1. Mensagem do nosso camarada Armor Pires Mota (ex-Alf Mil da CCAV 488/BCAV 490, Guiné, 1963/65), com data de 3 de Janeiro de 2013, trazendo um poema inédito para publicação no nosso Blogue e notícias da reedição, em breve, do seu romance censurado pela PIDE, o "Tarrafo*".
Meu caro Carlos Vinhal:
Espero que tenha um bom ano e que os abutres não nos devorem as orelhas como fizeram a malogrado Perdiz da Estranha Noiva de guerra.
Estou a enviar-lhe um poema, inédito, que encontrei há pouco, que ofereço ao Luís Graça & Companhia para ser publicado, se for oportuno e merecer.
Aproveito ainda a generosidade e a vossa bondade para a inserção das minhas coisas.
Não sei se já lhe disse mas estou a pensar em reeditar o livro proibido de circular (apreendido) pela PIDE, o Tarrafo, o caso único de toda a guerra colonial.
Digitalizado, de modo a sair com todos os sublinhados e notas a postar pela censura. Será um documento inédito. Talvez, os proventos possam servir para qualquer iniciativa a favor da Guiné, através do Carlos Silva ou do Luís Graça e Cª.
Irei hoje de tarde ver se é possível. Depois direi algo mais.
Um abraço para todos,
Armor
CASERNA
O candeeiro mortiço, que flui e reflui
como as ondas de um sujo rio,
ilumina-me os restos do que fui
e sinto medos raspando e sinto frio.
E escuto, de quando em vez,
o estranho ranger dos meus ossos
e, quase sem fé (mãe, o que a guerra me fez!)
desfio contas e rezo padre-nossos.
Como que há no meu ouvido, baixinho,
grito de irmão que me chama:
que me vale deitar em lençóis de linho,
se o meu corpo é de revolta e de lama?
É meia-noite e torço e me retorço
e digo à noite e ao céu palavras sem nexo
como que para fugir às unhas do remorso,
ao olhar de Deus ou de qualquer papão.
Soldados jogam as cartas, falam de sexo,
barbas grandes de quem mata (em vão).
Grito. Trazem-me copos de água que rejeito,
porque minha alma é poço sem fundo,
e nem aceito, por loucura ou despeito,
serenas e sábias palavras de ninguém.
Hoje tenho medo de mim e do mundo,
como na noite branca em que nasci de minha mãe.
____________
Nota de CV:
(*) Vd. Recensão do romance "Tarrafo" por Mário Beja Santos nos postes de:
22 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5687: Notas de leitura (56): Armor Pires Mota (1): Tarrafo e Baga-baga, duas surpresas de um combatente repórter (Beja Santos)
e
23 DE JANEIRO DE 2010 > Guiné 63/74 - P5692: Notas de leitura (57): Armor Pires Mota (2): Tarrafo, o primeiríssimo relato literário da Guerra da Guiné (Beja Santos)
Vd. último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10884: Blogpoesia (313): Mensagem / massagem de fim de ano (Luís Graça)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 5 de janeiro de 2013
Guiné 63/74 - P10900: Do Ninho D'Águia até África (41): Outra vez, a menina Teresa (Tony Borié)
1. Quadragésimo primeiro episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177.
O Cifra andava envergonhado com o que diziam no aquartelamento a respeito da sua dignidade, andava, como as pessoas dizem, “em baixo”, dava a impressão que tinha perdido o primeiro combate, não no conflito em que estava envolvido, porque todos os antigos combatentes e não só, já sabem que o Cifra era um razoável militar, mas um fraco, mesmo fraco guerreiro, estava era cansado de procurar uma solução para satisfazer a encomenda da menina Teresa, em Portugal, a tal costureira, que já tinha passado dos cinquentas, que escrevia as cartas ao Cifra, que a sua mãe Joana notava, e que pediu uma certa encomenda ao Cifra, para lhe levar da Guiné, que os amigos antigos combatentes, e não só, já sabem do que se trata, pois o Cifra já explicou em relatos anteriores, mas para os que não se lembram, era um “Falo”, ou seja um “Phallus”, ou mais propriamente um “Pénis” em madeira de ébano preta, que ela dizia que era para lhe dar melhor sorte na vida, e não se esquecem que a menina Teresa, também mandava na referida carta uma nota do Banco Portugal de vinte escudos para despesas, e como havia um marceneiro, que vivia entre a vila de Mansoa e a tabanca, que existia perto do aquartelamento com casas cobertas de colmo, perto da estrada, que naquele tempo não era mais que um carreiro, que seguia para Mansabá, o Cifra entendeu, numa última tentativa, que esse tal marceneiro talvez lhe resolvesse o problema da encomenda, pois já tinha esgotado todas as suas tentativas para encontrar o referido objecto, com o tamanho e características que a menina Teresa explicava.
O Cifra, podia ter começado este texto a falar de qualquer coisa, ou até, dar-lhe um qualquer título só para desviar a atenção, mas não, tem que desabafar nesta linguagem, que não é muito própria, é mais uma linguagem do tipo Curvas, alto e refilão, mas é uma cópia do que se passou, e com toda a certeza que vão compreender, pois na verdade a intenção do Cifra, era falar dessa vergonha, "tirar este peso, que é a menina Teresa, de cima de si", que este sim, devia de ser o verdadeiro título para este texto, e contar as peripécias porque passou para encontrar o tal objecto, que era um “pénis” em madeira de ébano preta. O Cifra vai só contar algumas das peripécias porque passou, na sua procura, armado em “FBI”, pois quando vinha à capital da província, no carro dos doentes, dava sempre uma fugida ao mercado, e tentava fazer-se compreender a alguns “Gilas”, que vendiam peças de arte em madeira de ébano preta, e como não o compreendiam ele fazia alguns gestos, que como devem compreender podiam ser considerados obscenos, pois colocava a mão nos seus órgãos genitais, a tentar fazer-se compreender, e uma vez um “Gila”, até o olhou com olhos maliciosos. Por fim fez um desenho, com todas as características que a menina Teresa pedia, e andava com esse desenho no bolso, que por azar foi parar às mãos da lavadeira, no bolso dos calções, resultado, ela guardou-o, e veio entregar ao Cifra na frente do Pastilhas, também com um ar malicioso, que logo começou com provocações, nem sempre muito abonatórias para a dignidade do Cifra. Alguns, com menos tempo de estadia no aquartelamento, que não conheciam muito bem o Cifra, mas ouviam falar da história, até diziam:
- O Cifra, anda sempre na “tabanca”, no convívio com as “bajudas”, alguma coisa está a acontecer, pois agora procura um “Pénis”, de madeira de ébano preta.
Claro, depois o Cifra explicava tudo com a carta da menina Teresa, às vezes até mostrava os vinte escudos, o que na mente de alguns, que não sabiam ler muito bem, e “não tinham esperto no cabeça”, com uma atitude assim um pouco duvidosa, até diziam:
- O Cifra quer um caral.., daqueles dos pretos, e até dá vinte escudos, daqueles dos bons, do Banco de Portugal!
Uma vez o achinesado do Life Boy até lhe disse, com um sorriso um pouco malicioso, que o Cifra nunca soube se era por bem ou por mal:
- Então, já encontraste o teu caral.., preto?
Claro, isto não era muito abonatório para a dignidade do Cifra, que não era violento, pois era um razoável militar, mas um fraco, mesmo fraco guerreiro, e era uma pessoa que não respondia a uma provocação com outra provocação. Na verdade, ficava com vontade de lhe mandar um murro no seu focinho achinesado, mas com a ajuda do Curvas, alto e refilão, do Setúbal, do Mister Hóstia, do Marafado, do Trinta e Seis, do furriel miliciano que andava sempre a fumar um cigarro feito à mão, do Arroz com Pão, e do Sargento da messe, entre outros, acabava sempre, embora com algum argumento, por clarificar essas mentes, menos crentes na dignidade do Cifra, mas custou, pois até chegou ao ponto de, para mostrar a sua masculinidade, andar a passear pela vila, e vir ao cinema, ver aqueles filmes de cowboys e índios, na sede do clube de futebol, de braço dado, e às vezes fazendo carícias, com algumas “bajudas”, que mostravam o seu corpo quase nu, jovem e selvagem, com uma cara de uma tonalidade preta brilhante, bonita, com tons de chocolate, onde uns olhos, que não precisavam de qualquer pintura, pois eram bonitos e selvagens, mostravam tudo, até mistério, na cabeça traziam um lenço, que encobria uns cabelos penteados e com alguns desenhos, que não precisavam de perfume, pois já tinham o perfume natural, que era o odor da sua origem de africanas, que combinava perfeitamente com a sua beleza, trajando única e simplesmente um simples pano, com imagens de África, que as enrolava na cinta, mostrando um pouco do umbigo, e encobrindo uma pele brilhante e aveludada, que lhe vinha do ventre, onde se notava umas ancas, firmes e bonitas, e com a sua “mama firme”, que lhe dava um aspecto exótico e atraente.
Caminhavam, descalças, elegantes, quase em bicos de pés, com receio de calcar e molestar o “chão balanta”, onde nasceram, com algumas argolas servindo de enfeite, no pescoço, nos braços e nas pernas, andavam com o Cifra, mas com a devida autorização do seu pai, o “homem grande”, que confiava no Cifra, a quem chamava ”irmão”, mas que na verdade, essas “bajudas”, andavam trajadas assim, mas “não falavam mentira”, a sua boca ao pronunciar as palavras, eram um reflexo do que lhes ia no coração e na alma, eram humanas, sensíveis e carinhosas, e quando as vinha trazer de volta à tabanca, lhe agarravam nas mãos e lhe diziam, Cifra, “ca bai”, enquanto o seu pai, o “homem grande”, ia buscar um trago de aguardente de palma, dentro de um pequeno copo, feito da tal madeira de ébano preta, que a menina Teresa, queria o seu objecto, dizendo também, Cifra “ca bai”, dorme aqui, “no tabanca”!
Depois disto os comentários eram ao contrário, e tinha que suportar os assobios provocantes, e os piropos durante a sessão de cinema, pois ninguém tinha o mínimo interesse pelo filme, o importante eram as “bajudas” do Cifra, que na verdade não eram do Cifra, eram dessa Guiné um pouco selvagem e misteriosa, que naquela altura andava em guerra.
Em resumo, a menina Teresa, ao mandar os célebres vinte escudos, mostrou que “tinha esperto no cabeça”, pois comprometeu o Cifra, que não podia ignorar a encomenda, e como era ela que escrevia as cartas que a mãe Joana notava, sempre lá vinha num canto da carta, bem visível, a frase, “não te esqueças da minha encomenda”, “traz um, assim um pouco grandote”, “traz uma coisa que se veja”, “custe o que custar, compra e paga, se o dinheiro não chegar, depois eu faço as contas só contigo”, enfim, lembrava sempre.
Bem, mas continuando, o Cifra foi ver o tal marceneiro, na esperança de lhe resolver o problema que tinha entre mãos, que finalmente, depois de algumas perguntas sobre a dignidade e o sexo do Cifra, e também com um ar malicioso, acabou por aceitar a encomenda. O Cifra nunca soube onde é que ele foi procurar o modelo, pois executou um “Falo”, ou seja um “Phallus”, ou mais propriamente um “Pénis”, com uma perfeição digna de figurar num álbum de qualquer casa de arte, de Paris, Londres ou Nova Iorque, onde lá mais para a frente, quando o Cifra regressar a Portugal, contará a história da sua entrega à menina Teresa, que aí sim, foi mesmo “menina Teresa”, mas perdoem, o Cifra ainda anda envergonhado, mas já está melhor, pois está quase a "tirar este peso, que é a menina Teresa, de cima de mim", que este sim, devia ser o verdadeiro título para este texto, mas por agora, vai ficar-se por aqui.
