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sábado, 27 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27261: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (6): O Cândido Alves, da CCAÇ 1416 / BCAÇ 1856 gostava de voltar ao Gabu como turista... será que existem condições para viajar com confiança para passar uns dias para reviver das recordações daqueles lugares?




À descoberta da Guiné-Bissau : guia turístico / Joana Benzinho, Marta Rosa ; il. Jorge Mateus, Nuno Tavares. - 2ª ed. rev. e atualiz. - [S.l.] : Afectos com Letras, 2018. - 167, [5] p. : il. ; 21 cm + [1] mapa desdobr.. - ISBN 978-989-20-6252-5. 

Disponível aqui em pdf:
https://www.eeas.europa.eu/sites/default/files/guia_turistico_guine-bissau_ue_acl2018_pt_web.pdf



"À descoberta da Guiné-Bissau : guia turístico" > Vd. região de Gabu, pp. 97/104



Crachá da CCAÇ 1416 / BCVAÇ 1856 (



1. Mensagem enviada pelo Cândido Alves através do Formulário de Contacto do Blogger (*):

Data - 23 de setembro de 2035 17:38

Estive na Guiné Bissau desde 26 de julho de 65 a 17 de abril de 67. 

A minha companhia, CCAÇ 1416,  foi colocada em Nova Lamego (Gabu),  ficando a CCS em Bissau. Mais algum tempo, também ela se sediou em Nova Lamego, durante o resto da comissão. 

Na ação da  CCAÇ 1416 percorremos uma vasta area da Guiné desde Bojucunda a Madina do Boé, passando por Canquelifá, Buruntuma, Cheche, e obrigatoriamente Piche e outros locais de passagem ,como Paunca, Pirada,  Cabuca, Beli, Canjadude entre outras tabancas, naquela vasta area. 

Mas foi no Cheche, onde passei com uma secção 2 meses de proteção à jangada. Depois esta secção foi para junto da companhia em Madina, ficando um pelotão em Béli. 

A História desses tempos já é conhecida como o local mais flagelado da zona do Boé.

 Ao Gabú gostava de voltar, como turista. Será que existem condições para viajar com confiança para passar uns dias para reviver as recordações daqueles lugares?

Cumprimentos,
Cândido Alves | candidomarcosalves@gmail.com

2. Resposta do editor LG:

Cândido, obrigado pelo teu contacto.  Infelizmente não temos aqui ninguém da tua companhia que possa dar uma ajuda. (Nem sequer do teu batalhão, a não ser o Manuel Domingues, que foi alf mil op esp/ranger,  comandante do Pel Rec Info, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67; nem seuqer das outras subunidades de quadrícula, a CCAÇ 1416 e a CCAÇ 1417.)

Mas temos outros camaradas que conhecem bem a Guine-Bissau. Inclusive há alguns  que vão lá com frequência. Esperemos que eles te deem algumas dicas. Divulgamos o teu endereço de email também para poderem comunicar contigo. Mas gostaríamos que partilhassem aqui também a sua experiência. Para que esse conhecimento chegue a todos.

Quanto ao resto encontras na Net o essencial dos conselhos que é costume dar-se a quem viaja para o estrangeiro, e nomeadamente para África. Alguns são "chapa um".

Mas, no essencial, podemos garantir-te pela nossa experiência passada, nossa e dos nossos camaradas que lá têm ido,   que:

(i) a Guiné-Bissau é um destino seguro;

(ii) os guineenses mantêm, com os portugueses, e nomeadamente com os "antigos combatentes", uma relação amigável, amistosa, cordial, hospitaleira;

(iii) tu, que conheceste a região de Gabu, o "chão fula", só vais estranhar as mudanças (sobretudo físicas) que se operaram ao longo destes 50/60 anos: há coisas para melhor, outras para pior; nada de levar expetativas nem demasiado altas nem baixas;

(iv) aconselho-te a que contactes o Hotel Coimbra (que fica na zona histórica de Bissau, frente à Catedral): além de alojamento, eles oferecem-te outros serviços:  (a) aluguer de viaturas climatizadas com motorista; (b) organização de passeios; (c)  turismo de saudade - passeios todo-o-terreno em veículos climatizados pelo interior da Guiné-Bissau, etc.

(v) tens aqui os contactos do Hotel: Avenida Amilcar Cabral, Bissau, Guine Bissau | email: zulupreto2015@gmail.com | telem +245 966 670 836 ;

(v) não somos nenhuma agência de viagens nem representamos nenhum operador turístico da Guiné-Bissau; esta é apenas uma sugestão nossa, o Hotel Coimbra tem tido boas referências dos nossos camaradas que, como  tu, querem fazer uma viagem de "turismo de saudade";

(vi) ir ao Gabu (antiga Nova Lamego), capital da região do Gabu,  não é problema, tens estrada alcatroada, direitinha, de Bissau até lá; a cidade de Gabu está hoje melhor do que a de Bafatá; podes fazer um desvio, em Bambadinca, e ir até ao Saltinho (Região de Bafatá);

(vii) claro que deves lá ir na época seca (a partir de janeiro até maio...);

(viii) e, de preferência, com mais um ou outro casal (partindo do princípio que não vais sozinho).

Quanto ao resto, podes e deves marcar um consulta do viajante. Há requisitos de entrada, como vacina contra febre amarela (vão-te exigir o certificado internacional de vacinação, como me exigiram, a mim, quando lá fui em 2008).

Vais ser aconselhado a tomar precauções contra a malária/paludismo: profilaxia antimalárica, repelente, rede mosquiteira (se dormires no mato, sem ar condicionado),  roupas longas ao entardecer, etc,

Por outro lado, vão-te lembrar que a Guiné-Bissau também tem alguns "senãos":

 (a) em 50 anos tem havdo bastante instabilidade política; (b) há também, sobretudo em Bissau, alguma pequena criiminalidade; (c)  limitação dos serviços de emergência; (d)  oferta de cuidados médicos e hospitalares muita limitada no interior do país; (e) rede de comunicações telefónicas ainda deficiente; (f) rede de transportantes públicos muito deficiente também; (g) estradas, idem aspas...

 Nada como planeares a viagem com o Hotel Coimbra ou outro operador turístico de confiança.

