Último poste da série > 21 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26175: Para bom observador, meia palavra basta (6): O fortim de Cabedu
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Guiné 61/74 - P26493: Para bom observador, meia palavra basta (7): O que têm em comum estas fotos do obus 10.5 ?... Haja um "professor de artilharia" que explique aos "infantes"...
Último poste da série > 21 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26175: Para bom observador, meia palavra basta (6): O fortim de Cabedu
quarta-feira, 31 de julho de 2024
Guiné 61/74 - P25796: Lições de artilharia para os infantes (12): Recordo que nas primeiras regulações de tiro “acertávamos “ ao 2° e 3° tiro (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; ex-cmdt 22º Pel Art, Fulacunda, 1969/70)
É sempre interessante acompanhar matérias que fizeram parte do nosso quotidiano da “guerra do ultramar “. Pessoalmente, sou sempre um entusiasta na matéria. Com a idade as memórias mais remotas vão ficando mais presentes.
Li o escrito pelo Sr. Coronel e não podia deixar de concordar em absoluto. Provavelmente ter- nos-emos cruzado em algum momento numa destas ocasiões; Mansabá/1970, onde fui fazer uma “carta de tiro” com o então Capitão Fradique, por pertencermos, no CTIG, à BAC1/GAC7/GA7, comandada, na época, pelo Capitão José Augusto Moura Soares, na BAC1, ou na última sessão de tiro na Bataria da AC, no Forte da Raposa/Fonte da Telha.
Nas regulações de tiro efetuadas fomos confirmando que, regularmente, o tiro tinha um alcance superior em cerca de 10%, face às distâncias indicadas nas tabelas de tiro de cada um dos obuses; 8,8cm; 10,5cm; 14cm e peça 11,4cm.
Fazíamos fé na cartografia a 1:50000, muitas vezes por nós confirmadas. Recordo que nas primeiras regulações de tiro “acertávamos “ ao 2° e 3° tiro. Com acertos e correções que íamos fazendo; temperatura atmosférica, humidade, vento e condições das cargas de cordite os tiros acertavam à primeira.
De realçar o cuidado na preparação do tiro, não só no registo do elementos retirados da carta, como também na introdução desses elementos para a pontaria com o goniómetro bússola. A propósito disto, o Coronel Ferreira da Silva teve um problema numa regularização de tiro, sem acompanhamento aéreo, tendo vindo a cair uma granada numa Tabanca próxima do alvo, causando mortos. Coisas causadas pelos efeitos colaterais
O meu Cumprimento ao sr. Coronel Morais Silva
Domingos Robalo, combatente
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(*) Último poste da série > 27 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25781: Lições de artilharia para os infantes (11): A artilharia portuguesa, até à década de 90, nunca teve condições para efectuar a Preparação Teórica do Tiro (Morais Silva, cor e prof art AM, ref; ex-cap art, instrutor 1ª CCmds Africanos, Fá Mandinga, adjunto COP 6, Mansabá, cmdt CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)
segunda-feira, 29 de julho de 2024
Guiné 61/74 - P25788: Memórias de um artilheiro (José Álvaro Carvalho, ex-alf mil, Pel Art / BAC, 8.8 cm, Bissau, Olossato e Catió, 1963/65) - Parte IV: de indisciplinados a bravos do pelotão
Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
(ii) com 26 meses de tropa, o alf mil art Carvalho acabou por ser moblizado para o CTIG por volta da primavera de 1963 (não podemos precisar a data);
(iv) irá cumprir mais uns 26 ou 27, no CTIG, entre o primeiro trimestre de 1963 e o início do segundo semestre de 1965:
(vii) tornou.se também amigo do então alferes milicianos 'comandos' Justino Coelho Godinho e Maurício Saraiva (já falecidos), quando se estavam a organizar os Comandos do CTIG;
Mas voltemos às memórias do José Álvaro Carvalho, agora sim, em 1964, destacado em Catíó, no BCAÇ 619, 1964/66, com um Pel Art 8.8 a duas bocas de fogo, pertencente à Bateria de Artilharia de Campanha (BAC).
