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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27121: O segredo de... (51): Virgínio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAQÇ 1933 (Nova Lamego e Sáo Domingos, 1967/69), economista, consultor, gestorempresário: como perdi dois mil contos, em 1985 (c. de 46,5 mil euros, a preços de hoje), com o projeto




Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Dmingos, 1967 /69); economista, empresário, gestor, consultor de projetos; natural do Porto, vive em Vila do Conde; voltou à Guiné-Bissau, em viagem de negócios, em 1984/85 (*). 





Guiné-Bissau > Bissau > Cumeré > 5 de janeiro de 1985 > O Virgílio Teixeira (Vt)  junto a um complexo agroindustrial, inacabado e abandonado: tratava-se de uma fábrica de descasque de arroz... 

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1.  O Virgílio Teixeira já aqui nos contou como foi o seu regresso à Guiné--Bissau, no tempo de 'Nino' Vieira, em 1984 e 1985 (*)

 Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T999 – O regresso à Guiné em 20out84;
- 10 anos após a independência em 74set24
- 15 anos depois da minha saída em 4ago69;
- 17 anos depois da minha primeira chegada, em 21set67.

Do seu texto de 13 ou 14 páginas ficou por publicar a última parte. Mas o assunto volta agora à baila.

Em 1984/85 o Vt regressou à Guiné-Bissau, em duas viagens de negócios,  como consultor de um projeto de investimento, com financiamento estrangeiro, que acabou mal, devido à conjuntura interna. (Julgamos que o Vt se refere ao chamado "caso 17 de outubro de 1985", que acabou com o fuzilamento, entre outros, do destacado e brilhante dirigente, de origem balanta, Paulo Correia, membro do Governo, que geria a pasta da justica, e era vice-presidente do Conselho de Estado).

Como o Vt  nos disse em 2019: 

(...) "O final do projecto não foi muito feliz, e contém tanta coisa pessoal e que tenho de preservar. Acho que, no final de tudo, quase desgracei a minha vida, e já se passaram 35 longos anos, desde que iniciei esta loucura. 

Em todo o caso, é parte da vida de um camarada da Guiné, e julgo que tem interesse para quem quer perceber o curso que seguiu aquele novo país de língua portuguesa. "  (...) (***)


2. Comentário do Virgílio Teixeira ao poste P27098 (**):

A foto nº 2  onde está um Bar Baiano, colado a um prédio colonial cor tijolo, na porta 12, é o edifício onde tínhamos (a minha equipa de projectos),  em 1984 e 1985, a sede das nossas sociedades.

Era a casa de um homem branco, ou nem tanto, residente que depois também fazia parte do nosso eventual negócio.

Já a partir de 1985, começámos a utilizar as suas instalações, para albergar a malta, era eu, o técnico I...,  depois veio a mulher, o filho e a filha, naturais de Coimbra ou arredores.

Vivemos lá por duas vezes, parte em janeiro de 85 e no fim de tudo em junho 1985.

Nunca mais vi ninguém porque viemos embora (os sócios principais, o V.L.  incluído), todos deram os frosques, pois a resposta ao alegado golpe de Estado foi a matar a torto e a direito a mando de 'Nino' que  também era nosso sócio.

O I..., a mulher, o filho e a filha ficaram lá, pois já tinham avançado com a desmatação na zona de Bafatá, e havia uma sociedade com o meu nome, e outros, que não sei hoje o que se passou.

Como confidência, o I...,  que não tinha já nada aqui em Portugal, com a familia toda lá, ficou...

Nunca nos disse nada, e já éramos muitos, ele terá se aproveitado da sociedade, para levar por diante o seu projecto de vida.

Há aqui uma grande confusão , pois acho que ele teria algumas cartas na manga que nunca soubemos, eu pelo menos e o V. L.  com quem falei durante muitos anos.  A sociedade foi legalmente constituída, eu próprio fiz a minuta e tratei de toda a burocracia - e não era pouca - para para pôr aquilo a andar.

Ainda assinei com os outros um tipo de empréstimo de adiantamento, e cedência de máquinas e pessoal, e às tantas ainda sou devedor de alguma coisa ...

Vim a saber por outros capitalistas mais adiantados, que o sócio I... terá,  depois de nos virmos embora, feito uso  da própria filha 
como moeda de troca,  com alguns comandantes. (Não posso comprovar a veracidade deste facto, no mínimo insólito; o que um homem pode fazer por dinheiro!)

É verdade que todos nós nunca mais contactámos com ele, e a morada era Rua Eduardo Mondlane, nº 12 Bissau, à saída para o aeroporto. 

Não confirmo nada disto, sei é que perdi do meu dinheiro,  2 mil contos, sem nada receber. Era um risco calculado, devido aos diferenciais de ofertas e orçamentos, tratados maioritariamente pelo I..., porque ele é que sabia da matéria de plantação de arroz em sequeiro. (LG: 2 mil contos em 1985 equivalem, a preços de hoje, a 46,5 mil euros)

A parte industrial do projecto era uma empresa alemã de reputação, que iria dar seguimento ao descasque, branqueamento, embalagem e exportação do arroz, tudo com o aval do nosso Banco de Portugal e da Guiné-Bissau.

Mas toda esta história, que era comandada pela Guiné, com o aval dos cooperantes dos paises de Leste, que sempre colocaram reservas e pareceres desfavoráveis, para benefício de outros.

Foi uma grande experiência, onde se via já o poder a funcionar, a corrupção, os interesses, a política e a polícia.

Tive a preciosa ajuda, com pareceres, do Ministro das Finanças da Guiné, convivi na sua casa, ele que foi meu conterrâneo no Curso de Economia na Faculdade de Economia do Porto, e unha com carne com o V.L.  que era o tutor dos filhos no Porto.

Falo nisto com uma certa nostalgia, pois as coisas não correram bem, não por minha culpa (afinal, o cérebro do projecto económico e financeiro, que recebeu um louvor escrito do Banco de Portugal, e outro verbal do Ministro do Desenvolvimento Rural da República do Senegal, onde fomos lá para vender o projecto).

Tudo se projectou no abismo após o alegado atentado ao 'Nino' que, em resposta, mandou fuzilar uma série de malta da alta politica do Estado, onde se incluía um nome importante que era o ajudante de campo do 'Nino'. (***)

Luis, se puderes publica neste poste , com fotos de coisas que já não conheço, e outras que, como é obvio,  ainda reconheço.

 
Grande Abraço, Virgilio Teixeira


2. Comentário do editor LG:

(i) Em mail de segunda feira, 11/08/2025, 21:27, disse ao Vt:

Virgílio, a publicar, como me pedes, vou fazê-lo na série "O Segredo de..." (...)

Como envolve nomes de terceiros, e ainda vivos, temos de ser cautelosos... Tenho também que te proteger: tens o coração demasiado ao pé da boca... Já falaste em tempos desta história que pode parecer algo "mafiosa" para os leitores do blogue... mas que ficou incompleta. 

Talvez possas ser mais claro, conciso e preciso...Não tens que mencionar nomes, a não ser o teu e o do 'Nino' e pouco mais (dos outros que estão vivos, não tens a devida e competente autorização; como sabes, há a figura, jurídica, do "direito ao esquecimento", que é reconhecido na UE e na Internet)...

Quanto ao golpe de Estado do 'Nino' não estás a referir-te ao de 14 de novembro de 1980... (E depois houve a guerra civil de 1998/99;  pelas minhas contas, deve tratar-se do chamado caso "17 de outubro de 1985"; Paulo Correia acabou por ser a vítima inocente... )

Revê essa história e depois manda-me uma segunda versão... Pode vir a ser partilhada como um "segredo teu" (*), ligado à Guiné-Bissau...



(ii)  O Vt achou por bem não rever nada...Com a sua autorização, omitimos os nomes dos intervenientes. Aparecem aqui apenas em iniciais. Disse-nos ele:
  • sobre o V. L., direi apenas que era um amigo do meu pai; tinha faro para os negócios e ótimas relações com o poder em Bissau;
  • o resto do grupo incluía empresários e técnicos agrícolas de cultivo de arroz, fugitivos em 1975 de Angola, onde tinham grande peso;
  • o nosso projeto deu voltas por Portugal, Espanha, Alemanha, Guiné-Bissau e Senegal;
  • o resto vem no meu livro de memórias de 6 mil páginas, que nunca hei de publicar...
  • longa história, esta, a culminar com a minha assistência no Raly Dakar, quando lá estava em 15 e 16 de janeiro de 1985.

(Revisão / fixação de texto: LG)



(***) Vd. postes de;




(...) O nosso projecto transitou pelos serviços governamentais, sob a designação inventada por mim, de “AGRINÉ – Agricultura da Guiné, Lda.,“ e ocupava uma zona previsional de 7000 hectares de terreno [mais do que 7 mil campos de futebol...], já inscritos a nosso favor, e com mapa registado, na zona de Cabuca, nas margens do Rio Corubal, que eu tão bem já conhecia.

Bem, como um elevado montante de investimento nacional e internacional, eram 20 milhões de USD que ao câmbio daquela época, já tinha baixado de 200 para 180, dava em dinheiro português cerca de 3,5 milhões de contos.

Aquele valor a preços atuais com a inflação de mais de 30 anos, e com as mudanças de Escudos para Euros, significava algo como 70 milhões de euros!... [Em rigor, 3,5 milhões de contos, em 1985, dava qualquer coisa como 69,6 milhões de euros, a precos de hoje, usando o conversor de moeda da Pordata. ] E fosse o que fosse era sempre muito dinheiro, e da parte do Estado da Guiné significava pouco mais do que a cedência do terreno.

Andei um ano às voltas com este projecto, e para elaborar o estudo tive de me deslocar 2 vezes àquele país. A burocracia era tanta que quase dava para desistir, formámos a empresa local, arranjámos sócios locais – o próprio 'Nino' Vieira, presidente da república, também entrava através do sogro, e mais um brigadeiro local, ajudante de campo do 'Nino'... E cada viagem custava uma pequena fortuna, era arriscar muito. (...)


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27118: A nossa guerra em números (32): A Administração Colonial (que, no caso da Guiné, foi completamente ultrapassada, para não dizer "cilindrada", pelas Forças Armadas)


Governador Manuel Sarmento Rodrigues (1945-1949) [ foto: cortesia da Revista Militar].


Também era carinhosamente conhecido com o "Mamadu" Rodrigues e havia uma tabanca chamada Sinchã Sarmento.  Capitão de fragata e depois almirante, Sarmento Rodrigues (Freixo de Espada à Cinta, 1899 - Lisboa, 1979) foi, a par do gen António Spínola, um dos melhores governadores que passou pela Guiné. Foi governador entre  abril de 1945 e janeiro de 1949, quis fazer daquele território atrasado uma "colónia-modelo" (então colónia portuguesa, parte do Império Colonial Português, e sem complexos, de natureza semântica e conceptual, e muito menos político-ideológica!),  Foi ele quem, por exemplo, em 1948, fez um primeiro esforço sério para grafar os topónimos (nomes geográficos) guineenses, através da Portaria nº 71, de 7 de julho de 1948. Apostou na construção de infra-estruturas, mas também no desporto, educação e cultura. Reforçou a aliança com os muçulmanos. Foi também reformador da administração  ultramarina enquanto ministro do Governo de Salazar (1950/55).



Guiné-Bissau > Bissau > Maio de 2025 > O antigo edifício da administração civil


Fotos: © João Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



 Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Janeiro de 1969 > Cerimónias da mudança do administrador da circunscrição de São Domingos > Em primeiro plano, o cmdt do BCAÇ 1933 e o administrador cessante, cabo-verdiano.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A administração colonial portuguesa no Estado Novo: como funcionava  ? quais eram  as principais categorias de funcionários ?


Durante o Estado Novo (1933-1974), a administração colonial / ultramarina portuguesa seguia uma lógica fortemente centralizada e hierárquica, refletindo a ideologia autoritária do regime de Salazar. 

A gestão das colónias (chamadas oficialmente “Províncias Ultramarinas” a partir de 1951, ao tempo do Ministro do Ultramar, o reformador Sarmento Rodrigues) era orientada, a mhares de quilómetros de distância, a partir de Lisboa, pelo Ministério das Colónias ( e depois do Ultramar) e executada localmente por um aparelho administrativo que espelhava a estrutura do Estado em Portugal. 

 O próprio Gabinete de Urbanização Colonial (1944-1951) (depois GUU - Gabinete de Urbanização Ultramarina)  funcionava, imagine-se!, em Lisboa, dependente do Ministério das Colónias (e depois do Ultramar): centralizava o planeamento e a execução de projetos de arquitetura e urbanismo nas então colónias portuguesas, com um foco particular nos territórios africanos.

(i) Três características fundamentais da administração colonial de então:
  • centralização em Lisboa: todas as grandes decisões políticas, económicas, financeiras e militares eram controladas pelo governo central;

  • governadores e chefes superiores: cada colónia tinha um Governador-Geral (nas maiores, como Angola e Moçambique) ou Governador (nas menores, como era o caso da Guiné), nomeado diretamente pelo Presidente da República sob proposta do Ministro do Ultramar;

  • aparelho administrativo rígido: a organização visava manter a ordem, cobrar impostos (incluindo o famigerado "imposto de palhota"),  gerir recursos,  garantir a presença cultural e linguística portuguesa, etc.


(ii) Principais categorias de funcionários:

(a) Governador-Geral  (Angola, Moçambique) / Governador (Guiné)
  • máxima autoridade na colónia;
  • competências políticas, militares e administrativas;
  • nomeação política, geralmente militares de carreira ou altos quadros civis.
(b) Secretário-Geral
  • no. 2  do governo colonial / eminência parda do governador
  • coordenava as direções e serviços administrativos.
(c) Administradores de Circunscrição / Concelho:
  • responsáveis por áreas administrativas menores (circunscrições: semelhantes a municípios: por exemplo na Guiné: Bissau, Bolama, Bafatá,  Teixeira Pinto,  Cacheu, Farim, Catió, etc.).
  • ligavam a população local ao governo colonial;
  • Manuel da Trindade Guerra Ribeiro, natural de Chaves, é a figura mais conhecida nos anos 60/70:   atuou como administrador colonial (administrador da circunscrição/concelho de Bafatá, nos anos 60) e, mais tarde, foi intendente,  exercendo funções durante o período do general Spínola, já no início dos anos 70.
(d) Chefes de Posto Administrativo:
  • autoridade em zonas rurais e remotas;
  • funções de polícia, cobrança de impostos,  mediação de conflitos, etc.:
  • por exemplo, a circunscrição (mais tarde, concelho de Bafatá, um vasto território da zona leste) em 1969 tinha os seguintes postos administrativos: Bambadinca, Contuboel, Xitole, Galomaro, Gã-Mamudo.
(e) Magistrados e funcionários judiciais:
  • juízes, escrivães, procuradores do Ministério Público.
  • aplicavam as leis portuguesas (adaptadas ao “indigenato” até 1961, e procurando  respeitar os usos e costumes jurídicos de cada etnia).
(f) Funcionários técnicos:
  • engenheiros, médicos, enfermeiros. professores, agrónomos, geógrafos, topógrafos, etc.
  • muitas vezes com estatuto especial de “funcionários ultramarinos”.

(g) Polícia e militares:


  • tropas coloniais, Polícia de Segurança Público (PSP), PIDE/DGS, no plano político;
  • polícia administrativa ("cipaios"):
  • garantiam a ordem e reprimiam revoltas .

Observ1 - É difícil (se não impossível)  fornecer um número exato e definitivo de funcionários da administração colonial portuguesa em Angola, Guiné e Moçambique em 1979.  As estatísticas da época muitas vezes agrupavam diferentes categorias de pessoas e trabalhadores, e os números variam entre as fontes.

Observ2 - Até 1961, vigorava o Estatuto do Indigenato, que criava uma divisão legal entre “indígenas” e “cidadãos portugueses”, com direitos, deveres e tratamento administrativo diferentes. A partir de 1961, houve uma crescente "militarização" da administração civil (muita acentuada, por exemplo, com o  gen Spínola na Guiné, entre 1968 e 1973).

A Administração Civil sofria de graves carências, em termos quantitativos e qualitativos, no que dizia respeito a recurso humanos e a meios técnicos e financeiros, sendo completamente ultrapassada (para não dizer "cilindrada") durante o consulado de Spínola.(**)

Segue-se um quadro esquemático e um gráfico com a hierarquia da administração colonial portuguesa no Estado Novo, permitindo visualizar melhor a sua estrutura.

  

Quadro esquemático da administração colonial portuguesa no Estado Novo:


Ministério do Ultramar (Lisboa) │ └── Governador-Geral (Angola / Moçambique) Governador (colónias menores) │ ├── Secretário-Geral │ ├── Direções de Serviços Centrais │ ├─ Finanças │ ├─ Obras Públicas │ ├─ Educação │ ├─ Saúde │ └─ Agricultura │ ├── Administradores de Circunscrição / Concelho │ ├─ Chefes de Posto (zonas rurais) │ │ └─ Autoridades tradicionais “reconhecidas” (sob controlo)
(régulos na Guiné e em Moçambique; sobas em Angola;
liurais em Timor) │ ├── Magistratura e Serviços Judiciais │ └── Forças de Segurança ├─ Polícia Colonial / PSP ├─ PIDE/DGS └─ Tropas coloniais (Exército e milícias locais)



Leitura rápida do esquema:
  • Topo → Lisboa decidia quase tudo.
  • Meio → Governadores geriam a colónia com um núcleo de secretários e diretores.
  • Base → Administradores, chefes de posto, polícia administrativa e forças policiais/militares garantiam o controlo direto sobre a população.
As autoridades locais  (sob o sistema do Indigenato até 1961) tinham funções subalternas, limitadas, subordinadas, em grande parte simbólicas: régulos (na Guiné e em Moçambique), sobas (erm Angola), liurais (em Timor).

A polícia administrativa, a par da PIDE, era particularmente odiosa.
 
Gráfico: a hierarquia da administração colonial




(Pesquisa: IA / ChatGPT / Gemini  + LG | Revisão / fixação de texto: LG)

___________________

Notas do editor LG:


(*) Último poste da série > 12 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27113: A nossa guerra em números (31): Angola e Moçambique: População europeia total: ~535 mil / 600 mil | Total geral de "retornados" (incluindo os restantes territórios): c. 500 mil / 520 mil pessoas

(**) Vd. postes de:

20 de novembro de 2018 > Guiiné 61/74 - P19213: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (59): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológioco [ACAP], do QG / CCFAG - Parte I


21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19214: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (60): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica [ACAP], do QG / CCFAG - Parte II

(...) 1. Estando a Guiné sob a pressão de um estado de subversão que visa a conquista das populações por vários meios, entre os quais a luta armada; existindo um Quadro Administrativo [QA] com graves deficiências quantitativas e qualitativas e possuidor da falta de meios para realizar a manobra de contra-subversão em tempo útil e, ainda, por razões de controle e segurança, não é possível à Administração Civil encarar sozinha, de momento, o esforço que se pretende realizar.

Assim, porque possuidoras de vários meios, humanos, técnicos e de defesa, as Forças Armadas estão aptas a colaborar, com carácter temporário, com as estruturas administrativas na solução dos problemas sócio-económicos. Porque, também, os problemas de desenvolvimento social e económico constituem a manobra da contra-subversão que é preciso fazer rapidamente e pertence à missão das Forças Armadas [FA].

As FA são, pois, chamadas a participar temporariamente em funções que seriam da competência civil, se os quadros administrativos estivessem em condições de as desempenhar, e que lhes serão totalmente confiadas quando as condições o permitam. São funções de colaboração e reforço da orgânica...[ilegível].

2. (...) Os civis do Quadro Administrativo (QA) pensam e actuam de maneira diferente. E a diferença reside em dois pontos distintos: a estagnação e carências várias do próprio QA e no diferente carácter de obrigatoriedade de uns e outros.

As Forças Armadas são uma organização profundamente hierarquizada, com escalões de comando definidos, com leis e regulamentos mais rígidos e pormenorizados, prevalecendo um forte espírito de disciplina. Arreigados a conceitos burocráticos ultrapassados e morosos por natureza , regulados por leis mais vastas, com um carácter de disciplina menos acentuado e relativo momento a leis de carácter mais geral, os civis do QA têm um diferente comportamento face a situações que exigem a resolução adequada em tempo próprio. A base de toda a actuação entre militares e civis terá de basear-se na compreensão e na colaboração, já que ambos servem o objectivo comum. (...)

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27098: Facebook...ando (92): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte IX: Praça Che Guevara (antiga Praça Honório Barreto)

Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos (via Praça dos Mártires)

Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos (via Praça dos Mártires) > Hotel K / Hotel Kalliste, restaurante  e esplanada

Foto nº 2> Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Rua Osvaldo Vieira) 


Foto nº 2A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Rua Osvaldo Vieira) > Restaurante Chinês Bar Bayana


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Av Amílcar Cabral)



Foto nº 3A  e 3B > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Av Amílcar Cabral) > Centre Culturel Franco bissau guinéen (Centrro Cultural Franco-bissau-guineense)


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos  (via Av  Francisco Mendes) > 


Foto nº 4A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos  (via Av  Francisco Mendes) > Farmácia



Foto nº 5 e 5A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara  > Efígie e placa: "Praça Ernesto Guevara, 'Che' "


Foto nº 6 > Guiné-Bissau >  Região do Cacheu > Cacheu > Fortaleza do Cacheu > Parte da antiga estátua do Honório Barreto, uma figura da história da Guiné-Bissau, vista pelo partido independentista como um "simbolo do esclavagismo e da opressão colonial" e liminarmente rejeitado e diabolizado: a sua estátua foi apeada e parcialmente destruída, o liceu que tinha o seu nome foi "rebatizado" (subtituído por uma das figuras do pan-africanismo),  enfim, como sempre, "deitou-se fora a água do banho com a criancinha"...  

A história é sempre um parto violento... Cabe agora aos historiadores (e aos guineenses) "redescobrir" o Honório Barreto na sua complexidade e no contexto do seu tempo, reconhecendo-o como uma importante e paradoxal figura da proto-história da Guiné-Bissau. Ele também faz parte do processo de nascimento da nação...

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Bissau > s/d [c 19690/70] > "Praça Honório Barreto e Hotel Portugal"... Bilhete postal, nº 130, Edição "Foto Serra" (Colecção "Guiné Portuguesa") (Detalhe). Colecção: Agostinho Gaspar / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)

Agora a Praça chama-se Che Guevara (vd. mapa do Google)... e o antigo Hotel Portugal agora é o Hotel Kalliste (vd. foto nº 1). A estátua do Honório Barreto foi derrubada e levada (o que restou)  para a fortaleza do Cacheu (Foto nº 6).



João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):

(i) é profissional de seguros, vive em  Alquerubim,  Albergaria-a-Velha;

(ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local);

(iii) regressou há pouco mais de 2 meses  da sua viagem deste ano de 2025;

(iv) tem página no Facebook (João Reis Melo);

(vi) tem mais de duas dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.

1. Na sua viagem, em maio passado, de Bissau a Cumbijã, no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo, passou por várias das nossas geografias emocionais... E fotografou esses lugares (Bissau, Quinhamel, Bula, Susana, Cacheu, Bambadinca, Saltinho, Buba, Mampatá, Cumbijã...).

 Temos procurado, com a sua autorização, fazer uma seleção das suas melhores imagens. Ele tornou-se um grande conhecedor e um excelente cicerone da atual Guiné-Bissau. 

2. Excerto da página do Facebook do João Reis Melo, postagem de 25 de julho de 2025, 15:29

“Retalhos de uma passagem pela Guiné-Bissau:

"A antiga Praça Honório Barreto em Bissau, atual Praça Ernesto Guevara “Ché”, é uma praça com rotunda uniforme e quatro vias perfeitamente delineadas que são o resultado do cruzamento das Avenida Domingos Ramos e a Rua Eduardo Mondlane.

"Quando foi desenhada, atribuiram-lhe o nome   de Honório Barreto, e lhe foi ali erigido um monumento em sua homenagem,  uma estátua em bronze construída em 1958 e que,  hoje, está depositada na Fortaleza de Cacheu. No antigo pedestal, restaurado ou reaproveitado,  foi colocada uma efígie do 'Che' Guevara e uma placa com o seu nome (Ernesto Guevara, 'Che').

"Honório Pereira Barreto (1813-1859), filho de pai cabo-verdiano e mãe guineense, nasceu na fortaleza de Cacheu, onde o pai estava como capitão-mor, atingindo depois os mais altos cargos da antiga província ultramarina portuguesa e falecendo na fortaleza de São José de Amura, em Bissau, onde estava como capitão-mor.

Apresento-vos fotos de minha autoria da mesma praça tiradas em maio passado."

(Revisão / fixação de texto: LG)

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27052: Facebook...ando (91): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte IX: Ainda Buba, na região de Quínara. a capela católica... e as ruínas do quartel das NT emm Bula (região do Cacheu)



Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Guiné- Bissau > Região de Quínara > Buba > Maio de 2025 >  Capela católica e ruínas do quartel das NT


Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):


(i) é profissional de seguros, vive em  Alquerubim,  Albergaria-a-Velha;

(ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local);

(iii) regressou há pouco tempo da sua viagem deste ano de 2025;

(iv) fez uma visita demorada à Amura e ao atual Museu Militar. em plena zona histórica (Bissau Velho);

(v) tem página no Facebook (João Reis Melo);

(vi) tem mais de duas dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.


1. Na sua viagem, em maio passado, de Bissau a Cumbijã, no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo, passou por várias das nossas geografias emocionais n(*)... E fotografou esses lugares.  Um deles foi Buba. o rio Grande de Buba, na região de Quínara  (vd. poste P26988) (**)... Mas também foi ao Norte, região do Caheu, passando por Bula, onde fotografou o antigo quartel das NT, hoje em completa ruína (fotos nºs 2, 3 e 4).   Às vezes fazemos confusão entre Buba e Bula...

Recorde-se que a regiuão de Quínara engloba os sectores de Buba, Empada, Fulacunda e Tite,

E a região do Cacheu intregra os sectores  de Bigene, Bula, Cacheu, Caió , Canchungo  e São Domingos,

Em Buba também fotografou a capela católica da paróquia de Buba (foto nº 1). Escreveu ele na sua página do Facebook no passado dia 15 de julho:

Foto nº 1>

“Retalhos de uma passagem pela Guiné-Bissau:

"Embora a Guiné-Bissau seja um país com grande diversidade religiosa, todas as crenças e religiões são praticadas livremente pelos seus seguidores. O país possui uma Constituição que garante a liberdade religiosa e, geralmente, a coabitação é pacífica.

"O Islão é predominante e é praticada por cerca de 70% da população muçulmana do ramo Sunita, com mais incidência no sul. 

"O Cristianismo, principalmente a Igreja Católica,  tem cerca de 19% e a restante população é distribuída por crenças tradicionais praticados pelos diferentes grupos étnicos, onde se inclui o Animismo.
 
"Na região de Quinara, onde Buba está situada, existe a católica Paróquia de Santa Cruz que tem esta igreja como seu local de culto"...

Ekm Bula, na região do Cacheu, publicou em 21 de julhio,  esats fotos do antigo quart5el de Bula, na página do Facebook do grupo Antrigos Combatentes da Guiné.


2. Permitimo-nos discordar dos números que o João Melo apresenta sobre as religiões da Guiné-Bissau.  O islamismo (70%) deve estar sobrerrepresentado. Segundo o assistente de IA (ChatPGT), a situação atual seria a seguinte, no que diz respeito à distribuição das várias religiões:

Aqui está uma visão clara e atualizada da distribuição das principais religiões na Guiné‑Bissau, baseada nas estimativas mais recentes (por volta de 2020–2022):


(i) Islamismo: aproximadamente 46 % da população identifica‑se como muçulmana.

A maioria segue o islamismo sunita (escola maliquita), com comunidades sufis (praticanets do sufismo); minorias xiitas ou ahmadis representam apenas alguns por cento,

Os muçulmanos concentram-se principalmente nas regiões norte e nordeste, sendo comuns entre os grupos étnicos Fula, Mandinga, Biafada, Sosso e Soninqué.

(ii) Cristianismo: cerca de 19 % da população é cristã (estimativas entre 18,9 % e 22 %)  

Predominam os católicos romanos (o catolisciomso foi institucionalmente estabelecido em 1533, com a criação da diocese de Cabo Verde e Guiné). Há também comunidades protestantes (como evangélicos, metodistas, Assembleia de Deus, etc.):

Os cristãos estão maioritariamente nas regiões costeiras e sul, especialmente na capital Bissau e zonas urbanas do litoral.

(iii) Religiões tradicionais africanas (“animismo”): cerca de 30–31 % seguem crenças tradicionais, com números que variam entre 30,6 % (CIA), 31 % (Pew) e até 40 % (outras estimativas).

Essas práticas incluem veneração de antepassados,  espíritos da natureza, uso de amuletos e sacrifícios rituais.

O animismo é praticado por muitos em combinação com o islamismo ou cristianismo, resultando num sincretismo religioso muito presente na Guiné‑Bissau.

(iv) Resumo da distribuição religiosa (est. 2020)

  • Islamismo ~46 %
  • Religiões tradicionais (animismo) ~31 %
  • Cristianismo ~19 %
  • Sem religião / outras crenças ~4–5 %

Esses números refletem estimativas do CIA World Factbook, Pew Research Center, e Religious Freedom Report dos EUA. 

A população da Guiné-Bissau ultrapassa já os 2 milhões, quatrro vezes mais do que há meio século: total estimado (2024): 2,132,325, segundo a CIA World Factbook.


(v) Coexistência e sincretismo

A Guiné‑Bissau é marcada por uma grande tolerância religiosa e relação em geral harmoniosa entre diferentes credos. 

Muitas pessoas mesclam práticas islâmicas e cristãs com as crenças tradicionais, dando origem a formas sincréticas únicas. 

(Fonte: ChatGPT / Pesquisa, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

(**) Vd.  poste de 6 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26988: Facebook...ando (85): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte IV: Buba e o rio Grande de Buba no seu esplendor

domingo, 13 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27012: Facebook...ando (89): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte VII: Os mercados de Bissau: de rua, central, Bandim...



Foto nº 1 e 1A  > Guiné-Bissau > Bissau > Mercado de rua  > Hora do almoço (e de dormir a sesta).. A vida é dura...


Foto nº 2   > Guiné-Bissau > Bissau > Mercado de rua  >  Sob os chapéus de sol da marca de cerveja  (portuguesa) Sagres


Foto nº 3 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (1)


Foto nº 4 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (2)


Foto nº 5 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (3)


Foto nº  6 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (4)


Foto nº 7 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (5)

Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandi > Um dos maiores mercados de África, uma variantee do "souk" (em árabe), dentro das "medinas"...  Um estrangeiro facilmente se perde naquele emaranhado de ruelas...

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, 
CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):


(i) é profissional de seguros, vive em Alquerubim, Albergaria-a-Velha;

 (ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local); 

(iii) regressou há pouco tempo da sua viagem deste ano de 2025; 

(iv) fez uma visita demorada à Amura e ao atual Museu Militar. em plena zona histórica (Bissau Velho); 

(v) tem página no Facebook (João Reis Melo)

(vi) tem mais de duas dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.


1. Na sua viagem, em maio passado, de Bissau a Cumbijã, no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo, passou por várias das nossas geografias emocionais... E fotografou esses lugares. Um deles é o "mercado de Bandim"... Outro o "mercado central de Bissau", reconstruído e inaugurado em 2022. Além dos pequenos mercados de rua, em Bissau. 

Dotado de grande sensibilidade sociocultural, o nosso "tigre do Cumbijã" dá-nos um fascinante retrato da Guiné-Bissau de hoje, na sua série de reportagens a que chamou "Retalhos de uma passagem pela Guiné-Bissau". Ele  está atento aos lugares e às pessoas, ao passado e ao presente, á história e ao futuro, ao património, a cultura, as paisagens...

Escreveu ele na sua página do Facebook:

"Quem se deslocar a Bissau e não fizer uma visita ao famoso Mercado de Bandim, não sentiu o que é África e muito menos o que é a Guiné!

"Neste mercado, dos maiores de África, - onde tudo o que se necessita, se encontra - dá uma sensação estranha de estarmos próximos de tudo num emaranhado de pequenas ruelas que, quem não conhecer corre o risco de se pode perder!

"Eis umas fotos da nossa última visita em maio passado."

Veja-se também os seus pequenos vídeos:

Mercado central de  Bissau

O histórico Mercado Central de Bissau, construído pelos portugueses durante o conflito armado e que albergava centenas de vendedores ambulantes com o simples objetivo de os retirar das ruas, oferecendo-lhes melhores condições, foi destruído em 1998 quando da guerra civil que assolou o país. 

Foi reabilitado em 1999 e, um incêndio em 2005 destruiu-o de novo e quase na totalidade.
Finalmente e absolutamente renovado foi inaugurado em 2022 e está, além de muito bonito, em perfeitas e higiénicas condições!

Apresento-vos um pequeno vídeo que mostra umas bancas de frutas e legumes.

Espero que gostem! Assistam ao vídeo!

(Revisão / fixação de texto: LG)
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Nota do editor

Último poste da série > 11 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27002: Facebook...ando (88): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte VI: Passando por Bambadinca, Bambadincazinho...

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27002: Facebook...ando (88): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte VI: Passando por Bambadinca, Bambadincazinho...






Foto nº 1, 1A  e 1B > Mercado de Bambadinca que se estende ao longo da antiga estrada que atravessava a localidade e o aquartelamento (seguindo para sul: Mansambo, Xitole, Saltinho)... Era uma estrada coberta de poilões, onde se situava, de um lado e do outro o reordenamento de Bambadincazinho e a antiga missão do sono onde as NT todas as noites faziam segurança próxima ao aquartelamento (que distava menos de 1 km deste local). 

São visíveis na foto, do lado direito, pelo menos três  moranças com telhado de zinco que pertenciam ao antigo reordenamento do tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 12 (1969/71).




Foto nº 2 e 2A  > Bambadinca: mercado e do lado direito vêr-se a antena retransmissora que ficava no centro do antigo quartel das NT (e que continua a ser quartel, agora das Forças Armadas da Guiné-Bissau)... 

Por outro lado, são bem visíveis, no lado esquerdo, os postes de eletricidade e as antenas parabólicas... Bambadinca foi pioneira, na eletrificação, com a construção de uma central solar híbrida...

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Maio de 2025 > Fotos do álbum do João Melo (com a devida autorização do autor e vénia do editor LG...)

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, 
CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):


(i) é profissional de seguros, vive em Alquerubim, Albergaria-a-Velha;

 (ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local); 

(iii) regressou há pouco tempo da sua viagem deste ano de 2025; 

(iv) fez uma visita demorada à Amura e ao atual Museu Militar. em plena zona histórica (Bissau Velho); 

(v) tem página no Facebook (João Reis Melo)

(vi) tem cerca de duass dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.


1.  Na sua viagem, em maio passado,  de Bissau a Cumbijã,  no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo passou por Bambadinca e teve a gentileza de tirar fotos, que agradecemos... Bambadinca era a porta do Leste.

Já publicámos três fotos anteriormente (*), temos agora mais duas, que ajudam a perceber como a atual vila se expandiu sobretudo para sul / sudeste, a partir da antiga pista de aviação e do reordenamento de Bambadincazinho. (**)



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Cresceu imenso em 50 anos, e nomeadamente ao longo da estrada que segue para o sul (Xitole, Saltinho, Quebo...), numa extensão de 3 quilómetros. À esquerda, ao alto, uma curva do rio Geba. No mapa vem assinalada a igreja católica de Bambadinca, no coração do antigo quartel (que ficava num pequeno planalto) (ao lado da igreja, ficava a secretaria da CCAÇ 12, 1969/71, e por detrás a antena de telecomunicações)... À direita, a grande bolanha de Bambadinca. À esquerda e a norte ficava o rio Geba Estreito. É visível também a central solar híbrida que deu vida a Bambadinca.

Fonte: Cortesia do  ©2025 Google Maps



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá : Setor L1 (Bambadinca ) > Carta de Bambadina (1955) > Escala dr 1/50 mil > Pormenor >    Já em 1955, Bambadinca era uma importante povoação do leste, posto administrativo da circunscrição (concelho) de Bafatá, com campo de aviação, posto sanitário, correio, telégrafo e telefone, escola pública, casas comerciais (incluindoo a Gouveia) e porto fluvial... Ficava no regulado de Badora, e tinha importantes núcleos populacionais de fulas, balantas e mandingas.

A 12 km do Xime (que ficava a sudoeste), Bambadinca era o principal porto do Rio Geba Estreito. Era também um importante nó rodoviário, placa giratória para o coração do leste (Bafatá, Nova Lamego e fronteira com o Senegal e com a Guiné-Conacri, na altura - em 1955 - ainda não indepedentes, sendo "chão de francês"...). 

Para o sul, partia a estrada que ia até ao limite sul da região de Bafatá, o Saltinho, na margem direita do Rio Corubal). Do outro lado, já era a região de Quínara e depois a região de Tombali... Antes da guerra, tinha havia a estrada que vinha de Bissau a Bambadinca, através de Porto Gole. Já no final da guerra, havia uma estrada alcatroada, quase pronta, ligando, Bissau a Bambadinca, via Jugudul, e que seguia para o sul (em 2008, fiz este percurso até Quebo, a caminho de Guileje... o alcatrão acabava em Mampatá / Quebo)..

Em 1969, tinha duas companhias (CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12), 1 Pel Mort (-), 1 Pel Rec Daimler, 1 Pel Caç Nat, 1 Pel Int... ou seja, mais de 400 homens em armas. Para uma população de 2 mil habitantes (núcleo urbano).