E, por fim, não é por  demais lembrar que em África deves preocupar-.te com a sua segurança pessoal (e dos teus acompanhantes). Não esquecer: 

  • tratar do passaporte válido;   
  • registar-se  no serviço consular / embaixada de Portugal em Bissu;
  • fazer um seguro de viagem (com evacução médica);
  • evitar ostentar objetos de valor durante as deslocações;
  • vestir-se de maneira apropriada para um país tropical; 
  • beber muita água (engarrafada);  
  • andar com cópias dos documentos (incluindo passaporte, apólice do seguro, contactos); 
  • não andar com o  dinheiro todo no bolso (mas ter em conta as limitações do uso de cartões); 
  • levar alguns medicamentos essenciais (antimalária, analgésicos, etc, conforme conselho do médico da medicina do viajante); 
  • levar um pequeno kit de primeiros socorros;
  • informar família/contatos dos itinerários diários, etc.


Entretanhto, aguardo que outros teus/nossos camaradas te façam chegar mais dicas. Por certo vais gostar de voltar à Guiné... E vai correr tudo bem, se começares já  a planear as coisas...E já agora não fiques limitado ao Gabu. Tens o sul, tens o norte, tens Bissaus, tens outars regiões (Quínara, Cacheu, Baftá, Tombali...), tens os Bijagós, tens belíssimos fabulosos parques nacionais , tens gente boa... Ah!, e póe em ordem o teu crioulo, lê o guia turístico cuja capa  acima reproduzimos... E lá fores, "bravo até ao fim", conta-nos depois como foi...

Mantenhas. Um alfabravo. Luís.

PS - Cândido, diz-me se vives em Bragança. E se é a tua página do Facebook. De qualquer modo, ficas desde já convidado para ingressares na Tabanca Grande, a tertúlia e blogue dos amigos e camaradas da Guiné. Já somos 907 (entre vivos e mortos). O último a entrar foi o Júlio Vieira Marques, da CCAÇ 1418, do teu batalhão.  Só preciso de 2 fotos tuas, e a uma curta apresentação em três linhas. Serás bem vindo.

 ________________________

Nota do editor LG:


(*) Vd. postes anteriores da série >

28 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26085: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (5): Lamine Bah escreve-nos, em francês, a pedir referências sobre o nosso camarada, o maj pilav António Lobato, recentemente falecido

3 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23945: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (4): Mensagens recebidas nos últimos dois meses de 2022

14 de dezenbro de 2022 > Guiné 61/74 - P23881: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (3): Mensagens recebidas entre janeiro e outubro de 2022, através do Formulário de Contactos do Blogger

5 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23763: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (2): amostra de mensagens recebidas entre setembro e dezembro de 2021

7 de agosto 2021 > Guiné 61/74 - P22439: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (1): Mensagens recebidas entre 12 de julho e 6 de agosto de 2021

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27256: Júlio Vieira Marques, violonista, ex-sold corneteiro, CCAÇ 1418 / BCAÇ 1856 (Bula, Buruntuma e Fá Mandinga, 1965/67): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 907



Júlio Vieira Marques, ex-sold corneteiro, CCAÇ 1418 (1418 (1965/67)

Natural de Paços de Gaiolo, Marco de Canaveses, criado em Santa Leocádia (já no cocnelho de Baião), vive hoje em Matosinhos. Membro da Tabanca de Candoz, da Tabanca de Matosinhos e agora da Tabanca Grande (nº 907)



1. Júlio Vieira Marques: faz parte há muito da Tabanca de Candoz e da Tabanca de Matosinhos. Foi sold corneteiro da CCAÇ 1418, "Os Facas" (Bula, Buruntuma e Fá Mandinga, 1965/67). Mora em Matosinhos. É marceneiro, de profissão. Tem página no Facebook (Júlio Marques).

O Júlio faz parte do grupo musical Os Baiões, e é um entusiástico representante da tradição das tunas rurais que tiveram, nomeadamente na região do Marão (e do Alvão, acrescente -se) o seu apogeu nos anos 50. Temos muitos vídeos dele, em ensaios e atuações ao vivo, incluindo na Tuna Rural de Candoz

Até por volta dos seus 40 anos, o Júlio  também era um excelente tocador de violão. Um acidente com uma máquina de cortar madeira,  levou-lhe a falange do indicador da mão direita. Acabou  por  trocar o violão pelo violino. (Repare-se na mão que segura o arco do violino,  no vídeo que aqui pode ser visualizado )... 

O Júlio é um exemplo extraordinário de força de vontade, talento, sensibilidade, coragem, disciplina e persistência. É, além disso, um homem afável e amigo do seu amigo. A morte, há largos anos,  de um companheiro e amigo, tocador de violão, levou-o a fazer um prolongado processo de luto em que deixou pura e simplesmente de tocar. Um luto de bastantes anos. 

Para felicidade dele e nossa, acabou o luto, e hoje é capaz de estar um dia ou uma noite a tocar violino, sozinho ou acompanhado. 

O seu reportório é impressionante. Animou inúmeros bailes na sua região. Autodidata, também é construtor de violinos. Tem afinidades com a família de Candoz, é cunhado do Quim e da Rosa, a irmã mais velha da Alice, a "chef" Alice, também nossa tabanqueira.

 Tem  tocado diversas vezes  na Quinta de Candoz, em festas de família. 

A sua atuação em Candoz, em 20/10/2012, juntamente com outros músicos (tudo prata da casa, tudo "tios" e  "primos": além do Júlio, o João, o Tiago, o Luís Filipe, o Miguel, o Nelo, o Joãozinho, violas, violões, bandolins, cavaquinhos, etc.), foi no âmbito das Bodas de Ouro de Casamento da Rosa & do Quim (que é também, ele, um excelente "mandador de baile mandado", como se comprova neste outro vídeo disponível na nossa conta You Tube).

Ao fim destes anos todos, o meu/nosso amigo e camarada Júlio acabou por aceitar  o convite para integrar formalmente a Tabanca Grande, a mãe de todas as tabancas.

Ficamos seguramente mais ricos com a sua presença humana e o seu talento musical.  Ele tem página no Facebook mas lida mal com o email e os blogues.  Vai precisar da ajuda do filho. E nossa.

 Passa a ser o grão-tabanqueiro nº  907. E o primeiro representante da CCAÇ 1418 / BCAÇ 1856. Já lhe demos as boas vindas pelo telemóvel. 