Foto acima, à esquerda: os alferes milicianos José Álvaro Carvalho ("Carvalhinho"), do QG / CTIG (em 1º plano, à esquerda), e João Sacôto, da CCAÇ 617/ BCAÇ 619, em 2º plano, à direita
− Abra a culatra!
− Alça 6000 jardas!
O apontador rodou a manivela da alça e a parte superior do tubo do obus elevou-se lentamente até a marca da manivela de elevação atingir as 6000 jardas [5 486,4; 1 jarda=0,9144 metros] .
Baixou-se junto à culatra aberta até ver a totalidade do interior do tubo e com uma bússola de espelho apontada no seu centro disse:
− Vá rodando para a direita até eu dizer.
O apontador assim fez enquanto ele com a bússola acompanhou o rodar do tubo e quando ficou centrado nos 95º e 30’ que a bússola marcava, mandou-o parar e fechar de novo a culatra.
Esta era a direção obtida na carta militar (1/25000) que, depois de ter em conta o Norte Magnético, em conjunto com a distância de 6000 jardas, apontavam o obus para a referência nº 1, a primeira assinalada na sua carta assim como na carta do comandante do destacamento de fuzileiros, que ia apoiar, com quem se reunira de madrugada e assinalara as várias referências do percurso que este iria fazer, indicado pelo comando das operações.
Repetiu o mesmo procedimento no segundo obus e ficou à espera de ouvido no rádio, com todo o pessoal a postos: os apontadores sentados no seu lugar junto dos aparelhos de pontaria, os municiadores e ajudantes, junto das munições, com as granadas já fora das respetivas caixas de transporte, sem a proteção da espoleta (uma peça espessa de aço, roscada na sua extremidade) que accionava o detonador após o impacto, só o conseguindo fazer depois do disparo, quando as estrias do tubo lhe imprimissem um movimento rotativo cuja força centrífuga destravava o sistema de segurança.
Os carregadores seguravam com uma mão a alavanca da culatra e com a outra o soquete. Esta peça servia para empurrar a granada para dentro do tubo com força, a fim de que a cinta de cobre macio que a circundava sobressaindo 0.5 centímetros em toda a volta, encaixasse nas estrias em espiral do tubo, para que fosse obrigada a rodar após o disparo.
Estava no 2º ano do serviço militar em África. O primeiro não tinha sido passado como artilheiro, mas como alferes duma companhia de intervenção, para onde tinha vindo em rendição individual.
Entretanto o QG requisitou um alferes artilheiro para comandar um pelotão de soldados africanos com dois obuses de 88mm, e quando menos esperava, foi parar ao Sul a comandar esse pelotão, operando como independente, junto dum batalhão de cavalaria.
Os soldados, indisciplinados, deram-lhe algumas dores de cabeça logo na 1ª operação e as coisas só começaram a funcionar normalmente com a ameaça de prisão ou mesmo fuzilamento dos mais rebeldes.
Bebiam quase todos demais e na 1ª operação só levou cerca de metade porque os outros bêbados não se tinham de pé.
No dia seguinte a esta operação mandou formar o pessoal e ordenou ao sargento e aos cabos que identificassem e mandassem avançar os mais indisciplinados, após o que os informou de que ia propor o seu fuzilamento por considerar traição a forma como se tinham comportado no dia anterior.
A partir daqui tudo começou a correr melhor, embora o comandante do batalhão onde estava estacionado [BCAÇ 619], tendo presenciado este discurso, lhe dissesse que a sua ameaça de fuzilamento de soldados, poderia levá-lo a si próprio a tribunal de guerra.
Custou-lhe a compreender porque é que ser duro em campanha era mal visto pelas hierarquias superiores. Parecia-lhe que aquela era uma das poucas situações em que se deveria atuar com firmeza.
Não sendo talhado nem por feitio nem por educação para oficial do exército, tinha ido ali parar pelos desígnios curiosos que o destino tem.
Sempre achou que a dureza dos exércitos só seria útil em situação de guerra e ridícula nas restantes, como a pompa e circunstância das botas a brilhar em tempo de paz, para depois em guerra − a única justificação da sua existência − tudo se tornar ”frouxo como o inglês sem chá”. As guerras são a mais trágica criação do espírito humano, mas quem anda nelas deve cumprir as regras.
