícias, já eram de um passado muito remoto.

Quanto aos livros que lia, levei-os de casa, e ficaram sobre um caixote de munições, que era simultaneamente a minha mesa de cabeceira. Um livro de contos, que continha um intitulado “Crescei e Multiplicai-vos” de Urbano Tavares Rodrigues; “A Fanga” de Alves Redol; “Zorba o Grego” de Nikos Kazantzákis;  e “A Mãe” de Máximo Gorki. 

Quando os relia, voltava a relê-los visto não ter mais nada para ler. E eu que tanto gostava de me deliciar na leitura. Outros livros que acabei por ler foram emprestados, e até comprados quando gozei licença. Lia alguns quando me deslocava a Unidades onde habitualmente me deslocava para intervenções operacionais, livros do Furriéis Milicianos que tão bem conhecia. Leitura e bebida que era partilhada, quando “visitávamos ou éramos visitados pelos Furriéis Milicianos”. 

Recebi também das Madrinhas de Guerra alguns livros. Lembro-me, já no final da Comissão, em Bissau receber de uma Madrinha de Guerra um livro, que adorei, e não recordo o título, de Rainer Maria Rilke. Acabei de o ler quando fazia Serviço de Sargento da Guarda, no Forte da Amura. Lia a revista “Seara Nova”, nunca conseguindo a sua assinatura, disseram-me em Lisboa que não a podiam enviar para a Guiné. Recebia-a mas enviada por um amigo.

Quanto à música, na Messe em Ganturé tínhamos um gira discos, que era de um dos furriéis, mas só ouvíamos uma canção dos Sony and Cher - “I got you Babe”. Parecia mais estarmos nos “rangers” em Lamego, massacrados com as músicas “O sambinha chato”, nunca cheguei a saber de quem,  e “Et maitenant”, que acho que é de Gilbert Becaud. Música ouvia e mal na rádio: Bissau e Guiné ex-Francesa – Mornas e Coladeiras – principalmente.

Joguei à bola em Gadamael Porto, na zona que denominávamos de pista, cheia de torrões e buracos.

Jogávamos aos jogos de paciências, e a determinado momento começámos a jogar outros jogos a dinheiro. Isso provocou algum descontrolo, mas depressa acabámos por pôr cobro a tal. Joguei muitas vezes ao king no Comando mas o máximo que se perdia era uma coca cola.

Não ia à caça nem à pesca.

Frequentemente deslocava-me para junto das tabancas, convivendo com as populações, e mais ainda com os camaradas da Companhia, com todos eles, independentemente dos postos.

Quanto aos copos, era uma desgraça. Depois de regressar das operações – que eram muitas – bebias sete cervejas previamente encomendadas ao cantineiro. Bebia-as, e por vezes, quando tinha a triste ideia de depois do banho e do jantar voltar à cantina eram mais, pagas por mim e até mais, pagas pelos militares (principalmente Soldados e Primeiros Cabos). Nos dias em que não existiam saídas, começava o dia a beber cervejas ao pequeno almoço, ao almoço, no jantar e nos intervalos. Portanto, quando existia uma peça de caça, uma galinha de mato, bacalhau ou um franganote, lá me chamavam para um abrigo. E estávamos até esgotar as cervejolas.

Dormir a sesta estava fora de causa. Tinha os dias bem ocupados.

Quanto à escrita, havia sempre tempo no intervalo dos copos e das operações. No princípio da comissão – e em Ganturé – iniciei um trabalho sobre os usos e costumes da população. Mas desisti, queimando tudo o que conseguira recolher junto das populações. Escrevia principalmente cartas para a família, amigos e madrinhas de guerra. Era o meu principal alimento escrever e, depois aguardava pacientemente pelas respostas, olhando para o céu esperando a avioneta. E ao receber correio, que vinha quase sempre atrasado, sentia uma frustração ao assistir ao desespero de quem não recebera correio. 

