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quinta-feira, 27 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25688: Elementos para a história dos Pel Caç Nat 52, 54 e 63 que, ao tempo da BART 2917 (Bambadinca, jun 70 / mar 72), estavam destacados no Sector L1 - Parte III


BART 2917 (Bambadinca, junho 1970/março 1972)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 >  Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > Monumento aos mortos do batalhão e unidades adidas (este monumento foi destruído a seguir à independência da Guiné-Bissau). O Sousa de Castro ( ex-1º cabo radiotelegrafista, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, jan 72/ abr 74) mandou-nos, em 12 de novembro de 2007,   esta foto do monumento, da autoria do Júlio Campos, ex-fur mil sapador, do  BART 2917.

Mortos (1970/72): BART 2917: Alf Mil Ribeiro | Fur Mil Quaresma | Fur Mil Cunha | 1º Cabo Ribeiro | Sol F Soares | Sol Monteiro | Sol Oliveira | Sol P. Almeida || CCAÇ 12: Sol Soares | Sol U. Sissé | Sol C. Baldé || Pel Caç Nat 52: 2º Cabo Nhaga || Pel Caç Nat 54: 1º Cabo Menoita | Sol S Camará | Sol Adip Jop | Sol S Embaló | Sol S Sanhá | Sol S Indjai || Pel Caç Nat 63: Sol D Candé || Pel Mil 201: Sarg Mil C Candé | Sol M Camará | Sol Iaia Jau

Guiné >Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 (1973/74) > Aspetos banais da vida do dia a dia do destacamento,com o de cortar lenha com uma motosserra (um pequeno luxo)... Na foto, o último cmdt do Pelotão, extinto em agosto de 1974.

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Enxalé > CCAÇ 1439 (1965/67) e Pel Caç Nat 52 (1966/74) > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52,o alf mil Henrique Matos: "Primeira lição no rio Geba, eu, periquito, com os velhinhos da CCAÇ 1439 no Sintex, que até tinha um pequeno motor fora de borda e base para metralhadora".


Foto (e legenda): © Henrique Matos (2007). Todos os direitos [Edição e legendagem complementar : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fonte: Adapt. de História da Unidade - BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) Cópia gentilmente fornecida pelo Benjamim Durães.


I.  Baixas sofridas pelos Pel Caç Nat 52, 54 e 63, no Setor L1, ao tempo do BART 2917 (maio 70 / março 72), bem como punições e louvores


(i)  Mortos em combate 

  • Pel Caç Nat 52

- 2º Cabo Atirador Nhaga Macque 82068762 | Morto em 28/08/71 numa Acção de Patrulhamento em Finete | Sepultado em Enxeia.

  • Pel Caç Nat 54

- Soldado Atirador Suntum Camará 82047766 | Morto em 05/05/71 na Operação  Triângulo Vermelho | Sepultado em Bambadinca.

- Soldado Atirador Adi Jop 82130863 | Morto em 05/05/71 na Operação Triângulo Vermelho | Sepultado em Bambadinca.

- Soldado Atirador Cherno Sirá Sanhá 82088464 | Morto em 22/06/71 na Acção Galhito |  Sepultado em Bedanda.

- Soldado Atirador Sambaro Embaló 82052068 | Morto em 22/06/71 na Acção Galhito” | Sepultado em Farim

(ii) Feridos em combate

  • Pel Caç Nat 52

- Soldado Atirador Tunca Seidi 82063665

- Soldado Atirador Jobo Baldé  82068868

  • Pel Caç Nat 54

- Furriel Mil Atirador José  A L Pires 10684269

- Soldado Atirador António Maninho 82049167

- Soldado Atirador Sherifo Baldé 82056966

  • Pel Caç Nat 63

- 1º Cabo Atirador Sanassi Baldé 82052865

- Soldado Atirador Samaro Jau  82069865

- Soldado Atirador Guiro Jau  82064067

- Soldado Atirador Nianda Embaló  82035566


(iii) Mortos por outras causas 

  • Pel Caç Nat 54

- 1º Cabo Atirador Fernando Vasco Menoita 00762170 | Morto (Acidente) em 01/07/71 | Sepultado na Guarda.
  • Pel Caç Nat 63
- Soldado Atirador Jango Candé | Morto (Doença) em 15/03/71 | Sepultado em Bambadinca.

 
(iv) Louvores e Punições  (vd. quadro acima)
 
De acordo com o quadro acima reproduzido, o Pel Caç Nat 54 foi, comparativamente  com os outros dois (Pel Caç Nat 52 e 63),  o que teve mais baixas, mais punições e menos louvores.  Por razões óbvias, não queremos individualizar nem uns (os louvores) nem outras (as punições).

Sobre as punições,  há que referir que o Pel Caç Nat 54 teve tantas quantas as sofridas pelos outros Pel Caç Nat juntos : houve um militar com 3 punições, ao longo desde período (Pel Caç Nat 52) e outro  com 4 (Pel Caç Nat 54), o que naturalmente afeta o número total de casos. 

Somando os dias (de detenção, detenção agravada, prisão disciplinar e prisão disciplinar agravada), o Pel Caç Nat 54 sofreu tantos dias de punição (n=119) como os outros Pel Caç Nat juntos (n=118): 74, o Pel Caç Nat 52 e 44 o Pel Caç Nat 63... 

Na maior dos casos, as punições foram dadas pelo cmdt do BART 2917. Se acrescentarmos a estas subunidades, a CCAÇ 12, que também era composta por praças do recrutamento local, valeria a pena, com tempo e vagar, verificar  se  o comando deste batalhão teve ou não mão  pesada para as "africanas"... que eram pau para a toda a obra.

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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25640: Elementos para a história do Pel Caç Nat 54, "Águia Negras" (1966/74) - Parte I: Temos dois representantes na Tabanca Grande, o algarvio José António Viegas (1966/68) e o açoriano Mário Armas de Sousa (1968/70)...


Palmela > Poceirão > Casa do João Vaz > 2017 > Encontro do pessoal dos Pel Caç Nat 51, 52 e 54 > Elementos presentes, do Pel Caç Nat 54 > Da esquerda para a direita, Furriel Arlindo Costa (DFA), Furriel José António Viegas, 1º Cabo Marques, 1º Cabo Coelho (DFA) e 1º Cabo Manuel Januário (DFA)...Três DFA num grupo de cinco... Foi mais um encontro dos Pelotões de Caçadores Nativos, formados pelo nosso camarada Jorge Rosales, do 51 ao 56, no CIM de Bolama, e que serviram na Guiné entre 66 e 68. "É já muito dificil encontrar estes nossos camaradas, mas ainda assim juntámos o 51, 52 e 54. Na casa do ex-fur mil João Vaz (ex-prisioneiro em Conacri, libertado em 22 de novembro de 1970, no decurso da Op Mar Verde; pertenceu ao Pel Caç Nat 52)."