Seja como for, no seu pelotão, a consciência de que os erros de um podiam ser pagos por todos e o consequente espírito de equipa e amizade que se foi criando, vieram a torná-lo num dos mais eficientes estacionados em África, tendo sido elogiado em todas as operações em que participou, na sua maior parte de apoio a tropas de infantaria, fuzileiros e comandos.
Para isto contribuíram também algumas mudanças na forma de actuar por ser independente, principalmente no que se refere às pontarias iniciais ( dadas à bússola à revelia dos chefes ) que se revelaram rápidas e muito eficientes a partir de certa altura, pela prática de centenas de tiros disparados.
No que a si se refere, a experiência de que, à distancia média de 5 kms [4572 jardas; 1 jarda=0,9144 metros], um desvio de 200 m [182,88 jardas], representava uma alteração de pontaria de cerca de 1º no mesmo sentido, que extrapolava rapidamente para outros alcances, permitia-lhe dar rapidamente aos apontadores as alterações de pontaria a efectuar por cada tiro a disparar, de acordo com os pedidos dos comandantes das unidades em contacto com o inimigo, a qualquer distància normal, conseguindo assim uma rápida resposta às necessidades das tropas que apoiava.
Ás vezes, em situações mais delicadas dava as pontarias a partir dum pequeno avião que lhe era fornecido pelo QG com o respetivo piloto e que aterrava e levantava facilmente numa área plana, sem mata só com erva a que se chamava pomposamente aeroporto e se situava perto do quartel [Catió]. Op Nestes casos quando no ar o avião estava constantemente a ser metralhado pelo inimigo. não podiam voar muito alto e, como sabia pelas tabelas de tiro com os habituais descontos +- 10 %, o tempo que as granadas levavam para atingirem o objetivo, assistia em geral ao seu rebentamento.
(Continua)
Na Operação Tridente foram envolvidos numerosos efectivos, divididos em 4 Agrupamentos.
- Agrupamento A: (Cmdt Major Cav Romeiras) > CCAV 487 (Cap Cidrais) | 7º Dest de Fuzileiros Especiais (1º ten R. Pacheco)
- Agrupamento B: (Cmdt Cap Cav Ferreira) > CCVA 488 (Cap Arrabaça) | 8º Dest de Fuzileiros Especiais (1º ten Alpoim Calvão)
- Agrupamento C: (Cmdt Cap Cav Cabral) > CCAV 489 (Cap Pato Anselmo)
- Agrupamento D: (Cmdt 1º ten fuz Faria de Carvalho) > 2º Dest de Fuzileiros Especiais (1º ten Faria de Carvalho)
- Agrupamento E: (Cmdt Cap Aires) > CCAÇ 557 (Nota: salvo erro, este agrupamento fazia a segurança imediata da Base Logística)
Outras Forças:
- 1 Grupo de Combate / BCAÇ 600
- Grupo de Comandos (20 homens) (Cmdt Alf Saraiva)
- 1 Pelotão de Paraquedistas
- 1 Pelotão de Caçadores Fulas
- Pelotão de morteiros / BCAÇ 600
- 2 Bocas de fogo de obus 8,8 do BAC (Cmdt Alf Carvalhinho)
- Equipas de Sapadores (distribuídas pelos vários agrupamentos)
- Elementos do Serviço de Intendência
- 73 carregadores indígenas.Tudo somado eram aproximadamente 1000/1200 pessoas.
Estima-se que o PAIGC tivesse 300 combatentes, incluindo alguns militares da Guiné-Conacri.
Comandante das Forças Terrestres: Ten Cor Cav Fernando Cavaleiro. (Cmdt do BCAV 490)
Da Marinha:
- Fragata Nuno Tristão.
