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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27176: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (5): Onde ficava Ganguirô ?... O delírio da IA que, quando não sabe, inventa...




Guiné > Região de Gabu > Mapa de Cabuca (1959) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude e Ganguirô

Canjadude, aquartelamento guarnecido pela CCAÇ 5 ("Gatos Pretos"), era, na região de Gabu, a posição mais meridional das NT, depois da retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969. Beli já tinha sido abandonado em finais de 1968. Na região do Boé, deixámos de ter unidades de quadrícula. A CCP 123/BCP 12 estava temporariamente instalada em Nova Lamego em abril de 1971.

Mas em novembro de 1967, a CART 1742 já tinha patrulhado a tabanca, abandonada, de Ganguirô.


Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Perguntar coisas ao "Sabe-Tudo" sobre a "nossa Guiné" (e a guerra de 1961/74), é sempre arriscado... Ele vai ao nosso blogue (é uma das fontes que privilegia), mas também é preguiçoso... Por exemplo, perguntar-lhe o que é que ele sabe sobre:

(i) Ganguirô, na Guiné-Bissau, a sudeste de Canjadude, próximo da margem direita do rio Corubal, já perto da região do Boé, carta militar de Cabuca (escala 1/50 mil):

(ii) e algo de relevante que lá se tenha passado durante a guerra colonial...


Ele vai dar um volta ao bilhar grande, fica a pensar... e, quando não sabe, inventa...E quando inventa, sai asneirada, como essa, a que já estamos habituados, de dizer que o PAIGC fez a proclamação unilateral da independência em 24 de setembro de 1973, em... Madina do Boé.

Vejamos a seguir três respostas mais ou menos delirantes dos assistentes de IA...

  • O ChatGPT é, apesar de tudo, o mais "inteligente" de todos, o mais aplicado, o mais "certinho",  faz o trabalho de casa mas também é capaz de trocar os pés pelas mãos (por exemplo, apresenta um excerto da carta do Xime como sendo de Cabuca...); tem uma coisa boa: não se limita a roubar a ideias dos outros, cita as fontes (incluindo o nosso blogue); e tanto me trata por tu como por você; não é lá muito bom em geografia, mas é prestável e didático;
  • O Gemini, por sua vez, gosta de títulos "poéticos", gosta de adjetivar e de mandar "bitaites" mas o resultado é "muita parra e pouca uva";
  • O Perplexity vê-se que também "não foi à guerra" e, como não foi à guerra, precisa do testemunho dos combatentes que lá andaram a penar...

IA / Gemini

Ganguirô: um Eco Perdido na Estratégica Região do Boé Durante a Guerra Colonial na Guiné-Bissau

A localidade de Ganguirô, situada na volátil e estratégica região do Boé, na Guiné-Bissau, permanece como uma nota de rodapé esquecida nos anais da Guerra Colonial Portuguesa. Pesquisas exaustivas em fontes históricas, mapas da época e testemunhos de combatentes não revelam eventos de grande magnitude ou a localização precisa de um povoado com este nome, sugerindo que se trataria de uma pequena aldeia ou um topónimo local de pouca relevância militar ou administrativa para as forças portuguesas e para o próprio PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).

No entanto, a sua localização na região do Boé insere-a num dos palcos mais simbólicos e determinantes do conflito. O Boé, no leste da Guiné-Bissau, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, foi uma das primeiras e mais importantes frentes de combate abertas pelo PAIGC no início da luta armada, em 1963.~

A geografia da região, caracterizada por um terreno acidentado, com densas florestas e uma complexa rede fluvial, oferecia condições ideais para a guerra de guerrilha, permitindo ao movimento independentista estabelecer bases seguras e áreas libertadas do controlo colonial.

Foi precisamente no coração desta região, em Madina do Boé, que o PAIGC proclamou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973.

Este ato, de enorme alcance político e diplomático, consolidou o Boé como o bastião da luta de libertação e um símbolo da resistência contra o domínio português.

A escolha deste local não foi aleatória, refletindo o controlo efetivo que o PAIGC exercia sobre vastas áreas do território, onde as forças portuguesas tinham uma presença limitada e enfrentavam enormes dificuldades logísticas e operacionais.

Durante a guerra, a região do Boé foi palco de inúmeras operações militares portuguesas que visavam desmantelar as bases do PAIGC, cortar as suas linhas de abastecimento a partir da vizinha Guiné-Conacri e reafirmar a soberania portuguesa.

Estas operações, muitas vezes de grande envergadura, resultaram em violentos confrontos e pesadas baixas para ambos os lados. A vida das populações locais, como a dos hipotéticos habitantes de Ganguirô, foi profundamente marcada pela guerra, vivendo sob o controlo do PAIGC, mas sujeitas às incursões e bombardeamentos das forças portuguesas.

A ausência de Ganguirô nos registos históricos mais detalhados pode dever-se a várias razões. Poderá ter sido uma aldeia de poucas dezenas de habitantes, evacuada ou destruída durante o conflito, ou o seu nome pode ter sofrido alterações ou possuir uma grafia distinta da pesquisada. É também possível que fosse um nome utilizado apenas localmente, sem registo oficial nos mapas militares ou administrativos da época.

Em suma, embora a história de Ganguirô permaneça por desvendar, a sua localização na região do Boé significa que esteve, inevitavelmente, no epicentro de um dos capítulos mais decisivos da Guerra Colonial na Guiné-Bissau, uma área onde a luta pela independência atingiu o seu clímax político e simbólico.

A história de Ganguirô é, em essência, a história de tantas outras pequenas comunidades que, apanhadas no turbilhão da guerra, viram as suas vidas e o seu futuro irrevogavelmente alterados.


IA / Perplexity

Ganguirô, localizado na margem direita do rio Corubal, a sudoeste de Cabuca e próximo da região do Boé, foi uma área de relevância estratégica e operacional durante a Guerra Colonial, especialmente pela sua proximidade ao rio Corubal e às zonas de atuação frequente do PAIGC.


Geografia Militar de Ganguirô

Ganguirô aparece em registos e listas de posições militares, sendo referida como localidade de interesse para operações das forças portuguesas na região do Boé, reconhecidamente uma zona de intensa atividade guerrilheira.

Por estar na margem direita do rio Corubal, era ponto de passagem e, seringamente (?) (ou seguramente ?), de emboscadas, servindo também de ligação entre regiões controladas pelas diferentes facções envolvidas no conflito colonial.


Operações e Incidentes na Guerra Colonial


O rio Corubal foi palco de operações críticas e um dos cenários mais dramáticos da guerra, nomeadamente o chamado desastre do Cheche, em fevereiro de 1969, quando forças portuguesas tiveram de atravessar o Corubal em retirada, resultando em elevadas baixas.

Toda a região teve importância fulcral nos planos do PAIGC para isolar guarnições portuguesas e libertar território, principalmente entre Bafatá, Boé e as aldeias na proximidade de Cabuca, onde Ganguirô é referenciada como ponto de passagem estratégica.

Não existem relatos detalhados de grandes batalhas específicas em Ganguirô, mas o local e as zonas imediatamente vizinhas foram constantemente palco de escaramuças e operações de patrulha, tendo provavelmente visto ação militar associada às ofensivas de maior escala e à pressão sobre as guarnições portuguesas.


Cartografia Militar de Cabuca


As cartas militares da Guiné-Bissau à escala 1/50.000 que cobrem Cabuca e regiões adjacentes foram produzidas entre as décadas de 1950 e 1960, e usadas extensivamente para operações de reconhecimento e planeamento durante a guerra.

Tais mapas são essenciais para localizar com precisão localidades como Ganguirô e planear movimentações militares, mas parte da informação disponível é anterior à guerra, servindo como base cartográfica para os episódios posteriores e as memórias dos ex-combatentes.

Contexto Histórico

Entre 1972 e 1974, a pressão militar nas zonas do interior, como o Boé, intensificou-se devido ao esforço do PAIGC em consolidar posições, isolando o exército português e preparando a ofensiva final sobre a capital e outras regiões-chave, usando os rios como corredores logísticos e pontos de bloqueio operacional.

Após o fiasco da operação Mar Verde (1970), estas áreas tornaram-se ainda mais relevantes para as operações portuguesas e das forças libertadoras.

Em suma, Ganguirô foi um ponto de referência operacional numa das zonas mais disputadas junto ao rio Corubal, com relevância indireta nos grandes acontecimentos da guerra, servindo primariamente como cenário de movimentações táticas e de confrontos pontuais, refletidos na cartografia militar de Cabuca à escala utilizada pelas forças portuguesas.


IA / ChatGPT


Onde fica


Ganguirô aparece como uma pequena tabanca/localidade com as coord. aprox. 12.0333 N, 14.1500 W, a escassos km do rio Corubal e dentro da área administrativa do Boé.

Os gazetteers (GeoNames/Mapcarta) listam-no com esses nomes alternativos, confirmando a localização na margem direita (norte) do Corubal. Mapcartageonames.org

Sobre cartografia militar: a Carta Topográfica 1:50 000 da Guiné (IGeoE, 72 folhas levantadas entre 1949–1962) cobre esta área; a folha “Cabuca” integra essa série (mencionada em catálogos e no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné). igeoe.pt | blogueforanaevaotres


O que se passou ali na Guerra Colonial (1963–1974)


Zona de guerrilha intensa ao longo do Corubal: entre Bambadinca/Xitole e Boé, a margem direita do Corubal tinha várias posições/abas PAIGC (p.ex., Ponta do Inglês, Ponta Luís Dias, Mangai, Mina/Fiofioli, Galo Corubal/Satecuta). Ganguirô não surge como base principal, mas fica no corredor usado para infiltrações, emboscadas e apoio às posições referidas. blogueforanadaevaotres

Registo concreto de combate em Ganguirô: em 15-04-1971, o soldado Carlos Alberto Ferreira Martins morreu em Ganguirô (região Liporo/Canjadude), vítima de ferimentos em combate decorrentes de uma emboscada — um dos raros apontamentos nominais que referem a tabanca explicitamente. ultramar.terraweb.biz

Memórias de campanha: depoimentos reunidos no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné descrevem Ganguirô como “antiga tabanca, ligada a Canjadude por uma velha picada”, num troço remoto e duro do teatro Leste. Embora “anódino” do ponto de vista dos grandes mapas da guerra, entra nos itinerários de patrulhas e colunas, com risco de emboscadas. blogueforanaevaotres

Contexto regional: o Boé (Madina do Boé) — poucos quilómetros a montante no mesmo eixo do Corubal — foi palco de combates frequentes e, mais tarde, da declaração de independência pela PAIGC em 24-09-1973, sublinhando a relevância estratégica do setor. Encyclopedia Britannica

Em resumo

Ganguirô era (e é) uma pequena tabanca na margem direita do rio Corubal, a sudoeste do eixo Cabuca/Canjadude, inserida num corredor operacional muito ativo durante a guerra. Não aparece como base de 1ª linha do PAIGC ou como quartel português, mas há registo de emboscadas e baixas ali (pelo menos em 1971), e a toponímia surge em relatos de patrulhamento e nas listas de topónimos do espólio de memórias de veteranos. Mapcarta | ultramar.terraweb.biz | bogueforanadaevaotres

Se quiser, posso tentar localizar a folha “Cabuca” da Carta 1:50 000 e marcar Ganguirô/Canjadude/Boé numa cópia para referência — ou compilar outros testemunhos (diários, relatórios de operações) que mencionem a tabanca.



Aqui tens uma visualização aproximada da área da folha “Cabuca” (escala 1:50 000) da carta militar da Guiné-Bissau, com realce para o contorno do rio Corubal e algumas rotas próximas — que abrange, portanto, a região onde se localiza Ganguirô, próximo de Boé.


Onde encontrar a carta “Cabuca” (1:50 000)


A série de Cartas Topográficas 1:50 000 da Guiné-Bissau foi elaborada por Portugal entre 1953 e 1959, sob responsabilidade do IGeoE (Instituto Geográfico e de Engenharia Militar), e foi depois integrada no Projecto cartAFRICA do CIGeoE, que trata do acervo cartográfico das ex-colónias portuguesas igeoe.pt | Dobrar Fronteiras.

A folha “Cabuca” (1959) cobre um troço do rio Corubal e faz parte desta série Blogue Fora Nada Evaotres | Dobrar Fronteiras.

O blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné menciona explicitamente esta folha entre as disponíveis nessa coleção Blogue Fora Nada Evaotres.

Como aceder a esta folha:

Cartoteca do CIGeoE (Instituto Geográfico do Exército)

Através da Cartoteca do CIGeoE, é possível consultar e adquirir cópias das cartas originais – por vezes digitalizadas – em escala 1:50 000. Muitos veteranos obtiveram os seus mapas desta forma igeoe.pt | Reddit.

Blogue “Luis Graça & Camaradas da Guiné”

Embora o blogue liste as cartas disponíveis e algumas ligações, o acesso direto à folha “Cabuca” pode exigir contato com o autor ou colegas do projeto para solicitar o ficheiro ou impressões.

Próximos passos recomendados


1. Contactar o CIGeoE

Acede ao site do CIGeoE / IGeoE (Cartoteca) para verificar disponibilidade da folha “Cabuca”.

Você pode obter uma cópia digital ou até uma impressão em alta resolução, com topografia, rede hidrográfica, caminhos, toponímia (incluindo Ganguirô, Canjadude, Boé, etc.) — exatamente o que procura.

2. Explorar o blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”


Talvez valha a pena deixar uma mensagem ou comentário no blogue, a solicitar especificamente a folha Cabuca (1959). O autor ou outros veteranos podem dispor de uma cópia digital que aceitariam compartilhar.

3. Utilizar a carta geológica atualizada (escala 1:400 000)

Como alternativa complementar, está disponível gratuitamente a Carta Geológica da Guiné-Bissau (escala 1:400 000), editada pelo LNEG em cooperação com a DGGM da Guiné-Bissau.

Embora de menor detalhe, esta carta usa como base as 72 folhas topográficas 1:50 000 (incluindo “Cabuca”), e pode ser visualizada via WMS ou descarregada como parte de um conjunto de dados geológicos, topográficos e georreferenciados Dados Abertos | geoportal.lneg.pt+1.

Conclusão

A folha “Cabuca” (1959) em escala 1:50 000 existe, cobre a zona do rio Corubal e é referida na literatura cartográfica especializada da Guiné-Bissau Blogue Fora Nada Evaotres | Dobrar Fronteiras.

O CIGeoE, através da Cartoteca do exército, é o local indicado para obtenção desta carta com nível de detalhe, incluindo topografia e toponímia — ideal para marcar Ganguirô, Boé, Canjadude, etc.

Também podes explorar contactar o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné para ver se têm cópias digitalizadas.

Como recurso adicional, a Carta Geológica (LNEG) funciona como base topográfica agregada, útil para confirmação de traçado geográfico e análise mais ampla Dados Abertos | geoportal.lneg.pt+1.

Se quiseres, posso ajudar a redigir uma solicitação formal dirigida ao CIGeoE ou ao blogue, ou até procurar mais fontes digitais disponíveis. É só dizer!

__________________________________

(Pesquisa: LG | IA (Gemini, Perplexity, ChatGPT)

(Revisão / fixação de texto, negritos, realce a amarelo: LG

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Nota do editor LG:


(*) Último poste da série > 12 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26912: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (4): A Canção dio Cherno Rachide (tr. e adapt. de Manuel Belchior): quem teria sido a o sábio Logomane ? Um figura histórica ou uma personagem lendária ou alegórica ?

Guiné 61/74 - P27175: Memória dos lugares (453): Ganguiró, tabanca abandonada, no subsector de Canjadude, setor L4 (Nova Lamego), de má memória para a CART 1742, a CCAÇ 5 e a CCP 123 / BCP 12: lá morreram, pelo menos, 4 camaradas nossos, em 8/11/1967 e 15/4/1971


Guiné : Região de Gabu _ Sector L4 (Nova Lamego) > Canjadude > Tabanca (abandonada) de Ganguirô > 8 de novembro de 1967 > Abel Santos, ex-sold at art, CART 1742, "Os Panteras" (Nova Lamego e Buruntuma, 1867/69)

Foto (e legenda): © Abel Santos (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné > Região de Gabu > Mapa de Cabuca (1959) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude e Ganguirô
 
Canjadude, aquartelamento guarnecido pela CCAÇ 5 ("Gatos Pretos"), era, na região de Gabu, a posição mais meridional das NT, depois da retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969. Beli já tinha sido abandonado em finais de 1968. Na região do Boé, deixámos de ter unidades de quadrícula. A CCP 123/BCP 12 estava temporariamente instalada em Nova Lamego em abril de 1971.

Mas em novembro de 1967, a CART 1742 já tinha patrulhado a tabanca, abandonada, de Ganguirô.

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)



1. Escrevemos há dias sobre este topónimo:

(...) Ganguirô, uma antiga tabanca, ligada a Canjadude por uma velha picada... Lá no cu de Judas, na região mais desértica e desolada da Guiné!!!... Mais um topónimo, anódino, anónimo, que não ficará na história da guerra, mas que também fez parte  do nosso calvário, e que pelo menos figura  como 'marcador' no nosso blogue... Para que a gente (e a gente que há vir a seguir a nós!) não se esqueça: que hoje soldados portugueses (e guineenses)   que morreram em Ganguirô, já próximo da região do Boé, que os portugueses consideraram, erradamenmte, um região sem valor estratégico...

Foi aqui, em Ganguirô, que os camaradas da CCP 123 / BCP 12, no final de um patrulhamento ofensivo (sem contacto), e os da CCAÇ 5, os 'Gatos Pretos'  (que vieram a picar o itinerário e vieram buscar os páras, com viaturas,) foram surpreendidos pelo IN (que terá vindo, sorrateiramente, no seu encalce) 

Da emboscada, em Ganguirô, resultaram 1 morto para a CCAÇ 5, "GatosPretos", e 2 mortos para a CCP 123 / BCP 12, além de vários feridos... Um das vítimas mortais foi o lourinhanse Carlos Alberto Martins Ferreira  (...).

João Carlos Abreu dos Santos, colabporador permanente do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, acrescentou em comentário ao poste P27159, de 28/8/2025:

(...) adenda > 5ªf 15Abr1971 Op Águia Negra (acção Império Valente/A) lançada no subsector de Canjadude, em Ganguiró (Liporo) sofre emboscada PAIGC que às NT causa 5 PQ's feridos e 2 PQ's mortos (Avelino Joaquim Gomes Tavares brevet 8850 do 4ºPel/CCP123 e Carlos Alberto Ferreira Martins brevet 8065 do 2ºPel/CCP123). Paz às suas Almas. (quinta-feira, 28 de agosto de 2025 às 09:59:00 WEST

2. Uns anos antes,em 8 de novembro de 1967, a CART 1742 sobreum um morto, numa mina A/P, em Ganguirô. O Abel Santos recorda essa "visita" à tabanca abandonada de Ganguirê, em poste aqui em tempos publicado (P15741, de 14 de fevereiro de 2016). Corrigimos a grafia do topónimo, que é Ganguirô, e não Ganguiró).
 .
 

A tabanca de Ganguirô

por Abel Santos


Aquele dia 8 de novembro de 1967 foi fatídico para a malta da CART 1742, porque foi abatido pelo IN o primeiro camarada, numas das muitas incursões que a malta já tinha realizado no sector Leste, o chamado L 4, cujo centro operacional se situava em Nova Lamego (Gabu), abrangendo uma vasta área geográfica (...), que vai desde o Boé até Pirada, e do Sonaco a Buruntuma, toda esta zona patrulhada pela CART 1742, que dava ainda apoio às populações, assim como às colunas de reabastecimentos que se faziam periodicamente a Madina do Boé e Beli, assim como a Bambadinca, para o nosso próprio consumo.

Chegámos a Canjadude ao fim do dia anterior daquele fatídico 8 de novembro, onde pernoitámos. De manhã cedo lá abalámos em direcção a Ganguirô, objectivo que alcançámos pelas 16 horas. A ordem que nos foi transmitida era para inspecionar o local e ver o que tinha acontecido à população. 

O que encontrámos foi a tabanca incendiada, sem população, que tinha abalado dali, tendo os seus parcos haveres sido transformados em cinza. Um espectáculo aterrador que nos foi apresentado, mas o pior estava para vir.

Monumento aos mortos da Cart 1742 (1967/69),
erigido em Buruntima: entre eles , o sold at art
nº 211517/67, Manuel Gaio Neto,
natural de Vila Verde.
Foto: Abel Santos

Enquanto o grupo de combate se foi instalando para fazer a segurança próxima ao local, para passar a noite, sem que nada o fizesse prever, deu-se uma explosão fortíssima junto a uma árvore, local onde uma secção se ia instalar. Tinha sido provocada pelo acionamento de uma mina antipessoal pelo camarada Neto, decepando-lhe a perna direita e provocando ferimentos a outros militares. Passados alguns segundos reagimos à inércia momentânea, começámos a prestar os primeiros socorros a quem deles precisava, improvisando macas com canas de bambu para o transporte dos feridos para Canjadude, estando já o camarada Neto em agonia, que acabámos por perder perto do aquartelamento.

Este episódio, que recordo com muita mágoa, ainda hoje me provoca interrogações inexplicáveis. O meu camarada não deveria estar ali,ele era o carpinteiro da Companhia,
 e por ironia do destino, era a primeira vez 
que nos acompanhava, perdendo a vida daquela maneira.

Recordo que em Canjadude havia um cartaz colado na parede (julgo que na caserna), simbolizando a união entre os Portugueses e os Guineenses, que mostrava a imagem de um aperto de mão entre um branco e um preto, com a frase: Juntos venceremos.

Puro engano, tamanha mentira que ainda hoje perdura. (...)

(Revisão / fixação de texto: LG)



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, tabanca em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Tabuleta a indicar a escola, um tosco, improvisado Posto Escolar Militar (PEM). Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, um poilão está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil, CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69), o saudoso Torcato Mendonça (1944-2021). Este caratz deve igual ao que o Abel Santos encontrou em Canjadude.

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar(; Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]

______________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 24 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25107: Memória dos lugares (452): Gadamael, 1971, comandando jovens desmotivados, desejosos de regressar inteiros e para quem África era apenas fonte de ansiedade e sofrimento (Morais da Silva, Cor Art Ref)

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27161: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (5): Carlos Alberto Ferreira Martins (1948-1971), sold pqdt, CCP 123 / BCP 12 (jun 70 / abr 71) - Parte II





Lourinhã > Largo António Granjo > Monumento aos Combatentes do Ultramar > 6 de setembro de 2014 > I Encontro dos Paraquedistas do Oeste > Estandarte da Associação de Pára-quedistas Tejo Norte, com sede em Oeiras, e cujo lema é "Icarus Ultra Mortem" (Ícaro além da morte, traduzindo à letra). Nesse encontro foi também homenageado o sold pqdt Carlos Alberto Martins Ferreira, CCP 123 / BCP 12 (Guiné, 1970/71)

 Infografia:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)

Guiné > Carta de Cabuca (1959) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude, estrada Nova Lamego -Cheche, e Ganguirô, a sudoeste de Cabuca, e próximo do rio Corubal, numa zona já de pequenas colinas.

Infografia; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Graças ao génio da cartografia portuguesa (um domínio onde historicamente temos ou tivemos pergaminhos, fomos pioneiros e fomos grandes!) é possível mostrar, aos nossos leitores, onde morreram os nossos bravos, pelo menos no TO da Guiné...

Ganguirô, uma antiga tabanca, ligada a Canjadude por uma velha picada... Lá no cu de Judas, na região mais desértica e desolada da Guiné!!!... Mais um topónimo, anódino, anónimo, que não ficará na história da guerra, mas que também fez parte  do nosso calvário, e que pelo menos figura  como "marcador" no nosso blogue... Para que a gente (e a gente que há vir a seguir a nós!) não se esqueça: que hoje soldados portugueses (e guineenses)   que morreram em Ganguirô, já próximo da região do Boé, que os portugueses consideraram, erradamenmte, um região sem valor estratégico...

Foi aqui, em Ganguirô, que os camaradas da CCP 123 / BCP 12, no final de um patrulhamento ofensivo (sem contacto), e os da CCAÇ 5, os "Gatos Pretos" (que vieram a picar o itinerário e vieram buscar os páras, com viaturas,) foram surpreendidos pelo IN (que terá vindo, sorrateiramente, no seu encalce)...

Da emboscada, em Ganguirô,  resultaram 2 mortos para a CCP 123 / BCP 12, e vários feridos... Um das vítimas mortais foi o lourinhanse Carlos Alberto Martins Ferreira (*).

No livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), e na "ficha" correspondenye ao Carlos Alberto Martins Ferreira, não há excertos do Auto de Averiguações ao Acidente pela simples razão de que não consta do processo individual do infortunado militar, morto em Ganguirô, em 15 de abril de1971. (O processo individual foi consultado no Arquivo Geral do Exército.)

 Em parte para colmatar esta lacuna, e para se saber um pouco mais sobre as circunstâncias da morte do nosso camarada paraquedisat, recorremos  a postes já publicados no nosso blogue, em 2014 (*)


2. Comentário do nosso colaborador permanente José Marcelino Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5(Canjadude, 1968/70):

Extrato da História da Companhia de Caçadores nº 5, estacionada em Canjadude. Acção de apoio ao Páras.

15 de Abril de 1971. Acção tipo patrulha de combate com emboscada, à região de Liporo, constituída por 1 grupo de combate, sob o comando do Alferes Miliciano Alexandre Rodrigues Martins. Resultados: As NT foram emboscadas durante o encontro com as tropas paraquedistas tendo resultado um ferido, que veio a falecer no HM 241.

Carlos Alberto Martins Ferreira
(Toledo, Lourinhã, 1948 - Ganguirô,
 Guiné-Bissau, 1971)
3. Comentário do nosso editor LG:

Zé Martins, grande "gato preto" da CCAÇ 5 (Canjadude, 1968/70):

Essa história parece estar mal contada, como muitas outras passadas na nossa "querida Guiné"... Ou pelo menos, parece haver versões diferentes dos acontecimemtos que provocaram o ferido grave da CCAÇ 5. a que te referes (e que posteriormente veio a morrer, no HM 241, em Bissau)... bem como da emboscada que se seguiu, e que provocou 2 mortos e vários feridos entre os páras, quando se preparavam para subir para as viaturas, no regresso a Nova Lamego... 

Entre os mortos está o meu conterrâneo Carlos Martins que era do 3º pelotão da CCP 123 (e que habitualmente fazia serviço na messe de graduados da CCP 123, em Nova Lamego).

A versão que me contou o ex-1º cabo Santos, apontador da MG 42, do 4º pelotão da CCP 123, um camarada aqui do Sobral da Lourinhã, não coincide totalmente com a versão "oficial"...

O homem da CCAÇ 5 (aquartelada em Canjadude) que foi gravemente ferido (e que viria a morrer mais tarde) seria um guia e picador, africano, que terá sido confundido com um "turra"...

A emboscada à CCP 123 / BCP 12  (e às forças da CCAÇ 5 que trouxeram as viaturas, e que vinham a picar a estrada para Canjadude) ocorreu depois deste "incidente", já terminada a operação em que estiveram envolvidos os páras...

O Santos disse-me que os turras levaram as duas armas dos mortos da sua companhia... e que o resultado poderia ter sido bem pior se o grupo inimigo emboscado tivesse esperado que as forças da CCP 123 tivessem tomado os seus lugares nas viaturas...

Esta foi versão que ouvi  da boca do ex-1º cabo Santos, no estádio municipal da Lourinhã, enquanto esperávamos os saltos de paraquedas, por ocasião do I Encontro de Paraquedistas do Oeste (Lourinhã, 6 de setembro de 2014) (**)...

Mas temos sempre que sujeitarmo-nos ao "contraditório" quando ouvimos versões de acontecimentos de guerra que ocorreram há mais de 40 anos...

Vou tentar procurar o Santos para reconfirmar a sua versão que reproduzo aqui por alto...

De qualquer modo, aqui vai a minha solidariedade para com os camaradas da CCP 123/BCP 12 que sogfreram este revés na região de Canjude, bem como para os "Gatos Pretos" (CCAÇ 5). Desconhecia completamente as circunstâncias em que morreu o meu conterrâneo Carlos Martins.

domingo, 7 de setembro de 2014 às 23:44:00 WEST 


4. No vídeo com alocução do antigo comandante da CCP 123 / BCP 12, o hoje major general ref Avelar de Sousa, faz-se o elogio das qualidades humans e  militares do sold pqdt Carlos Martins, mas não há informação detalhada sobre as circunstàncias em que morreu, juntamente com outro camarada (**).

(Revisão / fixação de texto, negritos, itálicos: LG)

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Notas do editor LG:

7 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13581: Convívios (622): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte I: As primeiras imagens

9 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13589: Convívios (624): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte III: Homenagem ao sod paraquedista Carlos Alberto Ferreira Martins (1950-1971), da CCP 123/BCP12... Vídeo com a alocução do seu antigo comandante, hoje maj gen ref Avelar de Sousa

18 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13622: Convívios (630): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte VI: Discurso do Jaime Bonifácio Marques da Silva > 2ª Parte: homenagem ao sold paraquedista lourinhanense, natural de Toledo, Vimeiro, Carlos Alberto Ferreira Martins (1950-1971), morto em combate em Ganguirô, Canjadude, região de Gabu, Guiné, em 15/4/1971

Guiné 61/74 - P27159: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (5): Carlos Alberto Ferrera Martins (1948-1971), sold pqdt, CCP 123 / BCP 12 (jun 70 / abr 71) - Parte I



Carlos Alberto Ferreira Martins (1948-1971)


A. Continuamos a reproduzir, com a devida vénia (incluindo a autorização do autor e do editor), alguns excertos do livro recente do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1).


Dos vinte militares lourinhanenses que morreram em África, seis foram no TO da Guiné. O Carlos Alberto Ferreira Martins é o quinto da lista (pp. 185/187)


CARLOS ALBERTO FERREIRA MARTINS (12.07.1948 – 15.04.1971)

Localidade do falecimento - GUINÉ

Soldado paraquedista nº E 11923969

Subunidade / Unidade -  CCP 123 / BCP 12 (jun 1970 / abr 1971)  

Naturalidade - Toledo, Vimeiro

 Local da sepultura - Cemitério do Vimeiro


1. REGISTO DE NASCIMENTO

O Carlos Alberto Ferreira Martins nasceu a 12 de julho de 1948, às 11h00 horas, no lugar de Toledo, freguesia do Vimeiro. 

Era filho legítimo de Carlos de Sousa Martins, de 33 anos, casado e com a profissão de fazendeiro, natural da freguesia de Vimeiro,  e de Maria da Luz Ferreira de 40 anos, casada, doméstica, natural da freguesia de Santa Maria, concelho de Torres Vedras,  ambos domiciliados no lugar de Toledo. Neto paterno de Domingos de Sousa (à data já falecido) e de Maria Justiniana e materno de Estevão Ferreira (à data já falecido) e Mariana da Conceição.

O registo de nascimento teve como testemunhas José Filipe da Silva, proprietário, e Joaquim do Sacramento Caetano, jornaleiro, ambos solteiros e residentes no lugar de Toledo.

O registo foi lavrado pelo Conservador Baltazar de Almeida Freitas e não tendo os declarantes e testemunhas assinado a respetiva declaração por não saberem escrever. Registo nº 374,  efetuado a 9 de agosto de 1948,  no posto do Registo Civil do Vimeiro.
 
2. REGISTO MILITAR

Recenseamento: Carlos Alberto Ferreira Martins foi recenseado em 29.06.1968 pela freguesia do Vimeiro sob o nº 5. 

Com 1.69 de altura, tinha a profissão de empregado de bar, era solteiro e tinha como habilitações literárias a 4ª classe.

Inspeção militar: apresentou-se à inspeção no DRM 5, oferecendo-se para cumprir o serviço militar nas Tropas Paraquedistas. Foi-lhe atribuído o número mecanográfico  E 11923969.

A 17.02.69 apresenta-se no RCP - Regimento de Caçadores Paraquedistas, em Tancos, para prestar provas de admissão às Tropas Paraquedistas, tendo sido considerado apto.

Colocação durante o serviço: em 21.02.69 foi alistado, incorporado e aumentado ao efetivo do RCP com o nº 409/69 e integrado na 1ª CAL.

Em 21 do mesmo mês, entrou de licença e apresenta-se a 29.09 69 no RCP.

Inicia a 29 de setembro de 1969 a ER (OS 247, RCP 22.10.69).

Inicia em 12.01.70 o curso de paraquedismo 1/70 (OS 22 RCP 27.01.70. Termina a 23 com aprovação a ER 3/69, tendo jurado Bandeira em 22 de janeiro (OS 28 RCP de 03.02.70).

Inicia a 21.02.70 o Tirocínio Paraquedista 1/70 (OS 51 RCP de 02.03.70). Em 20.02.70 terminou o Curso de Paraquedismo 1/70 (OS 53 RCP de 4.3,70) Inicia a 02.03.70 a IC 1/70 (OS 64 RCP 17.03.70).

Em 12 de junho 70 termina com aproveitamento a  IC 1/70 (OS 148 RCP de 25.06.70).

A 13 de julho 1970, por despacho 410 do SEA,  foi-lhe dado por findo o Tirocínio 1/70 (09164 RCP 15.07.70).
 
2.1. Comissão de serviço no ultramar, Guiné

Mobilizado para prestar serviço no ultramar, no BCP 12, em Bissau, pronto a embarcar a partir de 25.06.70. (OS 107, RCP 6.5.70).

Embarque: a 13 de julho embarca pelas 23.30 horas, via aérea, BCP 12.

Desembarque: a 14 de julho apresenta-se pelas 8h30 no BCP 12 em Bissau, sendo aumentado ao efetivo da Unidade e da CMI desde 13.06.1970 com o nº 106/69 (OS165 de 15.07.1970 do BCP 12), desde quando acresce de 100% de aumento no tempo de serviço nos termos da portaria 20.309 de 11 dez 64. 

Atividade operacional: em 23.07.1970 é transferido para a Companhia n.º 123 (OS 172). 

A 8 de agosto 70 marchou para o interior da província em missão de serviço (OS 201) regressando a 10 de setembro pelas 18h30 (OS 215). A partir de setembro estabeleceu pensão na Metrópole de 1.000$00 (OS 201).

 A 14.07.70, pelas 06h00, marchou para o interior da Província e regressou a 15.07.70 pelas 18h00 (OS 219). 

Volta a 21 e 26 de setembro para novas operações de combate. 

A 27 de janeiro de 1971 regressa pelas 18h00 do interior da Província. 

A 14.02.71 pelas 10h00 volta ao interior da província (OS 40).

 Data do falecimento: em 15 de abril 1971 é ferido em combate e evacuado para o hospital Militar 241 pelas 15h00, onde vem a falecer. (OS 91).

Causas da morte: ferido em combate

Local do acidente:
Ganguirô, na região de Liporo / Canjadude

Certidão de óbito: segundo a certidão de óbito faleceu a 15 de abril 71 (OS 94).

Processo de averiguações:
Processo de averiguações pendente por acidente em serviço desde 19 de abril (OS 95).

Abatido ao efetivo: abatido ao efetivo do BCP12 e da CCP 123 desde 15 de abril por ter falecido em combate, sendo transferido para o DRM 5 (OS 128 de 2 de junho 71 do BCP 12).

Unidades onde prestou serviço: RCP – 1969, 409 dias. BCP – 12, 106 dias

Tempo de serviço:
1969, 94 dias. 1970, um ano. 1971, 104 dias

Local da sepultura:
Cemitério do Vimeiro.

2.2 . Registo disciplinar: condecorações e louvores

Medalha de segunda classe segunda classe de comportamento (Artº 188.º do RDM) é-lhe atribuída a 21.02.69.

Louvor a título póstumo: “pelas suas qualidades de trabalho, dedicação, voluntariedade e espírito de sacrifício demonstradas ao logo dos nove meses em que permaneceu nesta província. Dotado de elevado espírito de missão e agressividade demonstrou sempre altas qualidades de tenacidade, espírito de camaradagem, resistência e espírito de sacrifício, nunca se poupando a esforços para total cumprimento das suas funções, e oferecendo-se voluntariamente para operações e serviços que não lhe competiriam especificamente. Extraordinariamente cumpridor, disciplinado, leal e dedicado pelo serviço, granjeou a estima e consideração dos seus camaradas e superiores tornando-se merecedor de público louvor. (OS nº/64 do BCP 12 a 16 julho 71)”.
 
3. PROCESSO DE AVERIGUAÇÕES AO ACIDENTE: ANOTAÇÕES E CONTEXTO

No seu processo, consultado no AGE - Arquivo Geral do Exército, não consta o Auto de Averiguações ao acidente que lhe provocou a morte.
  
(Continua)

 (Revisão / fixação de texto: LG)
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sábado, 13 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15741: Efemérides (214): Dia 8 de Novembro de 1967, data do falecimento do primeiro militar da CART 1742, numa acção de reconhecimento na Tabanca de Ganguiró (Abel Santos, ex-Soldado At Art)

 

1. Em mensagem do dia 28 de Janeiro de 2016, o nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) fala-nos do dia 8 de Novembro de 1967, data do falecimento do primeiro militar da sua Companhia numa acção de reconhecimento na Tabanca de Ganguiró.
 


A Tabanca de Ganguiró

Aquele dia 8 de Novembro de 1967 foi fatídico para a malta da CART 1742, porque foi abatido pelo IN o primeiro camarada, numas das muitas incursões que a malta já tinha realizado no sector Leste, o chamado L 4, cujo centro operacional se situava em Nova Lamego (Gabu), abrangendo uma vasta área geográfica, como a imagem mostra a cinzento, que vai desde o Boé até Pirada, e do Sonaco a Buruntuma, toda esta zona patrulhada pela 1742, que dava ainda apoio às populações, assim como às colunas de reabastecimentos que se faziam periodicamente a Madina do Boé e Beli, assim como a Bambadinca, para o nosso próprio consumo.


Chegámos a Canjadude ao fim do dia anterior daquele fatídico 8 de Novembro, onde pernoitámos. De manhã cedo lá abalamos em direcção a Ganguiró, objectivo que alcançámos pelas 16 horas. A ordem que nos foi transmitida era para inspecionar o local e ver o que tinha acontecido à população. O que encontrámos foi a tabanca incendiada, sem população, que tinha abalado dali, tendo os seus parcos haveres sido transformados em cinza. Um espectáculo aterrador que nos foi apresentado, mas o pior estava para vir.


Posição relativa da Tabanca de Ganguiró ao quartel de Canjadude
Vd. Carta de Cabuca 1:50.000

Enquanto o grupo de combate se foi instalando para fazer a segurança próxima ao local, para passar a noite, sem que nada o fizesse prever, deu-se uma explosão fortíssima junto a uma árvore, local onde uma secção se ia instalar. Tinha sido provocada pelo acionamento de uma mina antipessoal pelo camarada Neto, decepando-lhe a perna direita e provocando ferimentos a outros militares. Passados alguns segundos reagimos à inércia momentânea, começámos a prestar os primeiros socorros a quem deles precisava, improvisando macas com canas de bambu para o transporte dos feridos para Canjadude, estando já o camarada Neto em agonia, que acabamos por perder perto do aquartelamento.


Na Tabanca de Ganguiró

Este episódio, que recordo com muita mágoa, ainda hoje me provoca interrogações inexplicáveis. O meu camarada não deveria estar ali, ele era o carpinteiro da Companhia, e por ironia do destino, era a primeira vez que nos acompanhava, perdendo a vida daquela maneira.

Recordo que em Canjadude havia um cartaz colado na parede (julgo que na caserna), simbolizando a união entre os Portugueses e os Guineenses, que mostrava a imagem de um aperto de mão entre um branco e um preto, com a frase: Juntos venceremos.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13622: Convívios (630): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte VI: Discurso do Jaime Bonifácio Marques da Silva > 2ª Parte: homenagem ao sold paraquedista lourinhanense, natural de Toledo, Vimeiro, Carlos Alberto Ferreira Martins (1950-1971), morto em combate em Ganguirô, Canjadude, região de Gabu, Guiné, em 15/4/1971




Lourinhã > Largo António Granjo > Monumento aos Combatentes do Ultramar > 6 de setembro de 2014 > I Encontro dos Paraquedistas do Oeste > Coroa de flores oferecida pela Junta de Freguesia do Vimeiro ao homenagem ao filho da terra, o Carlos Alberto Ferreira Martins (1950-1971), morto em combate no TO da Guiné, ao serviço da CCP 123 / BCP 12, em 15/1/1971, em Ganguirô, a sudeste de Canjadude, subsector de Canjadude, sector L4, Região de Gabu, 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.





Guiné > Região de Gabu > Mapa de Cabuca (1959) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude e Ganguirô (zona onde morreu o sold paraquedista Carlos Alberto Ferreira Martins, em 15/4/1971). Canjadude, aquartelamento guarnecido pela CCAÇ 5 ("Gatos Pretos"),  era, na região de Gabu, a posição mais meridional das NT,  depois da retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969. Beli já tinha sido abandonado em finais de 1968. Na região do Boé, deixamos de ter unidades de quadrícula. A CCP 123/BCP 12 estava temporariamente instalada em Nova Lamego em abril de 1971.

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)



A. Continuação do discurso do Jaime Silva (2ª parte)


CARLOS ALBERTO FERREIRA MARTINS – GUINÉ

Paraquedista,  natural do lugar do Toledo – freguesia do Vimeiro e concelho de Lourinhã – morto na Guiné em 15.4.1971

Arquivo do Exército - processo fotocopiado em 26 agosto 2014



1. Dados da Guia de apresentação no Distrito de 
Recrutamento e Mobilização n.º 5 - Santarém com a data de 24 de março de 1969:

Nome - Carlos Alberto Ferreira Martins [, foto à direita]

Profissão – Empregado de bar

Habilitações literárias - 4.ª Calasse (2.º Grau do Ensino Primário Elementar) (4.º Grupo)

Estado Civil – solteiro

Data de nascimento - 12 de julho de 1948

Natural do Lugar do Toledo - Freguesia do Vimeiro e concelho da Lourinhã

Filiação: Carlos de Sousa Martins e Maria da Luz Ferreira

Ano do recenseamento: 1968 – Freguesia do Vimeiro e Concelho de Lourinhã

Inspeção – 29.6.1968 (apurado para todo o serviço militar).


2. Serviço Militar - Habilitações Profissionais Militares:

- Apresentado e Incorporado - em Tancos a 21 de fevereiro de 1969 com o n.º 409/69

- Curso de Paraquedismo – 20 fevereiro de 1970 (O.S. 53 RCP)

- Curso de instrução de combate – 12.6.70 (O.S. 148 RCP)

- Tirocínio de Paraquedismo – 13 7.70

- COLOCAÇÃO DURANTE O SERVIÇO

1.º RCP – 21.2. 1969 - N.º 409

2.º BCP 12 – 13.7.1970 – N.º 106 - 2º Pelotão da CCP 123, do BCP 12),

3.º DRM 5 – 15 DE ABRIL 1971 (morto em combate)


3. Habilitações Profissionais Militares:

- Curso de Paraquedismo – 20 fevereiro de 1970 (O.S. 53 RCP) - Titular do Brevet de Paraquedista nº 8065.

- Curso de instrução de combate – 12.6.70 (O.S. 148 RCP)

- Tirocínio de Paraquedismo – 13 7.70


4. Serviço no Ultramar

Nomeado por imposição para prestar serviço militar no Ultramar (BCP 12) –O.S. n.º 107 RCP:

- Embarcou em 13 de julho (OS. n.º 170 RCP) e desembarcou no Aeroporto de Bissau.

- Baixa de Serviço – 15 de abril de 1971 por falecimento em combate na Guiné (Ganguirô, na região de Liporo / Canjadude),


NOTAS

Nesta mesma emboscada, tombou outro camarada: o Soldado Paraquedista Avelino Joaquim Gomes Tavares.

O Martins encontra-se sepultado no cemitério da freguesia do Vimeiro, concelho de Lourinhã.


5. Louvor

Louvado a título póstumo a 16.7.71 pelo comandante do BCP 12 --------- por proposta do Comandante da Companhia de Caçadores Paraquedista 123 (OS n.º 64)


“Louvado pelo Comandante do BCP 12 pelas suas qualidades de trabalho, dedicação e espírito de sacrifício demonstrados ao longo dos nove meses em que permaneceu nesta província. Dotado de um elevado espírito de missão e agressividade,  demonstrara sempre altas qualidades de tenacidade, espírito de camaradagem, resistência e espírito de sacrifício, nunca se poupando a esforços para total cumprimento das suas funções, e oferecendo-se voluntariamente para operações e serviços que não lhe competiam especificamente. Extraordinariamente cumpridor, disciplinado, leal e dedicado pelo serviço, granjeou a estima e consideração dos seus camaradas e superiores, tornando-se merecedor de público louvor" (OS. N.º 64 do BCP 12 de 16.7.1971)

IN. Arquivo Geral do Exército - processo consultado em 26 agosto 2014 por Jaime Bonifácio da Silva

Lourinhã, 6 de setembro de 2014

Jaime Silva

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Nota do editor

(*) Último poste da série > 18 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13621: Convívios (629): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte V:  Discurso do Jaime Bonifácio Marques ds Silva  > 1ª Parte: o  elogio dos Boinas Verdes, e a homenagem aos nossos bravos, caídos na campo da honra (I Grande Guerra, 194/18, França, Angola e Moçambique; e guerra colonial), 1961/74)