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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26696: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (39): a Páscoa de antigamente























Quinta de Candoz (Paredes de Viadores, Marco de Canaveses) > 10 e 12 de abril de 2025 (exceto a foto da Serra de Montemuro, com neve, que é de 15 de abril) > A primavera, a Páscoa, o eterno retorno... A esperança, sobretudo a esperança.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A Páscoa de antigamente

por Luís Graça


Dantes, quando ainda ninguém sabia a desgraça que aí vinha com a covid-19, não havia Páscoa sem foguetes... nem compasso. E muito menos ainda sem o forno a lenha, aceso, com duas horas de antecedência, e sem o sortilégio do fogo de artifício. 

Não havia Páscoa, enfim, sem o arroz de anho assado no forno.

Não, não havia Páscoa, sem as cerdeiras (ou cerejeiras) florirem, e sem as videiras começarem a sorrir, e sem os abraços compridos e efusivos de quem chegava do Porto e de mais longe
. Ana, Bagana, Rabeca, Susana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos, já dizia o provérbio popular. 

Na Páscoa estávamos todos. Agora já não, vamos morrendo, hoje uma, amanhã outro.  E será que os filhos e netos vão-nos ajudar e recuperar o saldo demográfico negativo ? Oxalá, Enxalé, Insh' Allah! 

Não, não havia Páscoa, sem os foguetes, nem alegria estampada na cara e  irradiando do coração das gentes de Entre Douro e Minho... 

Não, não havia Páscoa, sem a famosa freima que se apoderava das gentes cá do Norte, na véspera dos pequenos grandes acontecimentos, como os trabalhos coletivos (a vindima, as serviçadas...), ou os festejos (o casório dos filhos, o Natal, a festa da Senhora do Socorro ou a do Castelinho...).

Antes da pandemia, antes da era covid-19, com a crise ou sem ela, e até mesmo depois da proibição do lançamento de foguetes de cana... Ó vai ou racha, rapazes!, que na Quaresma engordava-se o anho para a grande matança da Páscoa...

Tudo isto, quando o Natal tinha o seu pinhão, e a Páscoa o seu tição, e a salgadeira estava atulhada com o porquinho que era o governinho da casa mas também uma das causas principais dos ACV que matava a gente...

Depois veio a maldita covid, e passaste a ter  a triste Páscoa do confinamento,  do "take away", e das grandes superfícies, com filas à porta, e a malta toda mascarada, guardando a devida distância uns dos outros... 

Mais a autoestrada que te levava ao Norte, vazia e rigorosamente vigiada. E a  GNR a cavalo a patrulhar as praias, as praças e os jardins e o ajuntamento do povo que precisava de apanhar sol como o lagarto. Até a casa de Deus fechou, por precaução.

Em 2009, ainda te lembras, cada dúzia de foguetes custava a módica quantia de 30 euros. Mas no domingo de Páscoa (ou na segunda, que no antigo concelho de Bem Viver, a Páscoa eram dois dias e o carnaval no Rio eram três, jurava o brasileiro de torna-viagem), e por ocasião da visita do compasso, o povo perdia a cabeça e armava-se em fino e em rico para provar à Casa do Fidalgo quem tinha porra e cagança...

O raio da covid não olhava a senhorios e rendeiros, a ricos e a pobres, e, aliada da morte, estava à espreita mas não esperava. Não poupava novos e velhos, rapazes e raparigas, homens e mulheres.

Quando o compasso chegava a uma casa, o fogueteiro sinalizava a sua presença... Os vizinhos, mais à frente, a 100, 200 ou 300 metros,  nesta região de povoamento disperso, preparavam-se, com grande excitação, freima,  para a cerimónia... 

Já as portas estavam abertas de par em par, a mesa posta com a melhor toalha de linho do bragal, e o caminho de cabras atapetado de urze e pétalas de flores bravias.... Aleluia, aleluia, Cristo ressuscitou!

Todos, mal-enjorcados nos seus fatos domingueiros, os camponeses do Norte, as mãos, calejadas,  sem jeito,  erguidas ao céu quando era preciso rezar a um deus maior. 

Já não importava se a Páscoa era no domingo depois da primeira lua cheia do equinócio da primavera,  que tu, em passando a covid-19,  perdeste a conta aos dias e aos meses e anos do calendário.

 2025, o "annus horribilis" de 2025,  como o tempo passa! Como passou o de 2020, e este também há de passar, figas,canhoto!

Tradição rica de significado socioantropológico, hoje em vias de desaparecer, a tua Páscoa nortenha que adotaste, há meio século.  Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia!, estamos vivos e bem de vida, dizia o da casa, abrindo as portas aos vizinhos, parentes e amigos. Bebam e comam qualquer coisinha, carago, que a casa é cheia e farta: há doce da Teixeira e pão de ló dos Lenteirões, e uma cachão de anho e arroz, se a alguém do compasso já der a fraqueza a esta hora da manhã!... 

Domingo da Ressurreição, carne no prato, farinha na mão, que na Santa Feira Santa comia-se o sável do rio Douro. Acabava-se o jejum e a abstinência, para os pobres que não tinham bula. Burla, resmungava o o padre Mário, expulso da Guiné como capelão. Não sejais tolos, que dos pobres será o Reino dos Céus.

Eram, afinal, dias de festa, os últimos da Semana Santa, dias de comes e bebes e foguetório, tudo misturado com a religiosidade pagã e cristã, que durante séculos formatara corpos e almas. 

Folgai, meus filhos,  enquanto puderdes, que noutra hora deveis de chorar, lembrava o padre Agostinho.

À noite, do terraço da varanda de Candoz, assistia-se, de borla, 
ao espectáculo único da largada de fogo de artifício, quando o compasso recolhia, cansado e suado,  depois de andar por montes e vales,  estradões e socalcos, pontões e ribeiros, o homem da cruz à frente, e a seu lado o puto, de sobrepeliz, a tocar a sineta, já meio rachada. E a canalha atrás, para apanhar as canas dos foguetes e as sobras das mesas, os rebuçados dos pobres e as amêndoas dos ricos.

Depois da visita do compasso, e bem arrotado o arroz de anho assado no forno, era o espetáculo talvez mais aguardado do ano, a disputa em fogo de foguetório entre cada uma das freguesias circunvizinhas ali em frente, naquele cenário de presépio. Saúde e pouca vida, que Deus não dava tudo, resignava-se o abade.

Olhai, Paredes de Viadores, olhai, Passos de Gaiolo, que eram do Marco!... E já os de Mesquinhata se adiantavam e agigantavam, mais os de Santa Leocádia, Grilo e Ribadouro, ali em frente, mas já do concelho de Baião, que a linha do caminho de ferro do Douro separava...