- 4 lanchas de fiscalização
- 4 LDP
- 2 LDM
Da Força Aérea:
- Aviões T6 – Aviões F86 – PV2 e PV2-5 (Apoio de combate)
- Helicópteros Alouette (transporte e evacuações)
- Aviões Auster e Dornier (transporte e reconhecimento)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 26 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25684: Tabanca Grande (560): José Álvaro Almeida de Carvalho, ex-alf mil art, Pel Art / BAC, obus 8.8 m/943 (1963/65) , adido 14 meses ao BCAÇ 619 (Catió, 1964/66): senta-se no lugar nº 890, à sombra do nosso poilão
(**) Último poste da série > 18 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25757: Memórias de um artilheiro (José Álvaro Carvalho, ex-alf mil, Pel Art / BAC, 8.8 cm, Bissau, Olossato e Catió, 1963/65) - Parte III: Desobstruir uma ponte ao km 28 da estrada do Olossato
(***) Vd, poste de 15 de dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - P353: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias)
sábado, 27 de julho de 2024
Guiné 61/74 - P25781: Lições de artilharia para os infantes (11): A artilharia portuguesa, até à década de 90, nunca teve condições para efectuar a Preparação Teórica do Tiro (Morais Silva, cor e prof art AM, ref; ex-cap art, instrutor 1ª CCmds Africanos, Fá Mandinga, adjunto COP 6, Mansabá, cmdt CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)
Foto (e legenda): © Amaral Bernardo (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Caro Luís
A afirmação de Domingos Robalo "No CTIG, devido à rarefação do ar (pressão atmosférica reduzida), este alcance tabular tem um incremento de 10%" sugere-me um muito breve apontamento teórico sobre o tiro de artilharia. (**)
A trajectória de um projéctil é afectada por:
1. Condições balísticas : "Gastamento do tubo" e "Temperatura da carga" que afectam a Velocidade Inicial da granada e, portanto, o alcance do tiro. Para um obus/peça o efeito conjunto deste dois parâmetros só pode ser conhecido, para cada carga, dispondo de um Velocímetro que na nossa Artilharia só apareceu na década de 90...
2. Condições aerológicas: "Rumo donde sopra o vento" para calcular os efeitos longitudinal e transversal respectivamente nas Distância e Direcção do tiro. "Temperatura e Densidade do ar" para obter correcções na distância de tiro. Para calcular o efeito destes parâmetros é necesssário dispor de uma estação meteo (Meteogramas) e só na década de 80 passamos a dispor desta facilidade.
Resumindo, a Artilharia portuguesa, até à década de 90, nunca teve condições para efectuar a Preparação Teórica do Tiro. E porque assim foi, o atrás referido “incremento de 10%” não tem suporte analítico que eu conheça.
Nos 3 TO a artilharia usava a prancheta topográfica que, na Guiné, dispunha do suporte da preciosa carta totográfica 1:50000.
A distância topográfica e diferença de cota determinavam Carga e Elevação do tubo. Os Rumos Posição-Objectivo e de Vigilância permitiam calcular a Direcção topográfica que era corrigida da Derivação tabular associada ao tempo de voo.
Procedimento simples cuja eficácia era afectada pela localização "estimada" das bocas de fogo do IN...
Ainda hoje não entendo porque não foi prioritária a aquisição de radares contra-morteiro que transformassem a nossa artilharia "barata-tonta" em "barata-inteligente e eficaz".
Última nota para alguns Oficiais artilheiros-infantes que recorreram à observação aéra/terrestre, para obter correcções empíricas para a distância topográfica e assim melhorar as condições balísticas para o "Apoio próximo". Era poucochinho (100, 200 metros) mas melhor do que nada.
Abraço
Morais Silva
__________
Vd. também poste de 26 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25777: Casos: a verdade sobre... (47) "Fogo amigo", Xime, 1/12/1973: o obus 14 cm m/43 usava a granada HE (45 kg) com alcance máximo de 14,8 km... (Morais Silva, cor e prof art AM, ref; ex-cap art, instrutor 1ª CCmds Africanos, Fá Mandinga, adjunto COP 6, Mansabá, cmdt CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
Guiné 61/74 - P24891: Lições de artilharia para os infantes (10): Uma maneira simples de calcular a distância entre dois locais referenciados por coordenadas geográficas (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71, cmdt do 22.º Pel Art, em Fulacunda , 1969/70)
Domingos Robalo |
Tabanca Grande Luís Graça, olá, amigo Luís, espero que estejas bem. Agradeço a tua atenção. Costumo
No mapa partilhado temos duas opções para medir distâncias.