Tenho pena de não ter na minha posse, cartas que escrevi, onde narrava o nosso sofrimento. Para os meus familiares, eu simplesmente passava férias em terras de África. Um amigo ainda me devolveu as cartas que lhe escrevi.

Também fui professor da 3ª e 4ª classes, tanto dos Soldados que compunham a Unidade, como os que nela estavam integrados: Praças “U” e Caçadores Nativos.


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Notas do editor:


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12505: Inquérito online: Como é que a malta ocupava os 'tempos livers' no mato... Resultados finais (n=90): mais de metade dos respondentes "lia e escrevia cartas/aerogramas" (55%)... e apenas 5% refere a existência de pequenas bibliotecas...



Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > c. 1969 >  Bar de sargentos: o fur mil armas pesadas inf, Luís Manuel da Graça Henrique, lendo um dos livros que trouxe consigo, da metrópole. Também assinava duas revistas, o "Comércio do Funchal" e, se não erro, o "Notícias da Amadora" ou "O Tempo e o Modo"...

Há anos que eu não revia esta foto dos meus tempos de Bambadinca... Ainda tinha uma vaga esperança de que este armário, atrás de mim, pudesse ser uma estante com livros... Mas, não: revendo-a, e analisando-a agora com mais atenção, verifico, desapontado, que se tratava de móvel de apoio ao bar... A parte de cima servia para guardar a parte mais preciosa da garrafeira do bar de sargentos:  garrafas de uísque velho, conhaques... Livros, revistas e jornais, só os havia nos nossos quartos... Neste bar, passávamos uma boa parte dos nossos tempos livres: uns jogavam às cartas (king e lerpa, geralmente a dinheiro); outros preferiam, como eu, ficar nas horas mortas da noite a tocar e/ou a ouvir música, cantar, conversar, conviver, beber uns copos... As paredes deste bar, se falassem, teriam muitas histórias para contar... Era também a nossa sala de visitas... (LG)

Foto: © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.


1. Resultados finais da sondagem sobre a ocupação dos tempos livres no mato (*), que decorreu de 18 a 24 de dezembro, e teve um total de 90 (noventa respostas). A pergunta admitia mais do que uma resposta: aliás, havia 20 hipóteses de resposta.
SONDAGEM >  NO QUE DIZ RESPEITO À OCUPAÇÃO DOS 'TEMPOS LIVRES', NO(S) AQUARTELAMENTO(S) ONDE ESTIVE, LEMBRO-ME QUE... (PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)

Formas de ocupação dos tempos livres  no mato (n=90)... 

Mais frequentes...

Lia e escrevia cartas e aerogramas > 50 (55%)

De preferência convivia com os meus amigos > 46 (51%)

De preferência petiscava e/ou bebia uns copos > 42 (46%)

Eu lia livros com alguma regularidade > 40 (44%)

De preferência ouvia música > 39 (43%)


Eu lia jornais/revistas com alguma regularidade > 37 (41%)

De preferência jogava às cartas > 36 (40%)


Levei livros para a Guiné > 29 (32%)

De preferência jogava à bola > 27 (30%)

De preferência convivia com a população da tabanca > 27 (30%)


Menos frequentes (n=90)...


Assinava revistas/jornais > 16 (17%)

Não tinha disposição para ler > 13 (14%)

Tinha um diário onde escrevia > 13 (14%)

De preferência dormia (por ex., a sesta) > 12 (13%)


Não tinha nada para ler > 9 (10%)

Fazia trabalho comunitário (escola, saúde, igreja...) > 9 (10%)

Não tinha tempo para ler > 7 (7%)

De preferência ia à pesca ou caça > 6 (6%)

Havia uma pequena biblioteca com livros > 5 (5%)

Não sei / não me lembro > 1 (1%)

__________________

Nota do editor:

Vd. postes de:


18 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12470: Sondagem: ocupação dos tempos livres no mato... A decorrer até à véspera de Natal... Os primeiros depoimentos: J.F. Santos Ribeiro, Francisco Palma, Xico Allen, João Martins

domingo, 22 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12488: Inquérito online: Como é que a malta ocupava os 'tempos livres' no mato... As respostas dos primeiros 74 leitores, quando ainda faltam dois dias para terminar...