____________
Nota de CV:
Vd. os últimos dez postes da série de:
1 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10743: Do Ninho D'Águia até África (31): O Movimento Nacional Feminino em Mansoa (Tony Borié)
4 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10759: Do Ninho D'Águia até África (32): Falsa notícia (Tony Borié)
8 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10773: Do Ninho D'Águia até África (33): O Grupo do Cifra (Tony Borié)
11 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10785: Do Ninho D'Águia até África (34): Aquela garotada (Tony Borié)
15 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10805: Do Ninho D'Águia até África (35): Boas Festas, camaradas amigos (Tony Borié)
18 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10816: Do Ninho D'Águia até África (36): O Life Boy (Tony Borié)
22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10844: Do Ninho D'Águia até África (37): Os Vinte Escudos da menina Teresa (Tony Borié)
26 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10866: Do Ninho D'Águia até África (38): ...a guerra e o amor (Tony Borié)
29 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10876: Do Ninho D'Águia até África (39): Passa por mim em Mansoa (Tony Borié)
1 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10887: Do Ninho D'Águia até África (40): O arame farpado (Tony Borié)
Do Ninho D'Águia até África (41)
O Cifra andava envergonhado com o que diziam no aquartelamento a respeito da sua dignidade, andava, como as pessoas dizem, “em baixo”, dava a impressão que tinha perdido o primeiro combate, não no conflito em que estava envolvido, porque todos os antigos combatentes e não só, já sabem que o Cifra era um razoável militar, mas um fraco, mesmo fraco guerreiro, estava era cansado de procurar uma solução para satisfazer a encomenda da menina Teresa, em Portugal, a tal costureira, que já tinha passado dos cinquentas, que escrevia as cartas ao Cifra, que a sua mãe Joana notava, e que pediu uma certa encomenda ao Cifra, para lhe levar da Guiné, que os amigos antigos combatentes, e não só, já sabem do que se trata, pois o Cifra já explicou em relatos anteriores, mas para os que não se lembram, era um “Falo”, ou seja um “Phallus”, ou mais propriamente um “Pénis” em madeira de ébano preta, que ela dizia que era para lhe dar melhor sorte na vida, e não se esquecem que a menina Teresa, também mandava na referida carta uma nota do Banco Portugal de vinte escudos para despesas, e como havia um marceneiro, que vivia entre a vila de Mansoa e a tabanca, que existia perto do aquartelamento com casas cobertas de colmo, perto da estrada, que naquele tempo não era mais que um carreiro, que seguia para Mansabá, o Cifra entendeu, numa última tentativa, que esse tal marceneiro talvez lhe resolvesse o problema da encomenda, pois já tinha esgotado todas as suas tentativas para encontrar o referido objecto, com o tamanho e características que a menina Teresa explicava.
O Cifra, podia ter começado este texto a falar de qualquer coisa, ou até, dar-lhe um qualquer título só para desviar a atenção, mas não, tem que desabafar nesta linguagem, que não é muito própria, é mais uma linguagem do tipo Curvas, alto e refilão, mas é uma cópia do que se passou, e com toda a certeza que vão compreender, pois na verdade a intenção do Cifra, era falar dessa vergonha, "tirar este peso, que é a menina Teresa, de cima de si", que este sim, devia de ser o verdadeiro título para este texto, e contar as peripécias porque passou para encontrar o tal objecto, que era um “pénis” em madeira de ébano preta. O Cifra vai só contar algumas das peripécias porque passou, na sua procura, armado em “FBI”, pois quando vinha à capital da província, no carro dos doentes, dava sempre uma fugida ao mercado, e tentava fazer-se compreender a alguns “Gilas”, que vendiam peças de arte em madeira de ébano preta, e como não o compreendiam ele fazia alguns gestos, que como devem compreender podiam ser considerados obscenos, pois colocava a mão nos seus órgãos genitais, a tentar fazer-se compreender, e uma vez um “Gila”, até o olhou com olhos maliciosos. Por fim fez um desenho, com todas as características que a menina Teresa pedia, e andava com esse desenho no bolso, que por azar foi parar às mãos da lavadeira, no bolso dos calções, resultado, ela guardou-o, e veio entregar ao Cifra na frente do Pastilhas, também com um ar malicioso, que logo começou com provocações, nem sempre muito abonatórias para a dignidade do Cifra. Alguns, com menos tempo de estadia no aquartelamento, que não conheciam muito bem o Cifra, mas ouviam falar da história, até diziam:
- O Cifra, anda sempre na “tabanca”, no convívio com as “bajudas”, alguma coisa está a acontecer, pois agora procura um “Pénis”, de madeira de ébano preta.
Claro, depois o Cifra explicava tudo com a carta da menina Teresa, às vezes até mostrava os vinte escudos, o que na mente de alguns, que não sabiam ler muito bem, e “não tinham esperto no cabeça”, com uma atitude assim um pouco duvidosa, até diziam:
- O Cifra quer um caral.., daqueles dos pretos, e até dá vinte escudos, daqueles dos bons, do Banco de Portugal!
Uma vez o achinesado do Life Boy até lhe disse, com um sorriso um pouco malicioso, que o Cifra nunca soube se era por bem ou por mal:
- Então, já encontraste o teu caral.., preto?
Claro, isto não era muito abonatório para a dignidade do Cifra, que não era violento, pois era um razoável militar, mas um fraco, mesmo fraco guerreiro, e era uma pessoa que não respondia a uma provocação com outra provocação. Na verdade, ficava com vontade de lhe mandar um murro no seu focinho achinesado, mas com a ajuda do Curvas, alto e refilão, do Setúbal, do Mister Hóstia, do Marafado, do Trinta e Seis, do furriel miliciano que andava sempre a fumar um cigarro feito à mão, do Arroz com Pão, e do Sargento da messe, entre outros, acabava sempre, embora com algum argumento, por clarificar essas mentes, menos crentes na dignidade do Cifra, mas custou, pois até chegou ao ponto de, para mostrar a sua masculinidade, andar a passear pela vila, e vir ao cinema, ver aqueles filmes de cowboys e índios, na sede do clube de futebol, de braço dado, e às vezes fazendo carícias, com algumas “bajudas”, que mostravam o seu corpo quase nu, jovem e selvagem, com uma cara de uma tonalidade preta brilhante, bonita, com tons de chocolate, onde uns olhos, que não precisavam de qualquer pintura, pois eram bonitos e selvagens, mostravam tudo, até mistério, na cabeça traziam um lenço, que encobria uns cabelos penteados e com alguns desenhos, que não precisavam de perfume, pois já tinham o perfume natural, que era o odor da sua origem de africanas, que combinava perfeitamente com a sua beleza, trajando única e simplesmente um simples pano, com imagens de África, que as enrolava na cinta, mostrando um pouco do umbigo, e encobrindo uma pele brilhante e aveludada, que lhe vinha do ventre, onde se notava umas ancas, firmes e bonitas, e com a sua “mama firme”, que lhe dava um aspecto exótico e atraente.
Caminhavam, descalças, elegantes, quase em bicos de pés, com receio de calcar e molestar o “chão balanta”, onde nasceram, com algumas argolas servindo de enfeite, no pescoço, nos braços e nas pernas, andavam com o Cifra, mas com a devida autorização do seu pai, o “homem grande”, que confiava no Cifra, a quem chamava ”irmão”, mas que na verdade, essas “bajudas”, andavam trajadas assim, mas “não falavam mentira”, a sua boca ao pronunciar as palavras, eram um reflexo do que lhes ia no coração e na alma, eram humanas, sensíveis e carinhosas, e quando as vinha trazer de volta à tabanca, lhe agarravam nas mãos e lhe diziam, Cifra, “ca bai”, enquanto o seu pai, o “homem grande”, ia buscar um trago de aguardente de palma, dentro de um pequeno copo, feito da tal madeira de ébano preta, que a menina Teresa, queria o seu objecto, dizendo também, Cifra “ca bai”, dorme aqui, “no tabanca”!
Depois disto os comentários eram ao contrário, e tinha que suportar os assobios provocantes, e os piropos durante a sessão de cinema, pois ninguém tinha o mínimo interesse pelo filme, o importante eram as “bajudas” do Cifra, que na verdade não eram do Cifra, eram dessa Guiné um pouco selvagem e misteriosa, que naquela altura andava em guerra.
Em resumo, a menina Teresa, ao mandar os célebres vinte escudos, mostrou que “tinha esperto no cabeça”, pois comprometeu o Cifra, que não podia ignorar a encomenda, e como era ela que escrevia as cartas que a mãe Joana notava, sempre lá vinha num canto da carta, bem visível, a frase, “não te esqueças da minha encomenda”, “traz um, assim um pouco grandote”, “traz uma coisa que se veja”, “custe o que custar, compra e paga, se o dinheiro não chegar, depois eu faço as contas só contigo”, enfim, lembrava sempre.
Bem, mas continuando, o Cifra foi ver o tal marceneiro, na esperança de lhe resolver o problema que tinha entre mãos, que finalmente, depois de algumas perguntas sobre a dignidade e o sexo do Cifra, e também com um ar malicioso, acabou por aceitar a encomenda. O Cifra nunca soube onde é que ele foi procurar o modelo, pois executou um “Falo”, ou seja um “Phallus”, ou mais propriamente um “Pénis”, com uma perfeição digna de figurar num álbum de qualquer casa de arte, de Paris, Londres ou Nova Iorque, onde lá mais para a frente, quando o Cifra regressar a Portugal, contará a história da sua entrega à menina Teresa, que aí sim, foi mesmo “menina Teresa”, mas perdoem, o Cifra ainda anda envergonhado, mas já está melhor, pois está quase a "tirar este peso, que é a menina Teresa, de cima de mim", que este sim, devia ser o verdadeiro título para este texto, mas por agora, vai ficar-se por aqui.
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Nota de CV:
Vd. os últimos dez postes da série de:
1 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10743: Do Ninho D'Águia até África (31): O Movimento Nacional Feminino em Mansoa (Tony Borié)
4 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10759: Do Ninho D'Águia até África (32): Falsa notícia (Tony Borié)
8 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10773: Do Ninho D'Águia até África (33): O Grupo do Cifra (Tony Borié)
11 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10785: Do Ninho D'Águia até África (34): Aquela garotada (Tony Borié)
15 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10805: Do Ninho D'Águia até África (35): Boas Festas, camaradas amigos (Tony Borié)
18 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10816: Do Ninho D'Águia até África (36): O Life Boy (Tony Borié)
22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10844: Do Ninho D'Águia até África (37): Os Vinte Escudos da menina Teresa (Tony Borié)
26 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10866: Do Ninho D'Águia até África (38): ...a guerra e o amor (Tony Borié)
29 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10876: Do Ninho D'Águia até África (39): Passa por mim em Mansoa (Tony Borié)
1 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10887: Do Ninho D'Águia até África (40): O arame farpado (Tony Borié)
Guiné 63/74 - P10899: Parabéns a você (519): João Meneses, ex-2.º Ten FZE RN DFE1 (Guiné, 1972); Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil da 2.ª C.ª/BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Valentim Oliveira, ex-Sold Cond Auto da CCAV 489/BCAV 490 (Guiné, 1963/65)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 2 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10888: Parabéns a você (518): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Guiné, 1968/69)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 2 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10888: Parabéns a você (518): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Guiné, 1968/69)
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Guiné 63/74 - P10898: Em busca de ... (212): Notícias do Comandante da CCAÇ 728, um Tenente à data do desembarque (Liberal Correia)
1. Mensagem do nosso camarada Liberal Correia (ex-Fur Mil da CART 676, Pirada, Bajocunda e Paunca, 1964/66), com data de 28 de Outubro de 2012:
Boa tarde
Ao ler o post acerca da 728, vieram as recordações.Eu e o alferes Correia da Cart 676, quando da chegada a Bissau da Ccaç 728, fomos a bordo para informar o cmdt que eles, 728, iriam nos substituir no Batalhão 600 e seriam colocados no sul e não na área de Bafatá para onde parece que estavam destinados.
Nós os da 676 é que iríamos, e fomos, para Pirada, Bajocunda e Paunca...
Estou a ver a cara do cmdt da Ccaç 728, era um tenente que julgo ter estado na Índia, ficou furioso (?) melhor, desagrado com a notícia.
Não me recordo do nome desse Tenente, mas recordo que, segundo o jornal da caserna teria pedido a demissão do Exército.
Alguém da 728 se lembra deste episódio?
Qual o nome do tenente ao tempo cmdt da Ccaç 728?
Será que fez parte do 25 de Abril?
Cumprimentos do
Liberal Correia
Fur Mil
Cart 676
liberalcorreia@hotmail.com
2. Comentário de CV:
Caro camarada Liberal Correia.
O nosso editor Luís Graça reencaminhou ontem para a minha caixa de correio esta tua mensagem de Outubro do ano passado. Tarde sim, mas vai ter resposta e dela (mensagem) ser dado conhecimento público.
Vamos relembrar que pertenceste à CART 676, és amigo do nosso camarada Mário Fitas, Fur Mil da CCAÇ 763, vives no Canadá e tens já duas entradas neste Blogue respeitantes aos postes P3819 e P7894.
Quando falas da CCAÇ 728, julgo estares a referir-te aos postes do nosso camarada J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil desta CCAÇ.
Entretanto, consultando o 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné, da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), encontramos 3 Comandantes da CCAÇ 728, todos com o posto de Capitão, a saber: António Proença Varão, Ramiro José Marcelino Mourato e Amândio Oliveira da Silva.
Vamos ver se o camarada Mendes Gomes pode responder às tuas interrogações.
Já que estamos com a mão na "massa", em nome do Luís, convido-te a aderires à nossa tertúlia. De que precisamos? Da tua vontade de te juntares a nós, de uma foto do teu tempo da farda amarela, já que a actual está em cima como podes ver, de te dispores a contar uma ou outra memória ainda viva, assim como do envio de fotos relativas à Guiné do teu tempo e dos camaradas que contigo viveram o quase início da guerra.
Esperamos as tuas próximas notícias na expectativa de te passarmos a ter como, não mais um tertuliano, mas como mais um camarada e amigo, mais um elemento desta enorme família.
Recebe um abraço dos editores e desta tertúlia que te espera.
O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10885: Em busca de ... (211): O ex-Alf Mil Médico João Calheiros Lobo, procura camaradas do HM 241 do ano de 1970
Guiné 63/74 - P10897: Agenda cultural (246): Exposição, em Odivelas, na biblioteca municipal D. Dinis, de 4 a 20 de janeiro de 2013, " Regimento de Engenharia nº 1 - 200 anos a servir Portugal" (José Martins)
Exposição “Regimento de Engenharia nº 1 - 200 Anos a servir Portugal”, patente, de 4 a 20 de janeiro de 2013, em Odivelas, Biblioteca Municipal D. Dinis.
Data: 4 a 20 de janeiro
Hora: 10h30 às 18h30 - Ter. a Sex. | 10h30 às 17h30 - Sáb.
Local: Biblioteca Municipal D. Dinis
Informações:
Tel.: 219 320 770 - Divisão de Cultura, Turismo, Património Cultural e Bibliotecas
Biblioteca Municipal D. Dinis
bmdd@cm-odivelas.pt
cultura@cm-odivelas.pt
Inauguração dia 4 de janeiro – 16h00
A exposição Regimento de Engenharia nº 1 - 200 anos a servir Portugal procura sintetizar o percurso histórico do Regimento de Engenharia nº 1 (RE 1) , desde a sua origem em 24 de Outubro de 1812 até aos dias de hoje, integrando-o no contexto da história de Portugal.
Os marcos históricos mais relevantes são os seguintes:
(i) Origem do Regimento de Engenharia nº 1
(ii) Guerra Peninsulares
(iii) I Guerra Mundial e a importância do Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-ferro
(iv) Mobilização na 2ª Guerra Mundial – Trabalhos no Açores
(v) Guerra do Ultramar
(vi) Revolta Militar de 25 de Abril de 1974
Esta exposição, comemorativa do bicentenário do RE 1, é composta por painéis, livros e fardas que abordam os principais marcos da história do Regimento desde a criação do Batalhão de Artífices Engenheiros em 24 de outubro 1812.
Elementos informativos pelo nosso camarada e colaborador permanente José Martins [, foto á esquerda, Odivelas, 2006]
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Nota do editor:
Último poste da série > 3 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10892: Agenda cultural (245): TSF, Grande Reportagem, hoje, às 19h00: "Sem panela, não se coze arroz" (reportagem de João Janes, com sonorização de João Félix Pereira)
Guiné 63/74 - P10896: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (5): Algumas fotos algo insólitas (Parte I)
Foto nº 38 > Ponte do Rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca > Possivelmente no(s) dia(s) seguinte(s) ao ataque ao quartel de Bambadinca, em 28 de maio de 1969. Nessa noite, esta ponte, vital para as comunicações com todo o leste da província, foi objeto do "trabalho" dos sapadores do PAIGC... Os estragos, embora visíveis, não abalaram a sua estrutura. Era uma bela ponte, em cimento armado, construída no início dos anos 50. Esta foto é "histórica". O José Carlos Lopes posou aqui para... a "posteridade".
O nossos grã-tabanqueiro Carlos Marques Santos (ex-Fur Mil, CART 2339, Fá e Mansambo, 1968/69) já aqui disse que foi o primeiro a avançar, para a Ponte do Rio Udunduma, logo no dia 29 de Maio de 1969, com o 3º Gr Comb da sua companhia, vindo em marcha forçada de Mansambo...
Eu próprio passei por esta ponte, juntamente com os meus camaradas da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, desembarcados de LDG no Xime, no dia 2 de junho de 1969, a caminho do Centro de Instrução Militar de Contuboel, com paragem em Bambadinca. Recordo-te de ter visitado um dos quartos dos furriéis, atingido por uma granada de morteiro. O Lopes dormia nesse quarto. E guarda, como "precioso recuerdo" o lençol da sua cama, que ficou nessa noite crivado de estilhaços... Felizmente tinha-se levantado da cama ao primeiro disparo de morteiro... O segundo morteiro acertou em cheio no edíficio onde furrieis e sargentos dormiam...
Recorde-se que na história do BCAÇ 2852, o ataque a Bambadinca é dado em três linhas, em estilo telegráfico: "Em 28 [de Maio de 1969], às 00H25, um Gr In de mais de 100 elementos flagelou com 3 Can s/r, Mort 82, LGF, ML, MP e PM, durante cerca de 40 minutos, o aquartelamento de Bambadinca, causando 2 feridos ligeiros".
Foto nº 164 > Quartel de Bambadinca (?) > Um jagudi, postado num poste de cibe que sustentava o arame farpado. Nome científico deste abutre africano: Necrosyrtes Monachus
Foto nº 51 > Quartel de Bambadinca > março de 1969 > Placa dos helis > Abastecimento de um dos vários helis que estiveram envolvidos na famosa Op Lança Afiada (8-19 de março de 1969)... O Lopes é o primeiro do lado direito. Nessa época estimava-se em 15 contos (!) o custo por hora de um heli no TO da Guiné... Um "arma cara", diz-se no relatório da Op Lança Afiada.
Foto nº 296 > Porto fluvial de Bambadinca > Uma "descarregamento" de tugas...
Foto nº 196 > Pôr do sol sobre o Rio Geba Estreita, em Bambadinca, Foto tirada do porto fluvial.
Foto nº 252 > Bambadinca: conjunto messe e quartos de oficiais e sargentos ... A simpática visita de um grou coroado (Balearica pavonina), se não me engano... [A ave parece-me estar ferida; os grous abundavam na grande bolanha de Bambadinca; a foto foi seguramente tirada na 2ª metade do ano de 1969, a avaliar pela fiada de bidões cheios de areia que protegiam o acesso aos quartos e à messe de oficiais, colocados depois do ataque a Bambadinca, em 28 de maio de 1969]
Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (19568/70) > Mais algumas fotos, algo insólitas, do álbum o José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria.
Mais uma vez agradeço ao meu camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970, ) o ter autorizado a publicação destas fotos do seu álbum, enquanto aguardo o envio de uma foto sua, atual, para o poder apresentar à Tabanca Grande como novo membro (desejaria que fosse o primeiro de 2013).
As fotos não trazem legendas. Espero um dia destes poder estar com o Lopes, que vive em Linda a Velha, para falar do seu álbum e tirar dúvidas, o que só temos podido fazer ao telefone. (LG)
PS - Sei que o Lopes não guarda as melhores recordações de Bambadinca... Daí a sua relutância em revisitar o passado, rever inclusive as suas fotos... Mas sobre o nosso blogue e a comunidade virtual (a Tabanca Grande) que lhe está associada, eu lembrar-lhe-ia aqui as palavras do nosso poeta Manuel Maia (de quem, de resto, não temos tido notícias; para ele um afetuoso Alfa Bravo e votos de melhores dias em 2013):
Bem dentro deste espaço de liberdade,
que ajuda a mitigar nossa saudade,
Luís Graça & Camaradas da Guiné...
Há laços, inquebráveis, solidários,
nascidos de vivências e fadários,
comuns a todos nós, creiam que é...
(...) Num blogue que congrega ao seu redor,
num misto de saudade e até de amor
pela terra ocre-amarela, um batalhão...
Amigo traz amigo e amigo fica
enquanto um outro amigo fica à bica
e bate à porta n'outra ocasião...
Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (19568/70) > Mais algumas fotos, algo insólitas, do álbum o José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria.
Mais uma vez agradeço ao meu camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970, ) o ter autorizado a publicação destas fotos do seu álbum, enquanto aguardo o envio de uma foto sua, atual, para o poder apresentar à Tabanca Grande como novo membro (desejaria que fosse o primeiro de 2013).
As fotos não trazem legendas. Espero um dia destes poder estar com o Lopes, que vive em Linda a Velha, para falar do seu álbum e tirar dúvidas, o que só temos podido fazer ao telefone. (LG)
PS - Sei que o Lopes não guarda as melhores recordações de Bambadinca... Daí a sua relutância em revisitar o passado, rever inclusive as suas fotos... Mas sobre o nosso blogue e a comunidade virtual (a Tabanca Grande) que lhe está associada, eu lembrar-lhe-ia aqui as palavras do nosso poeta Manuel Maia (de quem, de resto, não temos tido notícias; para ele um afetuoso Alfa Bravo e votos de melhores dias em 2013):
Bem dentro deste espaço de liberdade,
que ajuda a mitigar nossa saudade,
Luís Graça & Camaradas da Guiné...
Há laços, inquebráveis, solidários,
nascidos de vivências e fadários,
comuns a todos nós, creiam que é...
(...) Num blogue que congrega ao seu redor,
num misto de saudade e até de amor
pela terra ocre-amarela, um batalhão...
Amigo traz amigo e amigo fica
enquanto um outro amigo fica à bica
e bate à porta n'outra ocasião...
Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)
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Nota do editor:
Guiné 63/74 - P10895: Notas de leitura (446): "Alpoim Calvão, Honra e Dever", por Rui Hortelão, Luís Sanches de Baêna e Abel Melo e Sousa (1) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Novembro de 2012:
Queridos amigos,
O comandante Alpoim Calvão volta a ser notícia, acaba de sair uma obra que procura documentar o fuzileiro destemido, o estratega e o ex-combatente que regressa à Guiné movido pela sigla “por uma Guiné melhor”.
Este extenso documentário sobre a sua vida não lhe poupa elogios e vale a pena ler com cuidado os documentos que apensa.
Como é óbvio, o teor das recensões contempla as suas comissões na Guiné, onde se cobriu de glória, e o seu regresso a um território que lhe é profundamente caro para montar negócios e criar riqueza.
Um abraço do
Mário
“Alpoim Calvão, honra e dever” (1)
Beja Santos
“Alpoim Calvão, honra e dever”, por Rui Hortelão, Luís Sanches de Baêna e Abel Melo e Sousa (Caminhos Romanos, 2012) é um detalhado itinerário curricular do militar mais condecorado da Marinha Portuguesa. Podemos acompanhar o seu percurso de Chaves para Moçambique, conhecer-lhe as primeiras amizades e o seu gosto musical, vemo-lo a tirar o seu curso, a especializar-se em submersíveis, depois dos fuzileiros, depois de ter pedido ao almirante Roboredo e Silva, na altura chefe do Estado-Maior da Armada que queria ir combater, “mas quero ir combater para a Guiné, que me parece ser o teatro operacional para o qual os fuzileiros estão mais bem equipados e vocacionados”. Mais tarde, em 1967, Calvão assumirá as funções de diretor de instrução da Escola de Fuzileiros, fazendo uma revisão dos manuais escolares de acordo com a doutrina ditada pela experiência. Em meados de Setembro de 1963, são criados os DFE nº 6, 7 e 8. Calvão tinha já terminado o curso de Fuzileiros Especiais e é nomeado comandante do DFE 8, destinado à Guiné, onde chegará no princípio de Novembro. 11 dias sobre a chegada, o DFE 8 logo recebe o seu batismo de fogo durante a operação Júpiter, na região de Jabadá. No entanto, é apenas durante a operação Trevo, que tem lugar de 25 a 29 de Novembro em Darsalame, península do Cubisseco, o destacamento entra em combate.
O acontecimento primordial é a participação destes fuzileiros na operação Tridente. É aqui, em função da violência dos acontecimentos, que Calvão passa para as memórias que nunca chegou a publicar, páginas de ouro de literatura de guerra, estamos em 20 de janeiro de 1964:
“Às 09:00, saí do estacionamento acompanhado pelo comandante Costa Santos, que ia como observador, e levando sob o meu comando cerca de 30 homens para fazer um reconhecimento armado a Curcô. Quando nos aproximámos da tabanca grande de Cauane, avistámos um grupo de 9 ou 10 homens armados que recuaram para a orla da mata. Fiz avançar a secção C, em linha, em direção a esta e, a cerca de 50 metros, rebentou um violento tiroteio que obrigou a secção a fixar-se ao terreno. Ordenei à secção B que tentasse um envolvimento pela nossa direita, tendo o IN descaído um pouco para a esquerda, fixando também a secção B, que entretanto conseguira atingir a mata.
Eu procurava manter-me em pé, junto a esta secção, tentando proteger-me atrás de uma palmeira de maneira a poder ver a situação tática. Vi o inimigo deslocar pequenos grupos para a minha esquerda, em avanços pequenos e rápidos apesar do fogo continuar intensíssimo de parte a parte. Calculei os seus efetivos em cerca de 100 homens, o que lhe dava grande superioridade numérica e naturais possibilidades de manobra. Fiz então avançar no estacionamento a secção D, comandada pelo meu imediato, o bravo 2º tenente José Manuel Malhão Pereira, ao mesmo tempo que penetrei na mata com a secção C.
Pelas 11:10, o imediato tinha conseguido flanquear o IN, que durante algum tempo ficou estático, mas logo a seguir pressionou a minha secção redobrando o fogo, o que me obrigou a recuar alguns metros. Este movimento, se bem que tecnicamente bem executado, custou-me a morte do 1º grumete Manuel dos Santos Barraca.
Imediatamente, da linha inimiga se destacaram alguns vultos que tentaram ultrapassar os poucos metros que nos separavam a fim de se apoderaram do corpo e respetiva arma, o que seria um bom troféu de propaganda. Quase simultaneamente lançaram-se para a frente o sargento Manuel da Costa André e o marinheiro Domingos António Botelho em direção ao camarada caído, indiferentes ao chuveiro de balas que granizava abundantemente, apenas preocupados em socorrer o irmão de armas. E, qual sólido roble, com uma G3 debaixo de cada braço, o grumete Abrantes Pinto, de pé e completamente a descoberto, cobria o avanço do André e do Botelho com o fogo das suas armas! Tudo se passava a escassos metros de mim que, apesar das minhas funções de comandante me obrigarem a abarcar toda a zona de ação, não pude deixar de observar com um misto de espanto e orgulho o gesto daqueles homens. Quando alcançaram o Barraca e iniciaram a sua evacuação, o Botelho foi atingido mortalmente e caiu redondo no chão. Então, a minha gente, espontaneamente, sem necessidade da mínima ordem, carregou energeticamente e estabeleceu o perímetro de forma a incluir o local onde se encontravam os dois camaradas mortos e o sargento André que não recuava um centímetro. Não fiz mais do que os acompanhar, extremamente grato pela sua coragem”.
A vida operacional do DFE 8 torna-se imparável, após este comportamento valoroso na Tridente. Os feitos repetem-se. Logo a operação Hitler, no início de Maio, dois botes são colocados à entrada do rio Kadigné com a missão de intercetarem eventuais barcos inimigos e foi enviado um grupo a emboscar nos rios Camexibó e Nhafuane. A operação é suspensa devido às condições meteorológicas. Em 23 de Maio é montada uma grande emboscada a uma lancha do inimigo que consegue sair da zona de morte. Segue-se um golpe de mão sobre a tabanca de Cafal, perto do rio Cumbijã. Em Setembro tem lugar a operação Tornado efetuada no Cantanhez. Na operação Hidra ataca-se com sucesso o barco Mirandela, ano e meio antes apreendido pelo PAIGC. Enfim, o DFE 8 torna-se useiro e vezeiro em atuações no sul da Guiné. Vai fazendo propostas aos seus superiores: que se crie um tipo de cantil de plástico; que se substituam com urgência os botes de borracha muito pesados e mal acabados; que substituam as bússolas por outras com agulhas líquidas. Em Maio de 1965, tem lugar na região de Concolin a operação Marquês, um verdadeiro sucesso. Condecorações e louvores chovem para o DFE 8, que termina a sua missão em finais de Outubro de 1965. Calvão é condecorado com a medalha de Valor Militar Ouro, vai ser colocado na Escola de Fuzileiros, passa a colaborar regularmente no Jornal de Notícias e em finais de 1966 é nomeado para frequentar o curso geral naval de guerra. Em Março de 1967, Calvão torna-se diretor de instrução da Escola de Fuzileiros e comandante das Instalações Navais de Vale de Zebro. Um desaguisado com um colega leva a que os seus superiores o punam com uma repreensão agravada e recebe guia de marcha para o Comando de Defesa Marítima da Guiné, é adjunto do comandante. Encontra-se com Spínola no aeroporto e trocam cumprimentos galhardos. Pede para entrar em funções, é nomeado comandante do COP4, em Buba, nomeação curta, cabe-lhe a responsabilidade da força naval do rio grande Buba. E assim vai começar um novo período de atos destemidos que irão culminar na sua conceção e execução da operação Mar Verde.
(Continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10882: Notas de leitura (445): "Diário da Guerra Colonial - Guiné 1966-1968", por Luís de Matos (2) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O comandante Alpoim Calvão volta a ser notícia, acaba de sair uma obra que procura documentar o fuzileiro destemido, o estratega e o ex-combatente que regressa à Guiné movido pela sigla “por uma Guiné melhor”.
Este extenso documentário sobre a sua vida não lhe poupa elogios e vale a pena ler com cuidado os documentos que apensa.
Como é óbvio, o teor das recensões contempla as suas comissões na Guiné, onde se cobriu de glória, e o seu regresso a um território que lhe é profundamente caro para montar negócios e criar riqueza.
Um abraço do
Mário
“Alpoim Calvão, honra e dever” (1)
Beja Santos
“Alpoim Calvão, honra e dever”, por Rui Hortelão, Luís Sanches de Baêna e Abel Melo e Sousa (Caminhos Romanos, 2012) é um detalhado itinerário curricular do militar mais condecorado da Marinha Portuguesa. Podemos acompanhar o seu percurso de Chaves para Moçambique, conhecer-lhe as primeiras amizades e o seu gosto musical, vemo-lo a tirar o seu curso, a especializar-se em submersíveis, depois dos fuzileiros, depois de ter pedido ao almirante Roboredo e Silva, na altura chefe do Estado-Maior da Armada que queria ir combater, “mas quero ir combater para a Guiné, que me parece ser o teatro operacional para o qual os fuzileiros estão mais bem equipados e vocacionados”. Mais tarde, em 1967, Calvão assumirá as funções de diretor de instrução da Escola de Fuzileiros, fazendo uma revisão dos manuais escolares de acordo com a doutrina ditada pela experiência. Em meados de Setembro de 1963, são criados os DFE nº 6, 7 e 8. Calvão tinha já terminado o curso de Fuzileiros Especiais e é nomeado comandante do DFE 8, destinado à Guiné, onde chegará no princípio de Novembro. 11 dias sobre a chegada, o DFE 8 logo recebe o seu batismo de fogo durante a operação Júpiter, na região de Jabadá. No entanto, é apenas durante a operação Trevo, que tem lugar de 25 a 29 de Novembro em Darsalame, península do Cubisseco, o destacamento entra em combate.
O acontecimento primordial é a participação destes fuzileiros na operação Tridente. É aqui, em função da violência dos acontecimentos, que Calvão passa para as memórias que nunca chegou a publicar, páginas de ouro de literatura de guerra, estamos em 20 de janeiro de 1964:
“Às 09:00, saí do estacionamento acompanhado pelo comandante Costa Santos, que ia como observador, e levando sob o meu comando cerca de 30 homens para fazer um reconhecimento armado a Curcô. Quando nos aproximámos da tabanca grande de Cauane, avistámos um grupo de 9 ou 10 homens armados que recuaram para a orla da mata. Fiz avançar a secção C, em linha, em direção a esta e, a cerca de 50 metros, rebentou um violento tiroteio que obrigou a secção a fixar-se ao terreno. Ordenei à secção B que tentasse um envolvimento pela nossa direita, tendo o IN descaído um pouco para a esquerda, fixando também a secção B, que entretanto conseguira atingir a mata.
Eu procurava manter-me em pé, junto a esta secção, tentando proteger-me atrás de uma palmeira de maneira a poder ver a situação tática. Vi o inimigo deslocar pequenos grupos para a minha esquerda, em avanços pequenos e rápidos apesar do fogo continuar intensíssimo de parte a parte. Calculei os seus efetivos em cerca de 100 homens, o que lhe dava grande superioridade numérica e naturais possibilidades de manobra. Fiz então avançar no estacionamento a secção D, comandada pelo meu imediato, o bravo 2º tenente José Manuel Malhão Pereira, ao mesmo tempo que penetrei na mata com a secção C.
Pelas 11:10, o imediato tinha conseguido flanquear o IN, que durante algum tempo ficou estático, mas logo a seguir pressionou a minha secção redobrando o fogo, o que me obrigou a recuar alguns metros. Este movimento, se bem que tecnicamente bem executado, custou-me a morte do 1º grumete Manuel dos Santos Barraca.
Imediatamente, da linha inimiga se destacaram alguns vultos que tentaram ultrapassar os poucos metros que nos separavam a fim de se apoderaram do corpo e respetiva arma, o que seria um bom troféu de propaganda. Quase simultaneamente lançaram-se para a frente o sargento Manuel da Costa André e o marinheiro Domingos António Botelho em direção ao camarada caído, indiferentes ao chuveiro de balas que granizava abundantemente, apenas preocupados em socorrer o irmão de armas. E, qual sólido roble, com uma G3 debaixo de cada braço, o grumete Abrantes Pinto, de pé e completamente a descoberto, cobria o avanço do André e do Botelho com o fogo das suas armas! Tudo se passava a escassos metros de mim que, apesar das minhas funções de comandante me obrigarem a abarcar toda a zona de ação, não pude deixar de observar com um misto de espanto e orgulho o gesto daqueles homens. Quando alcançaram o Barraca e iniciaram a sua evacuação, o Botelho foi atingido mortalmente e caiu redondo no chão. Então, a minha gente, espontaneamente, sem necessidade da mínima ordem, carregou energeticamente e estabeleceu o perímetro de forma a incluir o local onde se encontravam os dois camaradas mortos e o sargento André que não recuava um centímetro. Não fiz mais do que os acompanhar, extremamente grato pela sua coragem”.
A vida operacional do DFE 8 torna-se imparável, após este comportamento valoroso na Tridente. Os feitos repetem-se. Logo a operação Hitler, no início de Maio, dois botes são colocados à entrada do rio Kadigné com a missão de intercetarem eventuais barcos inimigos e foi enviado um grupo a emboscar nos rios Camexibó e Nhafuane. A operação é suspensa devido às condições meteorológicas. Em 23 de Maio é montada uma grande emboscada a uma lancha do inimigo que consegue sair da zona de morte. Segue-se um golpe de mão sobre a tabanca de Cafal, perto do rio Cumbijã. Em Setembro tem lugar a operação Tornado efetuada no Cantanhez. Na operação Hidra ataca-se com sucesso o barco Mirandela, ano e meio antes apreendido pelo PAIGC. Enfim, o DFE 8 torna-se useiro e vezeiro em atuações no sul da Guiné. Vai fazendo propostas aos seus superiores: que se crie um tipo de cantil de plástico; que se substituam com urgência os botes de borracha muito pesados e mal acabados; que substituam as bússolas por outras com agulhas líquidas. Em Maio de 1965, tem lugar na região de Concolin a operação Marquês, um verdadeiro sucesso. Condecorações e louvores chovem para o DFE 8, que termina a sua missão em finais de Outubro de 1965. Calvão é condecorado com a medalha de Valor Militar Ouro, vai ser colocado na Escola de Fuzileiros, passa a colaborar regularmente no Jornal de Notícias e em finais de 1966 é nomeado para frequentar o curso geral naval de guerra. Em Março de 1967, Calvão torna-se diretor de instrução da Escola de Fuzileiros e comandante das Instalações Navais de Vale de Zebro. Um desaguisado com um colega leva a que os seus superiores o punam com uma repreensão agravada e recebe guia de marcha para o Comando de Defesa Marítima da Guiné, é adjunto do comandante. Encontra-se com Spínola no aeroporto e trocam cumprimentos galhardos. Pede para entrar em funções, é nomeado comandante do COP4, em Buba, nomeação curta, cabe-lhe a responsabilidade da força naval do rio grande Buba. E assim vai começar um novo período de atos destemidos que irão culminar na sua conceção e execução da operação Mar Verde.
(Continua)
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10882: Notas de leitura (445): "Diário da Guerra Colonial - Guiné 1966-1968", por Luís de Matos (2) (Mário Beja Santos)
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Guiné 63/74 - P10894: Convívios (488): A tertúlia da Tabanca de Matosinhos, sempre activa (José Teixeira)
1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 2 de Janeiro de 2013:
Caríssimos editores e amigos
Com votos de continuação de um Bom Ano para vocês e para o nosso blogue, junto um texto e fotografias sobre a Tertúlia da Tabanca de Matosinhos.
Abraço fraterno do
Zé Teixeira
A TERTÚLIA DA TABANCA DE MATOSINHOS, SEMPRE ACTIVA
Semanalmente à Quarta-Feira, desde Maio de 2005, um grupo de combatentes da Guiné, vai dar duas de conversa na Tertúlia da Tabanca de Matosinhos e aproveita para dar o gosto ao dente no Restaurante Milho Rei em Matosinhos.
Por volta do meio-dia, começam a surgir os convivas. Ali à porta do restaurante juntam-se por, vezes aos magotes.
Quase todas as semanas há “caras novas” com novidades. Ou porque estiveram em tal sítio, onde por lá passou também um ou outro conviva habitual, o que gera logo ali conversa que vai durar e alastrar a outros convivas até ao fim do repasto; ou porque se encontra um velho camarada que nunca mais se voltou a ver, desde a passagem à “peluda” e de repente surge ali como por encanto para um aperta costelas bem sentido; Ou porque foram no mesmo barco e passaram pelas mesmas tabancas. Uns andaram pelo Norte, outros pelo Sul ou pelo Leste. Possivelmente não se cruzaram no terreno mas conhecem os locais, as mesmas pessoas nativas, com quem conviveram. Combatentes da Metrópole ou naturais da Guiné, ligações afetivas que com o tempo se perderam.
Todos conhecem bem os locais de alto risco, que aqui ou ali trilharam, o que aliás, eram comuns em todo o território. Tudo o que foi vivido pelos combatentes na Guiné é tema de conversa num retorno ao passado, que teima em “navegar” nas nossas mentes.
Este iniciar de “hostilidades” à porta do restaurante prolonga-se no interior. A conversa é como “as cerejas”. Alarga-se e prolonga-se. O tempo parece que voa no meio dos copos que se esvaziam - à nossa saúde!
As histórias repetem-se e revivem-se como se fossem passadas hoje. Contam-se cenas que os estranhos ao processo chamariam de mirabolantes, mas que foram realidades concretas e vivenciadas por todos nós. Por tal razão são ouvidas e partilhadas pelos presentes com profundo respeito. Talvez reflitam um certo romantismo em resultado do tempo que passou e de algum modo libertou da carga dramática em que se viveram, mas não deixam de ser o retrato fiel de acontecimentos verdadeiros, que, só quem por lá passou compreende verdadeiramente.
Nota-se nos que ali vão pela primeira vez, a emotividade própria de quem ainda, talvez por falta de alguém com quem desabafar, não se libertou da carga emotiva que os acontecimentos lhe provocaram.
Mudam-se os tempos, alteram-se as condições sociais e económicas, surgem preocupações novas, com que nunca se sonhou, mas a Tertúlia da Tabanca de Matosinhos continua.
Há quem faça deste local ponto de encontro dos seus amigos da Guiné, para festejar a sua amizade selada nas bolanhas.
Há quem faça deste local ponto de encontro para no seu aniversário, festejar a vida, com os seus amigos.
Há quem faça ponto de honra. Todas as Quartas-Feiras ali se encontrar com os seus amigos.
Transformamos a sala do restaurante numa caserna, com a sua linguagem caraterística, os “dichotes” e as “partidas” que a ninguém ofendem e só servem para animar a malta e nos fazer sentir mais jovens.
Desta vez, apareceu por cá o já nosso conhecido Grupo de Bedanda, para celebrar a fraternidade que se alimenta na quadra natalícia, com a sua alegria peculiar, a sua forma de viver a amizade muito própria. Apareceram em tempos, para ver como era e logo ficaram. Alargaram o grupo, ou será que o grupo se criou e solidificou de forma natural?!
De vez em quando aparecem em magote e animam a malta. Para não correrem risco de saúde trazem médicos aos pares.
A Tabanca de Matosinhos continua a ser uma porta aberta para os combatentes.
José Teixeira
Desta vez o grupo de Bedanda por precaução trouxe uma dupla de médicos – Os Drs. Mário Bravo e Amaral Bernardo
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 18 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10818: Convívios (487): Uma viagem por terras da Lusitânia (José Câmara)
Caríssimos editores e amigos
Com votos de continuação de um Bom Ano para vocês e para o nosso blogue, junto um texto e fotografias sobre a Tertúlia da Tabanca de Matosinhos.
Abraço fraterno do
Zé Teixeira
A TERTÚLIA DA TABANCA DE MATOSINHOS, SEMPRE ACTIVA
Semanalmente à Quarta-Feira, desde Maio de 2005, um grupo de combatentes da Guiné, vai dar duas de conversa na Tertúlia da Tabanca de Matosinhos e aproveita para dar o gosto ao dente no Restaurante Milho Rei em Matosinhos.
Por volta do meio-dia, começam a surgir os convivas. Ali à porta do restaurante juntam-se por, vezes aos magotes.
Quase todas as semanas há “caras novas” com novidades. Ou porque estiveram em tal sítio, onde por lá passou também um ou outro conviva habitual, o que gera logo ali conversa que vai durar e alastrar a outros convivas até ao fim do repasto; ou porque se encontra um velho camarada que nunca mais se voltou a ver, desde a passagem à “peluda” e de repente surge ali como por encanto para um aperta costelas bem sentido; Ou porque foram no mesmo barco e passaram pelas mesmas tabancas. Uns andaram pelo Norte, outros pelo Sul ou pelo Leste. Possivelmente não se cruzaram no terreno mas conhecem os locais, as mesmas pessoas nativas, com quem conviveram. Combatentes da Metrópole ou naturais da Guiné, ligações afetivas que com o tempo se perderam.
Todos conhecem bem os locais de alto risco, que aqui ou ali trilharam, o que aliás, eram comuns em todo o território. Tudo o que foi vivido pelos combatentes na Guiné é tema de conversa num retorno ao passado, que teima em “navegar” nas nossas mentes.
Este iniciar de “hostilidades” à porta do restaurante prolonga-se no interior. A conversa é como “as cerejas”. Alarga-se e prolonga-se. O tempo parece que voa no meio dos copos que se esvaziam - à nossa saúde!
As histórias repetem-se e revivem-se como se fossem passadas hoje. Contam-se cenas que os estranhos ao processo chamariam de mirabolantes, mas que foram realidades concretas e vivenciadas por todos nós. Por tal razão são ouvidas e partilhadas pelos presentes com profundo respeito. Talvez reflitam um certo romantismo em resultado do tempo que passou e de algum modo libertou da carga dramática em que se viveram, mas não deixam de ser o retrato fiel de acontecimentos verdadeiros, que, só quem por lá passou compreende verdadeiramente.
Nota-se nos que ali vão pela primeira vez, a emotividade própria de quem ainda, talvez por falta de alguém com quem desabafar, não se libertou da carga emotiva que os acontecimentos lhe provocaram.
Mudam-se os tempos, alteram-se as condições sociais e económicas, surgem preocupações novas, com que nunca se sonhou, mas a Tertúlia da Tabanca de Matosinhos continua.
Há quem faça deste local ponto de encontro dos seus amigos da Guiné, para festejar a sua amizade selada nas bolanhas.
Há quem faça deste local ponto de encontro para no seu aniversário, festejar a vida, com os seus amigos.
Há quem faça ponto de honra. Todas as Quartas-Feiras ali se encontrar com os seus amigos.
Transformamos a sala do restaurante numa caserna, com a sua linguagem caraterística, os “dichotes” e as “partidas” que a ninguém ofendem e só servem para animar a malta e nos fazer sentir mais jovens.
Desta vez, apareceu por cá o já nosso conhecido Grupo de Bedanda, para celebrar a fraternidade que se alimenta na quadra natalícia, com a sua alegria peculiar, a sua forma de viver a amizade muito própria. Apareceram em tempos, para ver como era e logo ficaram. Alargaram o grupo, ou será que o grupo se criou e solidificou de forma natural?!
De vez em quando aparecem em magote e animam a malta. Para não correrem risco de saúde trazem médicos aos pares.
A Tabanca de Matosinhos continua a ser uma porta aberta para os combatentes.
José Teixeira
Aspeto geral da sala, vendo-se o Grupo de Bedanda que veio festejar o Natal na Tabanca.
Desta vez o grupo de Bedanda por precaução trouxe uma dupla de médicos – Os Drs. Mário Bravo e Amaral Bernardo
Vem os velhos e os novos...
... e os mais novos
O Batista (morto vivo ) e o João Rebola parece que estão felizes!
Mais um grupo que nunca falha
Gente de Bedanda
O Carvalho e Zé Manel amigos de peito desde Mampatá, mais o Xico Allen
Os Presidentes da Tabanca Pequena ONGD – Álvaro Basto da MAG e Moutinho Santos do C.A.
____________Nota de CV:
Vd. último poste da série de 18 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10818: Convívios (487): Uma viagem por terras da Lusitânia (José Câmara)
Guiné 63/74 - P10893: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (12): Mensagens de Natal da Tertúlia (5) (Maria Teresa Almeida)
1. Recebemos da nossa amiga tertuliana Teresa Almeida, da Liga dos Combatentes, esta mensagem com data de hoje, 3 de Janeiro de 2013:
Bom Dia meu Estimado Combatente Sr. Carlos Vinhal
Agradecia se possível, a divulgação no Blog Luís Graça e Camaradas da Guiné desta minha mensagem para todos os Combatentes do Ultramar.
Com um abraço, de imensa gratidão
Teresa Almeida
Liga dos Combatentes
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10863: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (11): Mensagens de Natal da Tertúlia (4)
Bom Dia meu Estimado Combatente Sr. Carlos Vinhal
Agradecia se possível, a divulgação no Blog Luís Graça e Camaradas da Guiné desta minha mensagem para todos os Combatentes do Ultramar.
Com um abraço, de imensa gratidão
Teresa Almeida
Liga dos Combatentes
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10863: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (11): Mensagens de Natal da Tertúlia (4)
Guiné 63/74 - P10892: Agenda cultural (245): TSF, Grande Reportagem, hoje, às 19h00: "Sem panela, não se coze arroz" (reportagem de João Janes, com sonorização de João Félix Pereira)
TSF > Grande Reportagem > Depois do noticiário das 19h00 > "Sem panela, não se coze arroz"
Sinopse:
Pobre e politicamente instável, a Guiné-Bissau é um país tomado pela guerra de poder e de costas voltadas para a comunidade internacional. Uma realidade para conhecer na Grande Reportagem da TSF desta quinta- feira.
«Sem panela, não se coze arroz» dá a escutar os testemunhos de um povo que se habituou a viver com menos de um dólar por dia. A pouca comida disponível mata a fome dos mais novos, porque os adultos assim o querem. Enquanto isso, os políticos preparam o país, um dos mais pobres do mundo, para as eleições de abril.
Ouvir aqui um excerto da reportagem, da autoria de João Janes, com sonorização de João Félix Pereira.
____________
Nota do editor:
Ultimo poste da série > 26 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10865: Agenda cultural (244): O nosso grã-tabanqueiro António Graça de Abreu vai dirigir um curso livre sobre a China de ontem e de hoje (1713-2013), no Museu do Oriente, em Lisboa, aos sábados de manhã, de janeiro a março de 2013
Ouvir aqui um excerto da reportagem, da autoria de João Janes, com sonorização de João Félix Pereira.
____________
Nota do editor:
Ultimo poste da série > 26 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10865: Agenda cultural (244): O nosso grã-tabanqueiro António Graça de Abreu vai dirigir um curso livre sobre a China de ontem e de hoje (1713-2013), no Museu do Oriente, em Lisboa, aos sábados de manhã, de janeiro a março de 2013
Guiné 63/74 - P10891: (Ex)citações (204): Alpoim Calvão e a Operação Nebulosa: revelações de Jorge Félix, ex-alf mil pil av heli AL III, e comentário de João Meneses, 2º ten fze, RN, DFE 21, 1972
1. Mensagem de Jorge Félix, ex-alf mil pil av, heli, AL III (Bissalanaca, BA12, 1968/70)
Data: 1 de Janeiro de 2013 23:34
Assunto: Alpoím Calvão
Caro Luís,
Grato pelos teus votos de ano novo, e parabéns pelas fotos :))
Estou perdido com as tecnologias pois algo não está bem com o meu PC.
Já respondi ao João Meneses, não conseguindo meter no nosso Blogue (*).
Envio por este meio para fazeres o que achares melhor.
Entretanto já meti no Facebook [,na página da Tabanca Grande,] não sei se bem :))) (**)
___________________
2. Resposta de Jorge Félix ao João Meneses:
Caro João Meneses
Desde já o meu muito obrigado por ter dado um "parecer" ao meu comentário, a uma passagem do livro
"Alpoim Calvão, Honra e Dever".
Se um dia estiver com o Sr Com Alpoim Calvão, poderá perguntar a verdade desta "história". Não devem ter acontecido , ao Sr Com Alpoim Calvão , muitas evacuações no "meio do mar" e ter à sua espera no inicio da pista de Bissalanca o Comandante Diogo Neto, que o transportou no Mercedes de vidros "foscos", aqui romanceio eu, para junto de Spínola onde foi contar a operação.
Sem sentir que foi dada uma imagem negativa da FAP, senti que não foi dita a verdade que eu vivi.
Como aprendi neste "blog"a lutar por ela, vim novamente dar o testemunho da vivência que não deveria ter outra interpretação...
Com amizade e respeito
Jorge Félix
1 de Janeiro de 2013
Abraço e bom Ano Novo
Jorge Félix
Fotos acima reproduzidas, retiradas da página do Facebook do nosso camarada Jorge Félix. Com a devida vénia...
____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 30 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10877: Notas de leitura (444): Um reparo à descrição da Operação Nebulosa inserta no livro "Alpoim Calvão - Honra e Dever" (Jorge Félix)
(...) Comentário de João Saldanha Meneses [, 2º ten fze, RN, DFE 21, 1972, nosso grã-tabanqueiro nº 591]
Caro Amigo Jorge Felix
Todo o processo desde o pedido até este ser realizado, não é instantâneo e todos os que passaram por isso, o sabiam. Mas repito: É que "UM SEGUNDO" de espera era uma eternidade.
Deixo um pergunta no ar: Alguma vez se colocou em causa ou se tentou criar uma imagem negativa da FAP? Bem pelo contrário, caro Jorge, Muito pelo contrário
Data: 1 de Janeiro de 2013 23:34
Assunto: Alpoím Calvão
Caro Luís,
Grato pelos teus votos de ano novo, e parabéns pelas fotos :))
Estou perdido com as tecnologias pois algo não está bem com o meu PC.
Já respondi ao João Meneses, não conseguindo meter no nosso Blogue (*).
Envio por este meio para fazeres o que achares melhor.
Entretanto já meti no Facebook [,na página da Tabanca Grande,] não sei se bem :))) (**)
___________________
2. Resposta de Jorge Félix ao João Meneses:
Caro João Meneses
Desde já o meu muito obrigado por ter dado um "parecer" ao meu comentário, a uma passagem do livro
"Alpoim Calvão, Honra e Dever".
Neste meu comentário, deveria ter informado, que na Operação Nubelosa, o Senhor Comandante Alpoim Calvão, "e um pequeno grupo de fuzileiros", invadiram o território da Guiné-Conacri e afundaram a motora 'Patrice Lumunba'. (Informação para quem não leu o livro e possa entender o meu reparo). [, Operação iniciada a 15 de agosto de 1969] (***)
Caro João Meneses, esta operação não foi ir ali ao "tarrafo dar dois tiros e chamar os helis"...Não sei se conhece a região em causa, Foz do rio Cacine (Ali perto, a umas milhas, o PAIGC tinha anti aéreas). Um sitio que se chamava "Quitafine" e, uns tempos antes, onde também estive, os Paras tiveram que sair sem conseguir avançar no terreno. (Uma outra operação).
Quando falo em "romancear", pretendo dizer que o que está escrito, foi romanceado. Não corresponde à verdade.
Se por um lado , os Fuzileiros fazem uma operação "milimétrica", a FAP, num momento também importante da operação, atuava como relatam: "Os helicópteros andavam a sobrevoar toda a costa da foz do Cacine, não podendo supor que o seu objetivo se encontava naquele baixio tão distante." (linha nº 21, pg 184)
Só não conhecendo a região, pode falar em andarem Helis a sobrevoar "toda a região da foz do Cacine"....
Sim, um "segundo" é muito tempo, e caro João, o Senhor Comandante Alpoím Calvâo [, foto à direita, cortesia do sítio oficial do seu livro,], nesse dia, deve ter esperado 50 minutos desde que pediu a evaquação. (De Al III,mais rápido só com vento de cauda forte).
Faz-me duas perguntas para justificar o que escreveu: "Ademais, para além da sua específica missão, e se foram ouvidos outros Hélis na zona, não estariam eles noutras missões, desconhecidas do próprio e de outros? Não seria uma realidade? Não seria legítima uma interpretação empírica?"
Ja percebeu que naquela região os meios aéreos não podiam voar em altitude! Escutar um Heli em baixa altitude, não lhe dá um raio superior a 500 (quinhentos) metros.... as interpretações empíricas podem ser respeitadas por todos, ...
Atendendo a que isto não vai ao conhecimento do sr AG, e para repor a verdade aqui no nosso Blog, vou falar no "tal pormenor" que só poderá ser do conhecimento do Sr Com Alpoim Calvão, e dá credito aquilo que digo.
Ordens do Sr Gen Diogo Neto: Vai "evacuar" um fuzileiro que torceu um pé. (Ultrapassemos o local). Vai sem mecânico e enfermeira. (Outro pequeno detalhe, as evacuações de heli, terminavam no Heliporto do Hospital Militar). No regresso, aterra no inicio da pista (não na placa, como também podia acontecer) onde, no dizer de Diogo Neto, eu estarei para transportar o "fuzileiro". Não comente esta "operação".... (Isto foi respeitado até este momento).
Caro João Meneses, esta operação não foi ir ali ao "tarrafo dar dois tiros e chamar os helis"...Não sei se conhece a região em causa, Foz do rio Cacine (Ali perto, a umas milhas, o PAIGC tinha anti aéreas). Um sitio que se chamava "Quitafine" e, uns tempos antes, onde também estive, os Paras tiveram que sair sem conseguir avançar no terreno. (Uma outra operação).
Quando falo em "romancear", pretendo dizer que o que está escrito, foi romanceado. Não corresponde à verdade.
Se por um lado , os Fuzileiros fazem uma operação "milimétrica", a FAP, num momento também importante da operação, atuava como relatam: "Os helicópteros andavam a sobrevoar toda a costa da foz do Cacine, não podendo supor que o seu objetivo se encontava naquele baixio tão distante." (linha nº 21, pg 184)
Só não conhecendo a região, pode falar em andarem Helis a sobrevoar "toda a região da foz do Cacine"....
Sim, um "segundo" é muito tempo, e caro João, o Senhor Comandante Alpoím Calvâo [, foto à direita, cortesia do sítio oficial do seu livro,], nesse dia, deve ter esperado 50 minutos desde que pediu a evaquação. (De Al III,mais rápido só com vento de cauda forte).
Faz-me duas perguntas para justificar o que escreveu: "Ademais, para além da sua específica missão, e se foram ouvidos outros Hélis na zona, não estariam eles noutras missões, desconhecidas do próprio e de outros? Não seria uma realidade? Não seria legítima uma interpretação empírica?"
Ja percebeu que naquela região os meios aéreos não podiam voar em altitude! Escutar um Heli em baixa altitude, não lhe dá um raio superior a 500 (quinhentos) metros.... as interpretações empíricas podem ser respeitadas por todos, ...
Atendendo a que isto não vai ao conhecimento do sr AG, e para repor a verdade aqui no nosso Blog, vou falar no "tal pormenor" que só poderá ser do conhecimento do Sr Com Alpoim Calvão, e dá credito aquilo que digo.
Ordens do Sr Gen Diogo Neto: Vai "evacuar" um fuzileiro que torceu um pé. (Ultrapassemos o local). Vai sem mecânico e enfermeira. (Outro pequeno detalhe, as evacuações de heli, terminavam no Heliporto do Hospital Militar). No regresso, aterra no inicio da pista (não na placa, como também podia acontecer) onde, no dizer de Diogo Neto, eu estarei para transportar o "fuzileiro". Não comente esta "operação".... (Isto foi respeitado até este momento).
Se um dia estiver com o Sr Com Alpoim Calvão, poderá perguntar a verdade desta "história". Não devem ter acontecido , ao Sr Com Alpoim Calvão , muitas evacuações no "meio do mar" e ter à sua espera no inicio da pista de Bissalanca o Comandante Diogo Neto, que o transportou no Mercedes de vidros "foscos", aqui romanceio eu, para junto de Spínola onde foi contar a operação.
Sem sentir que foi dada uma imagem negativa da FAP, senti que não foi dita a verdade que eu vivi.
Como aprendi neste "blog"a lutar por ela, vim novamente dar o testemunho da vivência que não deveria ter outra interpretação...
Com amizade e respeito
Jorge Félix
1 de Janeiro de 2013
Abraço e bom Ano Novo
Jorge Félix
Fotos acima reproduzidas, retiradas da página do Facebook do nosso camarada Jorge Félix. Com a devida vénia...
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 30 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10877: Notas de leitura (444): Um reparo à descrição da Operação Nebulosa inserta no livro "Alpoim Calvão - Honra e Dever" (Jorge Félix)
Caro Amigo Jorge Felix
Permita-me, com todo o respeito, discordar da sua última afirmação, cito: "Numa próxima edição, este facto romanceado, deveria ser alterado, a fim de dar uma outra imagem da FAP. As esperas intermináveis dos helis, aconteciam quando não havia meios para 'acudir' a todos ao mesmo tempo."
Deixo-lhe um testemunho simples de que a FAP e o seu nome, NUNCA foram postos em causa, nem interpretei como tal no que está escrito no livro de "Alpoim Calvão". Nem é romance sequer. Ao dar-se a conhecer como o autor daquela operação, dou-lhe os meus cumprimentos. Falar da FAP em geral, já é outra coisa.
Deixo-lhe um testemunho simples de que a FAP e o seu nome, NUNCA foram postos em causa, nem interpretei como tal no que está escrito no livro de "Alpoim Calvão". Nem é romance sequer. Ao dar-se a conhecer como o autor daquela operação, dou-lhe os meus cumprimentos. Falar da FAP em geral, já é outra coisa.
Devo a minha vida a evacuação feita pelos Helis, após ferimentos graves em combate. Compreende aqui a minha gratidão particular e geral pelo que a FAP fez no teatro da Guiné ou qualquer outro.
Compreendo o autor ao dar a entender que demorou tempo a chegada do Heli, É que "UM SEGUNDO" de espera era uma eternidade.
Compreendo o autor ao dar a entender que demorou tempo a chegada do Heli, É que "UM SEGUNDO" de espera era uma eternidade.
Todo o processo desde o pedido até este ser realizado, não é instantâneo e todos os que passaram por isso, o sabiam. Mas repito: É que "UM SEGUNDO" de espera era uma eternidade.
Sem responsabilizar a FAP, ou mesmo responsabilizando-a pelo bom comportamento, interpretei o autor, não como um romancista, mas como um tradutor EXACTO do que passa em tais circunstâncias. Ademais, para além da sua específica missão, e se foram ouvidos outros Hélis na zona, não estariam eles noutras missões, desconhecidas do próprio e de outros? Não seria uma realidade? Não seria legítima uma interpretação empírica?
Deixo um pergunta no ar: Alguma vez se colocou em causa ou se tentou criar uma imagem negativa da FAP? Bem pelo contrário, caro Jorge, Muito pelo contrário
Com toda a minha amizade e compreensão
Um Fuzileiro
João Meneses
(**) Último poste da série > 3 de deszembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10757: (Ex)citações (203): O "fado das comparações"... ou o humor sarcástico do Cancioneiro do Niassa(Luís Graça)
(***) Vd. Fórum Armada, página não oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (Excerto, reproduzido com a devida vénia)
(...) A OPERAÇÃO MAR VERDE > Parte 2 – A decisão e a preparação
Uma das preocupações de Spínola para enfraquecer o PAIGC era a de estancar o fluxo de abastecimentos, grande parte do qual era feito por via marítima e fluvial. Era importante negar ao PAIGC essa capacidade e para isso, em princípios de 1969, foi feito um vasto trabalho de recolha de informações sobre a frota de embarcações do PAIGC. No decorrer deste trabalho ficou-se a saber que o PAIGC tinha, para além de três pequenos navios e de um número indeterminado de canoas e botes a motor, de duas ou três lanchas rápidas do tipo P6, fornecidas pela União Soviética. Este país tinha igualmente fornecido à Guiné Conakry quatro lanchas rápidas do tipo Komar.
Integrado no quartel-general de Spínola estava o Corpo de Operações Especiais que, comandado pelo capitão-tenente Guilherme Alpoim Calvão (dos Fuzileiros) preparou e executou uma série de acções contra os meios navais do PAIGC. Estas consistiram em emboscadas fluviais montadas pelos Fuzileiros, em botes pneumáticos, que tomavam de assalto os navios do PAIGC. Foram assim capturados e destruídos dois navios, o Patrice Lumumba, da Guiné-Conakry mas ao serviço do PAIGC (Operação Nebulosa, em Agosto de 1969) e oBandim (Operação Gata Brava, em Fevereiro de 1970, em território da Guiné-Conakry), este último especialmente importante para o movimento guerrilheiro. Em resultado destas operações, a capacidade de abastecimento do PAIGC foi severamente afectada.
Mas as pequenas lanchas rápidas do PAIGC e da Guiné-Conakry constituíam um sério risco para os navios portugueses, sobretudo se usadas de noite ou tirando partido das condições hidrográficas da Guiné Portuguesa. As P6 eram um modelo soviético dos anos 50, armadas de torpedos e canhões ligeiros. (...).
Sobre a Op Nebulosa, vd. também o nosso poste de 21 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5139: Notas de leitura (30): Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, de Saturnino Monteiro (Beja Santos)
(...) Em 1969, Alpoim Calvão regressa à Guiné e insiste com o brigadeiro Spínola para que se retomassem as operações destinadas a capturar os navios que andavam ao serviço do PAIGC. Spínola acede à realização dessa operação. Alpoim Calvão planeou a operação “Nebulosa”, que se iniciou em 15 de Agosto de 1969: Calvão era acompanhado pelo segundo-tenente Rebordão de Brito, dois sargentos e dez fuzileiros especiais e levavam quatro botes de borracha.
A 27, quando se aproximou um navio, mais tarde identificado como sendo o Patrice Lumumba, os botes de borracha saíram do esconderijo e foram ao seu encontro. Como tivesse havido reacção, a força comandada por Calvão atacou com granadas lacrimogéneas e tiros de G-3, a que se seguiu um breve combate corpo a corpo. A bordo encontravam-se 24 pessoas, entre as quais 3 elementos do PAIGC (um deles morto durante o assalto), que foram aprisionadas. O Patrice Lumumba, muito danificado, teve de ser abandonado. (...)
Um Fuzileiro
João Meneses
(**) Último poste da série > 3 de deszembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10757: (Ex)citações (203): O "fado das comparações"... ou o humor sarcástico do Cancioneiro do Niassa(Luís Graça)
(***) Vd. Fórum Armada, página não oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (Excerto, reproduzido com a devida vénia)
(...) A OPERAÇÃO MAR VERDE > Parte 2 – A decisão e a preparação
Uma das preocupações de Spínola para enfraquecer o PAIGC era a de estancar o fluxo de abastecimentos, grande parte do qual era feito por via marítima e fluvial. Era importante negar ao PAIGC essa capacidade e para isso, em princípios de 1969, foi feito um vasto trabalho de recolha de informações sobre a frota de embarcações do PAIGC. No decorrer deste trabalho ficou-se a saber que o PAIGC tinha, para além de três pequenos navios e de um número indeterminado de canoas e botes a motor, de duas ou três lanchas rápidas do tipo P6, fornecidas pela União Soviética. Este país tinha igualmente fornecido à Guiné Conakry quatro lanchas rápidas do tipo Komar.
Integrado no quartel-general de Spínola estava o Corpo de Operações Especiais que, comandado pelo capitão-tenente Guilherme Alpoim Calvão (dos Fuzileiros) preparou e executou uma série de acções contra os meios navais do PAIGC. Estas consistiram em emboscadas fluviais montadas pelos Fuzileiros, em botes pneumáticos, que tomavam de assalto os navios do PAIGC. Foram assim capturados e destruídos dois navios, o Patrice Lumumba, da Guiné-Conakry mas ao serviço do PAIGC (Operação Nebulosa, em Agosto de 1969) e oBandim (Operação Gata Brava, em Fevereiro de 1970, em território da Guiné-Conakry), este último especialmente importante para o movimento guerrilheiro. Em resultado destas operações, a capacidade de abastecimento do PAIGC foi severamente afectada.
Mas as pequenas lanchas rápidas do PAIGC e da Guiné-Conakry constituíam um sério risco para os navios portugueses, sobretudo se usadas de noite ou tirando partido das condições hidrográficas da Guiné Portuguesa. As P6 eram um modelo soviético dos anos 50, armadas de torpedos e canhões ligeiros. (...).
Sobre a Op Nebulosa, vd. também o nosso poste de 21 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5139: Notas de leitura (30): Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, de Saturnino Monteiro (Beja Santos)
(...) Em 1969, Alpoim Calvão regressa à Guiné e insiste com o brigadeiro Spínola para que se retomassem as operações destinadas a capturar os navios que andavam ao serviço do PAIGC. Spínola acede à realização dessa operação. Alpoim Calvão planeou a operação “Nebulosa”, que se iniciou em 15 de Agosto de 1969: Calvão era acompanhado pelo segundo-tenente Rebordão de Brito, dois sargentos e dez fuzileiros especiais e levavam quatro botes de borracha.
A 27, quando se aproximou um navio, mais tarde identificado como sendo o Patrice Lumumba, os botes de borracha saíram do esconderijo e foram ao seu encontro. Como tivesse havido reacção, a força comandada por Calvão atacou com granadas lacrimogéneas e tiros de G-3, a que se seguiu um breve combate corpo a corpo. A bordo encontravam-se 24 pessoas, entre as quais 3 elementos do PAIGC (um deles morto durante o assalto), que foram aprisionadas. O Patrice Lumumba, muito danificado, teve de ser abandonado. (...)
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Guiné 63/74 - P10890: (In)citações (46): Em louvor das canoas nhomincas... e a propósito da notícia do trágico naufrágio de 28 /12/2012, ao largo de Bissau (Patrício Ribeiro)
Guiné-Bissau > Bolama > s/d > Cais > Uma canoa nhominca, para transporte de passageiros. A sua lotação máxima são 100 passageiros.
Foto: © Patrício Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.
1. Mensagem do nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro [, foto á direita, quando fuzo em Angola](*):
Data: 31 de Dezembro de 2012 18:02
Assunto: Guiné-Bissau de luto nacional por causa de naufrágio de piroga + Canoas Nhomincas
Luís
Não me apetece comentar [, a notícia do trágico naufrágio ocorrido em 28 de dezembro, ao largo dop porto de Bissau, com um canoa sobrelotada, que vinha de Bolama] (**), mas...
Já viajei nestas canoas nhomincas, algumas centenas de horas (, talvez até milhares), para todas as Ilhas dos Bijagós.
Para Bolama, viajei muitas dezenas de vezes, em diversas embarcações. Quer nestas canoas, ou pequenos botes, algumas vezes durante a noite. Nos últimos tempos em barcos grandes, que até há pouco tempo faziam a carreira duas vezes por semana, e que agora estão avariados.
Algumas vezes nestas viagens tinha por companhia o Comandante Alpoim Calvão, meu comandante na Escola de Fuzileiros em 68/69, que lá tem, [em Bolama,] uma fábrica de descasque de caju e dá emprego a mais de 200 pessoas.
Em 2012, viajámos juntos 2 vezes, 5 horas para cada lado. Os barcos tinham que passar por Bolama de Baixo, devido ao calado, não podiam passar pelo canal.
As canoas passam pelo canal de Bolama com a maré cheia, levam 2,5 horas em cada percurso. Nesta época do ano, há marão entre a Ilha das Areias até Bissau, o lugar pior é já perto de Bissau, as ondas são maiores e apanha também as correntes sempre muito fortes das marés, foi o que aconteceu infelizmente, com esta.
As coisas nem sempre correm bem, nesta época do ano entre Dezembro e Janeiro, devido aos ventos que provoca o marão, que são ondas de 1 até 2 metros.
É que devido a estas desgraças, há 3 ou 4 anos o governo decretou, que todas as embarcações tinham que ter: (i) um rádio de comunicação; e (ii) coletes salva vidas para todos os passageiros, e que (iii) cada embarcação só podia levar um determinado número de pessoas.
Já estive algumas horas à espera que a polícia marítima fizesse sair os últimos que entravam contra as ordens dos marinheiros da embarcação... É muito difícil... Ninguém quer sair... Toda a gente se conhece... São todos amigos... Não há respeito pelas autoridades... E a hora da maré não espera... É tudo contra relógio!
A maioria das vezes lá segue viagem com o dobro ou o triplo dos passareiros. Uma vez de Bubaque para Bissau, contei 200 pessoas numa canoa grande, trazia a mais, 100 pessoas, não foi nada fácil chegar ao destino…
Já passei por grandes problemas que davam para contar durante horas, mas como dizem os meus amigos... "chego sempre"... E eu acrescento: até agora, felizmente! Foi numa destas canoas "nhominca", que fiz a viagem para a fragata Vasco da Gama, acompanhado de outros portugueses [, em 1998]…
Por vezes quando todos entram em pânico, é necessário tomar algumas atitudes pouco "recomendáveis" e tomar conta da embarcação, que o digam os meus colaboradores, ou alguns nossos amigos, que brincam com o que às vezes tenho que fazer, para que tudo corra bem. "É necessário que cada um fique no seu lugar, não deixar que corram todos para o mesmo lado".
As canoas nhominca são as melhores embarcações e que se adaptam ao mar desta costa de África. O povo Nhominca foi quem as construiu há séculos, propositadamente para este mar!...
Já mandei construir algumas destas canoas, que depois entrego aos projectos, em pequenos estaleiros em Bissau, ou no grande estaleiro de Zinguichor, no Senegal. A maior concentração destas embarcações que já vi, foi em St. Louis, no norte do Senegal, umas largas centenas! Elas percorrem todo o mar costeiro, nesta costa de África, à pesca.
Já passei por grandes problemas que davam para contar durante horas, mas como dizem os meus amigos... "chego sempre"... E eu acrescento: até agora, felizmente! Foi numa destas canoas "nhominca", que fiz a viagem para a fragata Vasco da Gama, acompanhado de outros portugueses [, em 1998]…
Por vezes quando todos entram em pânico, é necessário tomar algumas atitudes pouco "recomendáveis" e tomar conta da embarcação, que o digam os meus colaboradores, ou alguns nossos amigos, que brincam com o que às vezes tenho que fazer, para que tudo corra bem. "É necessário que cada um fique no seu lugar, não deixar que corram todos para o mesmo lado".
As canoas nhominca são as melhores embarcações e que se adaptam ao mar desta costa de África. O povo Nhominca foi quem as construiu há séculos, propositadamente para este mar!...
Já mandei construir algumas destas canoas, que depois entrego aos projectos, em pequenos estaleiros em Bissau, ou no grande estaleiro de Zinguichor, no Senegal. A maior concentração destas embarcações que já vi, foi em St. Louis, no norte do Senegal, umas largas centenas! Elas percorrem todo o mar costeiro, nesta costa de África, à pesca.
Boas festas
Patricio Ribeiro
IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau ,
Tel / Fax 00 245 3214385, 6623168, 7202645, Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 Lisboa
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
_____________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 24 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10715: (In)citações (45): Carlos Guedes e Teco com livro sobre a CCAÇ 726, em preparação (Virgínio Briote)
(**) Excerto de notícia da Lusa, publicada no JN - Jornal de Notícias, de 2 de janeiro de 2013:
(...) A polícia marítima da Guiné-Bissau confirmou, esta quarta-feira, que subiu para 29 o número de mortos no naufrágio de uma piroga em 28 de dezembro ao largo de Bissau.
Fonte da polícia marítima disse à agência Lusa que até terça-feira foram oficialmente contabilizados 29 mortos, depois de ter sido encontrado o corpo de um homem de 30 anos junto ao cais do porto comercial de Bissau.
O corpo foi levado para a morgue do hospital Simão Mendes, disse a fonte da polícia marítima, que confirmou que nos últimos dias têm sido encontrados corpos de náufragos "em lugares diferentes".
A mesma fonte confirmou também que a Policia Judiciaria (PJ) já tomou conta do caso estando neste momento a ouvir as pessoas diretamente envolvidas no acidente, nomeadamente o capitão do porto da ilha de Bolama, de onde partiu a piroga que naufragou, o dono da embarcação e a tripulação da mesma. (...)
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau ,
Tel / Fax 00 245 3214385, 6623168, 7202645, Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 Lisboa
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 24 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10715: (In)citações (45): Carlos Guedes e Teco com livro sobre a CCAÇ 726, em preparação (Virgínio Briote)
(**) Excerto de notícia da Lusa, publicada no JN - Jornal de Notícias, de 2 de janeiro de 2013:
(...) A polícia marítima da Guiné-Bissau confirmou, esta quarta-feira, que subiu para 29 o número de mortos no naufrágio de uma piroga em 28 de dezembro ao largo de Bissau.
Fonte da polícia marítima disse à agência Lusa que até terça-feira foram oficialmente contabilizados 29 mortos, depois de ter sido encontrado o corpo de um homem de 30 anos junto ao cais do porto comercial de Bissau.
O corpo foi levado para a morgue do hospital Simão Mendes, disse a fonte da polícia marítima, que confirmou que nos últimos dias têm sido encontrados corpos de náufragos "em lugares diferentes".
A mesma fonte confirmou também que a Policia Judiciaria (PJ) já tomou conta do caso estando neste momento a ouvir as pessoas diretamente envolvidas no acidente, nomeadamente o capitão do porto da ilha de Bolama, de onde partiu a piroga que naufragou, o dono da embarcação e a tripulação da mesma. (...)
No discurso à Nação por ocasião do fim do ano, o Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo exigiu que as pessoas responsáveis pelo naufrágio sejam encontradas e castigadas para que situações do género não voltem a acontecer no país.
Cinco dias após o naufrágio, a polícia marítima e a capitania dos portos de Bissau continuam sem saber quantas pessoas poderiam estar na piroga uma vez que os números de passageiros oficialmente transportados pela embarcação não coincide com aquele que tem sido referido pelos passageiros sobreviventes do naufrágio.
O delegado da polícia marítima de Bolama alega que a embarcação transportava 97 pessoas e os passageiros afirmam que seriam entre 150 a 200 pessoas. (...)
Cinco dias após o naufrágio, a polícia marítima e a capitania dos portos de Bissau continuam sem saber quantas pessoas poderiam estar na piroga uma vez que os números de passageiros oficialmente transportados pela embarcação não coincide com aquele que tem sido referido pelos passageiros sobreviventes do naufrágio.
O delegado da polícia marítima de Bolama alega que a embarcação transportava 97 pessoas e os passageiros afirmam que seriam entre 150 a 200 pessoas. (...)
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Guiné 63/74 - P10889: O nosso blogue em números (32): 1 milhão e 250 mil visitas no ano de 2012 (Carlos Vinhal / Luís Graça)
Figura 1 - Nº de postes publicados mensalmente durante o ano de 2012: total=1589; máximo=149 (Setembro); mínimo=97 (Agosto); média mensal= 132,4; média diária=4,3.
1. Mensagem do nosso coeditor Carlos Vinhal:
Caro Luís
Tu que gostas de números e estatísticas, aqui tens a situação de 2012 quanto a postes publicados entre 1/1 e 31/12/2012.
N.º de Postes publicados - 1589 (Figura 1).
Assim distribuídos (por editor) (Figura 2)
Figura 2 - Percentagem de postes publicados em 2012, pro editor (N=1589)
Carlos Vinhal (CV)= 914 (57,5%)
Melhor mês - Dezembro = 95
Pior mês - Agosto = 61
Luís Graça (LG)= 565 (35,6%)
Melhor mês - Novembro = 62
Pior mês - Janeiro = 32
Eduardo Magalhães Ribeiro (EMR)= 110 (6,9%)
Melhor mês - Maio = 22
Pior mês - Agosto = 0
Postes publicados por mês (Figura 1):
Média mensal de postes publicados = 132,4
Média semanal de postes publicados = 30,5
Média dia de postes publicados = 4,3
Mês em que se publicaram mais postes - Setembro = 149
Mês em que se publicaram menos postes - Agosto = 97
Abraço e votos de bom ano 2013 para ambos.
Carlos
2. Já agora acrescento mais alguns dados relativos ao ano transato (LG):
Convirá lembrar que só começámos a publicar estatísticas sobre o nosso blogue em novembro de 2009.
No fim do ano de 2012, contabilizávamos um total de 4407672 visualizações de páginas (visitas), ou seja, mais 1249272 do que em 31/12/2011. O nosso melhor mês foi o de março (com um total de 120 mil visitas) e o pior foi o julho (86 mil) (Figura 3).
Janeiro: 110 mil
Fevereiro: 100 mil
Março: 120 mil
Abril: 117 mil
Maio: 115 mil
Junho: 96 mil
Julho: 86 mil
Agosto: 91 mil
Setembro - 87 mil
Outubro - 115 mil
Novembro - 116 mil
Dezembro - 90 mil
Figura 3 - Nº de visualizações de páginas (oui visitas) em 2012, por mês (N=1250 mil). Média mensal=104 mil; média diária=3400.
Recorde-se que começámos a "blogar" em abril de 2004 (início da I Série, até maio de 2006) e o primeiro milhão de visitas só foi atingido em fevereiro de 2009. Os 2 milhões de visitas foram atingidos em meados de setembro de 2010; os 3 milhões de visitas na 1ª quinzena de novembro de 2011; e os 4 milhões em setembro de 2012.
É de referir que a evolução deste indicador tem sido favorável, com um crescimento sustentado ao longo do tempo: partimos de uma escassas dezenas de milhares de visitas... em finais de Maio de 2006 (fim da I Série, e abertura do actual blogue), para atingir as 400 mil em Outubro de 2007, as 800 mil em Outubro de 2008, o milhão em Fevereiro de 2009, o 1,4 milhões em Dezembro de 2009 e os 1,7 milhões em maio de 2010.
A média mensal de visitas em 2012 (c. 104 mil) é de longe superior à do período anterior (de julho de 2010 a maio de 2011), que não chegava aos 79 mil.
Por outro lado, chegámos a 31 de dezembro de 2012, com 595 membros registados na nossa Tabanca Grande, muito próximo dos 600 grã-tabanqueiros que apontámos como meta na nossa campanha de angariação de "periquitos", campanha essa que decorreu no segundo semestre de 2012.
Recorde-se que começamos a II Série do blogue, em junho de 2006, com 111 inscritos... Eis a evolução das "entradas" na nossa Tabanca Grande desde então até ao final do ano de 2012 (Figura 4).
Figura 4 - Evolução do nº de membros da Tabanca Grande desde finais de maio de 2006 (n=111) a finais de dezembro de 2012 (n=595). Média anual= 62,5; média mensal: 5,2.
Temos além disso uma página no Facebook, chamada Tabanca Grande, com mil amigos (muitos dos quais combatentes da guerra colonial, mas nem todos membros do blogue, longe disso). Temos, além disso, 256 seguidores do nosso blogue...
Atingimos também, no fim do ano, a cifra dos 38 300 comentários, o que é obra!... Comparemos estes dados com os de ínicio do mês de novembro de 2011, em que acabávamos de ultrapassar os 9 mil postes e estávamos a chegar aos 3 milhões de visitas e a ultrapassar os 27 100 comentários (desde maio de 2010). A média mensal dos últimos 14 meses (de novembro de 2011 a dezembro de 2012) é de 800 comentários (26,7 por dia).
Um abraço de amizade e camaradagem para todos os nossos editores (que são, além de mim, o Carlos Vinhal, o Eduardo Magalhães Ribeiro; o Virgínio Briote, por razões de saúde, deixar de estar ativo, sendo por isso um editor "jubilado"), colaboradores permanentes (Hélder Sousa, Jorge Cabral, José Martins e Torcato Mendonça),, autores, comentadores e leitores.
Uma saudação especial a todos os "periquitos" de 2012 que passaram a honrar-nos com a sua presença sob o poilão da Tabanca Grande. Não esquecemos também os camaradas e amigos que nos deixaram neste ano que agora terminou:
Augusto Lenine Gonçalves Abreu (1933-2012)
Recorde-se que começamos a II Série do blogue, em junho de 2006, com 111 inscritos... Eis a evolução das "entradas" na nossa Tabanca Grande desde então até ao final do ano de 2012 (Figura 4).
Dez-12 | 595 |
Mar-12 | 542 |
Out-11 | 511 |
Abr-11 | 500 |
Set-10 | 450 |
Mai-10 | 410 |
Dez-09 | 390 |
Mai-06 | 111 |
Figura 4 - Evolução do nº de membros da Tabanca Grande desde finais de maio de 2006 (n=111) a finais de dezembro de 2012 (n=595). Média anual= 62,5; média mensal: 5,2.
Temos além disso uma página no Facebook, chamada Tabanca Grande, com mil amigos (muitos dos quais combatentes da guerra colonial, mas nem todos membros do blogue, longe disso). Temos, além disso, 256 seguidores do nosso blogue...
Atingimos também, no fim do ano, a cifra dos 38 300 comentários, o que é obra!... Comparemos estes dados com os de ínicio do mês de novembro de 2011, em que acabávamos de ultrapassar os 9 mil postes e estávamos a chegar aos 3 milhões de visitas e a ultrapassar os 27 100 comentários (desde maio de 2010). A média mensal dos últimos 14 meses (de novembro de 2011 a dezembro de 2012) é de 800 comentários (26,7 por dia).
Um abraço de amizade e camaradagem para todos os nossos editores (que são, além de mim, o Carlos Vinhal, o Eduardo Magalhães Ribeiro; o Virgínio Briote, por razões de saúde, deixar de estar ativo, sendo por isso um editor "jubilado"), colaboradores permanentes (Hélder Sousa, Jorge Cabral, José Martins e Torcato Mendonça),, autores, comentadores e leitores.
Uma saudação especial a todos os "periquitos" de 2012 que passaram a honrar-nos com a sua presença sob o poilão da Tabanca Grande. Não esquecemos também os camaradas e amigos que nos deixaram neste ano que agora terminou:
Augusto Lenine Gonçalves Abreu (1933-2012)
Carlos Geraldes (1941-2012)
Francisco Parreira (1948-2012)
Luís Henriques (1920-2012)
Francisco Parreira (1948-2012)
Luís Henriques (1920-2012)
___________
Nota do editor:
Último poste da série > 4 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10327: O nosso blogue em números (31): Jorge Teixeira da CART 2412, o nosso visitante 4 milhões !!!
Nota do editor:
Último poste da série > 4 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10327: O nosso blogue em números (31): Jorge Teixeira da CART 2412, o nosso visitante 4 milhões !!!
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