(i) Na margem inferior da carta, temos uma escala ( 1/500000) que nos indica uma forma de medir distâncias.
- + representa o sinal, que poderá ser + ou -
- em Portugal, as latitudes são sempre positivas (sinal +) e as longitudes são sempre negativas (sinal -); em Espanha, os valores a Oeste (O,W) do meridiano de Greenwich têm sinal negativo (-) e os valores a Este (E) têm sinal positivo (+).
- GGG representa os graus da coordenada;
- MM representa os minutos da coordenada;
- SS representa os segundos da coordenada;
- D representa as décimas de segundos da coordenada ;
- Representação das coordenadas da FPC (que tem sede em Mira): 40°12'54.8" N, 8°26'9.8" W: Latitude: +040.12.54.8; Longitude: -008.26.09.8
- Representação das coordenadas de Barcelona : 41°37'10.2" N, 1°23'57.6" E; Latitude: +041.37.10.2; Longitude: +001.23.57.6
(*) Vd. poste de 18 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24770: Ataques ou flagelações com foguetões 122 mm: testemunhos (4): Paulo Santiago. cmdt Pel Caç Nat 53 e formador de milícas (Saltinho e Bambadinca, 1970/72): na 2º feira de carnaval de 1971, contei 3 dezenas de foguetes, lançados em grupos de quatro; o alvo (falhado) era Aldeia Formosa
(**) Último poste da série > 8 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20425: Lições de artilharia para os infantes (9): Os Pel Art, de vez em quando, tinham que "tocar uma punheta" aos obuses, por razões de manutenção... (C. Martins, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74)
quinta-feira, 2 de junho de 2022
Guiné 61/74 - P23319: Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra? (1): A pontaria dos artilheiros... (Morais da Silva / C. Martins)
1. Guidaje, Guileje e Gadamael, os famosos 3 G, ou a "batalha dos 3 G", já aqui tão acaloradamente discutida, analisada, comentada, ao ponto de alguns de nós termos perdido a serenidade e a contenção verbal que devem ser apanágio deste blogue de antigos combatentes...
Para o ano, os três G vão fazer meio centenário... Bolas, como estamos velhos!
Estamos em crer que ainda há muito coisa para dizer, e aprender, sobretudo aqueles de nós que não viveram na pele as agruras daqueles longos, trágicos mas também heróicos dias de maio e junho de 1973... Dias que não se podem resumir à contabilidade (seca) das munições gastas ou das baixas de um lado e do outro (e foram muitas). (*)
Hoje, que passam 49 anos sobre a Op Amílcar Cabral, em que o PAIGC jogou forte (em termos de meios humanos e materiais mobilizados) contra as posições fronteiriças de Guidaje (no Norte) e Guileje e Gadamael (no Sul), parece-nos oportuno repescar alguns postes e comentários que andam por aí perdidos... E publicar novas histórias. Daí esta série "Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra?"...
Felizmente que ainda temos muitos camaradas vivos, que podem falar de cátedra sobre os 3 G, Guidaje, Guileje e Gadamael... Outros, entretanto, já não estão cá... Já do lado do PAIGC, é cada vez mais raro poder-se contar com testemunhos, orais ou escritos, sobre os acontecimentos de então.
Referências não faltam no nosso blogue... Alguns dirão, "ad nauseam"... Citemos entre outras:
Dossiê Guileje / Gadamael (56)
Gadamael (384)
Guidaje (255)
Guileje (540)
Curiosamente, não temos nenhum descritor "Batalha dos 3 G", consagrado pela historiografista pró-PAIGC...
(...) A narrativa artilheira deste senhor [o Osvaldo Lopes da Silva, ] é uma salgalhada sem ponta por onde pegar. (****)
Enfim, basófia muita, ciência pouca e assistência benévola ou ignorante.