Todos, afinal, a competir pelas luzes da ribalta do céu, e a mostrarem-se mais cristãos e mais valentes do que no ano anterior. E com um sorriso matreiro, e uma pontinha de vaidade, bem mostrados aos que se sentavam na plateia deste vale de lágrimas que sempre fora aquela terra de camponeses,  rendeiros e cabaneiros, jornaleiros, trolhas, carpinteiros,  ramadeiros, trabalhadores do milho, da vinha e do centeio... A natural vaidade humana de quem conseguira sair do círculo da pobreza, e que este ano já se chegara para a frente, com uma nota de conto.

Deus fizera o mundo e as quatro estações de Vivaldi, e os solstícios do inverno e do verão, e os equinócios da primavera e do outono, só não mandara anjos para ajudar a plantar, regar e mondar o milho e a dar de comer ao tourinho, que era metade do patrão (que, ele, "mandjor da tropa", coitado,  também lá andava a mourejar por terras de  África na defesa da Pátria.)

Havia palpites, críticas, comentários, exclamações... sobre a quantidade e a qualidade do fogo de cada freguesia. E no final Paços de Gaiolo era o vencedor...

Alguém tinha que ser o vencedor, garantia o padre Agostinho, que no céu, meus filhos, a seleção sempre fora, desde os primórdios, mui apertada, e nem todos poderiam ficar à direita de Deus Pai, nem ter uma anjo à sua cabeceira

Havia filhos e enteados, o mundo já nascera assim,  torto e aleijado, mas porquê não mo pergunteis, que eu não sou papa, nem bispo, apenas um humilde servidor de Nosso Senhor, um pobre pároco de aldeia.

Era a vida que, afinal, na Páscoa, triunfava sobre a morte, naquelas terras de camponeses do vale do Sousa e do Tâmega, que chegaram a alimentar um milhão de portugueses durante séculos e a ajudar a dilatar a fé e o império, sem saber ler nem escrever, e muito menos o latinório aldrabado do padre Agostinho.

Na era da covid-19, deixou de haver  Páscoa, compasso, fogo, forno. Só o fogo do inferno, que esse continuava a arder, por mor dos pecadores, para seu exemplo e temor.

Nem abraços nem chicorações, só quando muito "abracelos... Uma tristeza, as casas fechadas, mortos os velhos,  cheios de mazelas os menos velhos, tristes e desamparadas as viúvas, desconsolados os órfãos, famílias de desvairadas gentes espalhadas pelas diásporas.

No passado, ao almoço, não podia faltar o arroz de forno, que, em cada ano que passava, estava sempre melhor do que o do ano anterior. Davam-se gabadelas às cozinheiras cuja arte e engenho a idade ia apurando.

Ou então era tudo devido simplesmente à saudade destes sabores da infância e da tradição. E a conversa girava, no fim do repasto,  sobre o anho e o arroz dos idos anos em que a gente era canalha de pé descalço, no tempo em que se vendiam os ovos aos da cidade para comprar a sardinha para três. E o osso era disputado à mesa. Oh meu pai, chuche-o e dê-mo!

Depois até o raio da covid-19, diziam, tirava o olfacto e o paladar  às cozinheiras...O tal segredo, o dedo pró cozinho!... E já o pito não era pito, era frango de aviário, desconsolado, diziam-os homens, matreiros e galhofeiros.

Podia chover, que em abril águas mil, mas a água que brotava das minas e da levada de Covas, e que regava os campos de milho, não apagava o fogo da paixão da vida, nem estragava o gosto pelo folgar dos corpos, e o rebolar na cama de palha de centeio, o forno aceso, o folar para os afilhados, sua benção, padrinho!, o pão de ló dos Lenteirões, o doce da Teixeira,  a aletria, os foguetes a estalar no ar, alto e longe, a caneca de porcelana, que luxo!, por onde se emborcava o vinho, verde tinto, da Carreira Chã, com o travo adstringente do jaqué.

Os parentes e os amigos, alguns vindo de longe, da terra dos mouros, o vinho verde novo que jorrava da pipa e alegrava os corações, a canalha numa correria para apanhar as canas dos foguetes...

E os cães a ladrar!... 

Mas até os cães havia morrido. Tal como o padre Agostinho. E as velhas casas de granito se cobriram de musgo e as janelas de teias de aranha e as silvas galgaram os telhados. E os castanheiros secaram...

O compasso era tradição minhota e duriense, diziam-te. Tenderá a acabar, há muito profetizavam os sociólogos da desgraça e da mudança.

A sua origem remontaria à época dos jacobinos, mata-frades,
à desarmotização dos bens de mão-morta que não poupou os passais, provocando a pobreza do senhor abade,  que, sendo filho de Deus, também tinha de comer... e "boer". E se ele comia e bebia, que nem um abade!... Bem pregava, afinal,  frei Tomás, fazei o que ele diz, não o que ele faz.

O compasso pascal seria a forma expedita de compensar a perda de rendimentos do pároco. As parcas esmolas que as famílias punham no saco do compasso, no final da visita, revertiam originalmente para o pé-de-meia do padre...

Ah!, mas até os padres e as freiras morriam, em tempo de peste e de covid-19, lia-se na gazeta de Lisboa. E o teu vizinho da porta da frente, que vivia na Paris dos portugueses, coitado, também lá se foi, telefonou-te, chorosa, a viúva. E mais o fulano e o sicrano. E mais este e aquele outro. 

Reuniam-se a desoras no Tasco do Alto, entrando furtivamente pela porta traseira. Para uma disputada partida de dominó, ou uma suecada, um petisco e uns tintóis. Que um home dava em doido trancado em casa,  ou a trabalhar sozinho no campo, dias e dias sem trocar uma palavra com ninguém,  nem com a cara-metade, que só chorava e rezava por mor dos  filhos, lá longe, pró Porto, Lisboa, Suíça. 

Já nada era como dantes, desde que o mundo que tu conheceras, começara a soçobrar.

A visita pascal era um pretexto também para a afirmação social, o exibicionismo dos vizinhos e parentes mais ricos, alguns que haviam retornado de França, se não ricos, remediados, pensionistas  das "mutuelles" e da "sécurité sociale", e que eram capazes de gastar uns bons contos de réis em foguetório...

Já não havia contos de réis, é verdade,  nem lendas e narrativas de brasileiros que haviam feito  fortuna no Novo Mundo.

Naquele  ano da desgraça de 2020 restava-te a saudade, a ti e à famelga!... E as fotografias e os vídeos de antanho que se partilhava pelas redes sociais... Valeram-nos, ao menos, o Zoom e o Skype e outras plataformas que ajudaram a gente a iludir a solidão... em plena
covid-19 que nos confinava e nos emboscava a todos. 

Mas também valeu-nos a esperança de que, no fim, iríamos, coletivamente, de  mãos juntas, triunfar sobre aquela maldita pandemia, como triunfámos, dolorosamente embora,  sobre a a lepra, a varíola, a cólera, o tifo, a pneumónica...E a peste de que Deus nos livre!... 

E como triunfámos e triunfaremos sobre todas as ditaduras impostas em nome de Deus, e do Diabo, pelos seus alegados representantes na terra. 


© Luis Graça (2021). Revisto 18 de abril de 2025.
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26665: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (38): Às vezes este país quase perfeito e sem mácula

quinta-feira, 21 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25291: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (22): O fado de Rosemarie - Parte I


Portugal > Museu Nacional de Etnologia > Exposição "Virgílio Pereira: Itinerários de um Etnógrafo" >  31 de maio de 2020 > Instrumentos musicais populares portugueses, dos anos 60: da esquerda para a direita, rabeca chuleira, viola amarantina, bombo e baqueta (em primeiro plano) e os ferrinhos (em segundo plano). Foto: Vergílio Pereira, s/l, s/d. Cortesia de Museu Nacional de Etnologia / Arquivo Virgílio Pereira (2020)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Contos com mural ao fundo > O fado de Rosemarie - Parte I

por Luís Graça

− Não, não foi o coração que me levou a fugir para França, a salto, escondida na mala do carro de um passador…

Foi assim que a Rosemarie (nome fictício, por razões óbvias) começou o seu "relato de vida": um passador que será depois seu amante, companheiro e, já no fim da vida, marido, de papel passado na mairie.

A salto !... Como tanto outros portugueses e até portuguesas, nos anos 60 até meados de 70...

E, no entanto, a Rosemarie já não era nenhuma jeune fille… Tinha 30 anos feitos... E era "criada de servir"...0

− Nasci em 1939, mon chérie.

Morto o Antoine [leia-se "an-tu-a-ne", diz-te ela], há uns largos anos atrás, no virar do milénio, a Rosemarie ter-se-á sentido liberta de algumas grilhetas que a manietavam, a começar pela incerteza quanto ao seu futuro…

Afinal, por decisão dos tribunais, acabou por ficar com o património do seu segundo marido, de quem fora uma cuidadora inexcedível no seu doloroso final de vida. Houve um processo litigioso com outros herdeiros, os filhos do primeiro casamento.

Libertou-se sobretudo de uma relação de amor-ódio que manteve com o Antoine, e que só se apazigou ou atenuou depois da decisão transitada em julgado, favorável aos direitos e interesses da Rosemarie.

− Passei a ser uma viúva francesa rica em Portugal, ou um viúva portuguesa remediada em França… − comentou ela, com amarga ironia.

Só nessa altura é que passou a tratá-lo por “gajo”, com sentido jocoso e sarcástico ao mesmo tempo, sempre que se referia ao falecido segundo marido.

Foi uma vida atribulada, a da Rosemarie, uma drôle de vie, como ela repetia amiudadas vezes, com muito humor, perpassado âs vezes com alguma tristeza mas quase sempre sem rancor.

E, no entanto, ela foi uma típica vítima de violência doméstica, nos seus dois casamentos… Curiosamente, com dois homens mais velhos que ela, e com um passado de guerra.

A sua vida ("que contada dava um filme") foi passada entre o Portugal dos sombrios anos 40 e 50, e a França gloriosa, da V República.

− Voltei à minha terra natal... nem sei bem porquè. Dizem que é a voz do sangue... Mas agora tratam-me por Madame. Dantes, quando era nova, não passava da Maria, nem sequer Rosa, muito menos Rosinha.

Gostava de ser tratada como Madame Ben Oliel. Conheceste-a numa festa do 14 Juillet, o Dia Nacional da França. Ben Oliel era o apelido materno do seu segundo marido, de origem portuguesa e judia sefardita, que esteve nas guerras da Indochina e da Argélia, como légionnaire.

Maria Rosa era o seu nome de batismo, de que trocou a ordem e afrancesou: Rosemarie, soava-lhe muito melhor, fazia-lhe oublier (esquecer) e até talvez cacher ou até effacer (esconder ou até apagar) a sua origem portuguesa e a sua condição, humilde , de imigrante em França, filha de rendeiros pobres do Norte de Portugal. O que, na realidade, nunca conseguiu por causa do seu accent: não carregava suficientemente nos "erres"...

L’important c´est la rose!... Ah, o meu querido Gilbert Bécaud ! − desviava ela a conversa quando se tocava numa tecla mais sensível.

Tu havia-la conhecido, há já uns bons anos, quando ela andava perto dos 70, conservando alguns traços da sua beleza e jovialidade de juventude, com uns fatais olhos verdes.

− Quando tinha quinze anos, mon chéri, eu já era uma moçoila vistosa, espigada, nutrida de carnes… Mas era filha de rendeiros pobres, com um bando de filhos para alimentar. E, nessa altura, criada de servir em Chaves.

Adorava bavarder, falava pelos cotovelos, e às vezes despudoradamente.  Aceitou com relativa facilidade o convite para ser entrevistada para uma projeto de investigação sociológica sobre "histórias de vida de mulheres imigrantes portugueses em França". Envolvia também investigadores franceses que a ouviram, por seu turno, nos arredores de Paris (onde tinha residência oficial).

Naturalmente, o investigador português deu-lhe todas as garantias de sigilo e anonimato. Infelizmente meteu-se a pandemia pelo meio e, num dos seus regressos a França, acabou por adoecer e morrer, estupidamente, de covid-19. Por amigos da Rosematie, soube- se que terá morrido por infeção hospitalar… Ia fazer 81 anos.

Ficou-te então a vontade de evocar (e de certo modo homenagear) a sua figura. Infelizmente, não foi cumprida a sua última vontade, a de ser enterrada na terra que a viu nascer. Foi cremada num cemitério dos arredores de Paris, “por razões de Estado” (ou seja, de saúde pública…). Desconhece-se se deixou herdeiros, mas devia ter pelo menos sobrinhos algures, em parte incerta.

Conheceste-a na casa de praia de uns amigos comuns, parisienses, que vinham há muito a Portugal, nas férias de verão, desde 1974, atraídos pela revolução dos cravos.  Agora, professores reformados, passavam cá mais tempo. A Rosemarie era visita frequente da sua casa, perto da lagoa de Óbidos.

Nunca chegaste a saber exatamente quais eram as suas afinidades mas, das conversas cruzadas, haviam-se tornado amigos desde o tempo em que a Rosemarie cantava o fado no bistrot do Antoine.

Sem ter uma voz de eleição, a Rosemarie não imitava nada mal a Amália e até dava uma certa parecença de corpo, com dezanove anos de diferença em termos de idade… Não sem uma incontida vaidade, acrescentava:

− A Amália tinha a voz, aquela voz… E eu tinha os meus olhos, aqueles olhos verdes… 'Olhos verdes são traição, são cruéis como punhais'... Quem cantava isto ?...

− Ah!, o Francisco José, um rapaz do seu tempo...

Estes amigos franceses comuns adoravam Portugal, o sol, os fruits de mer, e muito em especial as huîtres, as ostras, a que chamavam les portugaises. E, claro, o fado, a Amália que tinham ainda conhecido, em vida, e no Olympia de Paris.