2. Ficha de unidade:CCAÇ 1148 / BCAÇ 1856 

2.1. BCAÇ: 1856 

Unidade Mob: RI 1 - Amadora
Cmdt:  ten cor  inf António da Anunciação Marques Lopes
2º Cmdt: Maj Inf Manuel João Fajardo
OfInfOp/Adj: Cap Inf José Olavo Correia Ramos

Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE Júlio Augusto Esteves Grilo
CCaç 1416: Cap Mil Inf Jorge Monteiro
CCaç 1417: Cap Inf José Casimiro Gomes Gonçalves Aranha
CCaç 1418: Cap Inf António Fernando Pinto de Oliveira

Divisa: -

Partida: embarque em 31ju165; desembarque em 06ag065 | Regresso: Embarque em 15abr67

Síntese da atividade operacional

(i) Inicialmente, ficou instalado em Bissau (Brá), com a missão de reserva, à ordem do Comando-Chefe e orientado para a Zona Leste, tendo as suas subunidades actuado em diversas operações nas zonas Oeste e Leste da Guiné, atribuídas em reforço a outros batalhões.

(ii)  Em 02mar66, o comando foi deslocado para Nova Lamego, enquanto a CCS se instalou em Piche, até 23abr66, com vista à próxima rendição do BCav 705. 

(iii) Em 01mai66, o batalhão assumiu a responsabilidade do Sector L3, com sede em Nova Lamego e abrangendo os subsectores de Bajocunda, Canquelifá, Piche, Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego.

(iv) Nesta situação desenvolveu intensa atividade operacional, principalmente na execução de patrulhamentos, reconhecimentos ofensivos, ações de interceção e de defesa dos aquartelamentos e das populações, com vista a evitar o alastramento da luta armada na região do Gabú; pela duração, importância das áreas batidas e esforço desenvolvido, destacam-se as operações "Lagos" e "Lenço", entre outras.

(v) Dentre o material capturado mais significativo, destaca-se: 
  • 2 espingardas,
  • 1 pistola-metralhadora, 
  • 50 granadas de armas pesadas, 
  • 1332 munições de armas
  • ligeiras 
  • e a deteção e levantamento de 50 minas.

(vi) Em 15abr67, foi rendido no sector de Nova Lamego pelo BCav 1915, recolhendo a Bissau para embarque.
Brasão da CCAÇ 
1418,
recuperado
 do poste P26794

 
2.2. CCAÇ 1418, "Os Facas" (Bula, Buruntuma e Fá Mandinga, 1965/67):  

Síntese da atividade operacional: 
  • após o seu desembarque, a CCAÇ 1418 ficou colocada em Bissau durante quinze dias como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe;
  • tendo seguido, em 21ago65 para Bula, a fim de realizar uma instrução de adaptação operacional sob a orientação do BCAV 790 [ 28Abr65-08Fev67; do  ten cor cav Henrique Alves Calado], e seguidamente reforçar este Batalhão em ações realizadas nas regiões de Naga, Inquida e Choquemone, entre outras;
  • até 20out65, continuou depois a ser atribuída em reforço de outros batalhões, com vista à realização de diversas ações na região do Jol, em reforço do BCAÇ 1858 [24ago65-03mai67; do ten cor inf Manuel Ferreira Nobre Silva], de 05 a 18Nov65; na região de Gussará-Manhau, em reforço do BART 645, de 16 a 23dez65;
  • nas regiões de Naga e Biambe, em reforço do BCAV 790, de 2 a 16jan66 e novamente de 12 a 26mar66; na região do Morés, em reforço do BCAÇ 1857 [06ago65-03mai67; do ten cor inf José Manuel Ferreira de Lemos], de 13 a 23fev66, onde tomou parte na Op Castor [em 20fev66], um golpe-de-mão à base central do Morés bem-sucedido, já que foi capturada elevada quantidade de armamento e outro material;
  • deslocada seguidamente para Buruntuma, assumiu, em 08mai66, a responsabilidade do respetivo subsector, em substituição da CCav 703, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão , tendo destacado uma secção para Camajabá e a partir de 21 set66, um pelotão para a ponte do rio Caium;
  • em 03abr67, foi rendida no subsector de Buruntuma pela CCaç 1588 e seguiu para Fá Mandinga, onde substituiu, temporariamente, a CCaç 1589 na função de reserva do Agr 1980;
  • em 09abr67, seguiu para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 63/65.

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)


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Nota do editor LG:

Último poste da série > 14 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26919: Tabanca Grande (576): Jacinto Rodrigues, ex-Alf Mil Art, CMDT do Pel Caç Nat 57 (Cutia e Mansabá, 1969/71), que se senta à sombra do nosso poilão no lugar 906

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20628: Notas de leitura (1262): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (44) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Setembro de 2019:

Queridos amigos,
Encaminhamo-nos para o desfecho esperado, o regresso a casa.
É tempo de cirandarmos por diferentes regiões, falou-se do Sul, do Norte, foram sobretudo estas as áreas de atuação do BCAV 490, faltando o Leste, é dele que hoje se fala, continuando para o episódio seguinte. E é o quadro de vida que também merece ser pontuado: a mina e a emboscada, por exemplo. E deixa-se um desabafo ao leitor: quanto mais se lê sobre as primícias da luta armada, logo releva silêncios e omissões dos dois lados, praticaram-se excessos, brutalidades inarráveis.
O PAIGC, no fervor da propaganda, não esquecia a morte de um dos seus primeiros líderes militares, Vitorino Costa, mas omitia as atrocidades, cortes de orelha e narizes, tudo ficou documentado, mas não convinha dar muito nas vistas, haverá sempre mistérios de parte a parte. E quanto mais se tenta perceber a reação dos Altos Comandos Portugueses a um fenómeno avassalador, totalmente inesperado enquanto atos subversivos, terá que se concluir que esses Altos Comandos, mormente Louro de Sousa e Arnaldo Schulz não podiam deixar de disseminar forças militares por todo o território e tentar, com aldeamentos nas proximidades dos destacamentos, dar a segurança indispensável. O que é curioso é que o mediático Spínola, que criticava acerbamente os seus antecessores, não mexeu nas pedras essenciais, e teve muitíssimos mais meios que esses seus antecessores não tiveram.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (44)

Beja Santos

“Grande amargura se passou
com estilhaços de uma granada.
A vinte e sete deste mês
morreu mais um camarada.

Em Maio com seus companheiros
o amigo Rogério saiu
e de manhã cedo se viu
num carreiro dois bandoleiros.
O Rodrigues foi dos primeiros
que aos bandidos apontou,
um deles morto ficou
e o outro nos acompanhava
e quando a Fambantã se chegava
grande amargura se passou.