O que certamente aconteceu foi ajustar fogos com observação avançada consentida pelo "recolhimento" das NT. Assim aconteceu em Fevereiro de 71, em Gadamael, mas felizmente os intervenientes na observação e no cálculo eram analfabetos na direcção do tiro. Tomadas medidas de interdição, nunca mais o conseguiram fazer, passando a executar fogos escalonados em alcance (tiro rolante).
Na Guiné, as artilharias das NT e do IN eram baratas tontas que actuavam por "intuição" a partir do som e do conhecimento do terreno (quem o conhecia a palmo).
Morais da Silva
Cor Art Ref
Professor de tiro de Artilharia
(...) Guerras, guerrinhas, obuses, peças, granadas, cargas e por aí vai....
Factos: por vezes flagelavam com morteiro 82, canhão s/r, grad [fogute 122 mm] e possivelmente com a peça, essa de longo alcance. [peça de artilharia 130 mm, M-46, do exxército da Guiné-Conacri].
Felizmente raramente acertavam.
Ninguém contava as granadas IN [muito menos de lápis e papel na mão] .
Nós éramos bem treinados na EPA [Escola Prática de Artilharia, emVendas Novas] e nos cálculos de tiro. As cartas eram muito boas.
Após a desgraça de maio/junho de 1973, em Gadamael houve um reforço de material e humano, a saber; 3 companhias, 2 pelotões de milícias, 1 pelart de obus 14, 1 pelotão de canhão s/r, 1 pelotão de morteiro 81, o que dava em média cerca de 600 homens em permanência.
Raramente a contrabateria surtia efeito, a alternativa era fazer batimento de zona que tinha pelo menos bastante efeito psicológico no IN (soube à posteriori).
Tínhamos bons abrigos subterrâneos.
(***) Vd. poste de 20 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16218: Dossiê Guileje / Gadamael (28): A situação de Gadamel, ao tempo da CCÇ 2796 (1970/72), que teve dois grandes comandantes, Cap Op Esp Fernando Assunção Silva e Cap Art António Carlos Morais Silva (Vasco Pires, (ex-Alf Mil Art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)
Vd. também poste de 30 de agosto de 2019> Guiné 61/74 - P20107: Lições de artilharia para os infantes (7): Tal como o Strela reduziu a liberdade do nosso movimento aéreo, o radar de localização de armas (vulgo contra-morteiro) teria congelado a artilharia do PAIGC... (Morais da Silva / António J. Pereira da Costa / Luís Graça / Manuel Luís Lomba)
quinta-feira, 14 de abril de 2022
Guiné 61/74 - P23167: Humor de caserna (47): O Gasparinho, que eu... não conheci no BAC 1 / GA 7 (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; ex-comandante do 22º Pel Art, Fulacunda, 1969/70)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
Guiné 61/74 - P21746: Histórias... com abracelos do Carlos Arnaut (ex-alf mil, 16º Pel Art, Binar, Cabuca, Dara, 1970/72)(3): Lições de artilharia para infantes..., sob a forma de piadas do passado
1. Mensagem de Carlos Arnaut, membro nº 817 da nossa Tabanca Grande, ex-alf mil art, cmdt do 16º Pel Art (Binar, Cabuca, Dara, 1970/72):
Data - 7 jan 2021 12h03
Assunto - Paródias do passado (*)
Camarigo Luís, em primeiro lugar quero desejar a todos os Tabanqueiros votos sinceros de um 2021 que finalmente nos liberte desta opressão Covidiana.
Tendo vindo a seguir com atenção as estatísticas referentes à vida do blogue, deixa-me agradecer-te, e aos co-editores, o trabalho tão meritório que tens vindo a desenvolver de uma forma apaixonada, mas rigorosa, na defesa das nossas memórias.
No meu currículo não referi que sou filho de militar, Coronel de Artilharia falecido há alguns anos, com várias comissões em Angola, país onde ele prestou serviço pela primeira vez de 1949 a 1954 [António M. Arnaut].
Cheguei ao colo da minha mãe, os primeiros anos da minha vida foram assim passados entre Luanda e Sá da Bandeira, hoje Lubango. Regressei nos anos sessenta, o meu pai foi mobilizado em 63, tendo estudado em Luanda até 65 quando ele terminou aquela comissão como Ten Cor.
Foi pura coincidência o facto de eu ter vivido a minha guerra como artilheiro, tanto mais que logo que entrei para a recruta o intimei a não interferir, fosse de que maneira fosse, no meu percurso militar, tendo essa coincidência dado origem após o meu regresso a divertidas e acesas discussões sobre a rapidez e eficácia da nova geração de artilheiros, ao conseguir, por exemplo, pôr à noite granadas no ar em menos de três minutos.
Todo este arrazoado visa sobretudo contrariar a tendência de queda das participações no blogue, pelo que me lembrei de contribuir com dois menus que vigoraram em duas confraternizações distintas entre artilheiros, meu pai e camaradas seus contemporâneos.
A imaginação posta ao serviço da ementa terá especial significado para os meus camaradas da Arma de Artilharia, dada a especificidade da linguagem.
A primeira tertúlia, realizada na extinta Cooperativa Militar, infelizmente não foi datada (Foto nº 2), tendo a segunda ocorrido em Março de 81 (, foto nº 1).
Se entenderem que este modesto contributo vale a pena ser publicado, o meu velhote, lá onde estará, ainda se vai rir, (**)
Abracelo grande, conto voltar em breve.
Carlos Arnaut
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(*) Último poste da série > 2 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21506: Histórias... com abracelos do Carlos Arnaut (ex-alf mil, 16º Pel Art, Binar, Cabuca, Dara, 1970/72)(2): Segundo o meu antigo soldado Bona Baldé e outras fontes, cerca de metade do 16º Pel Art terá sido fuzilado depois da independência
domingo, 8 de dezembro de 2019
Guiné 61/74 - P20425: Lições de artilharia para os infantes (9): Os Pel Art, de vez em quando, tinham que "tocar uma punheta" aos obuses, por razões de manutenção... (C. Martins, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74)
Foto (e legenda): © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário do nosso camarada C. Martins (, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74; hoje médico, reformado), ao poste P20423 (*)
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Foto: Cortesia de António Rios (2019) |
Quando avariava um ou mais obuses,consoante o tipo de avaria, podia-se eventualmente fazer a reparação no próprio local, os Pel Art tinham material de substituição, ou então deslocava-se um mecânico de Bissau, e em último caso o obus era substituído.
Os tubos (que para os infantes são canos) tinham estrias e, após mil tiros, tinham que ser substituídos porque estas se desgastavam, mas, para evitar isso, aconselhavam avivá-las o que dava uma trabalheira do "caraças".
Os graduados dos Pel Art tinham uns conhecimentos de mecânica dos obuses não só para a manutenção como para eventuais pequenas reparações.
Algures no sul da Guiné um alferes de um Pel Art perdeu um "cogumelo", que era uma peça em aço da culatra cujo o formato era isso mesmo, um cogumelo, e como ia ser substituído tinha que fazer o espólio do Pel Art.
Pediu ao Pel Art da vizinhança, que amavelmente cedeu um. Este por sua vez resolveu a falta do dito incluindo-o no relatório dos estragos feitos por um ataque, evidentemente com mais uma picareta, uma pá e tralhas várias em armazém.
Sabia-se que ninguém lia o dito relatório, e se lessem que fossem lá verificar a veracidade da coisa.
Também se tocava periodicamente uma "punheta" aos obuses que consistia na lavagem dos tubos, e esta parecia que os tubos estavam a ejacular, daí o respectivo nome.
Mais lições de artilharia, têm que pagar, porque andei eu a queimar os neurónios para vocês passarem a saber tanto como eu, só faltava mais essa!
Ah, na foto [, à esquerda], está-se a reparar o aparelho de pontaria que era uma avaria frequente.
Saudações artilheiras (**)
C.Martins
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20423: Facebook...ando (54): António Rios, ex-fur mil mecânico de artilharia (GA 7, Bissau, 1972/74), algarvio de Vila Real de Santo António, a viver em Tavira
(**) Último poste da série > 23 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20375: Lições de artilharia para os infantes (8): Algumas características técnicas do obus 14 e da peça 11.4 (C. Martins, ex-cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74; João Martins, ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69)