Foto (e legenda): © José Manuel Viegas (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]







Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Xime > 1970 > Malta da CCAÇ 12 (à direita), posando (e não "pou...sando")  junto a uma parede bidões com areia (que serviam de protecção em caso de ataque) juntamente com comaradas do Xime, à esquerda. Entre eles, estará o fur mil, açoriano, Mário Armas de Sousa, natural de Lajes das Flores, Ilha das Flores (mas que não conseguimos identificar)


Foto (e legenda): © Humberto Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Legenda de HR/LG:

"Começando da esquerda para a direita e de cima para baixo temos: o de boina já não me lembro quem era, o 2º julgo que era o fur mil vagomestre (do Xime) (parece-me ser o José Manuel Viçoso Soares, que vive no Porto, , os 3º, 4º e 5º também não me lembro), o 6º é o Sousa, ex-fur mil da CCAÇ 12 e o último sou eu (ainda com algum cabelo e sem barriga). [O 5º julgo ser o madeirense Sousa, o Mário Armas de Sousa, do Pel Caça Nat 54; ou será o fur mil António Fernando Marques, da nossa CCAÇ 12 ? L.G.].

"Na 1ª fila não me lembro quem é o 1º; o 2º, meio careca, era o fur mil dos obuses (da BAC de Bissau); os 3º e 4º também não me recordo; o 5º julgo que era o fur mil mecânico e o 6º é o Joaquim Fernandes, ex-fur mil da CCAÇ 12 e depois engenheiro civil na antiga CUF (já nesse tempo o Fernandes tinha jeito para as obras, pois foi ele que acompanhou todo o Reordenamento dos Nhabijões (a), por isso, quando cá chegou foi acabar o curso, o que muitos fizeram pois tinham-nos deixado a meio e até aldrabado nas habilitações literárias para ver se se baldavam de ir bater com os costados no Ultramar".


Em suma, o Mário Armas Sousa é decerto um deles, mas eu não sei qual... Tenho dúvidas é (i) quanto ao mês e ano em que foi tirada a foto e (ii) quanto à companhia a que pertenciam os camaradas que não eram da CCAÇ 12. Em princípio a foto deve sido tirada antes de julho de 1970, o pessoal do Xime pertenceria, portanto, à CART 2520 (1969/1971) (em meados de 1970, eles foram rendidos pela CART 2715 / BART 2917, 1970/72).

O Mário Armas de Sousa que, além do Xime, esteve em Porto Gole, Enxalé e Missirá, era do Pel Caç Nat 54 que, em novembro de 1969, foi render em Missirá o Pel Caç Nat 52, sob o comando do alf mil Mário Beja Santos (transferido para Bambadinca).

Com o Pel Caç Nat 52 (e também com o 54) fizémos (a CCAÇ 12 + CCAÇ 2636 + 1 Esq. Morteiros do Pel Mort 2106) talvez a mais dramática, temerária e penosa operação de que eu me lembre: Op Tigre Vadio (Março de 1970), na pensínsula de Madina/Belel, a norte do Rio Geba, no regulado do Cuor, na extremidade sul do famoso corredor do Morès...A tal operação em que alguns de nós tiveram que beber o próprio mijo para sobreviverem e não morrererem desidratados...





1. Temos 58 referências ao Pel Caç Nat 54, "Águias Negras", formado no CIM de Bolama, pelo nosso saudoso Jorge Rosales (1939-2019), a par dos Pel Caç Nat 51, 52, 53, 55 e 56. Mas sabemos pouco do historial desta subunidade, formada por graduados e especialistas metropolitanos e praças do recrutamento local, tal com as restantes.

O mais antigo representante deste Pelotão a integrar a Tabanca Grande é o Mário Armas de Sousa, açoriano da ilha das Flores, que esteve no CTIG em 1968/70:

Apresentou-se à Tabanca Grande, em 26 de setembro de 2005 (*) nestes termos:

(... ) "Sou ex-furriel miliciano e estive na Guiné de 1968 a 1970, em Porto Gole, Enxalé, Xime e Missirá. Também estou na fotografia da vossa página, tirada no quartel do Xime, junto dos bidões.Tenho alguma informação e fotografias do meu grupo de combate para acrescentar à vossa página se possível. (...)-

Ficamos a saber que em 1970 estava em Missirá, e que o pessoal metropolitano era o seguinte:19 (i) alf mil Correia (comandante); (ii) fur mil Mário Armas de Sousa; (iii) fur mil Inácio; (iv) fur mil Sousa Pereira; (v) 1º cabo Capitão; e (vi) 1º cabo Monteiro.





Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > Pelotão de Caçadores Nativos nº 54, em 1970.


Legenda do Mário Armas de Sousa:

(...) 1ª fila, da direita para esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro sou eu, furriel miliciano Mário Armas de Sousa; o terceiro é o 1º cabo Capitão;

2ª fila, da direita para a esquerda: o primeiro é o soldado Amarante; o segundo é o soldado Bulo; o quinto é o furriel miliciano Inácio; o sexto é o 1º cabo Tomé; o nono é o soldado Samba.

3ª fila da direita para a esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro é o furriel miliciano Sousa Pereira; o quinto é o alferes miliciano Correia (comandante de pelotão); o sétimo é o 1º cabo Monteiro; o oitavo, africano, é o soldado Pucha (era turra e foi capturado e ficou no nosso exército).

Foto (e legenda): © Mário Armas de Sousa (2005) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O Mário Armas de Sousa, que além do Xime esteve em Porto Gole, Enxalé e Missirá, era do Pel Caç Nat 54 que, em Novembro de 1969, foi render o Pel Caç Nat 52, sob o comando do alf mil Mário Beja Santos (transferido para Bmabadinca).

Com o Pel CAÇ NAT 52 (e também com o 54) fizémos (a CCAÇ 12 + CCAÇ 2636 + 1 Esq. Morteiros do Pel Mort 2106) talvez a mais dramática, temerária e penosa operação de que eu me lembre: Op Tigre Vadio (Março de 1970), na pensínsula de Madina/Belel, a norte do Rio Geba, no regulado do Cuor, na extremidade sul do famoso corredor do Morès... A tal operação em que alguns de nós tiveram que beber o próprio mijo para sobreviverem e não morrererem desidratados...

Em maio de 1970, já no final da comissão do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), havia três Pel Caç Nat no sector L1: o 52 (Bambadinca), o 54 (Missirá) e o 63 (Fá) (este comandado pelo alf mil at art Jorge Cabral, infelizmente já falecido).

Estas subunidades não se confundiam com os Pelotões de Milícias: nesta altura, havia já duas Companhias de Milícias no setor L1... As mílicias tinham uma função de autodefesa e eram constituídas apenas por elementos da população guineense (neste caso, predominante ou exclusivamente fulas).

O Henrique Matos, primeiro comandante do Pel Caç Nat 52, já nos disse aqui que esteve em Bolama com o Pel Caç Nat 53, do alf mil Serra (que ficou no Xime em reforço à CCAÇ 1550); o Pel Caç Nat 51, do alf mil João Perneco (que foi para Guileje); e o Pel Caç Nat 54, do alf mil Marchand (que foi inicialmente para Mansabá e, passado pouco tempo, foi parar ao Enxalé).



S/l > S/d > Convívio dos Pel Caç Nat 52 e 54 > Os antigos (e os primeiros) comandantes dos Pel Caç Nat 52 e 54 , respetivamente. alferes Henrique Matos e alferes Marchand (desconhecemos o seu primeir nome), este último falecido em há menos de um ano, em agosto de 2023.

Foto (e legenda): © José António Viegas (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 54 > O alf mil Marchand avaliando os estragos do ataque de 22/12/1966


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 54 > O Alf Mil Freitas, maeirense, da CCAÇ 1439 que estava no Enxalé e avançou com um grupo para as primeiras ajudas.


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 54 > Alguns elementos do Pelotão e da CCaç 1439 (Enxalé), fotografados num cenário de destruição, na sequência do ataque do PAIGC.

Foto (e legenda): © José António Viegas / Henrique Matos (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Enxalé > Maio de 1967 > Uma evacuação por heli, AL III > O meu amigo e conterrâneo da Ilha de S. Jorge, Açores, ten pilav, Orlando Manuel da Silveira Bettencourt (que iria morrer 11 anos depois, em 1978, em acidente aéreo na BA 4, na Terceira, sendo já ten cor pilav), eu (Henrique Matos), a meio, com o Marchand, do Pel Caç Nat 54, à direita, e o Teles, da CCAÇ 1661, à esquerda.


Foto (e legenda): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



José António Viegas (n. 1944, em Faro)


2. O segundo elemento do Pel Caç Nat 54 a ingressar na Tabanca Grande foi o ex-fur mil José António Viegas (Bolama, Enxalé, Missirá, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68).

Tem 60 referências no nosso blogue. Temos contactado regularmente.

Já quanto ao Mário Armas de Sousa, só temos 4 referências. E não temos notícias dele há muito.

Para já sabemos que o Pelotão teve como comandantes o Marchand (1966/68, Enxalé e Missirá) e o Correia (Missirá, Enxalé,Porto Gole, Xime, 1968/70). De um e do outro não sabemos o primeiro nome.




N/M Uíge > 30 de julho a 3 de agosto de 1966 > O José António Viegas, assinalado no rectângulo a vermelho: de rendição individual, foi juntar-se ao Pel Caç Nat 54, em formação no CIM de Bolama.

Foto (e legenda): © José António Viegas (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de setembro de 2005 > Guiné 63/74 - P193: Tabanca Grande: O açoriano Mário Armas de Sousa (Pel Caç Nat 54: Missirá, 1969/70)

(**) Vd. poste de 30 de setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3256: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (5): Lembrando o Ten Pil Av Bettencourt (Henrique Matos)

(***) Vd. poste de 6 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10626: Tabanca Grande (368): José António Viegas, natural de Faro, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54 (1966/68), grã tabanqueiro nº 587

domingo, 9 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25624: Elementos para a História do Pel Caç Nat 51 (1966/74) - Parte III: População civil: da cerimónia do fanado ao funeral muçulmano (Armindo Batata)



Guiné > Região de Tombali > s/l  (Guileje  ? Cacine ? Catió ?   Cufar ? > c. 1969/70 > Foto nº 71 >  Tudo indica que se tratatava um grupo de "bajudas", fulas e futa-fulas (meninas, umas mais crescidas do que outras),   que acabavam a cerimónia do "fanado" (*).. Sendo do último lote das fotos do autor, é provavel que a localidade seja  Catió ou Cufar. Compare-se a opinião do Cherno Badé: "A imagem mostra um grupo de raparigas muçulmanas durante a celebração da saida do fanado. Não conheco a composição da população de Cufar, mas há uma forte probabilidade que esta imagem seja de Guileje ou Cacine". E acrescenta posteriormente: "A localidade de Cufar é a excluir e mantêm-se as outras como possíveis, com maiores probabilidades para Catió (Priame) e Guileje".


Guiné > Região de Tombali > s/l  (Guileje ? > c. 1969 >  Foto nº 41 >  Um típico comportamento dos primatas: fazendo a higiene do cabelo, catando parasitas (piolhos, pulgas e lêndeas)... O famoso "groming", descrito pelos primatólogos... Legenda do Cherno Baldé: "Meninas futa-fulas (de origens diversas, aliás como era a generalidade da população futa-fula nas áreas de Cubucaré e Quitáfine. região de Tombali), a tratar do penteado, em horas de folga".


Guiné > Região de Tombali > s/l (Guileje ?) > c. 1969 > Foto nº 38 > Foto de grupo de adolescentes . A bajuda do lado direito usa relógio de pulso e a rádio portátil, transistorizado... Acrecsenta o Cherno Baldé: "Uma familia cristã, crioula, assimilada, provavelmente, de origem cabo-verdiana ou das praças de Cacheu, Bissau, Bolama ou Geba".



Guiné > Região de Tombali > s/l  (Guileje ? > c. 1969 >  Foto nº 39 > Bajuda



Guiné > Região de Tombali > s/l  (Guileje ? > c. 1969 >  Foto nº 43 >A caminho da fonte (?), que ficava fora do perímetro de segurança do quartel e tabanca, a cerca de 3/4 km. Era o "calcanhar de Aquiles" de Guileje, como se viu por altura do "cerco" de maio de 1973.


Guiné > Região de Tombali > s/l (Catió ou Cufar > c. 1970 > Foto nº 83 > Diz o Cherno Baldé que é "um ourives juta-fula de metais finos (ouro e prata) a julgar pelos utensilios em uso, trabalhando na sua oficina".

Só conheci ourives mandingas (etnia de eram grandes artesões: em Bafatá, na zona leste, havia um famoso ourives, mandinga). (LG)


Guiné > Região de Tombali > Guileje > c. 1969 > Foto s/n (1) >



Guiné > Região de Tombali > Guileje > c. 1969 >  Foto s/n (2) >


Guiné > Região de Tombali > Guileje > c. 1969 >  Foto s/n  (3)>
 
Estas três últimas fotos, não numeradas, fazem parte de uma notável sequência de um funeral muçulmano, realizado fora do perímetro do quartel e tabanca de Guileje e que o fotógrafo acompanhou (juntamente com soldados do pelotão) do princípio ao fim (**), e de que mais abaixo se apresenta uma descrição resunida.

Fotos (e legendas): © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 
1.  São fotos notáveis do Armindo Batata, reveladoras de uma grande sensibilidade sociocultural (que nem todos tinham,  os graduados metropolitanos, a servir em subunidades com praças do recrutamento local). 

Comandante de um subunidade militar composta por guineenses, de diversas etnias, este nosso camarada estava atento a aspetos da vida quotidiana e da cultura da população  onde  se inseria, como era o caso dos rituais de passagem como o "fanado" (feminino) ou das cerimónias fúnebres.

Acrescente-se que as fotos aqui publicadas foram objeto de edição, como é prática de resto habitual no nosso blogue: melhoria da resolução, do brilho, do contraste, do enquadranento, etc..

 2. Relativamente ao cortejo funerário e enterro muçulmano, podemos fazer aqui uma  uma breve descrição:

(i) os participantes encaminham-se para a mata; à esquerda, é visível um troço de arame farpado do aquartelamento e tabanca  [foto s/nº, (1)];  

(ii) o fotógrafo acompanhou a cerimónia desde a saída da tabanca até ao local, na mata, onde se realizou o enterro; não parece haver qualquer escolta militar;

(iii) percebe-se pelas  imagens que o morto, presumivelmente civil, do sexo masculino, é transportado numa maca (possivelmente cedida pela NT), e vem coberto com um lençol ou um pano branco;

(iv) os familiares e amigos, só homens, quer civis quer militares, descalços, fazem um círculo à volta da sepultura, e possivelmente rezam em voz alta  uma primeira oração; 

(v) inumação do cadáver, envolto em panos... e que parece ser depois encimado por uma esteira  [foto s/nº, (2)];

(vi) descida do corpo à terra.possivelmente a oração de despedida à volta da sepultura, vísível pelo montículo de terra  [foto s/nº, (3)],
 
Comentou o nosso Chero Baldé (**): 

"O Armindo Batata dá-nos nestas imagens a impressão de um observador atento ao que se passa ao redor, no obstante, escapou-lhe a parte da oração fúnebre (conjunta) que é feita na morança, antes de partir para a sua última morada onde participam todos, homens e mulheres.

"Torna-se quase impossível identificar o(a) morto(a) a partir das imagens (se é civil ou militar, homem ou mulher), mas a padiola [maca,] é militar e deve pertencer aos serviços sanitários do quartel que, neste caso substitui a função tradicional da esteira fabricada com fibras de colmo que deveria servir para enrolar e transportar o defunto ao local do enterro.

"A praxe muçulmana manda que o cemitério esteja situado fora da aldeia e a proteção da sepultura suficientemente sólida para evitar que as hienas e jagudis façam das suas.

"O funeral muçulmano caracteriza-se pela sua simplicidade, rapidez e equidade, cada uma delas com o seu lote de vantagens e inconveniências, dependendo do ponto de vista de quem observa ou analisa. Todavia, uma coisa é certa, são cada vez mais as comunidades africanas que aderem, nomeadamente na Guiné-Bissau, provavelmente para diminuir o fardo dos custos (sociais e económicos) ligados às tumultuosas e repetitivas cerimónias de culto aos mortos em tempos de crise generalizada" (...)

Posteriormente acrescentou, à foto s/n (3): "O último adeus ou a breve reza da despedida do defunto após o seu enterro".


3. Cerca de uma centena de fotos, a preto e branco, foram cedidas pelo Armindo Batata ao nosso amigo Pepito (1949-2014), integrando hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Temos cópia desse arquivo desde 2007.  

O Armindo Batata é também um dos nossos grão-tabanqueiros mais antigos. Infelizmente não temos tido, desde há uma boa dúzia de anos, notícias dele.   É formado pelo ISEL e,  a tratar-se da mesma pessoa, vive em Alpiarça, onde é autarca. 

Um alfabravo muito especial para ele, com toda a nossa gratidão e apreço eela partilha das suas memórias da Guiné .

4. Ainda para a história do Pel Caç Nat 51 (***),  refira-se:

(i) a origem do Pel Caç Nat 51 remonta a setembro de 1966, devendo ter sido extinto em meados de 1974, como as demais subunidades africanas;

(ii)   segundo informação do Henique Matos, primeiro cmdt do Pel Caç Nat 52, o seu e os Pel Caç Nat 51, 53,  54, 55 e 56 formaram-se em Bolama;  

(iii) passado um curto IAO,  
o Pel Caç Nat 51 saiu numa LDM para o Enxalé, ficando em reforço à CCAÇ 1439, independente, de madeirenses, adstrita ao BCAÇ 1888, sediado em Bambadinca;

(iv) na mesma ocasião também sairam de Bolama:  o Pel Caç Nat 53, do Alf Mil Serra, que ficou no Xime em reforço à CCAÇ 1550; o Pel Caç Nat 51, do Alf Mil Perneco, que foi para Guileje; e o Pel Caç Nat 54, do Alf Mil Marchand (que foi inicialmente para Mansabá mas passado pouco tempo também foi parar ao Enxalé.) 



Odivelas > 16 de Junho de 2007 > Encontro dos Pel Caç Nat 51, 52, 53, 54, 55 e 56> "Uma imagem do que foi possivel juntar da formação inicial dos primeiros Pelotões de Caçadores Nativos, passados 41 anos do seu início em Bolama.

(i) Pel Caç Nat 51 > Alf mil Perneco (16), fur mil Carvalho (3), fur mil  Azevedo (1) , fur mil  Castro (12), 1º  cabo Ramos(4) e 1º cabo Marques(6);

(ii) Pel Caç Nat 52 > Al mil Henrique Matos (13), fur mil Vaz (15), fur mil Altino (11), fur mil  Monteiro (10) e 1º cabo Cunha (7);

(iii) Pel Caç Nat 54 > Fur mil  Viegas (9), fur mil Costa (2), 1º cabo Januário (14) e 1º cabo Coelho (8):

(iv) Pel Caç Nat 56 > Fur mil  Delgado (5).

(v) "Para nosso desconsolo, e muito falamos nisso, não possível até agora encontrar os restantes elementos dos nossos pelotões que regressaram, porque tivemos algumas baixas, nem qualquer elemento do 53 e do 55". (****).


Foto (e legenda): © Henrique Matos (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:


(**) Vd. poste de 27 de setembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10442: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (2): Funeral fula em Guileje (ou melhor, funeral muçulmano, segundo o nosso amigo Cherno Baldé)

(****) Vd. poste de 28 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1896: Encontro dos Pel Caç Nat 51, 52, 53, 54, 55 e 56 (Henrique Matos)

sábado, 8 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25619: Elementos para a história do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1966/74) - Parte I: os comandantes, cinco dos quais são nossos grão-tabanqueiros: por ordem de antiguidade militar, Henrique Matos, Mário Beja Santos, Joaquim Mexia Alves, António Sá Fernandes e Luís Mourato Oliveira


Emblema do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, Missirá, Bambadinca, Mato Cão, 1966/74)



Lisboa > Sociedade de Geografia de Lisboa > 6 de março de 2008 > O periquito Joaquim Mexia Alves, à esquerda, e o velhinho Henrique Matos mostram o seu regozijo pelo lançamento do livro "Na Terra dos Soncõ", do Beja Santos (ao centro). 

Os três têm em comum o facto de, em diferentes épocas, terem comandado os valentes soldad0s do Pel Caç Nat 52, entre 1966 e 1973 (/Enxalé, Missirá, Bambadinca, Mato Cão, 1966/74). O último comandante do Pel Caç Nat 52 foi o Luís Mourato Oliveira, nosso grão-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1972  até agosto  de 1973) e, no resto da comissão, no Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74).


Lisboa > Casa do Alentejo > 6 de março de 2008 > Em primeiro plano, à direita, o nosso celebrado autor, Berja Santos, rodeado por três outros comandantes de pelotões de caçadores nativos da Guiné: o Henrique Matos (Pel Caç Nat 52), o Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63) e o Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52)... Todos os quatro passaram por Missirá (Sector L1, Bambadinca), em diferentes épocas.


Fotos (e legendas): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Às voltas com os "brasões, guiões e crachás" dos Pelotões de Caçadores Nativos (*), tínhamos inevitavelmente que revisitar  a "história"   do Pel Caç Nat 52, de que temos cerca de 200 referências e vários representantes na Tabanca Grande: nada menos do que cinco comandantes, o que é caso único:  Henrique Matos, Mário Beja Santos, Joaquim Mexia Alves, António Sã Fernandes e Luís Mourato Oliveira. 

Esta subunidade, formada tal como as outras por graduados  e especialistas metropolitanos e praças do recrutamento local (fulas e mandingas), atuou sempre no Leste, região de Bafatá, sector L1 (Bambadinca).

Quisemos saber mais sobre alguns dos seus comandantes e do historial do seu algo estranho brasão, que ostenta a figura de um gavião (ave de repina qeur não existe na Guiné) e de uma caveira, e que tem por lema ou divisa "Matar ou Morrer"...

Perguntei a alguns dos nossos tabanqueiros se o emblema era do tempo do açoriano Henrique Matos, "pai-fundador" (1966/68)...Infelizmente, deste e doutros Pel Caç Nat,  "não reza a  história", há registos  dispersos, e os próprios  livros da CECA (Comissão para o Estudo das Campanhas de África) são omissos sobre os seus feitos... 

2. Eis algumas respostas que obtive, por mail ou comentários (*)

(i) Joaquim Mexias Alves: 

(...) Julgo que faltam 2 Comandantes no Pel Caç Nat 52.

O Alf Wahnon Reis, julgo que antes do Beja Santos, e  foi apenas por pouco tempo.

E o Alf António Sá Fernandes, que foi a seguir a mim.

5 de junho de 2024 às 15:27


(ii) Luís Graça:

Sim, Joaquim, a seguir ao Beja, veio o Nelson Wahnon Reis, natural de Cabo-Verde... Mas, infelizmente, nunca deu a cara aqui no blogue. Não temos notícias dele ...

Os Wahnon era gente conhecida em Cabo Verde... Convivi há uns largos anos com um Wahnon, economista, do Banco de Portugal, que não fez a guerra, viveu sempre em Lisboa, mas terá sido militante ou simpatizante do PAIGC na juventude... Possivelmente era parente do Nelson.

O Nelson Wahnon Reis, o periquito do Mário Beja Santos, não terá sido bem recebido pelos guineenses (fuklas e mandingas) do Pel Caç Nat 52... Por ser justamente cabo-verdiano...

Vê aqui o texto do Mário (Poste P 3266, de 3 de outubro de 2008) (**)

Quanto ao António Sá Fernandes, sim, é membro da nossa Tabanca Grande e sucedeu-te a ti, Joaquim, no comando do glorioso Pel Caç Nat 52. Vivia em Valença em 2008 (***)

Tem 7 referências no nosso blogue:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Ant%C3%B3nio%20S%C3%A1%20Fernandes


(iii)  Mário António Beja Santos (6 de junho de 2024, 10;11):
 
 Meu caro Luís, a autoria do crachá do Pel Caç Nat 52 foi do então furriel Zacarias Saiegh, deu discussão com azedume, foi-me apresentada como um facto consumado, não gostei daqueles traços apiratados, encolhi os ombros, o meu crachá foi devorado pelo fogo da flagelação de 19 de março de 1969 que só me deixou os ferros da cama. 

Concordo contigo, uma das provas de completa discriminação era não exigir aos pelotões de caçadores nativos, comissão após comissão, relatórios que contribuíssem para a sua história, atividade operacional, localização, composição dos efetivos. 

Já não vale a pena chorar sobre o leite derramado (...) 


(iv) Joaquim Mexia Alves (6 de junho de 2024, 10:26):
 
Caro Luís: Pois eu soube que o Nelson Wahnon Reis esteve pouco tempo no 52 precisamente por ser cabo-verdiano e os militares do 52 não o quererem como comandante.

Quanto ao emblema, no meu tempo limitei-me a mandar fazer em Lisboa novos emblemas que os militares ficaram muito satisfeitos de receberem.

O desenho ou motivo, de que nunca gostei, são muito anteriores a mim, mas obviamente não lhe mexi e assim o aceitei. (...)

(v) António Sá Fernandes (7 de junho de 2024, 22:32) (foi alf mil. CART 3521 e Pel Caç Nat 52, 1971/73)
 (foto à esquerda)

Vivia e vivo em Valença!

Um abraço para todos,

 Sá Fernandes


(vi) Henrique Matos  (8 de junho de 2024, 00:12)

Caro Luís

Estive a gozar uns dias nas ilhas de bruma (como sabes foi lá que nasci e cresci) e não houve tempo para ligar o PC. 

Deparei-me agora com a estória dos crachás e vou meter o bedelho na conversa. Uma nota: tenho um problema com datas, varreram-se da memória. Já pedi uma cópia da folha de matrícula ao Arquivo Geral do Exército. 

No meu tempo o pelotão não tinha brasão/crachá e nunca se falou nisso. O autor (de mau gosto,  na minha opinião) terá sido o malogrado Zacarias Saiegh quando comandou o pelotão em Missirá, antes da chegada do Beja Santos. 

Também sei, pelo testemunho dos meus furriéis, que durante algum tempo (pouco) comandou o pelotão, também em Missirá, um alf mil Azevedo, natural de Castelo Branco, mas do qual não têm mais qualquer referência.

Para a história do 51 posso adiantar que o seu 1.º comandante foi o alf mil José Manuel Dias Perneco, vive em Lisboa, estive com ele no encontro dos pelotões. Interessante foi saber que o Perneco foi substituir o 1.º nomeado que deu à sola antes de embarcar para a Guiné. (...)

(vii) Luís Mourato Oliveira (23 de julho de 2013 às 16:30) (foto à direita):
 
(...) Caros camaradas, estive ao serviço entre 1972 e 1974 na Guiné. Primeiro na CCAÇ  4740 e depois no Pel Caç Nat 52 que desmobilizei e onde terminei a comissão já após o 25 de Abril.

Sou habitual visitante do blogue. Conheci pessoalmente o camarada Luís Graça no almoço de 2012 em Monte Real [VII Encontro Nacional da Tabanca Grande], embora sejamos originários da região Oeste, ele da Lourinhã, eu da Marteleira.

(...)  Guardo com enorme carinho e saudade aquela terra e aquele povo com quem tive o privilégio de servir e que,  quanto mais tempo passa e mais a tecnologia nos inunda e consome, mais apreço tenho pela sua cultura e tradições, sobretudo no que concerne ao respeito pelos homens grandes, pelas crianças e pelos seus mortos e história. (...)

 ________________

Notas do editor:
 
(*) Vd. poste de 4 de junho de 2024 >  Guiné 61/74 - P25600: O armorial militar do CTIG - Parte I: Emblemas dos Pelotões de Caçadores Nativos: dos gaviões aos leões negros, das panteras negras às águias negras...sem esquecer os crocodilos

(**) 3 de outubro de  2008 > Guiné 63/74 - P3266: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (46): Chegou o meu periquito

 (***) Vd. poste de 22 de Abril de 2008 >  Guiné 63/74 - P2788: Tabanca Grande (64): Apresenta-se Sá Fernandes, ex-Alf Mil da CART 3521 e Pel Caç Nat 52 (Guiné 1971/73)

domingo, 10 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25259: In Memoriam (501): António Lobato, maj pil av, ref (Melgaço, 1938 - Lisboa, 2024), autor de "Liberdade e Evasão: o Mais Longo Cativeiro": Falta uma dimensão ao homem que não conheceu a prisão, escreveu ele, citando o filósofo Emmanuel Mounier. A sua vida foi também ela uma luta contra o esquecimento e a ingratidão. Repousa, finalmente, em paz, em Rio de Mouro.


Capa do livro do António Lobato, "Liberdade ou evasão: o mais longo cativeiro da guerra" (5ª edição, DG  Edições, Linda-A-Velha, 2014, 276 p.).





Capa da Revista do Expresso, de 29 de Novembro de 1997 (pormenor). Uma notável reportagem do jornalista José Manuel Saraiva , que conseguiu juntar em Lisboa 16 dos 25 militares portugueses, presos em Conacri, às ordens do PAIGC, e libertados na sequência da Op Mar Verde, em 22 de Novembro de 1970. Trata-se, sem dúvida, de um documento para a história.

Imagem: Digitalização feita por Henrique Matos, da capa da revista, a partir de um exemplar, pessoal, que ele comprou e guardou no seu arquivo. Foi através desta já famosa capa que ele localizou o seu antigo fur mil Jão Neto Vaz, do Pel Caç Nat 52. 

Neste grupo de dezasseis, está também o António Lobato (que nos parece ser o último da segunda fila, à esuerda,  de cabelo branco).



1. Morreu no passado dia 8,
 no hospital onde estava internado.  o nosso camarada da FAP,  António Lourenço de Sousa Lobato: ia fazer 86 anos, amanhã,  dia 11.  Foi hoje inumado no cemitério de Rio de Mouro.

 família, aos amigos e aos camaradas da FAP manifestamos aqui a  solidariedade na dor por parte dos editores, colaboradores e demais mais membros da Tabanca Grande (*)

O nosso camarada nasceu em Sante, freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Era major piloto-aviador, na situação de reforma...  Tem 17 referências no nosso blogue.

De 22 de maio de 1963 a 22 de novembro de 1970 foi prisioneiro do PAIGC. Seguramente o mais célebre, o mais inconformado e o mais resistente dos militares portugueses que passaram pelos cárceres do PAIGC na Guiné-Conacri. Foi libertado na sequència da Op Mar Verde. A sua história é publicamente conhecida.

Escreveu um notável livro de memórias do seu longo cativeiro, um grande documento humano, que já tem várias várias edições e pelo menos em duas versões (1995 e 2015) , "Liberdade ou Evasão",  e de que temos vários notas de leitura publicadas no blogue.(*).



Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > 7 dde Março de 2008 > Último dia do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Mensagem do Joseph Turpin, um histórico do PAIGC, para  o nosso camarada da FAP, hoje major piloto reformado, António Lobato, que esteve prisioneiro em Conacri, sete anos, de 1963 a 1970.

Vídeo (1' 36''): © Luís Graça (2008). 

Vídeo alojado em: You Tube >Nhabijoes.

2. Reproduz-se de novo o depoimento gravado por Luís Graça, em Bissau, no Hotel no dia 7 de Março, por voltas 13h11, no último dia do encerramento do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) (**)

As condições de luz eram más e a máquina era uma digital, de fotografia e não de vídeo. Joseph Turpin era um dos históricos do PAIGC, juntamente com Carmen Pereira e Carlos Correia, que estiveram presentes no Simpósio. Pediu-nos para mandar uma mensagem para o António Lobato, o antigo sargento piloto aviador portuguesa, aprisionado pelo PAIGC na sequência da queda, por acidente,  do seu T 6  em 22 de maio de 1963, na Ilha do Como. 

Levado para a Guiné-Conacri,  permanecerá sete longos e penosos  anos de cativeiro, com várias tentativas, frustradas, de evasão. Eis uma alguns excertos da mensagem do Joseph Turpin, 

"Ó Lobato, depois da tempestade, depois de tantos anos, não sei se te vais lembrar de mim..." - são as primeiras palavras deste representant do PAIGC, na altura a viver em Conacri, sendo então membro do Conselho Superior da Luta. 

 Neste curto vídeo, o Turpin recorda os momentos em que, por diversas vezes, visitou o nosso camarada na prisão. Não esconde que foram momentos difíceis, para ambos, mas ao mesmo tempo emocionantes: dois inimigos que revelaram o melhor da nossa humanidade... 

"Eu compreendia, estavas desmoralizado...Havia animosidade"... 

Joseph Turpin agradece ao Lobato as palavras de apreço com ele se referiu à sua pessoa, ao evocar  em entrevista à rádio, a sua experiência de cativeiro. Agradece o exemplar do livro que o Lobato lhe mandou e que ele leu, com interesse. Diz que ficou sensibilizado com as palavras e o gesto do Lobato. 

"Mas tudo isso hoje faz parte da história...Seria bom que viesses a Bissau" - são as últimas palavras, deste homem afável, dirigidas ao teu antigo prisioneiro português que ele trata por camarada... 

 O Joseph Turpin insistiu comigo para entregar pessoalmente ao António Lobato esta mensagem.  Nunca tive nenhum contacto pessoal com o António Lobato, que só vi uma vez, por ocasião da estreia do filme-documentário As Duas Faces da Guerra, de Diana Andringa e Flora Gomes, e em que ele  é dos participantes.   

Para o António Lobato na alt7ura, em 2008, deixámos registada,  em nome pessoal,  dos demais editores, bem como de toda a nossa Tabanca Grande, "uma palavra de respeito, camaradagem, solidariedade e apreço". ~~

Presumimos que sim, mas nunca saberemos ao certo se esta menagem chegou ao seu destinatário. Quatro anos depois o único "feedback" que tivemos foi o da filha de Joseph Turpin (***)

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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24739: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXVI: Tocou tambor para Bubacar, em Porto Gole, Op Esmeralda Negra, 13-16 fev 1973



Guiné > Região do Oio > Mansoa > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) >  Ao centro, é visível o cavalo-de frisa; à esqueda e à direita, os 4 edifícios do aquartelament esquerda o Posto Administrativo que estava desactivado e ao fundo a cozinha, messe e dormitório de graduados; â direita , a camarata dos soldados e ao fundo o edificio onde funcionava a enfermaria e o posto de rádio

Foto (e legenda)  © Henrique Matos (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Carta geral da antiga Província da Guiné Portuguesa (1961)  (Escala 1/500 mil) > Posições relativas de Mansoa, Porto Gole, Malafo, Changalana, Mantem e Sára (base do PAIGC a sudoeste do Morés)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), a partir do manuscrito, digitalizado, do seu livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada) (*).

O nosso  camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra,  facultou-nos uma cópia digital. O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de nove dezenas de referências no nosso blogue.



Capa do livro do Amadu Bailo Djaló,
"Guineense, Comando, Português: I Volume:
Comandos Africanos, 1964 - 1974",
Lisboa, Associação de Comandos,
2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.



O autor, em Bafatá, sua terra natal,
por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)


Síntese das partes anteriores:

(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné Conacri, começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;

(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;

(iii) passou por Bedanda, 4ª CCaç (futura CCAÇ 6), e depois Farim, 1ª CCAÇ (futura CCAÇ 3), como sold cond auto;

(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;

(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;

(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);

(vii) depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido, por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757;

(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló (Cacine, Catió, 1929 - Tite, 1971)

(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal e em setembro anda por Paunca: aqui ouve as previsões agoirentas de um adivinho;

(x) em finais de outubro de 1970, começam os preparativos da invasão anfíbia de Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970), na qual ele participaçou, com toda 1ª CCmds, sob o comando do cap graduado comando João Bacar Jaló (pp. 168-183);

(xi) a narrativa é retomada depois do regresso de Conacri, por pouco tempo, a Fá Mandinga, em dezembro de 1970; a companhia é destacada para Cacine [3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, entre dez 1970 e jan 1971]; Amadu Djaló estava de licença de casamento (15 dias), para logo a seguir ser ferido em Jababá Biafada, sector de Tite, em fevereiro de 1971;

(xii) supersticioso, ouve a "profecia" de um velho adivinho que tem "um recado de Deus (...) para dar ao capitão João Bacar Jaló"; este sonha com a sua própria morte, que vai ocorrer no sector de Tite, perto da tabanca de Jufá, em 16 de abril de 1971 (versão contada ao autor pelo soldado 'comando' Abdulai Djaló Cula, texto em itálico no livro, pp.192-195) ,

(xiii) é entretanto transferido para a 2ª CCmds Africanos, agora em formação; 1ª fase de instrução, em Fá Mandinga , sector L1, de 24 de abril a fins de julho de 1971.