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Foto nº 91 >  O repouso do guerreiro... O fur mil Arlindo Roda descansando no seu quarto, enquanto escreve  uma carta ou aerograma... Como se pode ver, em Bambadinca não se usava rede mosquiteira... As instalações do comando, messes e quartos de oficiais e sargentos  eram ainda recentes (, tendo cerca de um ano). No caso dos argentos,  havia cinco a seis camas, no máximo, por quarto (espaçoso)...

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda: L.G.]

A. Resultados parcelares da sondagem, em curso, sobre a ocupação dos tempos livres no mato. Total de respostas, até às 17h de hoje: 74. A pergunta é de resposta múltipla e admite mais do que uma resposta. 

Assinalam-se, abold e a sublinhadas a amarelo,  as 5 mais frequentes formas de ocupação dos tempos livres  (a 9ª e a 11º aparecem em 5º lugar, ex-aequo). A sondagem (ver coluna do lado esquerdo ao alto, no nosso blogue) está ainda a decorrer até a meio do dia 24 do corrente. (LG)


1- Havia uma pequena biblioteca com livros > 5 (6%)

2. Eu lia jornais/revistas com alguma regularidade  > 26 (35%)

3. Eu lia livros com alguma regularidade  > 33 (44%)

4. Não tinha tempo para ler  > 6 (8%)

5. Não tinha disposição para ler  > 10 (13%)

6. Não tinha nada para ler  > 9 (12%) 

7. Levei livros para a Guiné  > 22 (29%)

8. Assinava revistas/jornais  > 12 (16%) 

9. De preferência ouvia música  > 32 (43%)

10. De preferência jogava à bola  > 23 (31%)

11. De preferência jogava às cartas  > 32 (43%)

12. De preferência ia à pesca ou caça  > 5 (6%) 

13. De preferência convivia com os meus amigos  > 39 (52%)

14. De preferência convivia com a população da tabanca  > 23 (31%)

15. De preferência petiscava e/ou bebia uns copos  > 35 (47%)

16. De preferência dormia (por ex., a sesta)  > 10 (13%)

17. Tinha um diário onde escrevia  > 9 (12%)

18. Lia e escrevia cartas e aerogramas  > 42 (56%)

19. Fazia trabalho comunitário (escola, saúde, igreja...)  > 7 (9%)

20. Não sei / já não me lembro > 0 (0%)

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Nota do editor:

Vd. poste de 18 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12470: Sondagem: ocupação dos tempos livres no mato... A decorrer até à véspera de Natal... Os primeiros depoimentos: J.F. Santos Ribeiro, Francisco Palma, Xico Allen, João Martins

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12476: Blogoterapia (245): Homenagem ao nosso 'cartógrafo-mor', Humberto Reis, para o quem o nosso blogue tem uma dívida de gratidão... Que o bom irã do nosso poilão lhe dê amor, saúde, patacão, longa vida... e bons augúrios para 2014!...








Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969/ março de 1971) > O Humberto de Reis: de cima para baixo: (i) no abrigo, na ponte do Rio Udunduma, que era defendido por uma grupo de combate (rotativamente, por várias subunidades de Bambadinca); (ii) à pesca, sobre a ponte semidestruída do Rio Udunduma; (iii) no Xitole, com um pequeno macaco-cão; e (iv) à civil em Bambadinca. Fotos do álbum do fur mil op esp Humberto Reis (CCAÇ 12, 1969/71).

Fotos: © Humberto Reis (2013). Todos os direitos reservados (Edição e legendagem L.G.)