O bandoleiro começou a gritar
com sinais despercebidos
fez despertar os bandidos
que nos vieram espiar.
Começaram então a atirar
à nossa rapaziada.
Foi uma espécie de emboscada
que nos armaram.
E no Candeias acertaram
com estilhaços de granada.

O Rogério levava o preso pela mão
e a ele logo apontaram
uma granada lhe jogaram
ficando estendido no chão.
O comandante do Pelotão
uma transmissão urgente fez
e o helicóptero, mais uma vez,
trouxe um ferido com gravidade,
que foi pra a eternidade
a vinte e sete deste mês.

Um telegrama à metrópole chegava
havendo grandes gemidos.
Os seus pais estavam convencidos
que seu filho regressava
pouco tempo lhe faltava
para se abraçarem na chegada.
Enquanto andou na porrada
lutou sempre com fé
mas, por azar, cá na Guiné,
morreu mais este camarada.”

********************

O bardo dá-nos a notícia de mais um morto em combate, notícia inopinada, e porquê? Quem vai acompanhando em sequência cronológica este final da comissão, dá-se bruscamente com a morte do Rogério, talvez em data anterior às delícias da vida em Bissau. O que quer que seja, remete-nos para considerações da grande elasticidade em que esta guerra da Guiné se apresenta, o BCAV 490 tarimbou no Norte, fez toda a batalha do Como, teve rescaldo na península de Bissau e partiu para o Norte, ali o esperavam novas agruras. Já se falou do Sul, onde praticamente brotou a luta armada, ainda em 1962, rebentando infraestruturas e comunicações, isolando comunidades, intimidando apoios, com resposta não menos violenta das nossas Forças Armadas. E logo em 1963 a guerrilha se apropriou da Ilha do Como, que deu pretexto mediático para anunciar uma “zona libertada”. Falou-se um pouco acima de Sangonhá, de Cacoca ou de Guileje, regiões de muito sobressalto, procurava-se travar o avanço da guerrilha nas zonas fronteiriças, impedir a formação de corredores de circulação nacionalista, a luta alastrou para o Corubal e para o Morés. No Leste, foi um tanto diferente, mas em finais de 1964 iniciava-se uma via-sacra para as forças portuguesas na região do Boé. Vale a pena darmos agora atenção a alguns testemunhos.

José Miranda Alves, em edição de autor, escreveu as suas recordações que intitulou “A passagem por uma guerra inútil, memórias e acontecimentos da minha juventude”. Conta-nos a sua infância e juventude, num pequeno lugar de Montalegre, vila onde aos 19 anos vai à inspeção, e faz questão de nos dizer com quem vai nesse dia: com o Toninho Martins, do lugar de Sidrós, o Alexandre Alves (Barreira), de Vila Nova, o já falecido João do Alves, o António do Amaro e ele, eram todos do Ferral, o Francisco de Trás da Casa de Viveiro, mais o Zé, mais o Chico Torrão de Santa Marinha e o também falecido Aníbal do Militão Sacoselo. O Zé Miranda trabalhou desde adolescente como eletricista, andou na Barragem de Pisões, no Alto Rabagão. Tem 20 anos quando recebe aviso para se apresentar no Regimento de Infantaria 13, em Vila Real, é incorporado em outubro de 1964, rememora muitas coisas, não esqueceu a semana de campo e outros detalhes.

Em agosto de 1965, o BCAÇ 1856 está sediado no Gabú, ele pertence à CCAÇ 1416. Foi mandado fazer um estágio com uma Companhia de Comandos, andou em operações no Oio, regressa e fez mais operações, em Canquelifá. Anda por Paunca e Cabuca. E em 27 de abril de 1966 inicia-se a sua estadia de um ano em Madina do Boé. O 3.º Pelotão da CCAÇ 1416 ficou em Béli, esta Companhia vinha substituir a CCAV 702. A partir deste momento, os relatos que o Zé Miranda nos dá são os ataques em catadupa a Madina, os grupos do PAIGC não escolhem a hora a que flagelam, mas têm as suas preferências no escurecer ou antes da alvorada, assim não havia o risco de aparecer a aviação. Os abastecimentos por terra são sempre operações com mortos e feridos, a passagem do Corubal em Ché Che informava o PAIGC, não faltavam minas nem emboscadas. A despeito deste fogo permanente, construíram-se abrigos e fizeram-se patrulhamentos próximos, mais era impossível. São recordados os bravos pilotos que traziam vitualhas, munições, medicamentos, correspondência e levavam feridos e também a correspondência para as famílias. Vem a férias entre janeiro e fevereiro de 1967, não deixa de registar que na sua ausência ocorreu uma emboscada na estrada Ché Che - Madina que provocou seis mortos e cinco feridos, em 9 de fevereiro. Destaca uma entrevista que anos depois foi feita ao seu comandante de Companhia, Capitão Jorge Monteiro, condecorado com a medalha de Valor Militar com Palma, este não esconde o seu ceticismo sobre as vantagens de se manter ali uma unidade militar, com uma capacidade de resposta mínima. E há também uma figura brejeira no seu testemunho, o Capelão Mota Tavares, reguila e contestatário.

Este documento pode associar-se a outro, porque lhe é muito próximo, intitulado “Uma Campanha na Guiné, 1965-1967, História de uma Guerra”, o seu autor é Manuel Domingues, que foi alferes, o seu fito foi o de deixar um testemunho, na falta de história da unidade do BCAÇ 1856, que, pasme-se, veio render o BCAV 490.

Manuel Domingues, nesta sua edição de autor, com data de 2003, enceta a publicação contando a origem, formação e mobilização do batalhão. A unidade mobilizadora foi o RI 1 e em junho de 1965 fizeram instrução de aperfeiçoamento operacional na Guarda. É profundamente crítico sobre a preparação militar, recorda a apresentação tardia de muitos especialistas, tudo veio a ter reflexos no funcionamento global da unidade e até nos aspetos operacionais. Por exemplo, o responsável da CCS – Companhia de Comando e Serviços, e os elementos das Transmissões só se apresentaram em setembro, já na Guiné. O BCAÇ 1856 ficou às ordens do Comando-Chefe. E confirma que a CCAÇ 1416 partiu logo para o Leste (Gabú), a CCAÇ 1417 veio a ter treino operacional em Bula e Fula Mandinga, e a CCAÇ 1418 treinou em Bissau, Bula e Teixeira Pinto. Em maio de 1966, o BCAÇ 1856 assume a responsabilidade do setor L3, o que significa que a sua missão se estendia por dois terços do concelho do Gabú e um sexto da área total da Guiné.

