terça-feira, 6 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10626: Tabanca Grande (368): José António Viegas, natural de Faro, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54 (1966/68), grã tabanqueiro nº 587




1. Mensagem de José António Viegas, ex-Fur Mil do Pel Caç Nat 54, com data de ontem, e pedido de entrada na Tabanca Grande:

Caro Luís:
Junto alguns dados para intodução.

Nome: José António Viegas;
Nascido em Faro, em 16-11-1944;
Embarquei para o CTI da Guiné em 30 de Julho de 1966 no Uíge;

Fui em rendição individual para ir formar, em Bolama, com outros camaradas, os primeiros Pelotões de Caçadores Nativos.

Chegámos a 3 de Agosto, desembarquei no Cais do Pijiquiti com a malinha na mão e a ver qual era o meu destino, quando ouço alguém chamar pelo o meu nome e dizer "o que faz aqui,  menino?!"... Era o meu amigo Júlio, já falecido, que estava ali, dos Adidos, para levar o pessoal.

Meteu-me no Jeep o fomos fazer um roteiro turístico a Bissau para ficar a conhecer a cidade. Passados que foram 4 dias seguimos para Bolama para receber os Pelotões e fazer os treinos operacionais. O meu Pelotão foi o 54.

Depois de fazermos as apresentações, saiu da formatura um soldado mandinga, chamado José Abdulai Sissé que me disse, para grande espanto meu:
- Meu Furriel, eu quero ser o seu guarda-costas.

Perante a sua insistência aceitei. Foi um homem fiel, até à sua morte, que ainda hoje recordo com saudade.

Nos primeiros dias de treino em Bolama, numa das noites em que chovia imenso, passada noite em treinos, apanhei o meu primeiro paludismo que me deixou de rastos por uns dias. O cheiro de que estávamos numa guerra e não de férias em África, era o ouvir de rebentamentos todas as noites em S. João, que ficava em frente a Bolama, e em Tite, e logo de seguida fazer a guarda de honra a um camarada que tinha morrido no rebentamento de uma bailarina em S. João e que foi enterrado no cemitério de Bolama.

Um abraço grande a todos os que passaram por aquela terra. Alguns desses já não voltaram.
Paz às suas almas.
Um abraço.

P.S - Anexo: Foto no Uige,  1-8-1966

Na foto do Uíge [, em cima,]  sou o que estou no lado da parede com o emblema da Guiné no braço [, assinalado com cercadura a vermelho].
Nós já nos conhecemos dos lançamentos dos livros do Beja Santos em que fui com o Matos.

2. Comentário de L.G.:

Pois é, já nos encontrámos por aí, na companhia do açoriano mais algarvio da nossa Tabanca Grande, o Henrique Matos Francisco, o 1.º Comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68). Finalmente decidiste juntar-te a esta grande família que já a nossa Tabanca Grande. Conheces os cantos á casa. Sê bem vindo, acomoda-te pro aí e senta-te à sombra do nosso poilão, disposto a contar mais histórias da fundação e da  atividade operacional dos +primeiros Pel Caç Nat. Do teu Pel Caç Nat 54 temos cerca de duas dezenas de referências. Contamos contigo para a aumentar e melhorar a informação disponível sobre a tua subunidade. Diz-me por onde andaste, desde que saíste de Bolama. Passas a ser o grã tabanqueiro nº 587.  Por outro lado, é pressuposto conheceres e aceitares as nossas regras de bom convívio. Manda mais fotos, se tiveres. Dá um abraço ao Henrique quando o vires.
 _______________

7 comentários:

Anónimo disse...

Viegas, grande amigo, finalmente resolveste o imbróglio das novas tecnologias e já estás na tabanca grande. Como sabes tenho as tuas fotos digitalizadas, quando precisares é só apitar. Abraço grande, também de retribuição ao Luís, nosso editor-chefe.
Henrique Matos

Anónimo disse...


Viegas

Homem de Bolama, de Porto Gole, amigo comum do Henrique, do Jaiminho , do Faisca...
É muita coisa, que vale um encontro, para recordar, velhos tempos.
Um abraço,

Jorge Rosales

Luís Graça disse...

Gente valente de Porto Gole, do Enxalé, de 1966/68... Henrique Matos, Jorge Rosales, grã-tabanqueiros de longa data... Vamos lá dar uma ajuda àqueles dos nossos camarados que ainda não lidam bem (ou não lidam de todo) com estas coisas na Net, das ditas novas tecnologias, que estão longe de ser um bicho de sete cabeças... Quem aprendeu a montar e a desmontar uma G3 (!), também apredne a mandar um email, a digitalizar uma foto, a navegar na blogosfera, a facebucar e por aí fora...

Que não seja a literacia informática a tornar-se uma barreira às nossas desejáveis, invejáveis e saudáveis comunicações...

Porque comunicar é preciso, isto é, "pôr em comum", antes que a gente dê o badagaio (cruzes, canhoto!)... LG

Luís Graça disse...

Tomo a liberdade de reproduzir aqui uma mensagem de hoje do Jorge Rosales, o régulo da Tabanca da Linha:

Caro Luís

O sentimento de conhecer "pessoal", que viveu Porto Gole e Bolama,
após dias de eu ter regressado à metrópole, tem sido para mim uma
alegria sem fim...

Foi afinal o que me levou a contactar-te: Sentia-me mal, por não pertencer a nenhuma companhia, batalhão...,ter ido só e regressar...só.

Só falta é estar com os meus soldados da 1ª. CC.

Foi o blog que me deu a chance de conhecer o Henrique [Matos] e o [José António] Viegas.

Como vês, sou um sentimentalão, de farda amarela.

Jorge Rosales

Hélder Valério disse...

Caro camarada José Viegas

Bem vindo a este espaço de memórias e afectos (e algumas picardias também) onde espero te sintas à vontade e que possas contribuir para a constante 'alimentação' do mesmo.
Abraço.
Hélder S.


PS
O Jorge Rosales é mesmo um caso particular de generosidade e de amizade. Não o conhecia antes do Blogue (não é da minha zona, não é da minha idade) mas tenho muito gosto em tê-lo como amigo. Sereno, discreto, presente.
Hélder S.

Arménio Estorninho disse...

Caro José Viegas, Saudações guinéuas, bem vindo pela entrada no Blogue de mais um algarvio e que tenhas uma boa estadia.

Vamos lá ver se o açoriano-algarvio Henrique Matos, tem disponibilidade para organizar "A Tabanca do Algarve" e por isso pela ainda não sua feitura já não tenho desculpas a dar aos imensos camaradas que passaram pela Guiné.

Com Um Abraço
Arménio Estorninho

Anónimo disse...

Organizar "A Tabanca do Algarve"?
Eis uma óptima ideia.