Nesse fim de semana do 14 Juillet, um sábado, em que conheceste a Rosemarie, rapidamente ganhaste a sua confiança e até a sua afeição. Falavam ora em francês, ora em português, mas longe da vista dos anfitriões, entre duas ostras e um vinho branco das Gaeiras. Sentia-se mais à vontade para fazer confidências, estando só contigo.

Explicaste-lhe que a equipa estava muito interessado em conhecer a histoire de vie de mulheres portuguesas, como ela, que tiveram a coragem de dar o salto, o duplo salto, o da emigração clandestina e o da rutura com os usos e costumes do Portugal dos anos 50/60.

Acabaste por criar laços afetivos, de empatia e até de amizade, contrariando até a tua deontologia profissional. Ainda se encontraram três ou quatro vezes e falaram ao telefone. E tiveste acesso à transcrição da entrevista feita pela equipa francesa. Em suma, conheceste razoavelmente bem a sua biografia.

Com tristeza soubeste da sua morte, vítima da pandemia do século. Tratava-te, carinhosamente, por mon chéri. meu querido ou meu jovem. Era muito maternal.

Era da região de Basto, ou Terras de Basto, sendo os seus pais oriundos de uma aldeia da serra do Alvão.

− Sou a filha mais velha das raparigas de uma família de rendeiros. Éramos um rancho, entre rapazes e raparigas, uma dúzia, fora os dois que terão morrido ainda anjinhos do céu.

E acrescentava:

− Criada de servir, femme de ménage, era o destino que nos esperava, a nós, raparigas, jeunes filles.

Naquele tempo iam para Chaves para casa de algum militar, oficial de carreira. Ou para Cabeceiras de Basto, terra de brasileiros ricos. O mais longe era para o Porto, para casa de "algum senhor doutor", médico ou magistrado, ou de algum comerciante abastado da Baixa.

− Ganhava-se uma miséria de 200 ou 300 mil réis, com cama, mesa e roupa lavada.

E mesmo assim eram precisas referências, cartas de recomendação e sobretudo uma boa cunha do abade da freguesia. Como as enfermeiras. Nesse tempo, era preciso mostrar “boa robustez física” e comprovar a “conduta moral irrepreensível”…

 As raparigas não iam à escola, quando muito faziam o exame da 3ª classe, com explicações e bofetões de uma mestra particular ou uma “regente escolar”.

No caso da Rosemarie, já era uma moçoila quando abalou para Chaves, em meados dos anos 50 como “criadita de servir” de uns senhores da família do fidalgo para quem os pais trabalhavam…

Fidalgo ?! – indagaste, curioso.

− Só por se dizer que tinha uma casa apalaçada, com um brasão antigo do tempo do senhor Dom João V, se não me engano, que eu da História de Portugal não sei nada. O muito pouco que sei,  ouvi-o desses senhores,  meus patrões.

Tinha casado, entretanto,  aos 24 anos, em finais de 1963.

− Foi a minha desgraça, a minha sina, o meu fado! – comentou. com alguma amargura na voz.

Para fugir da miséria da casa paterna e da ditadura dos patrões de Chaves, casara com "o primeiro fils de putain”, o primeiro filho da p…,  que conheceu num baile, já em Resende. E que a “desonrou” (sic).

Tratava-o sempre por “cabrão”, ao primeiro marido, para o distinguir do segundo, o companheiro com que viveu maritalmente muitos anos em França, o Antoine, de quem se voltara a falar, mais à frente.

A Rosemarie era muito "desbocada", não se coibindo de usar o palavrão nortenho, mesmo frente a pessoas estranhas. Adorava falar de algumas das suas aventuras e desventuras, não sem alguma falta de pudor.

Para. ti era a entrevistada ideal, se bem que depois fosse preciso separar o trigo do joio. Perdia-se muitas vezes com histórias laterais e detalhes circunstanciais, obrigando-te a reformular ou repetir a pergunta…

Nascida em 1939, a Rosemarie casou aos 24 "com vestido branco de noiva, raminho de laranjeira, água benta"… "e a sua bênção, senhor meu pai!"...

− Pela santa madre igreja, pois claro, de acordo com os usos e costumes da época. E confidenciava, com graça:

− Já tinha provado o 'fruto proibido'. Eu, que tinha sido catequista, só nessa altura é que percebi o sentido que os padres, no confessionário, davam à expressão 'comer a maçã'.

O vestido de branco fora-lhe oferecido pelos seus antigos patrões de Chaves a quem tinha servido durante cerca de 8 anos e que fizeram questão de ser padrinhos da noiva.

Não se atreveria naquele tempo, a casar pelo civil. Nem lhe passou sequer a ideia pela cabeça. Seria logo tratada de “curta e comprida” (sic). Eram tempos cruéis para as mulheres. Ai das raparigas que rompessem o namoro, ou fossem rejeitadas! Ou, pior ainda, que tivessem a desdita de ser mães solteiras.

− Ninguém mais te pegava!... Passavas a ter lepra… Com sorte, casarias com um velho, com filhos ainda por criar, ou já com pouca força na 'verga' ! − comentou ela.

À medida que se entusiasmava com a conversa, Rosemarie usava o calão do seu tempo de “mulher do Norte com pelo na venta” (sic). O facto do interlocutor ser homem, não a inibia de todo. A sua história, as suas confidências, mesmo as mais íntimas, não te deixavam todavia de surpreender, talvez por serem de gerações diferentes, tu com idade de ser seu filho.

Afinal, isto passava-se no teu país, ainda nos anos 50 e 60. E tu não podias deixar de sentir um certo amargo de boca, ao ouvi-la contar estas histórias de vida, bem duras.

− No meu tempo, as moças repudiadas, ou fugiam para o Porto ou Lisboa, ou resignavam-se à sua sorte, ficando solteironas, o que era o caso da maioria.

− A liberdade paga-se sempre cara!... Não nos é dada, conquista-se – acrescentaste tu, usando um chavão que era, de há muito, um lugar comum.

− Ah!, sim, vê o meu caso. O meu primeiro homem foi obrigado a casar comigo, a tiro… depois de os meus irmãos mais novos terem sabido que ele me tinha desonrado.

− A sério?!... A tiro ?!... Agora se percebe por que é que o seu primeiro casamento tinha tudo para não dar certo…

− Não durou mais de um ano de paixão efémera… Depois aguentei mais uns tempos, para salvar as aparências… E se eu tive uma paixão por aquele cabrão. Oh!, se tive!... Hoje acho que foi feitiço, bruxaria, mau olhado, qualquer coisa que ele me pôs no pirolito ou gasosa, uma daquelas garrafas de refrigerante que se usavam na época, e que os rapazes ofereciam às raparigas no intervalo dos bailes… Eram bailes mandados com mandadores que gritavam: “Damas, ao bufete!”…

Os “bailes mandados” ? Explicou-te ela depois: os homens e os rapazes, de um lado, as mulheres e as raparigas, e um senhor, o 'mandador', no meio, a impor o respeito, a dirigir a coreografia e a dar a vez a cada um dos machos para ir buscar o seu par e dançar. Só "as comprometidas e as casadas" é que se podiam recusar a dançar com outro que não fosse o marido ou o namorado… Não poucas vezes, acabava tudo à paulada, com o álcool e as ciumeiras entre rapazes…

Mas os feitios de ambos, e sobretudo “a miséria daqueles tempos” (sic), não ajudaram em nada o casamento. Cedo a Rosemarie descobriu que o seu “príncipe encantado” era, afinal, um 'chulo', um malandro e, pior ainda, um homem que de bebedor social se tornara alcoólico e… violento.