Manuel Domingues recorda que a grande maioria da população pertencia ao grupo étnico Fula mas que havia também bastantes Mandingas e núcleos de Pajadincas. As companhias operacionais irão ficar em zonas de fronteira, da seguinte forma: a CCAÇ 1416, em Madina do Boé, com um destacamento em Béli; a CCAÇ 1417 foi para Bajocunda, com um destacamento em Copá; e a CCAÇ 1418 sediou-se em Buruntuma, com destacamento em Ponte Caium. Manuel Domingues fala do imenso sofrimento das gentes de Madina do Boé. O que nos remete para outro livro, desta feita um romance, de que falaremos em seguida, “sairòmeM, Guerra Colonial”, Gustavo Pimenta, Palimage, 2000.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 31 de Janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20610: Notas de leitura (1260): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (43) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 3 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20619: Notas de leitura (1261): Longas Horas do Tempo Africano, por Manuel Barão da Cunha; 10.ª edição, revista e reestruturada, Oeiras Valley, Município de Oeiras, 2019 (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20576: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte VI


Foto 1 – Cumbijã; Abril de 1973. O ex-Cap Mil Vasco da Gama, Cmdt da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74), participando no levantamento de uma das mais de trinta minas que encontraram, naquele que considerou ser "um deserto cheio de minas". Foto do seu álbum fotográfico – P7835, com a devida vénia.


Foto 2 – Cumbijã; Abril de 1973. O ex-Cap Mil Vasco da Gama, Cmdt da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/1974), participando no levantamento de uma A/C. Da esq/dtª José Beires (Alf), Portilho (Cabo Enf), Vasco da Gama (Cap) e Florivaldo Abundâncio (Alf). Foto do seu álbum fotográfico – P3675, com a devida vénia.





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, 
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior,  indigitado régulo da Tabanca de Almada e da Tabanca dos Emiratos; tem 230 registos no nosso blogue.GUINÉ


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA – PARTE VI


1.INTRODUÇÃO

Antes de mais, renovo os votos de Bom Ano de 2020 para todos os tabanqueiros.

Depois de um pequeno interregno motivado por razões pessoais e familiares, que são do conhecimento do Fórum, apresento-vos mais uma parte – a sexta – daquele a que dei o título de «Ensaio sobre as mortes de militares do Exército, no CTIG (1963-1974), da especialidade de "condutor auto rodas"», tendo por consulta e análise o universo das "Baixas em Campanha" identificadas na literatura "Oficial" publicada pelo Estado-Maior do Exército.
Recordo que para além do tratamento estatístico de cada uma das variáveis em presença, qualitativas e quantitativas, as diferentes narrativas abordam o que foi possível apurar nas leituras às diversas fontes consultadas, relacionadas com os episódios sinalizados/assinalados, em especial o vasto espólio disponível no blogue da «Tabanca».



2. ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

A análise demográfica incluída nesta investigação, e as variáveis com ela relacionada, incidiu sobre os casos de mortes de militares do Exército da especialidade de "condutor auto rodas", ocorridas durante a guerra no CTIG (1963-1974), e identificados nos "Dados Oficiais" publicados pelo Estado-Maior do Exército, elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).

No presente fragmento apresentamos dois gráficos de barras referentes: o 1.º ao universo das "causas de morte" e o 2.º às variáveis "em combate". 


Gráfico 1 – Distribuição de frequências das "causas de morte", por anos, nas variáveis categóricas apuradas nos casos da investigação (n=191): "combate" (n=112-58.6%), "acidente" (n=57-29.9%) e "doença" (n=22-11.5%).


Da sua análise, verifica-se que em todos os anos a maioria das "causas" foram na variável "em combate", com excepção do ano de 1974, onde se registaram mais casos da variável "por acidente". Por outro lado, no ano de 1969 (o 7.º do conflito) o número de "causas" foi igual nas variáveis "em combate" e "por acidente", com oito casos cada.


Gráfico 2 – Distribuição de frequências das "causas de morte", por anos, nas variáveis categóricas em "combate" (n=112): por "contacto" (n=67-59.8%), por "minas" (n=33-29.5%) e por "ataque ao aquartelamento" (n=12-10.7%).



Da sua análise, verifica-se que em 2/3 dos anos a variável "combate" superou as restantes. Por outro lado, os casos de morte por "minas" superou as por "combate" em três anos consecutivos (1967, 1968 e 1969). De referir que nos anos de 1964, 1970 e 1974 não se registaram quaisquer casos de mortes de condutores por "minas".


3.
MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM MORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"

Neste terceiro ponto, honrando um dos principais objectivos deste trabalho, para além dos números, recuperam-se algumas memórias, sempre trágicas, quando estamos em presença de perdas humanas. Serão mais três "casos" (de um total de trinta e três), enquadrados pelos contextos conhecidos, aos quais adicionámos, ainda, outras informações consideradas relevantes.


Foto 3 – Cumbijã; Abril de 1973. "Árvore de minas" ronco e obra do colectivo da CCAV 8351 (os Tigres do Cumbijã), do ex-Cap Mil Vasco da Gama, relativas a três minas A/P e uma A/C, levantadas no dia 02Abr73, e nove minas A/P e três A/C, levantadas no dia 03Abr73, de um total de mais de trinta contabilizadas durante esse mês, como se refere nas legendas das fotos anteriores. Imagem do álbum fotográfico do Cap Vasco da Gama – P3675 –, com a devida vénia.

Em função da tormenta que "os Tigres do Cumbijã" tiveram de enfrentar na "guerra das minas", lidando com elas, certamente, com muita angústia, alguma raiva pelo seu impacto devastador, mas fazendo apelo a uma superior coragem e competência no seu manuseamento por parte do seu colectivo, diga-se com grande sucesso, ao Cap Vasco da Gama é-lhe dedicado o poema "NA ESTRADA DO CUMBIJÃ" escrito por Tavares de Bastos, ex-Alf da CCAÇ 3399 [Aldeia Formosa (Jul/71-Ago/73), do Cap Inf Horário José Gomes Teixeira Malheiro], unidade que, infelizmente, teve algumas baixas registadas em alguns dos itinerários comuns (P3640).




