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Foto nº 1
Foto nº 2
Guinea Bissau > 1970 > István Bara > Elesett PAIGC katona / Guiné-Bissau > 1970 > Foto de István Bara > Soldado do PAIGC caído
Não sabemos se estas fotos são do domínio público. De qualquer modo, fica atribuída a sua autoria. Tentámos, há uns largos anos, contactar o autor por e-mail, mas nunca recebemos resposta, para obtermos autorização para divulgação desta e de mais fotos da sua fotogaleria.
Fonte / Source: Foto Bara > Fotogaleria > Guiné-Bissau (com a devida vénia ...
1. Esta foto sempre me intrigou... Já a conheço há uns largos anos... Mesmo sem se perceber húngaro, "vê-se" que é um "soldado do PAIGC caído", com a sua Kalash, ao lado...
A foto é do fotojornalista húngaro István Bara (n. 1942) que visitou, a partir de Conacri, algumas das áreas sob controlo do PAIGC, na região Sul, em 1970, "embebbed" nas fileiras da guerrilha... Não sabemos se ao serviço de algum órgão de comunicação social do seu país.
Há mais 7 dezenas imagens da reportagem fotográfica da visita, incluindo pelo menos duas do grupo de 26 prisioneiros portugueses que estavam na prisão da "Montanha", em Conacri, à guarda do PAIGC. (Daí que a visita do húngaro só pode ter sido realizada antes da Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970; também não se sabe a que título ele fez esta visita a Conacri e a áreas alegadamente sob controlo do PAIGC no interior da antiga Guiné portuguesa.)
Esta (e as outras fotos) estavam no sítio, "comercial", "Foto Bara > Galeria" (http://www.fotobara.hu/galeria.htm) . Já não estão disponíveis neste URL, mas fomos recuperá-las no Arquivo.pt: https://arquivo.pt/wayback/20090707123742/http://www.fotobara.hu/galeria.htm
A página foi capturada pelo Arquivo.pt em 7 de julho de 2009, às 12h37.
2. Pois é, há algo que me intriga nesta foto (a original é a primeira de cima, Foto n.º 1, com a cabeça do guerrilheiro para baixo, no lado esquerdo; invertemos a segunda para que se possa ver o corpo de outro ângulo, com a cabeça no canto superior direito, Foto n.º 2).
Numa análise mais detalhada do corpo do guerrilheiro (Fotos nº 1A e 2A) não são visíveis ferimentos, com sangue e orifícios de balas ou estilhaços... Ao ser atingido, seria normal cair de bruços, e a arma ser projetada para a frente ou para o lado... O guerrilheiro tem um "rosto sereno"... Sobre as pernas, vêem-se alguns ramos de arbustos... E, mais estranho, não há vestígios de terra nem muito menos de formigas e moscas... É pouco provável que o fotógrafo tivesse conseguido um "instantâneo" da morte do guerrilheiro, num eventual reencontro com as tropas inimigas, até porque não há outras fotos que documentem nenhum emboscada ou ataque ao bigrupo do PAIGC...
Uma hipótese que levanto, é tratar-se de, não propriamente de uma "fotomontagem", mas um foto resultante de um situação eventualmente simulada ou encenada... O que eticamente seria grave para qualquer fotojornalista em qualquer parte do mundo, num cenário de guerra... Mas não seria o primeiro caso... Uma delas,que continua a ser polémica, é a do "Falling Soldier", de Robert Capa, uma foto a preto e branco, mostrando o momento em que um miliciano republicano é atingido mortalmente, durante a guerra civil espanhola, foto alegadamente tirada em Cerro Muriano, no sábado, 5 de setembro de 1936.
Estou de boa fé, não quero estar a ser injusto para com o fotojornalista húngaro, mas acho a imagem (que devia ser de horror) "demasiado perfeitinha"... O que acham os nossos leitores?
PS - Já o dissemos em tempos: não sabemos exactamente em que circunstâncias o István Bara esteve em Conacri e na antiga Guiné portuguesa: num das fotos, ele próprio, então com 30 anos, deixa-se fotografar com uma Kalash pendurada ao pescoço, o que para um fotojornalista de hoje seria altamente reprovável, do ponto de vista deontológico; pelo que percebi do seu currículo (em húngaro...), ele nessa altura, em que esteve na Guiné (1969/70), trabalhava como fotojornalista da MTI
("Magyar Távirati Iroda", em inglês "Hungarian Telegraphic Office", uma das mais antigas agências noticiosas do mundo, criada em 1880).
Em resumo, julgo tratar-se de alguém com prestígio internacional como fotojornalista: pelo menos, foi eleito duas vezes como membro do júri da "World Press Photo" e outras duas vezes da "Interpress Photo". Também foi docente, durante uma década, numa escola internacional de jornalismo no seu país.
Recorde-se, por outro lado, que na época (1969/70) a Hungria fazia parte do Pacto de Varsóvia e, portanto, era pelo menos politicamente um dos apoiantes do PAIGC.
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Foto nº 2A