Não trabalhava, ou melhor, a oficina de carpintaria já não dava para um, quanto mais para dois. Fazia um biscate ou outro, um conserto aqui ou acolá, a caixa de ferramenta numa mão, a bicicleta na outra, a maior parte dos clientes eram gente pobre, das redondezas, o rol dos fiados ia até ao São Miguel, altura do ano em que se podia fazer algum dinheiro e pagar as dívidas.

− Mas como é que vocês se conheceram ? – quiseste tu saber, intrigado.

− Num baile, tinha que ser a minha sina, o meu fado. Num desses tais bailes mandados…

− Em Chaves ?...

− Não, já em Resende, na casa de um brasileiro rico, desses de torna-viagem… Tinha voltado à terra com um bom pé de meia e quis celebrar o regress, com saúde e sucesso… Já não me lembro o nome, foi há tanto tempo… Todos o conheciam por 'O Brasileiro'… Resumindo: conheci o cabrão do meu primeiro homem nesse baile… Fazia parte da tuna…

− A tuna ?

− Um grupo de músicos que animava bailes, um que tocava viola amarantina, outro violão, outro ferrinhos… E ele que tocava rabeca chuleira. Juntavam-se a outras tunas, ali da região do Marão e Montemuro, de Baião a Cinfães, do Marco a Resende… Chegavam a ir tocar a Viseu e Vila Real. Tinham mais fama que proveito, mas sempre ganhavam uns tostões. O cabrão não tinha profissão certa, dizia que era carpinteiro, mas eu nunca lhe vi obra feita, uma mesa ou armário de jeito.

− E tocava bem, o seu homem ?

− Isso, sim, se tocava!... Punha-nos 'atolambadas', o cabrão… Olhe, fez-me lembrar aqueles encantadores de serpentes, indianos, que a gente vê nos filmes. Tocava as modas da época, que já passavam na rádio, e sobretudo as modas tradicionais, a valsa, a mazurca, a dança do fado, a contradança… Já havia rádio, mas pouca gente tinha rádio e telefone… E a televisão, então, era ainda um luxo. Não havia sequer eletricidade … Ah!, mas quando ele começava a tocar aquela valsa do Danúbio Azul… Houve até uma rapariga do Porto, que estava nas termas, que desmaiou, de comoção... Só muito mais tarde, já em França, é que ouvi falar da Sissi e de toda aquele luxo da corte imperial de Viena… Naquele tempo éramos todas umas atrasadas…

− Era muito atrasado o interior do país, é verdade… mas pode falar-se de miséria, miséria mesmo ?

− Oh! Mon Dieu de France!... Escreve aí no teu cahier – começou  a tutoyer, a tratar por tu o entrevistador, que nunca lhe correspondeu,  continuando a ser deferente e cerimonioso, para com ela, até como estratégia defensiva…

Miséria para ela era o frio de rachar no inverno, as tamancas, a casa de pedra, tosca, o interior com paredes de tabique, um quarto para os pais, outro para as raparigas, com os rapazes a dormir no palheiro do milho, e por debaixo ficava a corte dos animais. E não melhorou muito quando a família se mudou de Cabeceiras para Resende.

Dois irmãos, entretanto, tinham ido para a tropa, e sido mobilizados para Angola, o mais velho, e outro a seguir para Cabo Verde e Guiné.

Em Resende, nas termas das Caldas de Aregos, a Rosemarie arranjara um emprego sazonal como auxiliar, graças a uma cunha do patrão do seu pai que era oficial do exército, e pessoa infuente. A família, que vivia no Porto, gostava de fazer termas nas Caldas de Aregos. E tinha lá uma roda de amigos. Enfim, estava ligado à antiga nobreza rural, pequena e decadente, cujas origens remontavam ao tempo do liberalismo.

− E porquê Resende, Rosemarie ?

Os pais tinham-se mudado para lá, onde os antigos patrões tinham uma quinta e estavam a precisar de um caseiro de confiança, iam-se fazer vinhas novas, etc. Com o plano de construções de barragens no Rio Douro, havia boas perspetivas de valorização dos terrenos cultivados que viessem a ser alagados com a subida das águas. As condições eram melhores do que em Cabeceiras de Basto e os rapazes mais novos até tinham arranjado emprego, ou promessa de emprego, numa empresa encarregue, já em 1964, dos trabalhos preparatórios da construção da barragem do Carrapatelo (que só será inaugurada em 1971).

Mal sabia o pai que, passado uns anos, iria ficar sem casa nem terras, obrigando-o a voltar a Cabeceiras, "com uma mão à frente e outra atrás"… E, também com a barragem, as Caldas de Aregos começaram a entrar em decadência.

Depois da separação (de facto mas não “de jure”), a Rosemarie ainda irá trabalhar para a Linha do Estoril, para casa de uns senhores importantes ligados à banca. Foi ganhar o dobro que ganhava em Chaves e em Resende, 600 mil réis, e aí, sim, aprendeu muito, como ajudante de cozinha. E, sobretudo, aprendeu a cantar o fado...

− Separação ?!... Como foi isso, Rosemarie ?

Ela contou-te tudo tim-tim por tim-tim. Mas, abreviando, aqui vai o essencial dos factos.

A Rosemarie sempre foi, desde miúda, um grande dançarina. Não perdia “bailos”, desde que os pais, e depois os patrões, a autorizassem a ir. A princípio, até aos 16 anos, ia acompanhada por um dos irmãos, “jogador de varapau”.

− Varapau ?...

− Um pau de lódão, rijo e comprido, com que os rapazes aprendiam a ser homens… Mas, coitado do meu mano, já morreu, um dia racharam-lhe a cabeça por minha causa.

− O seu irmão ?!...

− Sim, um do meio. Era muito meu amigo, o meu guarda-costas. Por causa do meu primeiro marido, acabou por ter problemas com a justiça. 

− Mas vamos lá fazer o ponto da situação, para a gente não se perder... Estávamos a falar do baile…

− Ah!, sim, o baile… os bailes!... Ficas a saber que pus a cabeça à roda de muitos rapazes e até de homens casados. Hoje estou velha, e já sem muito tempo à minha frente, mas naquela época eu era uma raparigaça que metia muitas da cidade a um canto. Não é para me gabar… E, depois, como também tinha jeito para a costura, que aprendi em Chaves, em casa, aos serões, andava sempre bem produzida com os meus vestidos de chita… E já tinha algum jeito para as cantigas.

−…Até ao dia em que...?

− Até ao dia em que conheci... aquele cabrão!... Tinha vindo da tropa, em  Angola, em meados de 1963… A cigana que me lera as mãos em Chaves, no meio da ponte romana, tinha razão!... Aquele cabrão, estava escrito que deveria ser a minha perdição!...

− Amor de perdição!... Mas como assim ?!...

− Andávamos os dois apaixonados. Apaixonados ? Qual quê, doidos!...Eu nunca tinha sentido nada parecido!... Fazíamos amor… qual amor!, fazíamos sexo em qualquer sítio, em qualquer hora… Tornei-me muito, como direi ?, 'desavergonhada'!... Desculpa a expressão, mas eu era uma cadela com cio

− Oh!, Rosemarie, todos nos apaixonámos na juventude!... Não me parece que o termo desavergonhada seja apropriado no seu caso...

D’accord!, é uma maneira de dizer, às vezes faltam-me as palavras em português… E mesmo em francês. Ninphomaniaque, c'est çá ?!... Era o que eu era nessa altura…

− Oh! Rosemarie, nessa idade, com as hormonas à flor da pele!…

Oh!, oui, éramos os dois animais de sangue quente, na força da idade, se bem que ele fosse um pouco mais velho do que eu… E deixa-me dizer-te que ele na cama ainda era melhor do que com a maldita da rabeca… Era abonado, um garanhão, o cabrão.

− E a tuna, os bailes, as tainadas?...

− Pois, é, vinha o verão, as romarias, as festas… e aí trocava-me pela rabeca!... Comecei a ter ciúmes, primeiro dela, da rabeca, depois dele. Até um dia em que quis parti-la, na cabeça dele. Ameacei-o até de lhe pôr os cornos.,,, Uma ameaça, tola, a primeira coisa que me veio à cabeça: mesmo que o desejasse, não tinha com quem, naquela terra desgraçada...

− Ficou, portanto, o caldo entornado…

− Ele dava em sair com o grupo dele, tudo gente de vida airada. Chegavam a ir tocar a Vila Real, Amarante e até ao Porto. Só pelas tainadas.

− Mas também ao pé de si, nas Caldas de Aregos, na época balnear, não ?!…

− Sim, e à volta de Resende: Baião, Cinfães, Marco de Canaveses…

− Começaram os problemas no casal, é isso ?!…

Passaram-se os seis meses da lua de mel, um ano… E nada!...

Nada, o quê ?!-…

− Ele achava que eu não lhe dava filhos, o que para um homem, na época, era uma vergonha, uma humilhação… Um cabrão que não emprenhasse logo a mulher, não era macho, era um frouxo, ou até um mariconço…

− Portanto, a culpa só podia ser "dela"!…

Ah!, oui!... Então Começou a bater-me. Começou a ficar ciumento, possesso… Um animal!… E eu recusava-me a abrir-lhe as pernas, para o cabrão 'despejar os colhões', desculpa-me o termo.

E aqui começa outra estação do calvário da Rosemarie.

− Fechava-me no quarto para não levar porrada… Ele fazia cenas, eu berrava para alvoroçar a vizinhança... Eu desculpava-me, que estava com a 'rabeca', a menstruação, quando ele queria 'servir-se' de mim... Enfim, uma vergonha para mim e para a minha família... Pedi ajuda, até ao padre... Todos me diziam: "Entre o homem e a mulher, não ponhas colher!"...

Até um dia em que enchi-me de coragem e bati com a porta, voltando para casa dos meus pais. Tive a proteção dos meus irmãos, que lhe foram pedir satisfações. Houve porrada. Veio a GNR, mas ficou tudo em águas de bacalhau, que o cabrão tinha, na época, bons conhecimentos entre os senhores de Resende… Os homens protegem-se uns aos outros...

− E depois ?...

− Constou-se que voltara a Angola… que já conhecia,  já havido ido para lá quando rebentara o terrorismo... Depois em 74 ou 75, com a independência,  veio com os outros  retornados… Tinha, ao que se dizia,  um imão mais  velho no Brasil, foi ter com ele…  Já eu estava em França, há um bom par de anos, desde 1969…Nunca mais na vida lhe pus a vista em cima… Heuresement!... 

− Mas o mundo é pequeno, Rosemarie...

− Sim, houve quem o visse a sambar, a tocar rabeca, no carnaval do Rio. Depois perderam-lhe o rasto. Deve ter tido um fim desgraçado, que Deus o perdoe. Mas, quando eu me quis divorciar, foi o cabo dos trabalhos. Estava em parte incerta, ninguém sabia se estava vivo ou morto. Divorciei-me já em França, já com quase 60 anos… Lá no Brasil o meu advogado francês tratou de arranjar uma certidão de óbito…  Não sei se falsa ou verdadeira, custou-me uma boa nota…

− Mas a fuga para França é outra aventura da Rosemarie…

− Se foi!... Dava para outro filme, mon chérie… Mas hoje já não to conto, fica para outro dia, estou trop fatiguée

(Continua) 

© Luís Graça (2020). Revisão em 21 de março de 2024.

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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de março de  2024 > Guiné 61/74 - P25261: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (21): O pão que o diabo amassou

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23635: Convívios (941): Um total de 72 inscritos no 49.º almoço-convívio do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha, amanhã, quinta feira, dia 22/9/2022, em Algés, o que é um número muito bom depois do "longo inverno social" que foi a pandemia de Covid-19

Cascais > São Domingos de Rana > Adega Zé Dias > 14 de janeiro de 2010 > Alguns dos 10 históricos que fundaram a Magnífica Tabanca da Linha (sete dos  quais membros da Tabanca Grande): da esquerda para a direita: (i) Zé Dias (dono do restaurante),  (ii) António Fernandes Marques (ex-fur mil at inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71); (iii) José Manuel Matos Dinis (1948-2021) (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71) (foi coorganiador de muitos dos convívios posteriores, juunatmente com o Jorge Rosales); (iv) Manuel Domingos ( falecido logo a seguir, nesse ano, era  do Batalhão do Rogério Cardoso, era fadista amador com prémios); (v) Rogério Cardoso (ex-fur mil art, CART 643 / BART 645, Bissorã, 1964/66); (vi) António Graça de Abreu (ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74);  (vii) José Carioca (ex-fur mil trms e cripto, CCAÇ 3477, Gringos de Guileje, Guileje, 1971/72); (viii) Jorge Rosales (1939-2019 (ex-alf mil da 1.ª CCAÇ, Farim, Porto Gole e Bolama, 1964/66) (foi o primeiro régulo da Tabanca da Linha); e (ix) Zé Caetano. 

Falta o Mário Fitas (ex-fur il op esp, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66) (que deve ter sido o fotógrafo)

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2019).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 49.º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha. 

Quinta feira, dia 22/9/2022, das 12h30 às 15h00. 

Algés, Restaurante Caravela de Ouro. 