(xiv) o final da instrução realizou.se no subsector do Xitole, regulado do Corunal, cim uma incursão ao mítico Galo Corubal.

(xv) com a 2ª CCmds, comandada por Zacarias Saiegh, participa, em outubro e novembro de 1971, participa em duas acções, uma na zona de Bissum Naga e outra na área de Farim;

(xvi) em novembro de 1971, participa na ocupação da península de Gampará (Op  Satélite Dourado, de 11 a 15, e Pérola Amarela, de 24 a 28);

(xvii) 21-24 dezembro de 1971: Op Safira Solitária: "ronco" e "desastre" no coração do Morés, com as 1ª e 2ª CCmds Africanos  (8 morts e 15 feridos graves);

(xviii) Morés, sempre o Morés... 7 de fevereiro de 1972, Op Juventude III;

(xix) o jogo do rato e do gato: de Caboiana a Madina do Boé, por volta de abril de 1972;

(xx)  tem um estranho sonho em Gandembel, onde está emboscado très dias: mais do que um sonho, um pesadelo: é "apanhado por balantas do PAIGC";

(xxi) saída para o subsetor de Mansoa, onde o alf cmd graduado Bubacar Jaló, da 2ª CCmds Africanos, é mortalmente ferido em 16/2/1973 (Op Esmeralda Negra).


 Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXVI:

Tocou tambor para Bubacar, em Porto Gole (pp. 236-239)

Antes de sairmos, fizemos uma pequena reunião em Brá como era costume. Nesta reunião foram-nos comunicados os novos códigos para contacto rádio. Para as evacuações, “marabuta tocou tambor” significava que tinha morrido um oficial nosso. Se fosse um dos nossos sargentos seria “marabuta tocou guitarra” e “marabuta tocou viola” se se tratasse de uma praça.

Já no fim da reunião, com o pessoal a levantar-se, um dos supervisores perguntou ao alferes Bubacar Jaló, da 2ª Companhia, se estava tudo compreendido. Que sim, que não tinha dúvidas. Então, como é, perguntou-lhe o supervisor.

−  Marabuta tocou tambor − respondeu Bubacar.

−  E isso o que quer dizer, Bubacar?

− Que morreu um oficial!

Uma gargalhada terminou a reunião e preparámo-nos para arrancar.

A saída[1] era para Porto Gole, a  sudeste de Mansoa,  e eu ia no grupo do alferes Tomás Camará. O comandante da 2ª Companhia, o tenente Adriano Sisseco foi lançado com o grupo do alferes Bubacar Djaló.

Deslocámo-nos em viaturas até Porto Gole, onde havia população, milícias e um destacamento militar[2]. Depois do almoço, os helis apanharam-nos na pista e largaram-nos entre Malafo e a mata que vai até Mantém.

O nosso grupo, cerca de vinte e poucos homens, dirigiu-se para leste até à linha de água, que separava as matas de Malafo e de Mantem. A intenção era reunirmos ao grupo do Sisseco e do Bubacar, para depois montarmos uma emboscada no vale de Mantem. Logo que fomos lançados junto à mata de Malafo, afastámo-nos depressa do local e caminhámos cerca de uma hora, com a ideia de comermos qualquer coisa, porque não íamos comer na emboscada.

Começámos a ouvir barulhos e fumo. A mata estava a arder, tinham lançado fogo a toda a volta e não havia meio de voltar para trás. O fogo, puxado por algum vento, aproximava-se de nós e já não estávamos longe do local onde íamos montar a emboscada.

Estávamos a sair da zona do incêndio quando fomos surpreendidos com tiros e rebentamentos de morteiros e roquetes, que não nos eram dirigidos, mas estavam a cair bem à nossa frente, muito perto de nós, tão perto que cheirávamos a pólvora.

Era o grupo de Bubacar, onde ia o Sisseco, que estava a ser atacado. Tentámos o contacto rádio com o grupo, não responderam, mas ouvimo-lo pedir uma evacuação para um ferido[3]. 

Soubemos depois que o alferes Bubacar Djaló tinha sido atingido com um tiro na cabeça. Depois da evacuação, avançámos para o local donde tinha sido feito fogo e que era o nosso objectivo. Não encontrámos lá ninguém.

O sol estava a pôr-se, tínhamos sido detectados, e abandonámos a zona, em marcha forçada, para procurarmos um local para passarmos a noite. Estávamos dentro da mata, do lado oposto à linha de água, que estava seca. Aqui, o pessoal do PAIGC não ia contar com a nossa presença, pensámos nós. Era terra de ninguém, o local onde se tinha travado o combate.

Depois do confronto, nessa tarde, com o grupo do Bubacar, a guerrilha colocou os canhões a pouco mais de 100 metros do local onde o meu grupo passou a noite. Bateu a zona durante toda a noite. Mas o grupo, agora sob o comando do Sisseco, mudou três vezes de local durante a noite.

O nosso grupo estava próximo deles e combinámos que, ao acordar do dia nos íamos deslocar para onde o PAIGC tinha colocado os canhões. Quando nos estávamos a movimentar para esse objectivo, vimos um pequeno grupo da guerrilha e entrámos em confronto directo. Foi mais de meia hora seguida, a trocar tiros e roquetes. Tivemos um ferido, o soldado Assimo Djaló, que foi atingido numa perna com alguma gravidade[4].

A 3.ª Companhia, comandada pelo tenente Djalibá Gomes, que estava também a operar na zona, paralelamente a nós, tinha sofrido no dia anterior também dois feridos muito graves[5]. Um dos soldados mortos era de Bafatá, chamava-se Tcherno Baldé. O corpo foi de barco para Bafatá e eu, de avião, de Bissau para a minha cidade, para participar no funeral.

(Continua)
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Notas do autor e do editor literário, VB:

[1] Nota do editor: operação “Esmeralda Negra”,  na região de Changalana-Sará,  entre 13/16 fevereiro 1973 

[2] Nota do editor: do BCaç 4612.

[3] Nota do editor: Foxtrot Delta (ferido deitado). Evacuado para Bissau, morreu no HM 241 em 16 fevereiro de1973.

[4] Nota do editor: Assimo Djaló, DFA, residente em Lisboa.

[5] Nota do editor: evacuados para o HM241 onde morreram nesse mesmo dia: Cherno Baldé, natural de Bafatá e o soldado da 3ª CCmds, Domingos Quiassé Antunes, natural de Bissau.

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G.]