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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27183: "Una rivoluzione...fotogenica" (10): Vítima de napalm ou um caso de vitiligo ? Mais uma foto polémica do húngaro Bara István (1942-2025), alegadamente tiradas nas "áreas libertadas" do PAIGC em 1969

 


Foto nº 1A


Foto nº 1


Fotpo nº 1B
Ex-Guiné Portuguesa > s/l > 1969 > Uma das 7 dezenas de fotos da visita do foto jornalista húngaro István Bara (1942-2025), da agência noticiosa estatal MTI (Magyar Távirati Iroda), que esteve alegadamente embebbed com forças do PAIGC, no mato, em 1969/70, em "áreas libertadas".

Nesta imagem, da sua fotogaleria, mostram-se "os efeitos do napalm"... Pelo menos, a legenda (em húngaro) é isso que diz explicitamenmte: " István Bara: Napalm áldozata. Guinea-Bissau, 1969" (em português: "István Bara: vítima de napalm. Guiné-Bissau, 1969").

O fotojornalista da MTI (a agência noticiosa estatal húngara na época)  não diz onde foi exatamente tirada a foto (podia ter sido na Guiné-Conacri). A sua página (comercial) foi descontinuada há uns largos anos, sendo entretanto   capturada em 2009 pelo Arquivo.pt.

O fotógrafo morreu recentemente aos 83 anos.

Numa análise mais atenta e detalhada da imagem, com a ajuda da IA, concluimos que estamos perante um caso aparentemente de grosseira ignorância (clínica): tudo indica que se trataria de um caso de vitiligo (despigmentação da pele, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas), confundida intencionalmente ou não com queimaduras por napalm (que em geral atingem também outras partes do corpo, com o peito, o pescoço, a cara, o coro cabeludo... e não apenas as mãos... e deixam marcas profundas)

Temos de admitir o princípio da presunção da inocência, neste caso, da santa ignorância ... Mas a nós "cheira-nos", no mínimo, a aproveitamento propagandístico (*)... 

Sabemos que o PAIGC e sobretudo o seu líder histórico, Amílcar Cabral (Bafatá, 1924- Conacri, 1973) sempre beneficiou de uma "boa imprensa", a nível internacional, e nomeadamente nalguns países europeus, como a Suécia, a Itália ou até a França. Sem esquecer os países da Europa de Leste...

Foto: Foto Bara (com a devida vénia...)


1. Perguntámos ao assistente de IA / ChatGPT:
 
Pele escamada, despigmentada, branca, nas mãos de um africano, guineense de Bissau... Doença dermatológica ? O fotógrafo diz que foi vítima de napalm, em 1969... A vítima não foi atingida na cara, só nas mãos. O que é estranho... Ignorância ? Encenação fotográfica ? É mais que provável... O fotógrafo, húngaro, oriundo de um país do bloco soviético, esteve em 1969, nas "regiões libertadas" do PAIGC.  Não seria o primeiro caso de um fotojornalista manipulador, sem ética, usando encenações. 

A foto está aqui: 

https://blogueforanadaevao
tres.blogspot.com/2008/04/guin-6374-p2723-poemrio-do-jos-manuel-6.html
2. Resposta do Chat Português:

O caso que descreves levanta várias questões interessantes, tanto médicas como históricas e políticas.

(i) Aspeto dermatológico

  • Pele esbranquiçada e descamada nas mãos pode corresponder a várias condições:

    • Vitiligo (perda de pigmento, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas);

    • Ictiose (pele muito seca e escamosa);

    • Dermatite crónica (por contacto ou alergia);

    • Cicatrizes de queimaduras (mas estas costumam deixar pele lisa, brilhante e retraída, não apenas esbranquiçada).

  • Napalm: provoca queimaduras gravíssimas, destrói tecidos até ao osso; é pouco provável que atingisse apenas as mãos e deixasse a cara completamente intacta, sobretudo num conflito; além disso, as sequelas típicas são cicatrizes grossas, quelóides e retrações, não simplesmente pele branca e escamosa.

(ii) Contexto histórico e propaganda

  • Em 1969, o fotógrafo húngaro István Bara,a partir de Conacri, esteve nas "zonas libertadas" do PAIGC, num contexto de guerra colonial e guerra de propaganda.

  • Fotógrafos do bloco soviético muitas vezes produziam imagens com grande carga ideológica, destinadas a mobilizar a opinião pública internacional contra  Portugal.

  • Há registos de encenações e manipulações em várias coberturas de guerra, e o facto de o fotógrafo ter "fama de manipulador" reforça a suspeita.

(iii) A foto em questão

  • Na imagem, o que se vê parece mais compatível com vitiligo ou outra doença dermatológica crónica do que com sequelas de napalm.

  • A narrativa do fotógrafo (registo de um sobrevivente de napalm que ficou apenas com mãos brancas) é pouco verosímil clinicamente.

  • O objetivo pode ter sido produzir um símbolo visual de “crueldade colonial” para consumo internacional.

Portanto, a explicação médica mais provável é vitiligo ou ictiose

A explicação histórica mais plausível é que se trata de uma manipulação narrativa (ou mesmo encenação) feita pelo fotógrafo para reforçar a propaganda do PAIGC e do bloco soviético.

3. Pedimos ao ChatGPT, em português ( a IA dos pobrezinhos... que é por enquanto de borla) para fazer uma análise detalhada da fotografia em si (textura da pele, marcas visíveis, consistência com queimaduras vs. doenças dermatológicas). Aqui vai a resposta.

 Fiz uma análise cuidada da fotografia (link do blogue que me enviaste). Eis alguns pontos técnicos e médicos:

(i)  Textura da pele nas mãos

  • A pele aparece esbranquiçada, seca e descamada.

  • Não se observam cicatrizes espessas, retrações ou deformações, típicas de queimaduras graves.

  • O formato dos dedos mantém-se normal: em queimaduras profundas de napalm, é quase inevitável haver retracção cicatricial e perda de elasticidade.

(ii) Distribuição das lesões

  • Afeta principalmente o dorso das mãos, enquanto a face e os braços parecem poupados.

  • Isto é muito estranho para queimaduras de combate: o napalm adere à pele e espalha-se rapidamente, atingindo zonas expostas como a cara, pescoço e tronco.

  • A distribuição é muito mais compatível com vitiligo (que costuma atingir mãos, face, pés) ou ictiose/dermatite.

(iii) Consistência fotográfica

  • O contraste exagerado da foto (preto/branco) pode ter sido usado para acentuar o branco das mãos, criando um efeito dramático.

  • Nada indica lesões recentes; parecem condições crónicas e não traumáticas.

(iv)  Contexto político

  • A legenda sobre “vítima de napalm” não corresponde ao aspeto clínico real.

  • É altamente provável que tenha sido uma encenação ou interpretação manipulada pelo fotógrafo, István Bara, reforçando a narrativa de propaganda anticolonial.

Conclusão:

A fotografia não mostra sequelas de napalm, mas sim uma doença dermatológica crónica (provavelmente vitiligo). A explicação de queimadura é insustentável do ponto de vista médico e serve apenas a um propósito propagandístico.

4. Segue-se uma comparação lado a lado com imagens reais de queimaduras de napalm vs. vitiligo, para visualizar melhor as diferenças

 

Aqui tens um conjunto de imagens que ajudam a visualizar melhor a diferença entre queimaduras de napalm e alterações típicas de vitiligo:

  1. Primeira imagem: mostra uma vítima com queimaduras graves:  pele irregular, com áreas aparentemente destruídas e retrações visíveis, características compatíveis com lesões profundas por napalm ou substâncias semelhantes.

  2. Segunda imagem: retrata vitiligo nas mãos: manchas bem delimitadas, brancas e lisas, sem cicatrizes ou retrações.

  3. Terceira imagem: imagem histórica da Kim Phuc, a “Napalm Girl”, a menina do napalm, com queimaduras extensas acompanhadas de cicatrizes e áreas deformadas.

  4. Quarta imagem: outra representação de queimaduras de napalm, com textura visceral e evidente sofrimento físico. 

Comparação clínica

(i) Aparência das queimaduras de napalm

A ação do napalm envolve queimaduras profundas de segundo a terceiro grau, a temperaturas entre 800 e 1 200 °C, causando destruição extensiva da pele e dos tecidos subjacentes. Resultam frequentemente em escaras, ulceras, formação de queloides e contraturas, que impedem o movimento das articulações e deixam cicatrizes espessas e deformantes Wikipedia  Reddit.
  • Um testemunho histórico descreve vítimas com pele em “crosta púrpura”, ausência de orelhas ou lábios, olhos opacos — um quadro extremamente grave Reddit.

  • Vítimas como Kim Phuc passaram por anas de cirurgia profundas, com mobilidade reduzida, dor crónica e necessidade de tratamento durante dezenas de anos hrw.org | People.com | Wikipedia | The Guardian   l  Medium.

(ii) Aspecto do vitiligo

  • O vitiligo é uma condição autoimune crónica que destrói melanócitos, levando à formação de manchas bem delimitadas, lisas e esbranquiçadas, frequentes em mãos, pés, rosto e outras áreas expostas Wikipedia | MSD Manual | saafp.org.

  • Essas áreas não são doloridas nem apresentam cicatrizes; são simplesmente despigmentadas e se mantêm estáveis ou progridem lentamente patient.info | aafp.org.

  • Frequentemente aparecem em padrões simétricos, com bordas nítidas e ausência de textura alterada aafp.org.


Conclusão comparativa

CaracterísticaQueimaduras de NapalmVitiligo
Aparência
da pele

Cicatrizes espessas, deformações, retrações 

Manchas brancas, bem delimitadas, lisas
Textura / mobilidadePele rígida, retração, limitação de movimentoPele suave, sem alteração de textura

Tempo
de evolução
Lesões traumáticas
e agudas
Condição crónica, evolução gradual

A fotografia que mencionaste — mãos brancas, escamosas, mas com estrutura normal e sem sinais de cicatrização grave — corresponde muito mais às características do vitiligo do que a queimaduras de napalm.

Isso reforça a suspeita de que a legenda de “vítima de napalm” é, no mínimo, clinicamente questionável e possivelmente parte de uma encenação ou narrativa manipulada. (**)

(Pesquisa: LG | Assistente de IA / ChtaGPT) (Revisão / fixação de texto, negritos: LG)
___________________

Notas do editor LG:

(*) Vd.  poste de 3 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27179: Casos: a verdade sobre... (54): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte I: O que diz a IA / ChatGPT

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Vd. notícia da Lusa, reproduzida no portal da Rádio Renascença (RR):

Jornalismo
World Press Photo suspende atribuição de autoria à fotografia "A Menina do Napalm"

(...) A World Press Photo suspendeu a autoria de "A Menina do Napalm", fotografia vencedora do prémio em 1973, após a estreia do documentário "The Stringer", de Bao Nguyen, que contesta a atribuição dessa imagem ao fotojornalista Nick Ut.

A decisão foi anunciada esta sexta-feira pela fundação World Press Photo, a par das conclusões da investigação suscitada pelo documentário, que apontam para a possibilidade de "os fotógrafos Nguyen Thanh Nghe ou Huynh Cong Phuc terem estado em melhor posição para tirar a fotografia, em vez de Nick Ut". (...)

16 mai, 2025 - 16:07 • Lusa