Lista final de inscritos (n=72)




1. É um número muito bom, depois do "longo inverno social" que foi a pandemia de Covid-19... Ainda com cautelas, os "magníficos" da Tabanca Linha já se aventuram a voltar ao ritual e ao ritmo dos convívios de antigos combatentes. (*)

Desta vez, temos 9 novos membros, e alguns vêm de fora da área da Grande Lisboa, o que é revelador do prestígio já alcançado por esta tertúlia de Algés, Oeiras,

O último convívio, o 48.º,  tinha sido em 19/5/2022. Chegou a ter quase 9 dezenas de inscritos, mas o alarme de novos casos de Covid acabou por levar a uma série de desistências de última hora.  Destaque para a "delegação de luxo" que veio expressamente do Norte, no comboio Porto-Lisboa. (**)

O 47.º, o último antes da pandemia, realizara-se há mais de dois anos e meio, em 16 de janeiro de 2020. Foi também a festa do seu 10.º aniversário. Neste espaço de tempo, a Tabanca da Linha já mudou de poiso várias vezes: São Domingos de Rana, Oitavos / Guincho, Carcavelos e agora Algés. Sobre o historial desta tertúlia de antigos combatentes da Guiné, residentes na área metropolitana de Lisboa, vd os postes P19419 e P5691 (***). 

Na sua página do Facebook estão registados 160 membros, boa parte dos quais são também membros da Tabanca Grande, a mãe de todas as tabancas... Administradores e moderadores da página são o Manuel Resende e o Armando Pires. 

A Tabanca da Linha tem 143 referências no nosso blogue, quase tantas como a Tabanca de Matosinhas (n=150), que aliás é mais antiga, foi historicamente a primeira a aparecer, tendo já bonita idade de 17 anos.

Bom e são convívio para amanhã, no "Caravela de Ouro", são os votos do editor LG que, mesmo "amuletado", faz tenção de lá aparecer...


Cascais > Estrada do Guincho > Oitavos > Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > 24 de setembro de 2015 > A magnífica mariscada que, duarnte uns tempos,foi um dos "ex-libris" ícone dos serviços de "catering" da Tabanca da Linha... O segredo estava bem guardado, dizia o régulo da tabanca, o Jorge Rosales (1939-2019), quando lhe perguntava quem o fornecedor e o cozinheiro...



Cascais > Estrada do Guincho > Oitavos > Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > 24 de setembro de 2015 > Mário Fitas e o "comandante" Jorge Rosales,  dois "homens grandes" da Tabanca da Linha... "Comandante, o negócio não está mau"...

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2015).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23622: Convívios (939): 49º almoço-convívio do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha, na próxima quinta feira, dia 22 de setembro de 2022, em Algés... Inscrições até ao dia 19, segunda-feira (Manuel Resende)

(**) Vd. poste 19 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23276: Convívios (927): A Magnífica Tabanca da Linha reabre hoje, em Algés, no Restaurante Caravela de Ouro, ao fim de mais de dois anos de pandemia... Uma luzidia representação do Porto, de "O Bando" (incluindo 3 escritores), vem animar este 48º convívio, já histórico...

(***) Vd. postes de:

 19 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19419: Convívios (884): 41º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, 9º aniversário: dia 24, 5º feira, às 13h00, em Algés, no restaurante "Caravela de Ouro"... Inscrições até terça-feira, de manhã, dia 22..Já há cerca de meia centena de inscritos (Manuel Resende)

23 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5691: Os nossos seres, saberes e lazeres (16): Nascimento da fabulosa Tabanca da Linha (António Graça de Abreu / José Manuel Dinis)

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23449: Os nossos seres, saberes e lazeres (513): Retomadas as festividades à Senhora de Antime, em Fafe (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 18 de Julho de 2022, com a notícia das festividades à Sanhora de Antime, retomadas após o intervalo de dois anos por causa do Covid-19:

Bom dia caro camarada,
Para o nosso blogue aqui vai acontecimento de há longos anos importante em Fafe.

Um grande abraço,
Manuel Castro
(Tabanqueiro n.º 793)


A SENHORA DE ANTIME

A cada segundo domingo de Julho, em Fafe celebra-se o culto a Nossa Senhora de Antime, festa secular que, desconhecendo-se embora o seu início, sabe-se que já existia em 1736, isto é, há cerca de 300 anos.

Já por volta de 1860 Camilo Castelo Branco em “Memórias do Cárcere” descrevia: “A Senhora de Antime é de pedra e pesa com a charola vinte e quatro arrobas. Os mais possantes moços pegam ao banzo do andor…”

A tradição mantém-se tendo-se transformado na maior manifestação de fé deste concelho e uma das maiores do Minho. Dado a pandemia nos dois anos anteriores esteve suspensa sendo retomada este ano.

Assim, às dez horas saiu em procissão da Igreja Matriz de Fafe a charola da Senhora das Dores, aos ombros dos Bombeiros Voluntários de Fafe, acompanhados pelos grupos de escuteiros do concelho, em direcção à ponte de S. José, fronteira das freguesias de Fafe e Antime, onde se encontrará com a procissão que acompanha a charola da Senhora da Misericórdia, levada por dez valentões e uma multidão de fiéis.

Seguem daí rumo à Igreja Matriz, num percurso de mais de três quilómetros, ladeado de fiéis e de curiosos que à passagem aplaudem as Senhoras e após paragem em frente à Câmara Municipal para a recepção das autoridades municipais e largada de pombos, seguem para o seu termo na Igreja Nova de São José.

À tarde, pelas dezoito horas, dar~se-á o regresso da Senhora da Misericórdia à sua residência, Igreja de Antime.

Esta é uma festa religiosa que, como quase todas, tem a sua parte profana cujo início antecede a religiosa. Também ela de grande fama e muito concorrida.

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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE JULHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23434: Os nossos seres, saberes e lazeres (512): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (59): De novo em São Miguel, é infindável a romagem de saudade - 4 (Mário Beja Santos)

domingo, 26 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23386: Blogpoesia (768): Que maldita pandemia, por Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 24 de Junho de 2022: 

Antes de mais, bom dia e boa semana para o Carlos Vinhal, mas também para toda a Tabanca Grande.
É sabido que, pelo facto de o Corona Vírus se meter em nossas vidas, não tem havido aqueles roncos anuais com camaradas da nossa tropa, a não ser que, haja algum mais corajoso que convida a malta para as Festas.

Eu como organizador e há muitos anos, já informei a malta que este ano ainda não vai haver nada e para o ano sim, se tudo correr bem.
Assim, o que fiz hoje foi escrever "QUE MALDITA PANDEMIA"

Abraços ou como se dizia em Angola, Kandandus e Kissendes
Albino Silva


Que maldita pandemia

Que maldita pandemia
Nos havia de aparecer
Por muitas coisas que tinha
E que deixei de as ter.

Confesso que mesmo na guerra
E muita malta sabia
Que eu não andava com medo
Como ando com a pandemia.
Lá na guerra era a G3
Dela nunca me esquecia
Agora é o uso da máscara
Por causa da pandemia.

Este Covid que mata
E sem olhar a quem
Mata muitos seres humanas
E alguns amigos também.

Pandemia que muito mata
Com vacinas ou por vacinar
Este Covid 19 ainda
Continua a matar.

Já perdi alguns amigos
Os que não queria perder
Ainda hoje continúo
Ver muita gente a morrer.

Saudades tenho dos roncos
Que com camaradas fazia
São dois anos que nada temos
Por culpa desta pandemia.

Tenho muitos camaradas
Que estão sempre a perguntar
Quando voltamos aos roncos
Para aquele abraço dar.

Já todos temos saudades
E toda a malta se queixa
Que com máscara ou sem ela
A pandemia não deixa.

Camaradas da mesma guerra
Mais um ano se vai passar
Ainda não vamos ter ronco
Nem aquele abraço dar.

Albino Silva,
01100467

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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE MAIO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23307: Blogpoesia (767): Eu não sou poeta, por Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23298 Convívios (930): 48.º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 19 de maio de 2022 - Parte II: caras (lindas) que não se viam há mais de 2 anos; outras aparecem pela 1º vez...

  


Foto nº 9 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Caras lindas que não se viam por aqui há mais de 2 amos: primeiro veio a pandemia, depois vieramas  mazelas do corpo e da alma... A noossa Eisabete Silva, por exemplo, quem diz que em 2013 andava pelos matos e bolanhas da Guiné-Bissau, toda fresca, com o marido,  o nosso dr. Francisco Silva, cirurgião ortopedista, e que depois passou por um grave problema de saúde... Está de volta aos convívios da Tabanca da Linha e com ótima cara... Que bom, ver-te, Elisabete !




Foto nº 10 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Que bom, rever-te, Francisco!.. Temos andado desencontrados, mas cada um à volta dos seus  problemas de saúde... e lambendo, como o cão do balanta. as suas feridas,   Dizem-me que não tens atendido os telefonemas de ninguém...Grande madeiresne, amigo e camarada, as tuas melhoras!... lLha, eu acabo de fazer uma artoplastia total ao joelho esquerdo, no Hospital Ortopédico de Sant'Ana, na Parede... Agora são dois meses de fisiatria...



Foto nº 11 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Assim de repente estou a reconhecer o meu querido amigo e colaborador permanente do blogue, o José Martins, o homem que conhece o Arquivo Histórico Militar quase tão bem como aos cantos da sua casa em Odivelas.  À sua direita, tem  outro indefetível magnífico, que não costuma falhar os convívios da Tabanca da Linha, o ex-sol cond autorrodas da CCAV 2748, Canquelifá, 1970/72, Fancisco Palma... O terceiro elemento, à esquerda, é o José Manuel Lúcio Inácio (Caxias) que veio pela 1ª vez.


Foto nº 12 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Domingos Robalo: também não costuma falhar, vem da outra banda, é só atravessar o Tejo... Ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71, comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda, tem 27 referências no nosso blogue...Respira saúde, o nosso artilheiro!



Foto nº 13 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Da esquerda para a direita, o Arménio Santos, o nosso ex-deputado  e ex-dirigente sindical, que costumava ir a Monte Real, aos Encontros Naconais da Tabanca Grande, com o seu querido amigo, camarada e professor Jorge Cabral; (ii) o Silvério Dias, 1º srgt art ref, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"; e, à sua esquerda, (iii) a "senhora tenente", a  esposa, outra voz muito popular do Programa das Forças Armadas, em Bissau...



Foto nº 14 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Impecável nos seus suspensórios, o António Ramalho que vem "à Linha" sempre que pode,,, à sua direita, o Joaquim da Cruz Coelho (Lisboa) (1ª vez). Acrescenat o Ramalho eem email posterior: "O camarada que está comigo, é um Periquito nestas andanças, é o Fur. Mil Joaquim da Cruz Coelho, que consegui levar, da CCav 2639. Era do meu Gr Comb e desempenhou as funções de responsável pelo reordenamento de Capunga, foi a este nosso camarada que o Gen. Spínola disse:'Você tem mais cara de alferes do que muitos que por aí andam!'...... Os outros estão muito distantes da Linha, só um golpe de sorte os trará cá à capital"...


Foto nº 15 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 20
22 > Carvalho Guerra (Barreiro), vem pela 1ª vez.


Foto nº 16 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Reconheço à esquerda  o cor inf ref Fernando José Estrela Soares (ex-comandante da CCAÇ 2445, Cacine, Cameconde e Có, julho de 1968 / dezembro de 1970). A seu lado, o António Belo (Cadaval), grande poeta que nos maravilha cos as suas poesias temáticas e publicadas na nossa página, acrescenta o Manuel Resende.

Foto nº 17 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Aspeto geral do último andar do restaurante com magnífica vista sobre o Tejo...



Foto nº 18 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 >  Outra vista da sala..



Foto nº 19 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Zé Carioca, com o seu inconfundível bigode, mais a esposa Ilda (que também é "habituée" da Tabanca Linha, o casal vive em Cascais)



Foto nº 20 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > O nosso querido amigo e camarada Carlos Silva, gondomarense, a viver aqui no Sul, e ligado à ONGD Ajuda Amiga; mais o Zé Rodrigues, de Belas (Sintra), ao meio; e à direita o José Jesus (Trajouce / Cascais), que também raramente falha os convívios da Magnífic.


Foto nº 21 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > À esquerda, o Joaquim Nunes Sequeira, o "Sintra", que vive em Colares... Sempre afável, bem disposto, prestável, prazenteiro... É um dos "mais" da Tabanca da Linha... Ao seu lado, não sei quem seja, mas o fotógrafo logo dirá... O seu companehiro de mesa é o Alpoim Almeida Ribeiro (Algés), vem pela  1ª vez.



Foto nº 22 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Raul Folques, um ds her´pis do CTIG, o cor 'comando' ref, que ostenta o peso (e brilho)  de uma Torre  e Espada, e à sua esquerda o veterano Hugo Moura Ferreira.


Foto nº 23  > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 >  O do meio é segu
ramente o Mário Fitas, um dos fundadores da Magnífica Tabanca da Linha. É nosso grã-tabanqueiro: tem 140 referências no nosso blogue. Os outros dois são o José Dionísio e João Coelho (de bigodito), os dois vêm pela 1ª vez.


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação de um seleção de fotos da reportagem feita pelo Manuel Resende (*). 

Como eu não estive lá, por  ter ainda há dias saído do hospital (onde fui fazer uma artroplastia total do joelho esquerdo), embora tenha sido também  "co(n)vidado",  "co(n)vi (t/d)  que declinei, por razões de saúde, ele há caras que não já não consigo identificar de imediato, tendo que recorrer aos "auxiliares de memória" que são os postes anteriores sobre a  Tabanca da Linha. 

Peço que me perdoem os visados e os nossos leitores. As fotos vão, arbitrariamente, numeradas para ajudar o Manuel Resende  (e outros) a completar, nalguns casos, as legendas. (**). Trabalho, entretanto, já feito...