1. Mensagem do nosso tertuliano e camarada Carlos Cordeiro* (ex-combatente em Angola, onde fez a sua comissão como Fur Mil Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71), com data de 17 de Fevereiro de 2010:
Caros Luís e Carlos,
Acabo de assistir ao programa "Estação de Serviço", da RTP-Açores, com a participação telefónica de telespectadores.
A pergunta foi: "considera que Portugal valoriza os seus ex-combatentes"?
Como convidado em estúdio esteve um representante da Associação de ex-combatentes da ilha do Faial.
Contrariamente ao que geralmente acontece no programa, o número de chamadas foi elevadíssimo e, disse o jornalista, muitas ficaram por atender.
Fiquei deveras impressionado com os dramas que foram ali expostos. Revoltei-me com os camaradas que demonstravam grande revolta pelo esquecimento - mesmo o desprezo, como alguns disseram - a que os ex-combatentes são votados pelo Estado.
No fundo, muitas das questões que o blogue tem vindo a tratar foram ali levantadas com a emoção a ficar bem patente nas intervenções de muitos dos ex-combatentes.
Assisti a tudo com grande emoção, sobretudo quando um dos intervenientes denunciou o facto de um deficiente de guerra aguardar há meses que o Estado-Maior do Exército, o ministério, ou seja quem for, resolvam o problema do seu meio de locomoção: uma cadeira de rodas com motor, que avariou e não há maneira de a mandarem consertar ou adquirirem uma nova. Também foi muito doloroso ouvir a irmã de um ex-combatente que morreu em combate e era o sustento da casa.
Mas também devo dizer que tive orgulho, muito orgulho ao verificar que, mais do que queixumes sobre questões pessoais, o que mais abundou foram palavras de viva solidariedade dirigidas aos camaradas em situações de miséria, ostracismo e mesmo marginalidade.
Um abraço amigo do
Carlos Cordeiro
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5372: Agenda cultural: (49): Síntese da minha comunicação no Colóquio Internacional na Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)
Vd. último poste da série de 4 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5765: Blogoterapia (144): Que estou eu aqui a fazer? (Joaquim Mexia Alves)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Guiné 63/74 - P5851: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (1): Silvina Claudino, de 26 anos, uma sobrinha que o 1º Cabo José Antunes Claudino, da CCAÇ 2405, natural de Alcanhões, Santarém, nunca conheceu
1. Comentário de Sílvia Claudino, com data de 12 do corrente, ao poste P5775 (*):
Olá, o meu nome é Silvia Claudino, tenho 26 anos e sou a sobrinha que o primeiro-cabo José Antunes Claudino, da CCaç 2405, nunca conheceu.
O desastre de Cheche tirou a vida a muitos rapazes, incluindo a do meu tio, talvez por culpa de quem os mandou subir, talvez por culpa das águas, talvez por culpa do inimigo. O que é certo é que estes rapazes ainda tinham uma vida pela frente.
Leio constantemente relatos do que aconteceu, talvez para estar um pouco mais perto do meu tio, mas o que é certo é que nunca o vou conhecer, pelo menos não nesta vida. É-me impossível sequer tentar imaginar a dor e o desespero destes homens quando, devido à força da gravidade e do peso que traziam consigo, os puxavam cada vez mais para o fundo deste rio.
Infelizmente esta Guerra está cada vez mais esquecida nas escolas, na aprendizagem das crianças que muitas nem sabem porque é que a Guerra se deu. É como vivemos...
[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
_____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 8 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2819: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (4): 1968-1973 (Fim) (A. Marques Lopes)
(...) José Antunes Claudino, 1.º Cabo / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Alcanhões, Santarém / Corpo não recuperado. (...)
(...) Sobre o desastre do Cheche, no Rio Corubal, no âmbito da Operação Mabecos Bravios, e sobre Madina do Boé, vd. os postes publicados no nosso blogue (1ª e 2ª série). Há ainda uma depoimento do Brigadeiro Hélio Felgas, a publicar em breve, e que nos chegou às mãos por intermédio do Paulo Raposo, ex-Alf Mil da CCAÇ 2405. (...)
O desastre de Cheche tirou a vida a muitos rapazes, incluindo a do meu tio, talvez por culpa de quem os mandou subir, talvez por culpa das águas, talvez por culpa do inimigo. O que é certo é que estes rapazes ainda tinham uma vida pela frente.
Leio constantemente relatos do que aconteceu, talvez para estar um pouco mais perto do meu tio, mas o que é certo é que nunca o vou conhecer, pelo menos não nesta vida. É-me impossível sequer tentar imaginar a dor e o desespero destes homens quando, devido à força da gravidade e do peso que traziam consigo, os puxavam cada vez mais para o fundo deste rio.
Infelizmente esta Guerra está cada vez mais esquecida nas escolas, na aprendizagem das crianças que muitas nem sabem porque é que a Guerra se deu. É como vivemos...
[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 8 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2819: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (4): 1968-1973 (Fim) (A. Marques Lopes)
(...) José Antunes Claudino, 1.º Cabo / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Alcanhões, Santarém / Corpo não recuperado. (...)
(...) Sobre o desastre do Cheche, no Rio Corubal, no âmbito da Operação Mabecos Bravios, e sobre Madina do Boé, vd. os postes publicados no nosso blogue (1ª e 2ª série). Há ainda uma depoimento do Brigadeiro Hélio Felgas, a publicar em breve, e que nos chegou às mãos por intermédio do Paulo Raposo, ex-Alf Mil da CCAÇ 2405. (...)
Guiné 63/74 - P5850: Memória dos lugares (71): Mansambo, CART 2339 (1968/69): Eram uns gajos do caraças!... (Torcato Mendonça)
Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Fotos Falantes III > Foto nº 59 > A famosa Santinha, uma capa de calendário com uma carinha larocas, que ajudava a exorcizar as tensões das noites de emboscada fora do aquartelamento... Em formato extra-largo, pode ver-se melhor a silhueta da HK 21...
Foto: © Torcato Mendonça (2010). Direitos reservados
1. Comentário do Torcato Mendonça, ex-Alf Mill Art, CART 2339 (Mansambo, 1968/69), meio alentejano e meio algarvio, português dos quatro costados, exilado na Cova da Beira, com vista para a Gardunha e a Estrela... (Data: 14 de Janeiro último; poste P5643) (*)
Na madrugada das dez abri o blog... e fugi. Então ele postou o mail...e, ainda por cima, sem a Santinha!!!. Tristeza. Um homem deve ter sempre uma. Vim agora e li os comentários. Não devia escrever mais...só que mando um abraço aos Camaradas: para a gélida Suécia, o Mato Cão onde tanta segurança fiz (Breda tinha eu, bela...) e os barcos que por lá passavam, diziam, ter truque. Logo info antes de cambar...Bater palmas ao belo filme do J. Félix... Dizer que devo uma resposta ao Zé Brás. Belarmino, não é regresso. Estou a tentar acomodar centenas de slides e fotos. Um abração ao JCabral, e ao Luís Graça dizer que...olha já saiu. O que é um "camarada e amigo by- passado?"... E a bomba soluça é do frio."Tou f... ".
Termino dizendo a César Venâncio: não sei se pertence a esta Tertúlia. Por mim exprima-se como entender. Cafre pode ser pejorativo, fez bem em dizer sem ofensa a eles. São Bantos e não só. Os outros, das fotos, o senhor também não ofende. Há vários significados para cafre. Deixo isso a exploração sua, se assim o entender.
Este Grupo de Homens e Militares passaram com dignidade pela guerra na Guiné. Não vieram todos. Mesmo lá, e posteriormente, alguns tiveram vidas diversas de Comando (3ª a 16ª -68/69) a outras guerras...vidas! Se assim viviam, era para sobreviver.
A todos eles, meus Camaradas, vivos ou mortos presto a minha gratidão e eterna amizade. Somos unidos, fortemente unidos.Só alguns compreendem.
Um abraço para todos do TM.
2. Respondi-lhe, eu, L.G., de imediato:
Torcato: Contas-me a história da Santinha e eu publico a foto (editada)... Na nº 59 não vejo HK nenhuma... Falo das Fotos Falantes III.. Um abraço. Luís
PS - O by-passado é um trocadilho, se calhar de mau gosto... I' m sorry. [E seguia foto em anexo, que se publica acima, em formato extra-largo.]
3. Resposta do TM, no mesmo dia:
A Santinha está encostada à HK 21, meio tapada com o meu lenço azul (lenço da 2339).
Fotos 55 e 58. Engano meu, na 59. A solidão, Camarada, e o calendário, a revista, servia para suavizar...só isso. Era duro esperar horas e horas à chuva, em emboscada infrutífera, caminhar noite escura para um objectivo e não saber que encontrar ou quem ia voltar, cair na emboscada e deixar de ser ele e ser a besta e praguejar, insultar e ouvir tuga...tuga...e replicar com filhos de puta...teu pai...tua mãe. Isso era o menos. Isso era o menos... o normal, o normal...era a bestialidade...Esquece camarada e amigo, tu sabes.
Por isso, o melhor: São brincadeiras, boas maneiras de aliviar tensões, à falta de tesões, no meio de certas confusões e mais agora que a Tabanca Grande foi internacionalizada e bem... Da Lapónia de onde vem certamente o Papa Nöel e as renas com os ius ius a tilintar. O José Belo deve saber e na penumbra do dia deu certamente indicações às renas e ao Papa Nöel...está a chegar atrasado a prenda de Natal, O frasco da Alegria, Boa Disposição, Alivia Tensões...Os sexagenários brincarão depois como meninos à volta de uma fogueira...
Adeus, amigo, e um abraço do Torcato
[ Revisão / fixação de texto / bold a cor / título: L.G.]
___________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 14 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5643: Memória dos lugares (68): Os militares eram uns tipos do caraças (Torcato Mendonça, CART 2339, Mansambo, 1968/69)
Foto: © Torcato Mendonça (2010). Direitos reservados
1. Comentário do Torcato Mendonça, ex-Alf Mill Art, CART 2339 (Mansambo, 1968/69), meio alentejano e meio algarvio, português dos quatro costados, exilado na Cova da Beira, com vista para a Gardunha e a Estrela... (Data: 14 de Janeiro último; poste P5643) (*)
Na madrugada das dez abri o blog... e fugi. Então ele postou o mail...e, ainda por cima, sem a Santinha!!!. Tristeza. Um homem deve ter sempre uma. Vim agora e li os comentários. Não devia escrever mais...só que mando um abraço aos Camaradas: para a gélida Suécia, o Mato Cão onde tanta segurança fiz (Breda tinha eu, bela...) e os barcos que por lá passavam, diziam, ter truque. Logo info antes de cambar...Bater palmas ao belo filme do J. Félix... Dizer que devo uma resposta ao Zé Brás. Belarmino, não é regresso. Estou a tentar acomodar centenas de slides e fotos. Um abração ao JCabral, e ao Luís Graça dizer que...olha já saiu. O que é um "camarada e amigo by- passado?"... E a bomba soluça é do frio."Tou f... ".
Termino dizendo a César Venâncio: não sei se pertence a esta Tertúlia. Por mim exprima-se como entender. Cafre pode ser pejorativo, fez bem em dizer sem ofensa a eles. São Bantos e não só. Os outros, das fotos, o senhor também não ofende. Há vários significados para cafre. Deixo isso a exploração sua, se assim o entender.
Este Grupo de Homens e Militares passaram com dignidade pela guerra na Guiné. Não vieram todos. Mesmo lá, e posteriormente, alguns tiveram vidas diversas de Comando (3ª a 16ª -68/69) a outras guerras...vidas! Se assim viviam, era para sobreviver.
A todos eles, meus Camaradas, vivos ou mortos presto a minha gratidão e eterna amizade. Somos unidos, fortemente unidos.Só alguns compreendem.
Um abraço para todos do TM.
2. Respondi-lhe, eu, L.G., de imediato:
Torcato: Contas-me a história da Santinha e eu publico a foto (editada)... Na nº 59 não vejo HK nenhuma... Falo das Fotos Falantes III.. Um abraço. Luís
PS - O by-passado é um trocadilho, se calhar de mau gosto... I' m sorry. [E seguia foto em anexo, que se publica acima, em formato extra-largo.]
3. Resposta do TM, no mesmo dia:
A Santinha está encostada à HK 21, meio tapada com o meu lenço azul (lenço da 2339).
Fotos 55 e 58. Engano meu, na 59. A solidão, Camarada, e o calendário, a revista, servia para suavizar...só isso. Era duro esperar horas e horas à chuva, em emboscada infrutífera, caminhar noite escura para um objectivo e não saber que encontrar ou quem ia voltar, cair na emboscada e deixar de ser ele e ser a besta e praguejar, insultar e ouvir tuga...tuga...e replicar com filhos de puta...teu pai...tua mãe. Isso era o menos. Isso era o menos... o normal, o normal...era a bestialidade...Esquece camarada e amigo, tu sabes.
Por isso, o melhor: São brincadeiras, boas maneiras de aliviar tensões, à falta de tesões, no meio de certas confusões e mais agora que a Tabanca Grande foi internacionalizada e bem... Da Lapónia de onde vem certamente o Papa Nöel e as renas com os ius ius a tilintar. O José Belo deve saber e na penumbra do dia deu certamente indicações às renas e ao Papa Nöel...está a chegar atrasado a prenda de Natal, O frasco da Alegria, Boa Disposição, Alivia Tensões...Os sexagenários brincarão depois como meninos à volta de uma fogueira...
Adeus, amigo, e um abraço do Torcato
[ Revisão / fixação de texto / bold a cor / título: L.G.]
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 14 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5643: Memória dos lugares (68): Os militares eram uns tipos do caraças (Torcato Mendonça, CART 2339, Mansambo, 1968/69)
Guiné 63/74 - P5849: Convívios (191): A Tabanca Pequena em Matosinhos/Porto (Sousa de Castro (1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873)
1. O nosso Camarada Sousa de Castro (*), que foi 1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 18 de Fevereiro de 2010:
A Tabanca Pequena de Matosinhos
Eu estive lá!... Na passada quarta-feira, dia 17 de Fevereiro.
Na 'tabanca pequena' (Matosinhos) e desfrutei de um ambiente fantástico e, também, de vários sabores alimentícios, que nos foram servidos no Restaurante "Milho Rei".
Há muito que esperava uma oportunidade para me deslocar lá. Surgiu pelo convite que nosso tabanqueiro Coutinho Lima (Coronel reformado), me endereçou.
Convivi com todos aqueles que resolveram aparecer para atabancar neste dia: o Marques Lopes, o David Guimarães, o Teixeira (o fermero das bajudas), o Eduardo Campos, o morto-vivo do Quirafo, o Pimentel, o Casimiro (Pirata de Guilege), o Álvaro Bastos da CART3492, do Xitole, e todos os outros de que agora não me recordo do nome (que me perdoem esses)!
Curiosamente, não sei porquê, as conversas iam dar todas à Guiné, quer do tempo da Guerra Colonial, mas também da actualidade.
Para mim foi um dia diferente para melhor, tudo malta fixe. Vou ter de repetir.
Aproveito para agradecer a todos a forma como fui recebido.
Bem hajam!
Abraços e beijinhos (conforme os casos),
Sousa de Castro
1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873
_____________
Notas de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
Guiné 63/74 - P5848: Convívios (190): 19º Convívio da CCaç 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) e dos Pel Caç Nat 52 e 54 (Henrique Matos)
1. O nosso Camarada Henrique Matos, (ex-Comandante do Pel Caç Nat 52 - Enxalé, 1966/68), enviou-nos a seguinte mensagem em 19 de Fevereiro de 2010:
Convívio
19º Convívio da CCaç 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) e dos Pel Caç Nat 52 e 54.
Vai decorrer o 19º convívio da CCaç 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) a que se vão juntar os Pel Caç Nat 52 e 54.
Data: 6 de Março
Local: Restaurante Quinta da Várzea - Coruche
Ponto de encontro: Parque do Sorraia, junto à Praça de Touros a partir das 11 horas
Confirmação das presenças: Até ao dia 28 do corrente
Contactos: Pimentel - 912356339 ou Cunha - 934779181
Abraço grande,
Henrique Matos,
CMDT do Pel Caç Nat 52
Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:
(*) Vd. último poste da série em:
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Guiné 63/74 - P5847: Tabanca Grande (204): Humberto Carneiro Fernandes Duarte, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER do BCAÇ 4514/72, 1973/74
1. O nosso Camarada Humberto Carneiro Fernandes Duarte, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER do BCAÇ 4514/72, Cantanhez - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem, no passado dia 18 de Fevereiro de 2010:
Camaradas,
Passo a apresentar-me à Tabanca Grande:
Em fins de Outubro, início de Novembro de 2009, tive conhecimento que tinha chegado o momento de iniciar a minha última batalha nesta vida terrena.
Para os meus Amigos e Camaradas, aqui vai uma retrospectiva da minha passagem por esta vida.
Quem sou eu?
Nasci a 30 de Abril de 1951, em casa, não sou homem de “aviário”.
Entre os anos de 1962 e 1970/71, estudei no Lar Académico de Filhos de Oficiais e Sargentos - L.A.F.O.S., em Oeiras e, desse tempo, recordo bons tempos e bons amigos.
Cerrei presunto, tinhamos um conjunto no Lar e cheguei a tocar com alguns dos que hoje são conhecidos. Cabelo comprido, olhos azuis … as miúdas ficavam loucas.
A Ana (minha actual esposa), que nessa altura vivia lá para as bandas de Moçambique, diz que ainda bem que era assim, porque nessa altura eu era um “Betinho de Oeiras” e ela nunca gostou, nem gosta de “Betinhos”. Além disso, era contra a guerra, só queria viver e deixar viver os outros.
Só que, ensinaram-me desde miúdo, que era preciso defender o País, como ensinaram muitos outros milhares de portugueses, e eu, tal como eles, fui incorporado na tropa, e, já que tinha de ir para o Ultramar, pesnei que fosse ao menos com a melhor preparação possível e escolhi os “Comandos”.
Já era casado e acabei esse curso em Dezembro, e, como “prémio”, nasceu-me a minha filha em Janeiro de 1973.
Fui integrado na CCS do BCAÇ 4514/72, formado no RI15 (Tomar), e, embarquei em Lisboa, para a Guiné (para a qual fui entretanto mobilizado), em 03 de Abril de 1973. Desembarquei em Bissau, no dia 09 de Abril de 1973.
Regressei a Lisboa em 08 de Setembro de 1975.
Recomecei novamente a minha vida civil, trabalhando na Mobil Oil Portuguesa, e, posteriormente, fui chefe de Departamento de Pessoal na Jamoral de Lisboa…
Ainda passei pela política, trabalhei por conta própria e, a determinada altura, as coisas começaram a não andar muito bem… começando a minha relação familiar a degradar-se dia a dia (nessa altura já tinha mais um filho).
Tendo ido visitar um dos meus antigos Comandantes - o Sr. Coronel Velasco -, fui por este alertado e informado sobre o Stress Pós-traumático de Guerra, dizendo-me que eu estava nitidamente a sofrer as consequências das minhas “férias” na Guiné.
Felizmente, este atento e grande Homem, encaminhou-me no início de um processo como D.F.A. (Deficiente das Forças Armadas), estávamos nós em 1996. O dito processo data de 25 de Fevereiro de 1997, baseado no Decreto Lei 43 de Janeiro/76.
Quando dei por mim, vivia numa casa de 4 assoalhadas, tendo como única companhia um… cão!
Em 1998, encontrei a Ana e depois de algumas “discussões” sobre educação, liberdade e libertinagem… a 9 de Abril desse mesmo ano começámos uma relação.
Quando dei por mim, vivia numa casa de 4 assoalhadas, tendo como única companhia um… cão!
Em 1998, encontrei a Ana e depois de algumas “discussões” sobre educação, liberdade e libertinagem… a 9 de Abril desse mesmo ano começámos uma relação.
Agora, os dois juntos continuámos a batalha contra a adversidade que me tocou. Eu, com novo ânimo, entrei numa nova etapa da minha vida. Reencontrei os meus velhos camaradas…
Finalmente, depois de uma complicado “combate”, em 2000, fui considerado D.F.A com 40% de desvalorização por stress pós-traumático de Guerra.
Podendo optar em ser, ou não, reintegrado nas F. A. (Forças Armadas), optei pelo sim, e, em Agosto de 2002, ingressei no Quadro Permanente da Arma de Infantaria.
Em Dezembro de 2002, conclui o curso de Promoção a Sargento Ajudante de Infantaria, e, em 2003, fui promovido a Sargento-Mor. Sou, ainda hoje, o Sargento-Mor mais antigo das F.A., no activo.
E agora que chegou a minha última batalha desta passagem terrestre, e findo o balanço total, dou-me por satisfeito com os meus defeitos e qualidades.
Não me considero melhor, nem pior que ninguém, mas sim que sou igual “a mim mesmo”.
Consegui, o que poucos Homens conseguem, realizar as coisas que penso serem as mais importantes:
- fazer as pazes com o passado;
- reencontrar antigos Camaradas e Amigos;
- conquistar novas amizades;
- ter uma vida familiar estável e recuperar as ligações familiares anteriores;
- ser um exemplo para os mais novos, que querem seguir a carreira militar, tendo mesmo sido convidado por alguns para lhes impor as Boinas das suas especilaidades.
E, finalmente, mas não menos importante:
- ter convencido a Ana a casar comigo (de papel passado como ela diz), para lhe deixar o futuro assegurado.
Quem por estes factos, ou fotos, me reconhecer, e quiser entrar em contacto comigo, ligue para: 916 716 812.
Legendas das fotos
Foto 1 – Na véspera da partida o meu avô deu-me conselhos e desejou-me sorte
Foto 2 – No Uíge a caminho da Guiné, com a foto da minha esposa e filha, escrevendo-lhes uma carta
Foto 3 – Manuseando uma bazuca para a foto
Foto 4 – Com em abutre morto
Foto 5 – Conversando e fumando com 2 camaradas
Foto 6 – Comida faltava muitas vezes, mas a cervejinha havia sempre
Foto 7 – À porta do meu bura… ko!
Foto 8 – Com um morteiro de 60 mm à porta do meu bura… ko!
Foto 9 – Reconhecimento de uma zona onde fomos atacados e capturamos armamento ao IN
Foto 10 – Numa zona onde fomos atacados
Foto 11 – Num convívio com o pessoal, onde estou com um dedo partido (ao municiar e disparar um morteiro de 60 mm sozinho)
Um Bem Haja para todos e um Abraço Amigo,
Humberto Duarte
Fur Mil Op Esp/RANGER do BCAÇ 4514
E-mail de contacto: morduarte@hotmail.com
2. Amigo e Camarada RANGER Humberto Duarte, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, quero dizer-te que é sempre com alegria que recebemos notícias de mais um Camarada-de-armas, especialmente, se o mesmo andou fardado por terras da Guiné, entre 1962 e 1974, tenha ele estado no “ar condicionado” de Bissau, ou no mais recôndito e “confortável” bura… ko de uma bolanha.
Tal como o Luís Graça já referiu inúmeras vezes, em anteriores textos colocados em postes no blogue, todos aqueles que constituíram a geração dos “guerreiros” do Império, temos alguma coisa a contar para memória futura e colectiva, deste período sangrento da História de Portugal, que foi a Guerra do Ultramar.
Foram 12 anos de manutenção de um legado histórico, à custa de muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sofrimento, morte…
Como se não tivesse bastado, sofremos nos últimos 35 anos com o modo como os políticos portugueses nos tratam. Nós que, nos nossos 21/22/23 anos, demos o nosso melhor, como podíamos e sabíamos, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos, feitos no lodo, em meios completamente hostis e perigosíssimos, sob vários aspectos, onde, além dos combates com o IN, enfrentávamos as traiçoeiras minas e armadilhas, e ainda tínhamos as doenças a apoquentar-nos (paludismos, disenterias, micoses, etc.).
Nós até nem pedimos muito além de respeito e dignidade, que todos nós merecemos pelo que demos a esta Pátria, queríamos, e continuamos a querer, no mínimo, que os nossos doentes, física e psicologicamente, sejam tratados condigna e adequadamente.
Oferecendo-te então as nossas melhores boas-vindas, ficamos a aguardar que nos contes estórias, que ainda recordes dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc. e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos aqui.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
16 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5823: Tabanca Grande (203): Domingos Fonseca, o arqueólogo e hoje comandante de Guileje
Guiné 63/74 - P5846: (Ex)citações (58): O dia dos meus 95 anos ficará gravado no meu coração (Clara Schwarz)
1. Mensagem que a nossa amiga Clara Schwarz, [, foto à esquerda, em 1947, em Lisboa, no Chiado, com o "amor da sua vida", Artur Augusto da Slva, advogado e escritor] nos mandou, com data de hoje, agradecendo, a todos os amigos e camaradas da Guiné, os votos de parabéns, saúde e felicidade que lhe enviaram por ocasião do seu 95º aniversário...
Ela é, a partir de 14 de Fevereiro de 2010 (*), a verdadeira Mulher Grande da nossa Tabanca Grande, honrando-nos com a sua presença tutelar, a sua cultura, o seu espírito de humor, a sua sabedoria, a sua guineidade, o seu exemplo, a sua alegria de viver:
Ela é, a partir de 14 de Fevereiro de 2010 (*), a verdadeira Mulher Grande da nossa Tabanca Grande, honrando-nos com a sua presença tutelar, a sua cultura, o seu espírito de humor, a sua sabedoria, a sua guineidade, o seu exemplo, a sua alegria de viver:
Caros amigos Luis e Alice:
O dia dos meus 95 anos ficará gravado no meu coração, enquanto andar por este mundo, porque alguém, muito amigo, decidiu fazer um post em minha homenagem nesse dia.
Tantas palavras tão belas, tantos elogios! Será que os mereço?
Agradeço muitíssimo e peço-lhe que transmita a todos os que participam, no blogue, a minha emoção ao acompanhar a sua leitura.
Um abraço em que envolvo a Alice e os vossos queridos filhos.
Clara
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O dia dos meus 95 anos ficará gravado no meu coração, enquanto andar por este mundo, porque alguém, muito amigo, decidiu fazer um post em minha homenagem nesse dia.
Tantas palavras tão belas, tantos elogios! Será que os mereço?
Agradeço muitíssimo e peço-lhe que transmita a todos os que participam, no blogue, a minha emoção ao acompanhar a sua leitura.
Um abraço em que envolvo a Alice e os vossos queridos filhos.
Clara
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Nota de L.G.:
Guiné 63/74 - P5845: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (3): Operação Grande Ronco (1)
1. Mensagem de Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 17 de Fevereiro de 2010:
Camaradas e amigos, Luís Graça e co-editores, saudações guinéuas e “manga di mantenhas” deste algarvio.
Para que situações de maior relevância, da deslocação da CCaç 2381, de Ingoré para Aldeia Formosa, fiquem concluídas e numa forma resumida, seguem quanto baste algumas “estórias” do meu conhecimento e com intervenção activa, e serão ilustradas com fotos.
A coluna auto efectuada pela estrada Buba – Sinchã Cherno – Mampatá - Aldeia Formosa (Quebo), de 25 a 26/Jul68, denominada a Operação “Grande Ronco,” que ficou conhecida pelas NT como a coluna dos três obuses e para o IN a coluna das três chaminés.
Com um grande abraço deste amigo e camarada, subscrevo-me,
Arménio Estorninho
Ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas,
Um Maioral
Operação Grande Ronco (1)
Parte 1
Todavia em Buba, os dias 23 e 24/Jul68 foram para executar o carregamento das viaturas com mantimentos, combustíveis, munições e bem como atrelar os obuses 14cm, que iriam incorporar a coluna para a Aldeia Formosa (Quebo).
No entanto, por fuga de informação, ouvia-se à surdina que o Major Carlos Fabião tinha dado conhecimento ao COMCHEF do inconveniente de fazer-se o percurso pela estrada de Sinchã Cherno - Mampatá, e que previam-se grandes dificuldades.
Dando como certo, o mau estado da estrada devido também à época das chuvas, aliado a estar minada, a pontes destruídas, e tendo em conta que há vários meses que não era usada pelas NT e nem patrulhada, o itinerário aconselhado seria pela estrada de cima, Buba - Nhala – Uane - Mampatá – Aldeia Formosa (Quebo), sendo o que tem sido utilizado e com condições para melhor progredir.
O Coronel Hipólito recebeu a mensagem “rádio,” dirigiu-se ao COMCHEF e transmitiu a dita.
O General António de Spínola retorquira como foi por informação do Comando de Buba, portanto não viu, por isso irá confirmar incorporando a coluna e como tal, são ordens para cumprir.
Por conseguinte o Coronel Hipólito chegara a Buba, por via aérea, trajando de camuflado com apresentação de pouco uso e numa situação inesperada.
Os diálogos que chegaram ao conhecimento, na sua essência são realçados e ajustam-se também aos factos que presenciara.
A 25Jul68 ao amanhecer e sob o Comando do Coronel Hipólito, organizou-se a coluna auto composta de 30 viaturas (foto 1) e denominada “Operação Grande Ronco”, em que a força executante era constituída pelas unidades a seguir indicadas:
- Dois GCOMB da CCaç 1792 - “Os Lenços Azuis”, sob o Comando do Capitão de Art Ricardo Rei;
- Dois GCOMB e Pelotão de Comando e Serviços da CCaç 2381, sob o comando do Capitão Mil Jacinto Aidos, hoje Coronel;
- Um Pelotão de Caçadores Africanos;
- Pelotão Fox 2022;
- Pelotão dos Morteiros 1242;
- Havia ainda o apoio aéreo de um DO27 e dois Bombardeiros T6.
Foto 1 > Guiné-Bissau> Região de Quinara> Buba> 1968; Uma viatura GMC, aguardando para fazer parte da coluna e em fundo o depósito de água. Em cima do capô na esquerda estou eu sentado, ao lado está um soldado condutor da CCaç 2382 e que voltei a vê-lo passados 41 anos, num almoço em Abrantes.
No momento opinado são dadas ordens para o início da marcha da coluna e pelo itinerário que foi imposto por teimosia do COMCHEF, lá seguimos nas calmas e segurança, ao ritmo da montagem da ponte móvel, da picagem da estrada e levantamentos de minas.
Contudo no percurso apanhámos um ataque de abelhas africanas (in wikipédia), idênticas a outras que existem no Algarve e que se chamam de “vespas serrenhas,” que se organizam em enxames, acolhessem-se em tocas e quando atacam fazem-no com grande profusão.
Como foram incomodadas atacaram a malta, causando alguma surpresa e havendo um certo descontrolo, tendo havido a suspeição do IN e por isso foram tomadas precauções de defesa.
Na ocasião, estando debaixo de uma árvore da chuva e casualmente, tinha colocado na cabeça a rede verde mosqueiro. Concluímos depois que as abelhas foram incomodadas, por um militar africano e pelo motivo de ter ido ao WC no mato. Estou a vê-lo a gritar e com pernas para que as quero, vindo do nosso lado direito, perseguido e a sacudir as abelhas, tendo eu moderado os movimentos e assim não me afectaram (experiência das brincadeiras com as vespas dos beirais).
Todavia o apoio aéreo detectara a presença do IN nas proximidades da coluna, e por via rádio foi dado o alerta, ficando nós na expectativa da iminência de emboscada e na preparação da pronta reacção (foto 2).
Chegámos à bifurcação de Sinchã Cherno, no desvio para Empada e Catió, com muitos atrasos na progressão.
Foto 2 – Guiné - Bissau> Região de Quinara > Sector de Buba > 1968 > Uma Secção da CCaç 2381, em progressão pelo flanco da testa de uma coluna.
À passagem por Sinchã Sherno, a 5.ª viatura, a do rádio das transmissões, desviou-se do trilho das que a antecediam e accionou por acidente uma mina AC (foto 8), tendo causado três feridos, em que o Operador do Rádio veio a morrer.
No momento do acidente, o Capitão Ricardo Rei ia de boleia na carroçaria da viatura e fora projectado “saltando-lhe o quico,” ficando todo mascarado de lama negra, pálido e confuso.
Foto 8 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Aldeia Formosa (Quebo) > 1968 > O que restou do Unimog sinistrado pela mina a/c (agora com colocação de rodado), a ser rebocado para a oficina(em fundo) a fim de ser desmantelado para peças sobressalentes. Na viatura, em cima e da esquerda, sou eu e os restantes são da CCaç 1792, o ex-1.º Cabo Condutor Auto, o ex-1º Cabo Mecânico Auto e um Condutor Auto; Em baixo, o ex-1.º Cabo Mecânico Auto José Luís Moreira, da minha Secção, e um Soldado da CCaç 1792.
Relativamente ao meu posicionamento na coluna, dado que era Mecânico Auto, foi minha a escolha de seguir de permeio da 6.ª viatura que levava um dos obuses e a 7.ª que ia carregada de cervejas, movimentando-me até à testa da coluna, por considerar a posição com mais concentração de pessoal e potencial de armas.
Condição que me permitira ocasionalmente ver a montagem da ponte móvel e o atrelar para reboque da viatura sinistrada.
Na circunstância, levei uma chamada de atenção pelo Comandante da Coluna, porque é que que eu não estava munido com a G3, e informei que esta ficara na viatura. No diálogo havido justifiquei, que na situação deparada não tinha condição de transportar uma caixa com ferramenta, com cerca de 25kg e também uma barra de ferro, caso levasse a arma em bandoleira seria uma grande atrapalhação. Concordou mas não muito convencido.
Presenciei os feridos a serem tratados, na difícil circunstância de emergência e primeiros socorros, com as intervenções dos Enfermeiros ex-1.ºs Cabos, Jorge Catarino (foto 3) e Zé Teixeira, da CCaç 2381 e outro decerto que pertencia à CCaç 1792.
Foto 3 > Guiné-Bissau> Região de Quinara> Sector de Buba> 1968;
Ex-1.º Cabo Enf Jorge Catarino, de Cardigos – Amêndoa, passando algures por uma bolanha e com a sacola dos primeiros socorros.
Nada mais incomoda a quem trabalha, senão a presença daqueles que nada fazem, e por isso fui posicionar-me no meu lugar de referência.
Contudo com o aproximar do pôr-do-sol fez-se silêncio, depois passara um camarada e transmitiu que o radiotelegrafista morrera. Esta fora uma situação que afectara a todos. Sentíamo-nos impotentes, pois poderia também vir a ser a nossa vez.
Não havendo comunicações com o exterior, estávamos isolados num teatro de guerra e não era viável qualquer solução com os rádios bananas.
Antes do acidente e dada a hora, o apoio aéreo regressara a Bissau (foto 4). Inversamente, não éramos procurados por falta de condições de orientação nocturna e de segurança.
Como foi possível fazer-se uma coluna – auto tão extensa e em condições tão difíceis, só com um Rádio de Transmissões e infelizmente foi no que deu. Para grandes males grandes remédios e a partir desta situação já começara a haver o equipamento de dois rádios.
Foto 4 > Guiné-Bissau> DO 27 de regresso à Base Aérea n.º 12 – Bissalanca.
Com a chegada da noite não haviam condições para prosseguir a picagem para detecção de minas e o campo de visão era quase nulo para intervenção, devido às projecções dos faróis das viaturas e ficaríamos em zona iluminada. Ordem para ficarmos estacionados e em posição de defesa, ninguém fuma, nem está de pé, luzes apagadas e silêncio total.
Alta noite estando cansado, mal alimentado (uma ração de combate) e sacando as cervejas que estavam ali à mão no camião (e foram muitos os que fizeram o mesmo), fiquei emboscado num grupo de quatro camaradas, sendo dois metropolitanos e dois africanos. Por conseguinte estando estendido no capim, deu-me uma pancada de sono e combinámos fazermos turnos de duas horas, ficando dois de atalaia, sendo um metropolitano e um africano.
De madrugada aparecera um “pobre rato tágafe” (termo depreciativo algarvio), em que pelas cervejas em falta na viatura e dado que estava ao pé da mesma, era eu o responsável, segundo ele.
(Continua)
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5699: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (2): Deslocação de Ingoré para Quebo
Camaradas e amigos, Luís Graça e co-editores, saudações guinéuas e “manga di mantenhas” deste algarvio.
Para que situações de maior relevância, da deslocação da CCaç 2381, de Ingoré para Aldeia Formosa, fiquem concluídas e numa forma resumida, seguem quanto baste algumas “estórias” do meu conhecimento e com intervenção activa, e serão ilustradas com fotos.
A coluna auto efectuada pela estrada Buba – Sinchã Cherno – Mampatá - Aldeia Formosa (Quebo), de 25 a 26/Jul68, denominada a Operação “Grande Ronco,” que ficou conhecida pelas NT como a coluna dos três obuses e para o IN a coluna das três chaminés.
Com um grande abraço deste amigo e camarada, subscrevo-me,
Arménio Estorninho
Ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas,
Um Maioral
Operação Grande Ronco (1)
Parte 1
Todavia em Buba, os dias 23 e 24/Jul68 foram para executar o carregamento das viaturas com mantimentos, combustíveis, munições e bem como atrelar os obuses 14cm, que iriam incorporar a coluna para a Aldeia Formosa (Quebo).
No entanto, por fuga de informação, ouvia-se à surdina que o Major Carlos Fabião tinha dado conhecimento ao COMCHEF do inconveniente de fazer-se o percurso pela estrada de Sinchã Cherno - Mampatá, e que previam-se grandes dificuldades.
Dando como certo, o mau estado da estrada devido também à época das chuvas, aliado a estar minada, a pontes destruídas, e tendo em conta que há vários meses que não era usada pelas NT e nem patrulhada, o itinerário aconselhado seria pela estrada de cima, Buba - Nhala – Uane - Mampatá – Aldeia Formosa (Quebo), sendo o que tem sido utilizado e com condições para melhor progredir.
O Coronel Hipólito recebeu a mensagem “rádio,” dirigiu-se ao COMCHEF e transmitiu a dita.
O General António de Spínola retorquira como foi por informação do Comando de Buba, portanto não viu, por isso irá confirmar incorporando a coluna e como tal, são ordens para cumprir.
Por conseguinte o Coronel Hipólito chegara a Buba, por via aérea, trajando de camuflado com apresentação de pouco uso e numa situação inesperada.
Os diálogos que chegaram ao conhecimento, na sua essência são realçados e ajustam-se também aos factos que presenciara.
A 25Jul68 ao amanhecer e sob o Comando do Coronel Hipólito, organizou-se a coluna auto composta de 30 viaturas (foto 1) e denominada “Operação Grande Ronco”, em que a força executante era constituída pelas unidades a seguir indicadas:
- Dois GCOMB da CCaç 1792 - “Os Lenços Azuis”, sob o Comando do Capitão de Art Ricardo Rei;
- Dois GCOMB e Pelotão de Comando e Serviços da CCaç 2381, sob o comando do Capitão Mil Jacinto Aidos, hoje Coronel;
- Um Pelotão de Caçadores Africanos;
- Pelotão Fox 2022;
- Pelotão dos Morteiros 1242;
- Havia ainda o apoio aéreo de um DO27 e dois Bombardeiros T6.
Foto 1 > Guiné-Bissau> Região de Quinara> Buba> 1968; Uma viatura GMC, aguardando para fazer parte da coluna e em fundo o depósito de água. Em cima do capô na esquerda estou eu sentado, ao lado está um soldado condutor da CCaç 2382 e que voltei a vê-lo passados 41 anos, num almoço em Abrantes.
No momento opinado são dadas ordens para o início da marcha da coluna e pelo itinerário que foi imposto por teimosia do COMCHEF, lá seguimos nas calmas e segurança, ao ritmo da montagem da ponte móvel, da picagem da estrada e levantamentos de minas.
Contudo no percurso apanhámos um ataque de abelhas africanas (in wikipédia), idênticas a outras que existem no Algarve e que se chamam de “vespas serrenhas,” que se organizam em enxames, acolhessem-se em tocas e quando atacam fazem-no com grande profusão.
Como foram incomodadas atacaram a malta, causando alguma surpresa e havendo um certo descontrolo, tendo havido a suspeição do IN e por isso foram tomadas precauções de defesa.
Na ocasião, estando debaixo de uma árvore da chuva e casualmente, tinha colocado na cabeça a rede verde mosqueiro. Concluímos depois que as abelhas foram incomodadas, por um militar africano e pelo motivo de ter ido ao WC no mato. Estou a vê-lo a gritar e com pernas para que as quero, vindo do nosso lado direito, perseguido e a sacudir as abelhas, tendo eu moderado os movimentos e assim não me afectaram (experiência das brincadeiras com as vespas dos beirais).
Todavia o apoio aéreo detectara a presença do IN nas proximidades da coluna, e por via rádio foi dado o alerta, ficando nós na expectativa da iminência de emboscada e na preparação da pronta reacção (foto 2).
Chegámos à bifurcação de Sinchã Cherno, no desvio para Empada e Catió, com muitos atrasos na progressão.
Foto 2 – Guiné - Bissau> Região de Quinara > Sector de Buba > 1968 > Uma Secção da CCaç 2381, em progressão pelo flanco da testa de uma coluna.
À passagem por Sinchã Sherno, a 5.ª viatura, a do rádio das transmissões, desviou-se do trilho das que a antecediam e accionou por acidente uma mina AC (foto 8), tendo causado três feridos, em que o Operador do Rádio veio a morrer.
No momento do acidente, o Capitão Ricardo Rei ia de boleia na carroçaria da viatura e fora projectado “saltando-lhe o quico,” ficando todo mascarado de lama negra, pálido e confuso.
Foto 8 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Aldeia Formosa (Quebo) > 1968 > O que restou do Unimog sinistrado pela mina a/c (agora com colocação de rodado), a ser rebocado para a oficina(em fundo) a fim de ser desmantelado para peças sobressalentes. Na viatura, em cima e da esquerda, sou eu e os restantes são da CCaç 1792, o ex-1.º Cabo Condutor Auto, o ex-1º Cabo Mecânico Auto e um Condutor Auto; Em baixo, o ex-1.º Cabo Mecânico Auto José Luís Moreira, da minha Secção, e um Soldado da CCaç 1792.
Relativamente ao meu posicionamento na coluna, dado que era Mecânico Auto, foi minha a escolha de seguir de permeio da 6.ª viatura que levava um dos obuses e a 7.ª que ia carregada de cervejas, movimentando-me até à testa da coluna, por considerar a posição com mais concentração de pessoal e potencial de armas.
Condição que me permitira ocasionalmente ver a montagem da ponte móvel e o atrelar para reboque da viatura sinistrada.
Na circunstância, levei uma chamada de atenção pelo Comandante da Coluna, porque é que que eu não estava munido com a G3, e informei que esta ficara na viatura. No diálogo havido justifiquei, que na situação deparada não tinha condição de transportar uma caixa com ferramenta, com cerca de 25kg e também uma barra de ferro, caso levasse a arma em bandoleira seria uma grande atrapalhação. Concordou mas não muito convencido.
Presenciei os feridos a serem tratados, na difícil circunstância de emergência e primeiros socorros, com as intervenções dos Enfermeiros ex-1.ºs Cabos, Jorge Catarino (foto 3) e Zé Teixeira, da CCaç 2381 e outro decerto que pertencia à CCaç 1792.
Foto 3 > Guiné-Bissau> Região de Quinara> Sector de Buba> 1968;
Ex-1.º Cabo Enf Jorge Catarino, de Cardigos – Amêndoa, passando algures por uma bolanha e com a sacola dos primeiros socorros.
Nada mais incomoda a quem trabalha, senão a presença daqueles que nada fazem, e por isso fui posicionar-me no meu lugar de referência.
Contudo com o aproximar do pôr-do-sol fez-se silêncio, depois passara um camarada e transmitiu que o radiotelegrafista morrera. Esta fora uma situação que afectara a todos. Sentíamo-nos impotentes, pois poderia também vir a ser a nossa vez.
Não havendo comunicações com o exterior, estávamos isolados num teatro de guerra e não era viável qualquer solução com os rádios bananas.
Antes do acidente e dada a hora, o apoio aéreo regressara a Bissau (foto 4). Inversamente, não éramos procurados por falta de condições de orientação nocturna e de segurança.
Como foi possível fazer-se uma coluna – auto tão extensa e em condições tão difíceis, só com um Rádio de Transmissões e infelizmente foi no que deu. Para grandes males grandes remédios e a partir desta situação já começara a haver o equipamento de dois rádios.
Foto 4 > Guiné-Bissau> DO 27 de regresso à Base Aérea n.º 12 – Bissalanca.
Com a chegada da noite não haviam condições para prosseguir a picagem para detecção de minas e o campo de visão era quase nulo para intervenção, devido às projecções dos faróis das viaturas e ficaríamos em zona iluminada. Ordem para ficarmos estacionados e em posição de defesa, ninguém fuma, nem está de pé, luzes apagadas e silêncio total.
Alta noite estando cansado, mal alimentado (uma ração de combate) e sacando as cervejas que estavam ali à mão no camião (e foram muitos os que fizeram o mesmo), fiquei emboscado num grupo de quatro camaradas, sendo dois metropolitanos e dois africanos. Por conseguinte estando estendido no capim, deu-me uma pancada de sono e combinámos fazermos turnos de duas horas, ficando dois de atalaia, sendo um metropolitano e um africano.
De madrugada aparecera um “pobre rato tágafe” (termo depreciativo algarvio), em que pelas cervejas em falta na viatura e dado que estava ao pé da mesma, era eu o responsável, segundo ele.
(Continua)
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5699: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (2): Deslocação de Ingoré para Quebo
Guiné 63/74 - P5844: Agenda Cultural (59): “O primeiro fotógrafo de guerra português: José Henrique de Melo. Guiné: Campanhas 1907-1908” (Beja Santos)
1. Mensagem/Convite do nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Fevereiro de 2010:
25 de Fevereiro de 2010
CONVITE
Camaradas,
Estão todos convidados para o lançamento do livro sobre um momento histórico da Guiné, já fiz a recensão, quem puder, tem tudo a ganhar escutando os mestres!
Com o título: “O primeiro fotógrafo de guerra português: José Henrique de Melo. Guiné: Campanhas 1907-1908”, esta obra é da autoria conjunta de Mário Matos e Lemos e Alexandre Ramires.
Um abraço,
M. Beja Santos
Alf Mil At Inf Cmdt do Pel Caç Nat 52
____________
Nota de M.R.:
(*) Vd. último poste da série em:
Guiné 63/74 - P5843: O Nosso Livro de Visitas (83): António Carlos Ferreira, ex-Fur Mil Mortágua, Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)
1. Mensagem que nos chegou em 13 do corrente, assinada por António Carlos Ferreira:
1:00h da manhã, um copo de whisky na mão, a mente preversa, veio-me à memoria as noites em que tal acontecia quer em Bafatá, Piche ou Aldeia Formosa, à espera dos very-lights para nos por à prova à nossa coragem.
Recordando o encontro que tive com o Marcelino da Mata no meio da floresta que liga Nova Lamego a Piche, surgiu-me a ideia de pesquisar na Internet algo que me avivasse a memória. Fui surprendido com o texto do Luis Graça [, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]. Fiquei maravilhado porque o nosso contributo por uma cousa nunca será esquecido. Aguardo notícias.
António Carlos Ferreira (ex-furriel Mortágua)
Proprietário da Adega Típica A Pharmácia,
Rua Brasil 81/85
Coimbra
E-mail: adegapharmacia@gmail.com
telm: 917213076 / telef 239 404 609
2. Comentário de L.G.:
Acabei de falar, ao telefone, com o nosso camarada António Carlos Ferreira, que pertenceu ao Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74). Ficou visivelmente feliz. Contou-me que bateu, com as suas Chaimites, a zona leste (Bafatá, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, Buruntuma), mas também andou pelo sul (estava em Aldeia Formosa, no 25 de Abril de 1974; quando foi da entrega do aquartelamento ao PAIGC, em Agosto de 1974, estava em Bissau, de regresso de férias, não tendo por isso voltado a Aldeia Formosa).
Na estrada de Piche-Lamego, recorda uma das emboscadas, antes do 25 de Abril, que sofreu uma coluna auto, com cerca de 30 viaturas... À frente da coluna, ia uma Chaimite (**). A viatura parou a um movimento suspeito. Uma roquetada apanhou um ângulo morto do blindado que se incendiou. Morreram dois furriéis, na altura...
O Mortágua (nome de guerra do António, sendo Mortágua a sua terra natal) aceitou o meu convite para se juntar a nós, na Tabanca Grande. Tem inúmeros slides que vai procurar digitalizar. Fiquei de passar pela sua Pharmácia, numa próxima visita a Coimbra. O restaurante fica na freguesia da Sé Velha, perto da Universidade
Em relação ao Esq Rec Fox 8840, verifico que há aqui, no nosso blogue, pelo menos uma referência (*). O Mortágua falou-me também dos nomes de dois camaradas do Esquadrão, o Bernardino Silva (que costuma organizar os encontros anuais da unidade) e o Serrano, que era o Fir Mil Enf (hoje, inspector do ensino superior, reformado). E ainda do comandante, o Cap Cav Carvalhais, que era filho do Comandante da GNR.
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 15 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2442: O Nosso Livro de Visitas (3): Carmindo Pereira Bento, Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)
(...) Sou ex-militar do Esquadrão de Reconhecimento Fox 8840. Estive lá no início de 1973 até perto do fim do ano de 1974.
Tenho histórias a contar como vocês contam as vossas. Tivemos lá dos maiores atentados registados até essa data. Lamento principalmente o meu ex-capitão e comandante Carvalhais do Esquadrão de Cavalaria 8840 (hoje coronel) nada registar na Internet.
Não vos conheço mas gostaria de ter contacto convosco para vocês conhecerem o meu Esquadrão e recordarmos por onde e como passamos.
Um abraço...
Para meu contacto: Carmindo Pereira Bento.
Restaurante Ângulo-Real
2425-022 Monte-Real- Leiria.
(**) Foto de Chaimite (acima): Cortesia do sítio Guerra Colonial. Sobre as Chaimites, há pelo menos dois postes no nosso blogue.
1:00h da manhã, um copo de whisky na mão, a mente preversa, veio-me à memoria as noites em que tal acontecia quer em Bafatá, Piche ou Aldeia Formosa, à espera dos very-lights para nos por à prova à nossa coragem.
Recordando o encontro que tive com o Marcelino da Mata no meio da floresta que liga Nova Lamego a Piche, surgiu-me a ideia de pesquisar na Internet algo que me avivasse a memória. Fui surprendido com o texto do Luis Graça [, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]. Fiquei maravilhado porque o nosso contributo por uma cousa nunca será esquecido. Aguardo notícias.
António Carlos Ferreira (ex-furriel Mortágua)
Proprietário da Adega Típica A Pharmácia,
Rua Brasil 81/85
Coimbra
E-mail: adegapharmacia@gmail.com
telm: 917213076 / telef 239 404 609
2. Comentário de L.G.:
Acabei de falar, ao telefone, com o nosso camarada António Carlos Ferreira, que pertenceu ao Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74). Ficou visivelmente feliz. Contou-me que bateu, com as suas Chaimites, a zona leste (Bafatá, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, Buruntuma), mas também andou pelo sul (estava em Aldeia Formosa, no 25 de Abril de 1974; quando foi da entrega do aquartelamento ao PAIGC, em Agosto de 1974, estava em Bissau, de regresso de férias, não tendo por isso voltado a Aldeia Formosa).
Na estrada de Piche-Lamego, recorda uma das emboscadas, antes do 25 de Abril, que sofreu uma coluna auto, com cerca de 30 viaturas... À frente da coluna, ia uma Chaimite (**). A viatura parou a um movimento suspeito. Uma roquetada apanhou um ângulo morto do blindado que se incendiou. Morreram dois furriéis, na altura...
O Mortágua (nome de guerra do António, sendo Mortágua a sua terra natal) aceitou o meu convite para se juntar a nós, na Tabanca Grande. Tem inúmeros slides que vai procurar digitalizar. Fiquei de passar pela sua Pharmácia, numa próxima visita a Coimbra. O restaurante fica na freguesia da Sé Velha, perto da Universidade
Em relação ao Esq Rec Fox 8840, verifico que há aqui, no nosso blogue, pelo menos uma referência (*). O Mortágua falou-me também dos nomes de dois camaradas do Esquadrão, o Bernardino Silva (que costuma organizar os encontros anuais da unidade) e o Serrano, que era o Fir Mil Enf (hoje, inspector do ensino superior, reformado). E ainda do comandante, o Cap Cav Carvalhais, que era filho do Comandante da GNR.
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 15 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2442: O Nosso Livro de Visitas (3): Carmindo Pereira Bento, Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)
(...) Sou ex-militar do Esquadrão de Reconhecimento Fox 8840. Estive lá no início de 1973 até perto do fim do ano de 1974.
Tenho histórias a contar como vocês contam as vossas. Tivemos lá dos maiores atentados registados até essa data. Lamento principalmente o meu ex-capitão e comandante Carvalhais do Esquadrão de Cavalaria 8840 (hoje coronel) nada registar na Internet.
Não vos conheço mas gostaria de ter contacto convosco para vocês conhecerem o meu Esquadrão e recordarmos por onde e como passamos.
Um abraço...
Para meu contacto: Carmindo Pereira Bento.
Restaurante Ângulo-Real
2425-022 Monte-Real- Leiria.
(**) Foto de Chaimite (acima): Cortesia do sítio Guerra Colonial. Sobre as Chaimites, há pelo menos dois postes no nosso blogue.
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