Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
Guiné 61/74 - P22860: O meu sapatinho de Natal (24): "Uma Santa Bênção" - Mensagem natalícia de João Afonso Bento Soares, Maj-General Ref
Caríssimo Luís Graça:
Agradecendo os votos constantes do habitual envio de mails (por parte das lides da Tabanca), quero desejar a todos os tabanqueiros a continuação de um Santo Natal, augurando um Feliz Ano Novo de 2022.
Junto uns dizeres alusivos à quadra que atravessamos:
UMA SANTA BÊNÇÃO
Vivendo o NATAL em alegria
Sentindo, viva em nós, a compaixão
É como ser Natal em qualquer dia
É ver sempre no outro um nosso irmão.
O luzeiro que a todos alumia
Entra na alma, adoça o coração,
Trazendo à vida amor e acalmia
Na vivência da graça e do perdão.
Porque tudo é devido ao Deus-Menino
Lhe vamos confiar nosso destino
Partilhando com Ele a Consoada.
Em redor da Mesa, a Família unida
Se sente deste modo enriquecida
Com a Santa Bênção que, do Alto, é dada.
João Afonso – DEZ2021
____________
Nota do editor
Último poste da série de 30 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22856: O meu sapatinho de Natal (23): Boas festas para o coletivo da Tabanca Grande, desde as "Arábias"...e ainda em tempo de pandemia de Covid-19: recordando os 50 anos da partida do BART 3873 para o CTIG, em 22/12/1971 (Jorge Araújo)
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Guiné 61/74 - P21677: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (22): Natal Santo que a todos nos abraça... (João Afonso Bento Soares, maj gen ref)
Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (1969/71) > 1969 > O cap eng trms, STM, Bento Soares, à direita, à civil, com o alf graduado capelão José Torres Neves. São conterrâneos, ambos naturais de Meimoa, Penamacor.
Foto (e legenda): © João Afonso Bento Soares (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Mensagem de João Afonso Bento Soares ex-capitão eng trms, STM / QG / CTIG (1968/70), hoje maj gen ref, nosso grã-tabanqueiro nº 785]
Data: domingo, 20/12/2020 à(s) 18:18
Assunto: Boas Festas e Pergunta
Caro Amigo Luís Graça:
1 - Acabo de ler o último mail da Nossa Tabanca, com muitos votos de Boas Festas para todos nós, aos quais gostosamente me associo, retribuindo para todos os companheiros e suas Famílias, com uns meus dizeres de modesto bardo, alusivos à sempre linda Quadra que atravessamos (abaixo e em anexo):
Natal Santo que a todos nos abraça
É festa da Família em união,
É onda de amor que nos trespassa
Deixando ver no outro, um nosso irmão.
É o sol quente beijando a vidraça,
É calor da lareira, é tição,
É como vinho, despejada a taça,
Que enrija a alma, adoça o coração.
Por mais anos que viva lembrarei
O encanto que tem a Consoada,
A mesa posta, o lume, o sentimento…
Oh! Deus Menino – também Cristo Rei:
Contigo aqui estamos, de mão dada,
Fruindo a Graça do Teu Nascimento.
João Afonso
2. Aproveitava esta ocasião para lhe pedir o envio, caso seja possível, do e-mail do co-tabanqueiro Ernestino Caniço que vejo referido no mail.
Isto peço, porque queria contactá-lo para o estimular a produzir o apontamento (para o que se terá prontificado a fazer) alusivo ao Pe Capelão José Torres Neves.
O meu interesse deriva do facto de ele ser meu conterrâneo (aldeia de Meimoa) e eu, enquanto Capitão Comandante do STM - Guiné, o ter visitado em Mansoa, num fim de semana em 1969- ver foto anexa com ele, estando eu à paisana.
O forte e sempre mui amigo abraço
Maj Gen João Afonso Bento Soares
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Nota do editor:Último poste da série > 22 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21676: Boas Festas 2020/21 (21): "A Covid/19, a tecnologia e o Natal"; poema de Paulo Salgado, ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721
quinta-feira, 14 de maio de 2020
Guiné 61/74 - P20971: 16 anos a blogar (11): Poema de João Afonso Bento Soares, maj gen ref, sobre a sua terra natal: "Meimoa, Princesa da Cova da Beira"
Penamacor > Meimoa > c. 2001 > Ponte Romana sobre o rio Meimoa, afluente do rio Zêzere
Foto (e legenda): © JA Bento Soares (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
MEIMOA, Princesa da Cova da Beira
Pergunto o que sou e o que fiz
Percebi que há nascer, há primaveras,
Houve mesmo as maleitas estivais;
Colhi outonais frutos, quais quimeras,
Perdido em sonhos que não sonho mais.
Mas ficou, da Meimoa, o chamamento,
Bendigo suas gentes e seu chão
Verdejando ou terreando em seu lamento...
Deixando-lhe estes versos numa reza
Ergo uma prece, um voto, uma oração
A quem, da Cova da Beira, é Princesa!
Dia da Senhora da Póvoa – 4 de Junho de 2001 –
João Afonso
sábado, 11/04, 17:58
Bem haja, e que tudo vá correndo bem aí para baixo. Eu vivo nos arredores de Lisboa, mas nasci na Beira Baixa, numa aldeia chamada Meimoa (concelho de Penamacor) e a ela (que um irmão meu mais velho baptizou de "Princesa da Cova da Beira") fiz os dizeres em anexo, na qualidade de mui fraco bardo (...)
JA Bento Soares
Último poste da série > 1 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20928: 16 anos a blogar (10): Independências - Parte II (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR)
terça-feira, 24 de março de 2020
Guiné 61/74 - P20765: Blogpoesia (667): O Vírus, o Bem e o Mal (João Afonso Bento Soares, ex-cap eng trms, STM&QG/CTIG, 1968/70, hoje maj gen ref)
Ao fundo, surge uma paisagem, terresttre e marítima, desoladora, árida, ainda com cenas de destruição. Em primeiro plano, a figura da morte, com a sua foice apocalíptica, à frente dos seus exércitos triunfantes: vem montada num esquelético cavalo avermelhado. Todos os vivos são empurrados para um caixão enorme, tipo terminal, sem qualquer esperança de fuga ou de salvação. Todas as classes sociais, os ricos, os poderosos e os pobres, estão aqui reprentados, e nada os salva, o dinheiro, o poder, a fé, a devoção.
Caro Amigo Prof L. Graça:
Envio nestes tempos de confinação, um apontamento fruto de lucubração iniciada ontem - Dia Mundial da Poesia - e hoje completada...
Um abraço,
Gen João Afonso Bento Soares
Confinado em minha casa,
Sinto, como ave sem asa,
A falta de liberdade.
Foi a “aldeia global”
Corroída por um Mal
Que nos fez ver a Verdade.
Belos planos de grandeza
Viraram em incerteza
Da vida, sempre fugaz.
Conforto material
Foi o sonho, o ideal
Que o Vírus deixou p’ra trás.
O pecado, ao vir ao mundo,
Nasce dum erro profundo:
O mau uso da Razão.
Todavia, o sofrimento,
Sendo, da alma, um lamento,
Traz consigo a Redenção.
Agora a realidade
É medo e ansiedade
Duma dimensão brutal.
Há que erguer as mãos aos Céus,
Fazendo uma prece a Deus,
Que nos livre deste MAL.
João Afonso
Barcarena, aos 23 de Março de 2020
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 22 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20760: Blogpoesia (666): "O rasto da crise", "Tempo cinzento e molhado" e "África das cores...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
Guiné 61/74 - P20607: (In)citações (143): O nosso natal, o dia em que nascemos, é algo transcendente, gravado no mais íntimo do nosso Ser (ex-cap eng trm, STM / QG / CTIG, 1968/70, João Afonso Bento Soares, hoje maj gen ref, nosso grã-tabanqueiro nº 785)
Venho trazer-lhe um grande abraço de Parabéns, com uma lucubração sobre o feliz evento que é: Dia de Aniversário (*).
O nascimento de uma pessoa ou de qualquer Ser, é um prodígio, é uma bênção celeste, é uma manifestação do divino, é um momento sagrado. O nosso natal, o dia em que nascemos, é por isso algo transcendente, gravado no mais íntimo do nosso Ser. É uma mensagem inscrita na alma que inunda de alegria o coração. É a grata lembrança da nossa ligação ao Criador. É, em suma, o acontecimento mágico que nos lança no Tempo.
E sobre o Tempo, importa dizer:
O TEMPO E A MENTE
Sei que a vida pouco dura,
Pois do berço à sepultura
O tempo é curto demais.
Também sei que há horas mortas,
Que nos vêm fechar portas
Coarctando os ideais.
Tempo gasto, consumido
Sem um caminho escolhido,
Sem pensamento, nem reza.
É como ser vagabundo
Que se arrasta pelo mundo
Sem fruir a Natureza.
Se o tempo voltasse atrás
Teria de ser capaz
De dar-lhe outra ocupação:
Ousaria enfrentar medos
Com mais Amor que Razão.
Das voltas que dá a vida,
Fica a ilusão perdida
De que o tempo nos faltou…
Por dele não termos conta
É que a nossa mente tonta
Assim o desperdiçou!
O Amigo e sócio tabanqueiro, General João Afonso Bento Soares (**)
______________
29 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20604: Parabéns a você (1751): Parabéns Luís Graça pelos teus 73 anos e pelos 15 anos deste Blogue que em boa hora criaste (João Crisóstomo)
29 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20603: Parabéns a você (1750): Luís Graça, ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71), fundador e editor deste Blogue, e Virgílio Teixeira, ex-Alf Mil SAM do BCAÇ 1933 (Guiné, 1967/69)
domingo, 12 de maio de 2019
Guiné 61/74 - P19776: Tabanca Grande (478): José Ramos, ex-fur mil, Destacamento do STM do CTIG (1968/70), chefe do Posto do STM de Bafatá, sob o comando do então cap eng trms, João Afonso Bento Soares... Passa a ser o grã-tabanqueiro nº 789 e já marcou presença em Monte Real, no próximo dia 25...
Guiné > Região de Bafatá > Destacamento do STM (Serviço de Telecomunicações Militares) > Posto do STM de Bafatá > José Ramos, ex-fur mil trms
Fotos: © José Ramos (STM) (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagen: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do José Ramos, com data de 10 de corrente, 17h23
Caro Amigo Luís Graça:
Devido à importância funcional e estratégica destas três Unidades, o nosso posto era, logo a seguir ao de Bissau, o de maior tráfego de mensagens na Guiné, o que exigia grande esforço e dedicação de toda a equipa.
Tu é que me dizes como queres ser conhecido na Tabanca Grande, sabendo à partida que já há um José Ramos, da arma de cavalaria... Uma vez que a antiguidade é um posto, também na Tabanca Grande, e sendo tu mais "periquito" (nestas andanças bloguísticas), temos de arranjar um solução de compromisso... O teu nome bai ficar, na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande, a seguir ao José Ramos, como José Ramos (STM) (Vd. coluna estática, do blogue, do lado esquerdo.)
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19764: Tabanca Grande (477): Carlos Soares, ex-fur mil inf, CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68); mora nas Caldas da Rainha; e passa a sentar-se à sombra do poilão mais famoso da Net, sob o nº 788.
sexta-feira, 12 de abril de 2019
Guiné 61/74 - P19671: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (4): os melhores exemplos são os que vêm de cima... O novo grã-tabanqueiro, nº 785, o maj gen ref João Afonso Bento Soares, inscreve-se com tempo e vagar e traz com ele o José Ramos, ex-fur mil trms, chefe do posto do STM do Agrupamento de Bafatá (1968-70), um "periquito" que pede também para acomodar-se na mãe de todas as tabancas... A mês e meio do encontro, em Monte Real, há já 45 inscrições!... O normal é a malta deixar tudo para o fim...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real >X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > "Foto de família"... Um dos encontros até agora realizados em que se consguir fazer o pleno: 200 participantes...Na "foto de família" não estão todos... A disciplina já não é o que era,,,
Foto (e legenda): © Miguel Pessoa (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do novo membro da Tabanca Grande, nº 785, João Afonso Bento Soares, maj gen ref, ex-dap eng trms, STM / QG / CTIG (1968/70) (*)
Data - segunda, 8/04, 19:21
Assunto - Inscrições para o almoço de 25 de maio
Caro Amigo Carlos Vinhal:
Recentemente admitido na Tabanca Grande com o nº 785, ainda não tenho o prazer de o conhecer, mas espero que tal aconteça no próximo dia 25Maio19.
Para tanto, venho fazer a minha inscrição para o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande e tomo a liberdade de também inscrever mais um camarada que espero seja oportunamente convidado para integrar a Tabanca. Abaixo os dados:
(i) foi Furriel de Transmissões, Chefe do Posto do STM no Agrupamento de Bafatá em 1968 - 70;
(ii) e chama-se José Ramos.
Eu fui portanto Chefe dele enquanto Comandante do Destacamento do STM.
Solicito informe se é necessário o pagamento antecipado. Somos assim 2 unidades para o almoço e não vamos pernoitar.
Um forte abraço,
João Afonso Bento Soares
Major General
2. Nova mensagem do João Afonso Bento Soares, com data de ontem, às 18:22:
Ora vivam, camaradas e bons amigos:
Contente fico com a chegada do Estrela Soares (**) com quem partilhei belos momentos na AM [Academia Militar]. Lá estaremos, a 25Maio, em Monte Real, para matar saudades.
Peço ao Prof. Luís Graça para fazer o favor de diligenciar a entrada oficial (com a atribuição do respectivo nº de membro da Tabanca) do ex-Fur Mil José Ramos - Destacamento STM, Guiné 68 - 70, chefe do Posto do STM de Bafatá. Já está inscrito para o convívio deste ano: o seu mail é imobiliaria@valorespaco.com
Um forte e sempre amigo abraço para todos
Bento Soares
3. Até à meia-noite de ontem, tínhamos já 45 inscritos no XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, Leiria, Palace Hotel Monte Real, 25 de maio de 2019. Recorde-se que a lotação máxima do salão Dom Dinis são 200 convivas (***).
"No céu... não há disto!", diz o proverbiário da Tabanca Grande...
E também diz:
"Amigo traz amigo e amigo fica."
"Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida,
r a Monte Real pelo menos uma vez na vida."
"Encontro Nacional da Tabanca Grande: orar, comer.. e amar em Monte Real!"
"Lugares ao sol, não temos... Só à sombra, do nosso poilão!"
"Não é o Panteão Nacional, é melhor, é... a Tabanca Grande."
"Ninguém leva a mal: em cima o camarada, em baixo o general."
"O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!"
" 'Periquito' salta pró blogue, que a 'velhice' já cá está!"
"Tabanca Grande: a mãe de todas as tabancas."...
Alfredo da Silva e esposa - Cabeceiras de Basto
António Acílio Azevedo e Irene - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Estácio - Mem Martins / Sintra
António João Sampaio e Maria Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Joaquim Alves e Maria Celeste - Carregado / Alenquer
António José Pereira da Costa e Maria Isabel - Mem Martins / Sintra
António Martins de Matos - Lisboa
Armando Pires - Algés / Oeiras
Carlos Cabral e Judite - Pampilhosa
Carlos Pinheiro - Torres Novas
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos
Ernestino Caniço - Tomar
João Afonso Bento Soares - Lisboa
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Jorge Canhão e Lurdes - Oeiras
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Pedroso e Helena - Sintra
José Ramos - Lisboa
Lucinda Aranha e José António - Torres Vedras
Lúcio Vieira - Torres Novas
Luís Graça e Maria Alice Carneiro - Lourinhã
Luís Paulino e Maria da Cruz - Lisboa
Manuel Augusto Reis - Aveiro
Manuel José Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Manuel Lima Santos e Fátima - Viseu
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
Rui Guerra Ribeiro - Lisboa
Vítor Ferreira e Maria Luísa - Lisboa
________________
(*) Vd, poste de 5 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19650: Tabanca Grande (474): João Afonso Bento Soares, ex-Cap Eng TRMS, STM / QG / CTIG (1968/70), hoje Maj Gen ref. senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 785
sexta-feira, 5 de abril de 2019
Guiné 61/74 - P19650: Tabanca Grande (474): João Afonso Bento Soares, ex-Cap Eng TRMS, STM / QG / CTIG (1968/70), hoje Maj Gen ref. senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 785
Guiné > Bissau > STM - Serviço de Transmissões Militares / QG / CTIG (Fev 1968/fev 1970) > O comandante, no seu gabinete, o então cap eng trms, João Afonso Bento Soares
Foto (e legenda): © João Afonso Bento Soares (2019) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do João Afonso Bento Soares, na sequência do convite do nosso editor Luís Graça para passar a integrar a Tabanca Grande sob o nº 785. [Uma detalhada nota biográfica do nosso novo grã-tabanqueiro já foi publicada anteriormente, no poste P19645 (*)]
Data - quinta, 4 abr 2019 00:01
Assunto . Admissão na Tabanca Grande
Caríssimo Amigo: Bem-haja pela atenção havida na publicação do assunto proposto (*).
Igualmente grato pelo honroso convite de me integrar na Tabanca Grande pelo que gostosamente aceito então o nº 785 logo a seguir a um camarada amigo do meu tempo! [, o cor art ref Morais da Silva] (**)
Digitalizei uma foto no meu gabinete de Comandante do Destacamento do STM/Guiné, função que desempenhei no período de fev 68 - fev 70, como Cap Eng de Transmissões. Se a digitalização anexa não ficou aproveitável, diga-me para tentar outra alternativa.
Também já deve ter recebido o mail onde o Carlos Pinheiro refere como se integrou no STM em que prestou um excelente serviço.
Também anotei com prazer o facto de o meu amigo referir a sua aptidão para compor umas rimas. Pela minha parte sou um modestíssimo bardo. Ainda assim fiz, por exemplo, uma série de sonetos que apresentava nos convívios da CCE 266 (para que era convidado posteriormente à conclusão do assunto que publicou). Anexo um desses poemas.
João Afonso Bento Soares.
________________
É sempre muito grata a missão
De estar junto aos INFANTES neste dia,
Em preito de homenagem aos que então
Pertenceram à nobre COMPANHIA.
São bravos e valentes CAÇADORES
Unidos por um mesmo sentimento:
Honrar a Lusa Pátria e seus Valores,
E dela recolher merecimento.
Comungando momentos de Verdade
Nos pedaços de vida recontados…
Uma História que vem desde o Sertão
Tocando, bem no fundo, o coração
De cada um de vós: “VELHOS SOLDADOS”!
Com o muito amigo abraço aos Familiares
e “Velhos Soldados” da CCaç 266
João Afonso Bento Soares
Major General
Figueira da Foz aos 7 de Junho de 2008
2. Mensagem do Carlos Pinheiro, já publicada como comentário ao poste P19645 (**)
Fico grato ao camarigo Luis Graça pelo acolhimento cordial, franco e sincero que fez a este novo Tabanqueiro que, por sinal e mero acaso (, fui para a Guiné mobilizado, erm rendição individual, para o BCac 1911 que veio logo após a minha chegada aquele território onde nem sequer me mandaram apresentar,) foi meu Comandante na Guiné.
(*) Vd. poste de 3 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19645: Estórias avulsas (100): Resgate de restos mortais do 2º srgt trms Justino Teixeira da Mota, CCAÇ Esp 266 / BCAÇ 262, morto, por acidente de viação, em Angola em 18 de outubro de 1962, e inumado no cemitério de Maquela do Zombo, Angola (João Afonso Bento Soares, maj gen na reforma)
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Guiné 61/74 - P19645: Estórias avulsas (100): Resgate de restos mortais do 2º srgt trms Justino Teixeira da Mota, CCAÇ Esp 266 / BCAÇ 262, morto, por acidente de viação, em Angola em 18 de outubro de 1962, e inumado no cemitério de Maquela do Zombo, Angola (João Afonso Bento Soares, maj gen na reforma)
João Afonso Bento Soares,. Quinta do Cubo,
Elvas, Natal de 2006
|
Caríssimo Amigo e Prof Luís Graça:
Recebi o habitual mail do seu blog Luís Graça & Camaradas da Guiné, que estiou a seguir, e encontro logo à entrada o apontamento/post de José Saúde (ex-furriel) que li com todo o interesse e que fala de Restos Mortais abandonados na GU [, Guerra do Ultramar]..(*)
Ocorreu-me então a lembrança de uma saga homérica havida comigo enquanto Coronel, Chefe do Estado Maior da UNAVEM (Missão de Paz das Nações Unidas em Angola) em 1995/96 , em que o Cor Ramiro Correia de Oliveira (que fora professor comigo no IAEM - Instituto de Altos Estudos Miliatres) me veio pedir, aquando da minha partida, para diligenciar a recuperação dos Restos Mortais de um sargento que a sua companhia (CCE 266) tinha deixado, em 1962, no cemitério de Maquela do Zombo - Norte de Angola.
Como pode imaginar, pensei logo que seria uma missão impossível (para um homem só!)...Mas de facto, encarei o assunto e consegui satisfazer o pedido do Coronel amigo.
Conto em anexo um resumo dessa história. História, da qual um filho do militar de cujos Restos Mortais consegui a remoção, veio e escrever um livro com o título "Luta Incessante".
Carlos Pinheiro |
Foi ele que me facultou o seu mail e por isso ponho à sua consideração se o Apontamento em anexo terá interesse para publicação no seu blog. É claro que o assunto não diz directamente respeito à Guiné pois passou-se em Angola, mas eu apenas pretenderia dar uma achega modesta à justa preocupação enunciada por José Saúde.
Como não nos conhecemos pessoalmente, tomo também a liberdade de anexar uma Nota Biográfica.
Um forte e sempre amigo abraço
João Afonso Bento Soares
Major General
(ii) fez o liceu em Coimbra e ingressou na Academia Militar em Outubro de 1959 onde frequentou o Curso de Engenharia-Transmissões;
(iii) concluiu no Instituto Superior Técnico a Licenciatura em Engenharia Electrotécnica no ano académico de 1965 / 66;
(iv) na sequência da sua promoção a Capitão em Fevereiro de 1967, foi nomeado como primeiro Director da Estação Portuguesa de Comunicações por Satélite integrada no Sistema SATCOM NATO; durante o desempenho destas funções (1970/74) foi promovido a Major em Dezembro de 1973;
(v) como Tenente-Coronel (promovido em Novembro de 1974) foi Director do Depósito Geral de Material de Transmissões (1976 / 79) e Professor do Instituto de Altos Estudos Militares (1979 / 86); nesta qualidade frequentou nos EUA o “Command and General Staff Course“ (1982 / 83) e seguindo simultaneamente o curso de pós – graduação, “Master of Military Art and Science“, adquiriu o respectivo grau académico (Universidade de Kansas);
(vi) de regresso ao Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM), foi posteriormente promovido a Coronel em Setembro de 1984;
(vii) foi seguidamente colocado no EMGFA (1986 / 88) na Divisão de Comunicações e Electrónica e Grupo de Projectos Operacionais onde elaborou o Documento Conceptual do SICOM – Sistema Integrado de Comunicações Militares;
(viii) foi nomeado em 1 de Janeiro de 1989 como primeiro Subdirector do Serviço de Informática do Exército no período em que esta área esteve integrada na Arma de Transmissões;
(ix) concluiu no ano lectivo de 1989/90 o Curso do Instituto Britânico em Portugal onde adquiriu o diploma “Certificate of Proficiency in English” (University of Cambridge);
(x) em 1990 / 91 frequentou, no IAEM, o Curso Superior de Comando e Direcção e sequentemente, como Coronel Tirocinado, foi colocado nos Açores onde desempenhou as funções de 2º. Comandante da ZMA – Zona Militar dos Açores (1992 /93) – e Chefe do Estado Maior do COA - Comando Operacional dos Açores (1993 / 94);
(xi) terminada esta comissão de serviço foi responsável pelo Centro de Operações Conjunto do EMGFA durante cerca de 9 meses;
(xii) por despacho ministerial foi nomeado para Chefe do Estado-Maior Internacional da Missão de Paz da ONU em Angola – UNAVEM III (Março de 1995 a Março de 1996);
(xiii) de regresso a Portugal e ao Exército, foi colocado como Subdirector dos Serviços de Transmissões, funções que desempenhou de Maio de 1996 a Outubro de 1997;
(xiv) com a sua promoção a Oficial General em 25 de Setembro de 1997, foi nomeado Director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, funções que desempenhou desde 3 de Novembro de 1997 a 11 de Fevereiro de 2000, tendo entretanto passado à situação de reserva em 2 de Janeiro de 2000;
(xv) no decorrer deste período foi Presidente da Comissão Organizadora da III CIDMT (Conferência Internacional de Doutrina Militar Terrestre) realizada em Portugal de 5 a 8 de Maio de 1998 reunindo 26 países representados por oficiais superiores e oficiais generais incluindo os Chefes do Estado Maior do Exército de Angola, Grécia, Guiné, Itália e Portugal;
(xvi) ao longo da sua carreira Militar, de 41 anos de serviço no activo, cumpriu duas comissões de serviço no Ultramar: na Guiné (1968 / 70) como Capitão e em Angola (1975) como Tenente-coronel;
(xvii) foi responsável pela elaboração de várias publicações técnicas na área de Transmissões e Guerra Electrónica e é autor das obras:
(xix) é condecorado com as Medalhas Militares das Campanhas de África, de Comportamento Exemplar, de Mérito Militar, de Serviços Distintos e com a Medalha das Nações Unidas; é Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, condecoração com que foi agraciado pela Presidência da República (1996) por proposta do Embaixador de Portugal em Angola;
(xx) é membro efectivo da Sociedade de Geografia (2003);
(xxi) é casado com Dª. Maria Delfina F. C. Bento Soares, licenciada em Filologia Germânica e tem três filhos: Maria Cristina (licenciada em Psicologia), João Francisco (licenciado em Informática de Gestão) e Jorge Afonso (Técnico Administrativo). Tem três netos: Maria Carolina, e os gémeos Joana e João Ricardo.
3. Resgate de restos mortais de um antigo combatente [, o Sargento Justino Teixeira da Mota, caído em Angola e enterrado em Maquela do Zombo, em 1962]
Revendo o álbum de memórias dos mais de quarenta anos ao serviço das Forças Armadas no desempenho das mais variadas missões, encontro páginas que sabe bem reviver.
Uma delas é, seguramente, a autêntica saga constituída pelos muitos trabalhos, diligências e canseiras que me viriam a permitir resgatar em 1995/96 os restos mortais do Srgt Justino T. Mota caído em Angola na Guerra do Ultramar e enterrado em Maquela do Zombo em 1962.
Insere-se este episódio na segunda passagem por Angola aquando da minha nomeação, no posto de Coronel, para Chefe do Estado-Maior da Missão de Paz da ONU em apoio daquele país (UNAVEM – United Nations Angola Verification Mission).
Estávamos em fins de Janeiro de 95, e nessa altura participei, com civis e oficiais superiores de vários países, num curso sobre Missões de Paz que decorreu na Dinamarca sob a égide da ONU. Durante esse encontro, o Coronel representante da Bulgária, tendo-me identificado através da “Lista de Participantes/Funções” como próximo responsável pela Chefia do Estado-Maior da Missão de Paz em Angola (UNAVEM), veio confidenciar-me que, ele próprio, se havia candidatado ao cargo de Observador Militar naquela Missão, mas que o pedido de cooperação aberto à Bulgária não incluía o posto de Coronel.
No final do curso, a organização providenciou transportes diversificados para o aeroporto a grupos de oficiais de acordo com os seus voos. Deu-se novamente a coincidência, de me ter deslocado na viatura onde ia também e apenas o referido Coronel búlgaro. Lá retomámos a conversa sobre o seu “protegido” – Major Alexander Alexandrov, de sua graça.
De regresso a Lisboa, pouco antes do embarque e já embrenhado nos últimos preparativos, a dois ou três dias da partida, recebo um telefonema do meu querido amigo Coronel Ramiro Correia de Oliveira. Dizia precisar de um grande favor da minha parte. Resumidamente, tratava-se de tentar diligenciar em Angola a trasladação dos restos mortais de um militar então pertencente à Companhia de Caçadores Especiais nº 266 sob seu comando em Maquela do Zombo, que ficara sepultado no cemitério daquela localidade em 1961!
Embora apercebendo-me da dificuldade, ou mesmo impossibilidade, do teor de um tal pedido, senti uma forte emoção interior. É que uma outra missão similar, também do foro sagrado, me tinha cometido a mim próprio: localizar e trazer um punhado de terra da campa do Tenente Francisco Pires Bento, meu avô materno, caído no Norte de Angola ao serviço da Pátria “combatendo o gentio rebelde” a 4 de Julho de 1918, na plenitude da vida, com apenas 43 anos de idade. Comandava, na altura, o Posto Militar do Cauale pertencente à Capitania-Mor do Pombo.
O telefonema do meu Amigo tinha assim para mim, neste contexto, uma ressonância muito profunda, mas simultaneamente vislumbrava no meu espírito dificuldades, quiçá insuperáveis, de qualquer das missões.
Mas voltando ao tema inicial que aqui nos traz, uma coisa, porém, era certa: haveria de esgotar todos os meios ao meu alcance para atender o Coronel Correia de Oliveira, por quem já então nutria verdadeira estima e enorme consideração.
Sem o tempo mínimo para juntos analisarmos o problema, pedi-lhe que me fizesse chegar às mãos toda a documentação útil sobre o assunto. Ele assim fez. Em 17 de Março de 1995 chego à cidade de S. Paulo da Assunção de Luanda e tomo posse do espinhoso cargo que me aguardava. As múltiplas tarefas da minha responsabilidade exigiram-me um trabalho diário de 16 a 18 horas ao longo de todo o ano que a comissão durou.
Só decorrido mais de um mês sobre a posse, consegui um mínimo de disponibilidade para me debruçar sobre a referida documentação. Analisei pormenorizadamente todos os elementos. Pareceu-me que a tarefa iria, eventualmente, além das minhas capacidades, mas deitei mãos à obra.
Gizei o plano com base numa seriação de tarefas que viriam a traduzir-se naquilo que denominei “Operação Maquela do Zombo”.
Do dispositivo operacional a meu cargo fazia parte, além das unidades dos vários países, um conjunto de Destacamentos de Observação (ditos “Team Sites”) a implantar por todo o território angolano e a implementar progressivamente de acordo com as prioridades operacionais.
Para Maquela do Zombo estava prevista a instalação de um desses Destacamentos dentro de cerca de duas semanas, decorrendo nesse preciso momento o processo de nomeação da sua guarnição, a constituir com 4 ou 5 Observadores Militares (estes iam chegando à Missão vindos dos vários países e de acordo com os planeamentos recebidos da ONU em Nova Yorque).
Alterando pontualmente o procedimento de rotina, chamei o oficial do meu Estado-Maior responsável pela área de pessoal (um simpático tenente Coronel romeno) e disse-lhe para, entre os Observadores a nomear para o Destacamento de Maquela, incluir um português ou um brasileiro.
Isto facilitaria futuras conversações com as autoridades administrativas locais, além de que este tipo de nomeações não obedecia a normas rígidas. Quando o Chefe do Pessoal veio a despacho no dia seguinte, informou-me não ter conseguido nenhum Observador nomeável para Maquela que falasse a Língua Portuguesa. Como o que não tem remédio, remediado está, ordenei que procedesse com urgência à nomeação da guarnição de Maquela e, feito isso, mandasse apresentar no meu gabinete o respectivo Comandante.
A “Operação Maquela do Zombo” era trabalhada no meu quarto e, logo nessa noite, perante a contrariedade do idioma, refiz várias peças do plano, passando-as para Inglês.
Na manhã do dia seguinte, apresenta-se para falar comigo o indigitado Comandante de Maquela, a quem, para além das habituais recomendações sobre o cumprimento da sua missão, iria pedir a execução de algumas diligências que importava explicar com o necessário detalhe.
Neste primeiro contacto com o oficial, eu diria (para utilizar uma gíria castrense) que logo me pareceu de “excelente aspecto militar”. À data, ainda não me era possível identificar todas as fardas, já que a Missão integrava várias dezenas de países dos cinco continentes. Por isso indaguei, antes de mais, a sua nacionalidade:
–Sou da Bulgária – disse prontamente…
Era, curiosamente, o Major Alexander Alexandrov, o meu “protegido”. Extraordinária coincidência!
Após inúmeras diligências e com a sua ajuda e das autoridades locais da UNITA, foi-me autorizada a exumação dos restos mortais que posteriormente, com o apoio do Senhor Embaixador em Angola, se conseguiu transporte para Portugal na mala diplomática.
Não escondo a enorme satisfação que me deu ver cumprida a obrigação que assumira com um Amigo e ver realizado o desígnio sagrado de uma família a que se juntava também a dívida não saldada do meu país (com efeito os restos mortais não haviam sido oportunamente reclamados pela família devido a dificuldades financeiras). (**)
Na sequência do complicado processo vim a conhecer o filho do Srgt Mota, o Eng.º. António Teixeira Mota que, enquanto filho de antigo combatente, fora aluno no Instituto Militar Pupilos do Exército (IMPE), ou seja, um ilustre “Pilão”, o 21 do seu ano! Ora quis o destino que, com a minha promoção a Oficial General, ali fosse colocado como Director em 1997. Tive então oportunidade de convidar o Eng.º. Mota a visitar a sua antiga Casa na companhia do Cor Ramiro de Oliveira, antigo comandante de seu pai na fatídica comissão em Angola. (***)
O mais importante é, no entanto, que a família Mota já não está agora privada da consolação humana de poder chorar o seu ente querido junto à campa, na sua terra natal. É essa consolação humana que refulgirá perenemente na memória da família.
No fim de todo este longo processo, e dentro das minhas fracas qualidades poéticas, escrevi os seguintes dizeres em memória de um combatente caído na GU em Angola, o Sargento Justino Teixeira da Mota.
ÚLTIMO ADEUS A MAQUELA DO ZOMBO
falecido em 18 de Outubro de 1962, pertencendo à
Companhia de Caçadores Especiais 266 / Batalhão 262)
Foste um soldado e grande companheiro,
Que em Maquela cumpriu sua missão.
Tanto a ela te deste por inteiro,
Que te apagaste nesse ex-luso chão.
Trinta e quatro anos são volvidos,
E os entes queridos te reclamam...
Quanta saudade e dor em ais sentidos
Guarda a memória dos que por ti chamam.
Fui buscar tuas cinzas com respeito,
Para honrar a mensagem recebida
Dos teus e do Ramiro, Capitão.
E se à história presto humilde preito
Por te levar à última guarida...
Justino, eu te saúdo como irmão.
(S. Paulo da Assunção de Luanda, 9 de Março de 1996)
João Afonso Bento Soares
Major General
4. Comentário do editor Luís Graça
João Afonso: obrigado pela história, com final feliz, que nos fez chegar, com a preciosa ajuda do Carlos Pinheiro, nosso grã-tabanqueiro de longa data. O tema é nos caro, o do resgate dos restos mortais dos nossos camaradas mortos nas campanhas de África, entre 1961 e 1975, e inumados em cemitérios locais (de cuja localização, em não poucos casos, se perdeu o registo).
O caso que relata não me era estranho. Acabei por encontrar um poste, do nosso coeditor Carlos Vinhal, em que nos fala do livro que escreveu o filho do 2º srgt trms Justino Teixeira Mota, o engº António Teixeira Mota, e em que se dá conta da sua "luta incessante" para resgatar os restos mortais do seu pai. Ora nesse poste, há uma fotografia com o então coronel João Afonso Bento Soares, que republicamos acima, em Maquela do Zombo, em 1996, junto à campa do 2º srgt Justino Teixeira Mota.
É uma história tocante, de amor filial, de compaixão e de solidariedade entre camaradas de armas. As duas versões completam-se e eu fico feliz por juntar, aqui e agora, as duas peças, para melhor apreciação dos nossos leitores (***).
O poste já vai longo, mas eu não posso deixar de lhe fazer um convite para, formalmente, integrar a nossa Tabanca Grande, na sua qualidade de antigo camarada da Guiné, onde foi comandante operacional, em 1968/70, sendo ambos em parte contemporâneos (eu, na CCAÇ 12, Bambadinca, julho de 1969/ março de 1971). A sua presença muito nos honraria a todos, a começar pelo Carlos Pinheiro, que foi então seu subordinado.
Se aceitar o meu convite, tem aqui um lugar à sombra do nosso poilão, sob o nº 785, ao lado de um outro seu camarada da Academia Militar, o cor art ref Morais da Silva (membro da Tabanca Grande, nº 784). Como vê, já somos mais do que um batalhão, os amigos e camaradas da Guiné. Para completar o processo, faltar-nos-ia apenas uma foto do seu tempo como capitão na Guiné... (que não encontrei numa visita rápida que fiz à sua página do Facebook)
Por fim, e não menos importante, sendo eu também poeta, deixe-me dar-lhe os parabéns pelo soneto que, em 1996, dedicou ao nosso camarada 2º srgt trms Justino Teixeira Mota. Não só está tecnicamente perfeito, como é também um belíssimo hino à camaradagem e fraternidade entre militares portugueses!...
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 16 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19594: Memórias de Gabú (José Saúde) (79): Resquícios de uma guerra que nos fora cruel. Abandonados. (José Saúde)
(**) Último poste da série > 4 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19549: Estórias avulsas (93): Histórias do vôvô-Zé - As nossas andorinhas (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp)