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domingo, 5 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23327: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (27): Tabanca felupe de Iale: o bombolom de cerimónias



 

Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca felupe de Iale > 22 de maio de 2022  > "Bombolom de cerimónias"

Fotos (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação das fotos que o Patrício Ribeiro, nosso correspondente em Bissau, nos mandou, em 23 de maio passado, relativas ao chão felupe: praia de Varela e tabanca de Iale.(*)

Desta feita temos um "bombolom de cerimónias". Diz o fotógrafo, que tem casa em Varela, que o bombolom  serve para transmitir mensagens para dentro e para fora da tabanca. 

Nunca tínhamos visto um com estas dimensões. Não sabemos nada sobre a sua técnica de construção nem de que madeira é feita...  Fomos à procura de informação na Net. 

Aqui vai um excerto da página Meloteca > Bombolom(com a devida vénia):


(...) Bombolom é um idiofone de percussão direta tradicional da Guiné-Bissau (África Ocidental). 

É um tambor de fenda construído a partir de um tronco de árvore (bissilon) escavado longitudinalmente. Existem bombolons com cerca de 1,5 metros e outros tamanhos. 

O instrumento é percutido com baquetas de madeira e pode ser tocado por um ou dois executantes em simultâneo. São sobretudo homens que o tocam, e dos mais velhos, de pé ou sentados no chão. O som varia conforme o lado. 

Este instrumento desempenha funções de comunicação, sendo utilizado para transmitir mensagens, designadamente sobre falecimentos.

É tradicionalmente usado em todas as manifestações sócio-culturais, cerimónias de iniciação (fanados), cerimónias de toca-choro (toca-tchur). Nesta cerimónia fúnebre tradicional e festiva, em memória de uma pessoa de certa idade que faleceu há algum tempo, são sacrificados animais (porco, cabra, vaca). O bombolom tem uma componente mística, de comunicação com as divindades.

O Atlas dos Instrumentos Tradicionais da Guiné-Bissau refere: “Na etnia mancanha, toca-se num conjunto de três bombolons e aquele que toca o mais pequeno tem de conhecer os parentes do defunto, transmitindo assim a história da família”. Quem toca o mais pequeno tem de conhecer os parentes do defunto, transmitindo a história da família. “Não se pode deslocar o instrumento de um lado para outro sem fazer uma pequena cerimónia que consiste em levar um litro de aguardente (cana). Durante o transporte e como determina a regra, o bombolon vai sendo tocado”. (AITGB). A aguardente é oferecida ao espírito para ter acesso ao instrumento. A palavra vem do crioulo bombolõ, com base em onomatopeia.

Colaboração: Wilson da Silva (...)