O nosso blogue tem uma dívida de gratidão para com o Humberto Reis: (i) é um dos nossos “sócios-fundadores”, o nº 3 da Tabanca Grande (ex-aequo com o David Guimarães e o A. Marques Lopes...); (ii)  é o nosso fornecedor de magníficas fotos (nomeadamente aéreas) de Bambadinca, Bafatá, Xime, Mansambo, Xitole e Saltinho; e, sobretudo,  foi o municiador das cartas ou mapas militares da antiga província portugesa da Guiné.

Nunca é demais recordá-lo, para mais em dia de festa quando ele faz 67 aninhos...

Quando voltou à Guiné-Bissau, em 1996, em viagem de negócios (mas também em romagem de saudade), o eng. Humberto Reis (ex-furriel miliciano da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) já tinha adquirido as 72 cartas da antiga província portuguesa, à escala de 1/50.000. Em Dezembro de 94 já lhe custaram 450$00 cada uma (, e o mapa geral, 600$00)… Era muito dinheiro na época...

Na altura estas cartas ainda podiam ser adquiridas no Centro de Documentação e Informação do Instituto de Investigação Científica e Tropical, em Lisboa Muitas dessas cartas estarão hoje esgotadas.

Na altura foi exigida ao Eng. Humberto Reis uma declaração da embaixada da República da Guiné-Bissau, a qual se transcreve, como simples curiosidade, com data de 29 de Dezembro de 1994: "A Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal declara, para os devidos efeitos que está o sr. Eng. Humberto Simões dos Reis autorizado a adquirir cartas geográficas da Guiné-Bissau.

"Para que não haja nenhum impedimento a tal objectivo, se passou a presente declaração que vai ser assinada e autenticada com o carimbo a óleo em uso nesta Missão Diplomática".

Presumimos que esta exigência de autorização da embaixada da Guiné-Bissau para um turista levar consigo cartas geográficas do país fosse ditada, na época por razões,  de "segurança de Estado"... Admitimos que algumas dessas cartas possam ter ido parar, hoje, às mãos de inimigos do povo da Guiné-Bissau.

A divulgação destas cartas, devidamente digitalizadas, no nosso blogue, não tendo quais propósitos comerciais ou outros, de índole lucrativa, pretendia (e pretende) tão somente  prestar um serviço útil aos ex-combatentes da guerra colonial, e nomeadamente aos membros da nossa Tabanca Grande, e a todos os demais amigos do povo guineense.

Estas cartas, apesar de algumas lacunas, tendo muitas delas já mais de meio século, foram (e continuam a ser) fundamentais para a reconstituição da memória dos lugares e a reorganização das memórias dos ex-combatentes portugueses que estiveram aquartelados e/ou envolvidos em operações na Guiné, durante a guerra colonial (1961/74).

Quisemos, eu e o Humberto Reis, prestar também aqui a nossa homenagem aos valorosos cartógrafos militares portugueses. As cartas da Guiné resultaram do levantamento efectuado nos anos 50/60 pela missão geo-hidrográfica da Guiné, a cargo da nossa Marinha. A fotografia aérea foi da responsabilidade da então aviação naval e depois da FAP.  A restituição foi feita pelos Serviços Cartográficos do Exército. 

A fotolitografia e impressão froam da responsabilidade de várias empresas tipográficas portuguesas, como a Litografia de Portugal, da Arnaldo F. Silva ou da Papelaria Fernandes . A edição foi da Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar, do antigo Ministério do Ultramar, 

E, por fim, a digitalização foi efectuada na Rank Xerox, em 2006, também a expensas do nosso camarada e benemérito Humberto Reis para quem vai, hoje, um muito especial Alfa Bravo do tamanho do Rio Geba, com uma travessa (virtual) de camarões gigantes apanhados no Mato Cão… para partilhar com o João Melo, um rapaz do Cumbijã, também aniversariante... Saíam as "bazucas"!

Teu amigo, vizinho e camarada Luís Graça.
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Nota do editor: