1. Em Mensagem do dia 8 de Fevereiro de 2010, o nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo)* (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), enviou-nos esta sua Memória:
Memórias
Em tempos, o Branquinho escreveu sobre o acolhimento que era dado, na Messe de Oficiais do Q.G., aos Alferes do Mato que por qualquer motivo iam a Bissau, pelos Alferes que estavam de serviço ao ar condicionado. Na altura era para deixar um comentário, mas achei que dava para poste e por duas razões.
Se for o caso, aqui vai.
Por duas vezes, fui acolhido em estadia mais prolongada, no Q.G. Logicamente que a minha messe era a dos Sargentos. Sinceramente, não notei o mesmo tipo de acolhimento que aconteceu ao Branquinho lá na dos oficiais. Claro que havia piadas, mas mais do género de passar um tempo em conversa e nunca de exclusão ou superioridade. Conheci malta do ar condiccionado, entre eles rapazes do hóquei, por exemplo o Salema e o Ramalhete mais novo (o mais velho foi meu colega de curso em Vendas Novas) que me acompanharam muitas vezes por Bissau by night.
Consegui regressar à Metrópole com 3 (três) Guias de Marcha.
Fim do comissão, aguardava em Bissau o representante do pelotão que nos vinha render - diga-se de passagem, um óptimo rapaz, pois acreditou em tudo que lhe entreguei para assinar e de cruz o fez, e não o aldrabei - e também fazer aqueles espólios todos.
Estive adido para efeitos de apresentação e serviços (que nunca fiz nenhum) aos Adidos. Para efeitos de alimentação e dormida estive no Q.G. Pois bem, duas das Guias de Marcha foram-me conseguidas por furriéis milicianos, por rendição individual. Uma dos Adidos e a outra do Q.G. É certo que apresentei as folhinhas, num lado e noutro, com as 12 ou 14 assinaturas que eram precisas para nos libertar. Não me perguntem mais pormenores, porque não lembro. A terceira Guia de Marcha, foi-me conseguida pelo Alferes Luís Xarez, meu Comandante de pelotão, incluída na geral do pelotão.
Acrescento ainda que a do Q.G. foi-me entregue em mão na caserna, estava eu a vestir-me para jantar, poucas horas antes de entrar no Niassa, por um Furriel Mil.creio que era da 4ª REP, a do pessoal.
Em tempos escrevi que um dos temas para lembrarmos aqui, poderia ser a música ou as canções que nos marcaram durante a comissão.
Então, o meu aderir ao Fado começou verdadeiramente numas conversas e explicações com a viola de um Furriel na messe de Sargentos. Que estava em comissão no ar condicionado de Bissau. E quem me levou ao Barco foi um outro furriel, outro fadista, o Freire, que pediu um jipe emprestado para me carregar as malas.
Este escrito não é para comparar classes militares. E muito menos entre milicianos. Mas talvez a dos furriéis fossem mais terra a terra, mais unidos.
Um abraço para a Tabanca
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Nota de CV:
8 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5790: Memórias de outros tempos (3): Porque rapei o meu bigode (Jorge Teixeira/Portojo)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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8 comentários:
É verdade sim senhor os furriéis sempre foram mais unidos e mais solidários, eu que fui furriel notei isso na tropa
Caro Jorge Teixeira
Só por mera curiosidade, o Alferes comandante do teu pelotão chamar-se-ia: Luís do Carmo Pardal Xarez?
É que trabalhei alguns anos com um colega com este nome e, lembrei-me agora, que também esteve na Guiné.
Trabalhámos juntos, depois fomos para locais diferentes, embora dentro da mesma organização.
É possível que estejamos a falar da mesma pessoa.
Um abraço
José Vermelho
Ex-Fur Mil.º (1971/1974)
CCAÇ 3520- Cacine
CCAÇ 6 - Bedanda
CIM - Bolama
Caro 'Portojo'
Congratulo-me por te considerares bem recebido na Messe de sargentos do QG.
Não que tivesse 'comissão' naquilo, até nem fui um grande comensal, mas divertía-me bastante com as fanfarronices do pessoal 'de passagem'. Eram normalmente bons 'digestivos' que acompanhavam o café e o wiskey.
Apenas uma vez, talvez por qualquer azedume do dia, tive que sacar duma bazuca e colocá-la a disparar em rajada, como aqui já contei.
Um abraço
Hélder S.
Meu Caro Jorge,
Eram precisas tantas guias de marcha para vir a Bissau?
Não me lembro de alguma vez ter sido portador de semelhante documento, mas, em boa verdade, nunca me instalei no "campus" militar. Sempre privilegiei a clandestinidade e os favores do Grande Hotel, caríssimo.
Lembro-me apenas de ter trazido "passaporte" para embarcar para a mtrópole em gozo de férias, e nem sei se os terei apresentado. Acho que eram documentos que apenas nos legitimavam a ausência da companhia.
Abraços
J.Dinis
Respostas ou informações:
Ao Zé Vermelho: É esse mesmo. Acabou de se reformar.
Ao Zé Dinis: Referi-me à(s) Guia(s) de Marcha de regresso à Metrópole.
Quanto às Guias de Marcha para movimento interno de pessoal, claro que existiam. Como te poderias apresentar numa unidade, fosse em comissão de serviço, fosse para internamento no HM ?
Mas claro para quem viveu em Bissau, ainda por cima em Hotel de Luxo, é capaz de não saber destas coisas. Não sabias mesmo ou a tua cabeça já não é o que era ? (como quási acontece a todos de nós, acho eu de que...)
Camarada Zé Dinis
Desculpa a troca de nome. A resposta era para o Zé Manel. Mas estava contigo na cabeça, talvez por ainda estar fresco o email que te enviei a desejar-te boa viagem.
Agora para o Zé Manel: O que escrevi para o "Zé Dinis" era para ti. Não sei se entendes, bla bla...
Eu nao disse que as cabeças andam maradas...
Mas esperem aí, afinal a coisa não está tão mal assim:
Na cabeça está José Manuel
Na cauda está assinado J.Dinis.
Agora alguem que resolva o problema pk eu já cá não estou.
Já agora para o Helder:
Não sei se no teu tempo era assim ou não. Mas digo-te que aquela messe era uma "rabaldaria". Se bem me lembro, no meu tempo, era mais(e só) uma messe (BAR) de Furrieis do que de Sargentos. "Tangas" deveria haver sim. Copos ? talvez. Mas devo-te dizer, que foi onde saboreei pela primeira vez uiski com soda. Coisa que nunca mais provei na vida.
Caro Jorge Teixeira
Grato pela confirmação.
Mais uma vez fica provado que o Mundo é pequeno e... o BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ... é GRANDE.
Um abraço
José Vermelho
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