As referências à CCAV 8351, bem como ao seu Cmdt Cap Mil Vasco da Gama, pretendem ajudar a contextualizar a situação militar na região de Cumbijã, antes de aí ter chegado e durante a sua presença, para que se compreenda melhor as causas da morte do condutor auto rodas Arnaldo Augusto Fernandes Clemente, analisada no ponto 3.17.

A esse propósito, o Cap Vasco da Gama refere que o "Cumbijã havia sido abandonado em 1968 [Gr Comb da CART 1612?], durante o mandato do General Arnaldo Schulz (1910-1993), por efeito dos sucessivos ataques a que o aquartelamento era sujeito, causando inúmeras vítimas na população e nas NT". É, ainda, relevante o aprisionamento de oito militares, em 20Mai68, sendo dois da CCS/BART 1896 e seis da CART 1612 (P16171).

Entretanto, no início de 1973, ou seja cinco anos depois, é atribuída à CCAV 8381 a responsabilidade de reocupar o Cumbijã, facto verificado em Março de 1973, tendo aí ficado instalada até Junho de 1974. Foi uma missão arrojada e bastante dura, mas bem recebida pelos chefes da antiga Tabanca, que desde 1968 passaram a viver em Aldeia Formosa. Estes sentiram uma enorme alegria quando souberam que a sua antiga povoação ia ser ocupada pelos militares portugueses. Insistiam, sempre que havia colunas, a nelas serem incluídos para irem ver o que restava da sua Tabanca (P3675).




3.17. O CASO DO SOLDADO 'CAR' ARNALDO AUGUSTO FERNANDES CLEMENTE, DO PEL REC FOX 1101, EM 03.SET.1966, ENTRE ALDEIA FORMOSA E CUMBIJÃ

A quinta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina, foi a do soldado Arnaldo Augusto Fernandes Clemente, natural da freguesia de Chacim, pertencente ao Município de Macedo de Cavaleiros, ocorrida no dia 03 de Setembro de 1966, sábado, no decurso de uma coluna militar, no itinerário entre Aldeia Formosa e Cumbijã, na qual participava, também, elementos da CCAÇ 764.

O condutor Arnaldo Clemente pertencia ao Pelotão de Reconhecimento Fox 1101 [PEL REC FOX 1101], uma unidade formada no Regimento de Cavalaria 8, de Castelo Branco. O contingente do PREC 1101 cumpriu a sua comissão entre 12Mai66 (chegada a Bissau) e 17Jan68 (regresso a Lisboa). Sobre a História desta unidade não foi possível obter qualquer informação, apenas sabemos que os seus dezanove meses de missão foram passados em Aldeia Formosa.

Quanto à CCAÇ 764 [17Fev65-20Nov66, do Cap Inf António Jorge Teixeira (1.º), Cap Inf José Domingos Ferros de Azevedo (2.º) e Ten Inf José Alberto Cardeira Rino (3.º)], unidade que em 24Mai65 fez seguir para Buba dois Grs Comb, a fim de renderem iguais efectivos da CART 495 nos destacamentos de Cumbijã e Colibuia, no subsector de Aldeia Formosa, cuja responsabilidade assumiu em 01Jun65, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 1861 [do TCor Inf Alfredo Henriques Baeta (23Ago65-17Abr67)]. Em 18Nov66, a CCAÇ 674 foi rendida no subsector de Aldeia Formosa pela CCAÇ 1622 [18Nov66-18Ago68, do Cap Mil António Egídio Fernandes Loja], recolhendo a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso (p338).


3.18. O CASO DO SOLDADO 'CAR' ANTÓNIO CARLOS VIEGAS, DA CCS/BCAÇ 1856, EM 10.FEV.1967, ENTRE NOVA LAMEGO E MADINA DO BOÉ

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas António Carlos Viegas, natural do lugar de Janardo, da Freguesia de Guardão, Município de Tondela, a sétima na sequência cronológica de casos semelhantes, ocorreu em 10 de Fevereiro de 1967, 6.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro [A/C], no decurso de uma escolta de reabastecimento iniciada em Nova Lamego com destino a Madina do Boé, na qual faleceu outro camarada seu, o soldado "CAR" António Zulmiro Gonçalves, a seguir indicado.


3.19. O CASO DO SOLDADO 'CAR' ANTÓNIO ZULMIRO GONÇALVES, DA CCS/BCAÇ 1856, EM 10.FEV.1967, ENTRE NOVA LAMEGO E MADINA DO BOÉ

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas António Zulmiro Gonçalves, natural da freguesia de São Mamede de Infesta, Município de Matosinhos, a oitava na sequência cronológica de casos semelhantes, correu em 10 de Fevereiro de 1967, 6.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro [A/C], no decurso da mesma escolta citada acima.

Estes dois condutores auto rodas pertenciam à CCS do BCAÇ 1856, do Cmdt TCor Inf António da Anunciação Marques Lopes, unidade mobilizada pelo RI 1, da Amadora, decorrendo a sua comissão entre 06Ago65, com o desembarque em Bissau, e 15Abr67, como o seu regresso a Lisboa.

Depois de ter estado sete meses instalado em Brá (Bissau), às ordens do Comando-Chefe, e de ter actuado em diversas operações nas zonas Oeste e Leste do CTIG, como reforço de outros Batalhões, em 02Mar66 foi o comando do BCAÇ 1856 deslocado para Nova Lamego, enquanto a sua CCS se instalou em Piche, até 23Abr66, com vista à rendição do BCAV 705.

Decorridos mais dois meses, em 01Mai66, o BCAÇ 1856 assumiu a responsabilidade do «Sector L3», com sede em Nova Lamego, no qual estavam incluídos os subsectores de Bajocunda, Canquelifá, Piche, Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego. Neste quadro desenvolveu intensa actividade operacional, principalmente na execução de patrulhamentos, reconhecimentos ofensivos, acções de intercepção e de defesa dos aquartelamentos e das populações, com vista a evitar o alastramento da luta armada na região do Gabú. (…) Em 15Abr67, foi rendido no sector de Nova Lamego pelo BCAV 1915, recolhendo a Bissau para embarque. (p.63)

Para a elaboração deste subponto foram consultadas, como principais fontes de pesquisa, as Oficiais publicadas pelo Estado-Maior do Exército, elaboradas pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 6.º Volume, Aspectos da Actividade Operacional, Tomo II, Guiné, Livro 2, 1.ª Edição, Lisboa (2015), p31, às quais se adicionaram, como complemento historiográfico, os contributos pessoais de alguns membros da Tabanca que destas ocorrências tiveram conhecimento.

Sobre estes casos, o livro da CECA faz referência aos factos com uma curtíssima descrição: "No período de 10 a 13Fev67 foi feita mais uma escolta de reabastecimento a Madina [Nova Lamego/Madina do Boé], conjugada com emboscadas a sul desta posição. Foi accionada uma mina anticarro, tendo as NT sofrido 6 mortos e 4 feridos, mas infligindo ao IN numerosas baixas. (Op. Cit. p31).

Na busca da identificação das baixas contabilizadas pelas NT nesta ocorrência, verificámos que para além dos dois condutores auto rodas falecidos, ambos pertencentes à CCS/BCAÇ 1856, os restantes quatro eram elementos da CCAÇ 1586, cujos nomes se indicam no quadro abaixo. 


De referir que a CCAÇ 1586, do Cap Inf António Marouva Cera, após a sua chegada a Piche a 06Ago66, assumiu dois dias depois a responsabilidade do respectivo subsector, substituindo dois Grs Comb da CCAÇ 1567, ali transitoriamente colocados, e guarnecendo, com um Gr Comb, o destacamento na ponte do rio Caium até 21Set66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1586. A partir de Set66, passou a ter, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção do sector, tendo os seus Grs Comb actuado em diversas operações realizadas e sido destacados, temporariamente, para várias localidades da sua zona de acção. (ver P18512).


Complementamos esta narrativa com algumas imagens da ocorrência entre Nova Lamego e Madina do Boé. 


Foto 4 – A Caminho de Madina (do Boé). Foto de José Domingues Ramos, 1.º Cabo Mecânico da CCaç 1416, do BCaç 1856. In: http://ultramar.terraweb.biz/CTIG/CTIG_Jose

DominguesRamos_Fotografias_03_A_Caminho_de_Madina.htm (com a devida vénia).


Foto 5 – As "viagens" de reabastecimento a Madina do Boé e a Béli. Testemunho do Abel Santos, da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) – P15786, com a devida vénia.


Foto 6 – Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento". Testemunho do Manuel Caldeira Coelho, da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) – P8548 e P18867, com a devida vénia.


Foto 7 – Em 1998, algures na estrada Nova Lamego/Madina do Boé (trinta anos depois da foto 4), eis um exemplar, entre muitos, dos trágicos vestígios "arqueológicos" da guerra no CTIG. Foto do álbum fotográfico do Xico Allen – P3911 e P11822, com a devida vénia.

Termino este texto com uma pergunta… certamente difícil de obter resposta, e que é:

► Será que hoje, passado que está meio século, ainda existem vestígios "arqueológicos" semelhantes aos das imagens acima, no território da Guiné-Bissau?


Continua …

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Fontes Consultadas:

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.
Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-304.

Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

17JAN2020
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sábado, 2 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19545: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXIV: Memórias do Gabu (III)



Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 > Foto nº 7 > A ‘Porta de Armas’ das instalações do Quartel. Junto ao local de entrada, uma legenda da BCAÇ 1856 (Nova Lamego, 1965/67).  Junto de mim (oficial de dia) o alf.mil inf Carneiro. 


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 > Foto nº 7A  > A ‘Porta de Armas’  do Quartel. O oficial de dia, Virgílio Teixeira, e o alf mil inf Carneiros, sentados num monumento erigido à  memória  do BCAÇ 1856 (Nova Lamego, 1965/67). 


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro de 1968 > Foto nº 10 > Uma casa nova e moderna com cobertura de telha. Como cidade em desenvolvimento, as casas faziam-se a bom ritmo, para o local.
Foto captada em Nova Lamego, em Janeiro de 1968.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  Dezenbro de 1967 > Foto nº 2 >  Casa de pasto, tasca, um local de comer, ‘ O Geraldes’. Pode ver-se o Geraldes, da direita para a esquerda, o 3º de camisa aberta, ao meu lado.  Do outro meu lado, o Sargento Parracho (acho que era de Aveiro) e tinha chegado da Madina do Boé, era da CCAÇ 1589, e lá vinha com os seus ‘autos de destruição’ para serem aprovados.  Os outros comensais são civis, comerciantes.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 > Foto nº 8 > Uma noite de festa da população local. Não me lembro que festa se trata, possivelmente por alturas do Natal, é noite e a foto foi feita sem o flash.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de 1967 > Foto nº 11 > Na esplanada do Clube do Gabu com o seu ‘Patrão’. Estamos ali num fim de tarde, o furriel Rocha, e um 1º cabo escriturário. O omem da camisa branca, cabo-verdiano, era o dono e patrão do estabelecimento, só não consigo lembrar-me do nome dele, era um gajo porreiro.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > 4º trimestre de 1967 > Foto nº 5 > No cimo de um monte bagabaga com alguns camaradas. Era uma foto imprescindível, num local de milhares de montes bagabaga.  No cimo sou eu e o soldado condutor ‘O Ermesinde’. Em baixo o Furriel Carvalho e outros.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 > Foto nº 6 > Rua principal num dia de chuva torrencial, um lamaçal.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de 1967 > Foto nº 12As nossas amigas e lavadeiras, na Fonte de Nova Lamego. Estas eram as nossas bajudas e as nossas lavadeiras, as melhores amigas, sem dúvidas.

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economismita e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde. (*)



CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T061 – IMAGENS DO GABU – NOVA LAMEGO

PARTE III (*)

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19540: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXIV: Memórias do Gabu (II)

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18512: CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Bajocunda, Copá e Canjadude (1966-1968): Subsídios para a reconstituição da sua história (Jorge Araújo) - Parte I





Guiné > Bissau> Cais > 9 de Maio de 1968 > Preparativos para o regresso à metrópole da CCAÇ 1586 a bordo do T/T Niassa (fotos gentilmente cedidas pelo camarada ex-fur trms Aurélio Dinis, da mesma unidade).


Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018; 
criador da série "D(o) outro lado do combate"




Companhia de Caçadores 1586, "Os Jacarés"  (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Balocunda, Copá e Canjadude ((1966-1968):  Subsídios para a reconstituição da sua história - Parte I



1. INTRODUÇÃO

Com algum atraso, mas ainda a tempo de cumprir com os objectivos de partida, o presente trabalho surge na sequência da publicação no blogue de dois postes: o P18149 e o P18158, ambos em memória do Alferes QPAugusto Manuel Casimiro Gamboa [, foto à esquerda, cortesia da Academia Militar[, pertencente à CCAÇ 1586 (1966/1968), e da referência à emboscada que o vitimou, em 14 de dezembro de 1967, na estrada entre Canjadude e Nova Lamego.

Ele é também, por um lado, um modesto contributo escrito (subsídio) visando ajudar na reconstituição da História desta Unidade (a possível) e, por outro, a concretização da promessa feita em comentário ao segundo texto, uma vez que, de acordo a informação dada pelo nosso colaborador permanente José Martins, especialista em Arquivo Histórico Militar do Exército (Guerra do Ultramar), "no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] não existe História da Unidade".

Não estando expressas as razões da ausência documental da sua História no AHM, não é difícil presumir como uma forte possibilidade, , quiçá a mais provável, que ela teve como principal causa a divisão física e logística permanente dos seus efectivos e as responsabilidades que lhes foram atribuídas em cada um dos locais onde esteve instalada, num total de oito, como se indica em título e como se assinala no mapa abaixo.

Para além desta probabilidade (suspeita), que naturalmente não podemos comprovar, uma outra variável poderá ter influenciado também a sua não transcrição para o papel, na justa medida em que estamos perante um colectivo militar metropolitano que muito sofreu ao longo dos vinte e um meses da sua comissão (de agosto de 1966 a  maio de 1968), fazendo fé nos factos que conseguimos apurar, entre eles os seus mortos e feridos.

Será que foram estas as principais causas?

Ainda assim, admitimos a hipótese de terem existido outras razões/causas para além das que acima presumimos. Mas só o saberemos, em definitivo, se algum elemento da CCAÇ 1586 tiver a resposta certa a esta questão. Vamos esperar que tal aconteça ou que no aprofundamento deste projecto de investigação possamos chegar lá.

Porém, perante a caracterização sumária do quadro supra, compreende-se (compreendo) perfeitamente as dificuldades em se estruturar/organizar as suas memórias, pois foram, certamente, muitos os factos e ocorrências que mereceriam ficar gravadas como testemunhos históricos da sua presença na região do Gabu, situada a Leste do território da Guiné, e que não foi possível centralizá-las ou juntá-las, passando-as a escrito, devido à dispersão dos seus efectivos nas diferentes frentes das muitas missões.

Lamentamos que assim tenha sido.

Porque não fazemos parte desse colectivo de camaradas (ex-combatentes), estes sim fiéis depositários das suas memórias durante aquele período ultramarino, enquanto principais personagens fazedores da sua história, esta narrativa não podia deixar de não ser corolário da consulta realizada a diferentes fontes de informação, escrita e oral, onde cada referência encontrada e relato obtido dos directamente envolvidos, se considerou relevante para a concretização do objectivo geral, ou seja, o início de um processo de reconstituição da História da CCAÇ 1586.

Dessa análise global e da sua triangulação, como metodologia da investigação, procurou-se caminhar na busca do que considerámos fidedigno, idóneo, exacto ou válido, enquanto sinónimos do mesmo valor, deixando à reflexão de cada leitor o que se pode considerar, inquestionavelmente, genuíno ou, pelo contrário, uma trapalhice (propaganda), uma vez que circulámos por ambos os lados do combate.

Em função do já pesquisado e dos resultados obtidos, decidimos dividir o trabalho em diferentes partes, sendo esta a primeira, onde se divulgam aspectos relacionados com a sua mobilização, locais das principais actividades operacionais e quadro das baixas em combate.


2. MOBILIZAÇÃO E LOCAIS DAS MISSÕES NO CTIG


Mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2] , em Abrantes, a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de julho de 1966, sábado, zarpando rumo a Bissau a bordo do N/M Uíge, numa altura em que a cronologia da guerra registava já três anos e meio.

Aí desembarcou a 4 de agosto, 5.ª feira, sendo destacada para o sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo a 8 do mesmo mês a responsabilidade do subsector de Piche, substituindo dois pelotões da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o destacamento da Ponte do Rio Caium com um pelotão, até 21 de setembro de 1966.

A partir desta data assumiu, também, funções de unidade de intervenção na zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, entre elas:

(i)  Nova Lamego, de 10 de outubro de 1966 até princípios de dezembro desse ano;

(ii) Béli, de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967;

(iii)  e Madina do Boé, de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967.


A 6 de abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um pelotão, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].

Entre 28 de outubro e 4 de dezembro de 1967, integrou, com um pelotão, o sector temporário de Canjadude.

Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso à metrópole, a 9 de maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M Niassa, com a chegada a Lisboa a acontecer a 15 de maio, 4.ª feira, ou seja, seis dias depois [adap. do P3797, José Martins, ex-Fur Trms CCAÇ 5 (1968/1970), nosso colaborador permanente].


 3. MAPA DOS LOCAIS ONDE A CCAÇ 1586 DESEMPENHOU AS SUAS DIFERENTES ACTIVIDADES OPERACIONAIS


No mapa abaixo, sinalizadas no interior de elipses, encontram-se os locais onde a CCAÇ 1586 desempenhou as suas diferentes actividades operacionais.


Infografia: Jorge Araújo (2018)



4. QUADRO DE BAIXAS DURANTE A COMISSÃO


No âmbito da pesquisa realizada, foram identificadas e agrupadas por datas as baixas contabilizadas pela CCAÇ 1586 durante a sua comissão, cujo quadro se apresenta de imediato.

A organização do quadro, segundo esta metodologia, corresponde à ordem da descrição dos factos conhecidos sobre cada causa ou ocorrência, e que daremos conta ao longo das próximas narrativas.


Infografia: Jorge Araújo (2018)

Sitografia consultada:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/

http://www.apvg.pt/

http://ultramar.terreweb.biz/ (com a devida vénia)

(Continua)
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Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
16JAN2018.

PS - Este é o primeiro dos textos que estavam em atraso, o da CCAÇ 1586, na medida em que me comprometi a dar uma ajuda na reconstituição da sua HU, que não existe. Entretanto, fui convidado para participar no seu Convívio Anual que se realiza em Abrantes, a 19 de maio de 2018. Já lhes pedi um cartaz para fazer a sua divulgação na «Tabanca».