Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
Guiné 61/74 - P24878: Parabéns a você (2226): Abel Moreira dos Santos, ex-Soldado At da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) e António (Tony) Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de Novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24873: Parabéns a você (2225): José Saúde, ex-Fur Mil Op Especiais da CCS / BART 6523/73 (Nova Lamego, 1973/74)
sábado, 26 de agosto de 2023
Guiné 61/74 - P24591: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (42): Saudades da caldeirada de peixe de antigamente... Valha-me a "Chef" Alice e o "chef" Tony Levezinho
Lourinhã > "Chez Alice" > 25 de agosto de 2023 > O almocinho hoje foi caldeirada de peixe para seis, incluindo a neta, o filho, a nora e a vovó da Madeira
Foto (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Em matéria gastronómica, havia coisas na Guiné que eram um luxo, sendo difícil ao "pobre do vagomestre" fazer, já não digo uma surpresa, mas uma gracinha na messe (também já não falo do "rancho" onde se rapava fome...).
No mato, não havia carne decente, não havia bom peixe, muito menos marisco... Uma vez por outra, lá se arranjava um cabrito, um leitão, umas galinhas raquíticas... e alguma caça: gazela, lebre, galinholas, javali... Mas isso era só para alguns, servido como petisco "semi-clandestino", fora da messe ou do rancho... Para se comer um "bifinho com ovo a cavalo e batatas fritas"(supremo luxo de um operacional do mato!) só em Bafatá, Bissau e pouco mais...
Esses tempos de fomeca (houve gente que passou dois anos a comer arroz ou espargute com conservas...) vêm a propósito da carestia de vida hoje em dia: o preço do peixe disparou (e o melhor do peixe português vai para Paris, Roma, Madrid, Londres, Bruxelas...), o polvo, os moluscos, o marisco, etc. que eram comida dos pobres e servidos nas tabernas do meu tempo de infância e adolescència, tornou-.se proibitivo para a maior parte das bolsas portuguesas.
Ainda me lembro, no anos 50/princípios dos anos 60, da lagosta vendida na lota, em Porto das Barcas, Porto Dinheiro ou Paimogo a sete e quinhentos (escudos) o quilo (!), enquanto o tamboril se deitava fora, por ser muito feio, e por não ter valor comercial nem gastronómico... A sapateira, a santola, a navalheira, o polvo, os ouriços do mar, as lapas, os mexilhões, os percebes, as enguias, etc. não íam à mesa dos ricos...
Tudo isto para dizer que é difícil, hoje em dia, comer uma boa caldeirada de peixe, num bom restaurante à beira mar, com cheirinho a maresia, a não ser pagando uma boa nota preta...
Por isso eu prefiro ir ao "Chez Alice": com très ou quatro qualidades de peixe (raia, safio da barriga, cação, etc.), mais uns camarões, umas navalheiras e umas amêijoas para pôr no fundo do tacho e "não deixar torrar", faz-se uma caldeirada de cinco estrelas, mesmo assim relativamente económica e de fazer criar água na boca...
Claro, a batata tem que ser boa, e a Lourinhã, nessa matéria, é umas das melhores terras não só de Portugal como da Europa para produzir batata (de diversas qualidades)... Caldeirada com batata de puré é uma desgraça!... O resto é o gémio culinário do/a nosso/a chef(s)... Neste caso, a Alice (que aprendeu com a minha mãe a cozinha estremenha).
E, por favor, não estraguem a caldeirada adicionando-lhe umas sardinhas... gordas!... É um desastre culinário... Adoro a sardinha (que é também do mar do Cerro, Lourinhã, e desembarcada em Peniche), mas só grelhada, com uma batatinha e pimentos ou até só com uma boa fatia de pão caseiro, comida de preferència na Tabanca do Atira-te ao Mar...
Bom apetite!
PS1 - Estou à espera da caldeirada do Tony Levezinho, que tem ganho prémios nas festas dos pescadores em Sagres!... Ele prometeu vir aqui um dia à Lourinhã mostrar os seus dotes culinários (que de resto já tinham alguma fama em Bambadinca e que nós temos mostrado no blogue)...
PS2 - Com os restos da caldeirada (a "auguinha") faz-se uma sopa de peixc divinal para se comer à noite!... De massinhas. Picantezinha, como convém...
____________Último poste da série : 20 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24571: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (41): "Frutos do mar" de Narvik, Noruega e... bifinho de novilho de alce de Kiruna...(Mas tenho inveja das nossas muito especiais amêijoas...) (José Belo, Suécia)
sexta-feira, 5 de maio de 2023
Guiné 61/74 - P24285: O que é feito de ti, camarada ? (18): António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)
1. Esta é mais uma tentativa, da nossa parte, para localizar o António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974). Deixou aqui, no nosso blogue, um único comentário, no poste P8302 (*), que depois transformámos em poste, o P21641 (**).
Já agora não sei se será o local mais apropriado para estar a fazer este comentário mas peço desculpa pela minha ignorância. (...)
António Lalande | 4 de agosto de 2016 às 23:49
2. Na altura, escrevemos:
(...) Jorge, foi pena não teres deixado um contacto (...) (endereço de email, telemóvel ou telefone...). Nem sequer sei onde vives. Gostaria muito de saber mais coisas sobre a "nossa" CCAÇ 12 do teu tempo. E, naturalmente, conhecer-te, em carne e osso, se houver oportunidade para tal.
Ficas, desde já, convidado (...) para te juntares à nossa Tabanca Grande (...). Dá notícias. (...)
Reiteramos o nosso convite (***). Temos aqui mais de 450 referências à CCAÇ 12. Parece que o António Lalande Jorge não tem página no Facebook, contrariamente a muitos antigos combatentes. Deixamos-lhe aqui os nosso contactos, que de resto figuram ao alto da coluna esquerda do blogue:
(i) Luís Graça (Lourinhã):
luis.graca.prof@gmail.com
(ii) Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos):
carlos.vinhal@gmail.com
(iii) Eduardo Magalhães Ribeiro (Maia):
magalhaesribeiro04@gmail.com
(iv) Jorge Araújo (Almada):
joalvesaraujo@gmail.com
(v) Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 20 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8302: Os nossos camaradas guineenses (31): O José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º Cabo At Inf, CCAÇ 12 (1969/74), está em Portugal até 3 de Junho, e quer estar connosco! (Odete Cardoso / Luís Graça)
(**) Vd. poste de 13 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21641: Casos: a verdade sobre... (18): Os "momentos dramáticos" vividos pela CCAÇ 12, em março de 1973, obrigada a render no Xime a CART 3494 [António Lalande Jorge, ex-fur mil mecânico auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)]
domingo, 19 de março de 2023
Guiné 61/74 - P24153: As nossas geografias emocionais (2): Bambadinca, zona leste, região de Bafatá, sector L1 - Parte I: Fotos de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, 1969/71)
(5/6/7/8/9/10) Conjunto de edifícios em U: constituía o complexo do comando do batalhão [, no nosso tempo apanhámos dois, o BCAÇ 2852, 1968/70, e o BART 2917, 1970/72] (5) e as instalações (dormitóriso) de oficiais (6) e sargentos (8), para além da messe e bar dos oficiais (8) e dos sargentos (9); apesar segregação sócio-espacial que vigorava então, não só na sede dos batalhões, como em muitas unidades de quadrícula, uns e outros, oficiais e sargentos, tinham uma cozinha comum (10); do lado direito do bar e messe de sargentos, vê-se uma fiada de bidões cheios de areia, que serviam de protecção para a saída para as valas (22);
(22/24/27) Do lado direito, ao fundo, a menos de um quilómetro corria o Rio Geba, o chamado Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá; o aquartelamento de Bambadinca situava-se numa pequena elevação de terreno, sobranceira a uma extensa bolanha (a leste) que lhe dava uma aparência de fortaleza inexpugnável, vista do lado da bolanha (ou, seja, de leste para oeste); são visíveis as valas de protecção (22), abertas (... também pela CCAÇ 12, companhia de intervenção duramente explorada pelo comando dos dois batalhões...) ao longo do perímetro do aquartelamento que era todo, ele, cercado de arame farpado e de holofotes (24); a luz eléctrica era produzida por gerador que deve estar algures por aí, nas imagens, perto da antena de transmissões (27);
(3/11/12) A caserna (ou uma das casernas) das praças da CCS (11) ficava junto ao campo de futebol (3); o pessoal do pelotão de morteiros e/ou do pelotão Daimler deveria ficar instalado no edifício (12), que se situava do outro lado da parada, em frente ao edifício em U.
(18/19/20) Uma arruamenmto ao meio (no sentido sul-norte) dividia o aquartelamento em duas partes (oeste e leste); tínhamos o armazém de víveres (20), a parada e os memoriais da unidades e subunidades que haviam passado por Bambadinca (18), a escola primária antiga (incluindo a casa da senhora professora, Dona Violete, que era caboverdiana) (19) e depósito da água (de que se vê apenas uma nesga) (21).
Esta reconstituição feita, de memória, apoiada em documentação fotográfica, nomeadamente por Humberto Reis, Luís Graça, Gabriel Gonçalves e Arlindo Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), bem como por outros camaradas do nosso tempo (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, 1970/72; José Carlos Lopes, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70; Mário Beja Santos, Pel Caç Nat 52; Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63, 1969/71... e ainda com base noutros elementos informativos publicados no blogue.
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Outra vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido noroeste-sudeste. Em primeiro plano, a pista de aviação, o perímetro em L de arame farpado, o campo de futebol, a antena das transmissões...
Guiné > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã > Sector L1 (Bambadinca) > Estrada Mansambo-Xitole > 1970 > Coluna logística de Bambadinca ao Xitole com a participação da CCAÇ 12. Alguns meses depois da grande desmatação das orlas da estrada, feitas por ocasião das Op Cabeça Rapada, o matagal continuava medonho, engolino a picada...
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã > Sector L1 > Bambadinca > 1971 > Capa da brochura com a história da CCAÇ 12, desenhada pelo fur mil at inf António Levezinho. O Sector L1 tinha sede em Bambadinca. Havia ainda mais três subsectores: Xime, Mansambo e Xitole. A oeste e a sul, o Sector L1 era delimitado pela margem direita do rio Corubal, e a norte pelo rio Geba Estreito. O porto fluvial do Xime e a estrada Xime - Bambinca passaram a ser, sobretudo a partir de 1969, a principal via de entrada na Zona Leste (região de Bafatá e região de Gabu). Bambadinca (em mandinga, a "cova do lagarto") era posto administrativo (pertencente à circunscrição / concelho de Bafatá). Em 1969 estava ligada a Bafatá (30 km) por estrada asfaltada. Do porto fluvial do Xime a Bambadinca era uma dúzia de quilómetros. Havia um reordenamento (Bambadincazinho, a oeste do quartel e posto administrativo) e uma tabanca (a norte e a leste). A povoação tinha escola, posto dos CTT, capela, posto sanitário, missão do sono (desativada), dois ou três estabelecimentos comercais, uma missão católica... Nunca foi atacada ou flagelada no nosso tempo (CCAÇ 12, julho de 1969/março de 1971). Tinha cerca de 400 homens em armas (além da CCAÇ 12, 170 militares, tinha uma CCS, um Pel Rec Daimler, um Pel Mort, um Pel Caç Nat e um PINT, Pelotão de Intendência, fora do quartel, no porto fluvial).
Luís Graça > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné > Antologia, preservada pelo Arquivo.pt
E vou aproveitar para refrescar e atualizar os nossos álbuns fotográficos, por topónimos da Guiné (se não todos, pelo menos os principais). Afinal, trata-se de não perder as nossas "geografias emocionais". Muitas das fotos que vamos publicando estão dispersas. São de diferentes autores e anos... É agora a altura de as tentar reunir.
Nota do editor:
Último poste da série > 10 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24134: As nossas geografias emocionais (1): Bafatá - Parte I: Fotos de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71): viagem de 1966
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
Guiné 61/74 - P23896: E as nossas palmas vão para... (21): o Humberto Reis, que hoje faz anos e é um dos nossos grandes fotógrafos, para além de colaborador permanente e "cartógrafo-mor" do nosso blogue
Não aparecço na foto mas participei na Op Navalha Polida, em 2 e 3 de janeiro de 1970, integrado desta vez no 4.º Gr Combate. Como me dizia amavelmente o meu capitão Brito - era um gentleman! - , eu era o peão de nicas, o tapa-buracas, o suplente, o que substituía os camaradas furriéis doentes, convalescentes, desenfiados ou em férias... Não sei por que carga de água é que os psicotécnicos me disseram que eu era bom para apontador de armas pesadas de infantaria. Como a CCAÇ 12 era uma companhia de intervenção, não tendo armas pesadas, eu tornei-me um polivalente, um pau para toda a obra ...
Foto da autoria de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71). Tem sido imensa e despudoradamente "pirateada" por aí, nas redes sociais, em livros, etc., sem referência ao autor e ao nosso blogue.
Guiné > Zona leste > Rwgião de Bafatá > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 > 2º Grupo de Combate > 1970 > O fur mil op esp Humberto Reis, à entrada do abrigo (?)...
(...) "Com este destacamento passou-se um episódio que diz bem do carácter que presidia à união de todos os operacionais (operacionais eram aqueles que iam para o mato e as sentiram assobiar e não os que viviam no bem bom dentro dos arames farpados e que nunca sentiram o medo de levar um tiro).
"Um domingo à noite estávamos a jantar na messe [, em Bambadinca], nesse dia calhou-me estar dentro do arame, e de repente começámos a ouvir rebentamentos para os lados da ponte. Pensámos que era o destacamento que estava a embrulhar e automaticamente nos levantámos (eu e mais alguns até estávamos vestidos à civil), fomos a correr aos respectivos quartos buscar as armas e quando chegámos à parada já lá estavam alguns Unimog com os respectivos condutores à espera (ninguém lhes tinha dito nada mas a ideia foi a mesma - é a malta da ponte a embrulhar, temos de os ir socorrer ). Até um dos morteiros 81 levámos e aí vai o fur mil do Pel Mort com uma esquadra, o Lopes que era natural de Angola (tão bem organizada que era a nossa administração militar, que o colocaram na Guiné!).
"Felizmente, quando chegámos à ponte, verificámos que não era aí, mas sim 2 km mais à frente, na tabanca de Amedalai, pelo que seguimos até lá. Escusado será dizer que quando o IN notou que chegaram reforços fechou a mala e foi embora" (...)
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > CCAÇ 12 (1969/71> c. 1970 > 2º Grupo de Combate > Estrada Bambadinca-Xime > Destacamento da Ponte do Rio UdundumaO Tony (Levezinho) e o Humberto (Reis) sentados na "manjedoura"... Era ali, protegidos da canícula, por uma chapa de zinco, à volta de uma tosca mesa de madeira, entre duas árvores, com vista sobre o espelho de água do rio Udunduma, afluente do Geba..., era ali que tomavámos em conjunto as nossas refeições, escrevíamos as nossas cartas e aerogramas, jogávamos à lerpa, bebíamos um copo, matávamos o tédio e os mosquitos...
Na imagem, o Tony (Levezinho), à esquerda, segurando uma granada de LGFog de 3.7. À direita, o Humberto Reis, o nosso "ranger"... e fotógrafo. O 2º Gr Comb ficou, cedo, entregue aos dois furriéis, Levezinho e Reis... O alf mil António Carlão foi destacado... para a equipa de reordenamento de Nhabijões ( a gigantesca tabanca, ou aglomerado de tabancas, de maioria balanta, onde a rapaziada do PAIGC se dava ao luxo de entrar e sair quando muito bem lhe apetecia...).
Guiné > Zona leste > REgião de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Estrada Xime-Bambadinca > 23 de novembro de 1969 > A famosa autogrua Galion, desembarcada no Xime, em LDG, e fornecida pela Engenharia Militar para operar no porto fluvial de Bambadinca... Atascada, no final da época das chuvas... junto à bolanha de Samba Silate, antes de Nhabijões, dois topónimos de má memória para muitos de nós que andámos por aquelas paragens...
Na foto, temos em grande plano uma das rodas da Galion atascada,,, E, em segundo plano, aparece o Humberto Reis, de cigarro na boca, óculos de sol, lenço ao pescoço, impecavelmente fardado, como mandava... a puta da sapatilha!.
A Galion veio para substituir as pequenas autogruas de marca Fuchs (segundo oportuno comentário do nosso camarada Vasco Ferreira, e que eu creio que eram duas, pintadas de azul), existentes até então no cais de Bambadinca , por ocasião do início do ambicioso projecto de reordenamento de Nhabijões, um dos maiores da Guiné naquele tempo (cerca de 300 casas).
Guiné > Zona Leste > Região Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Pessoal do 2º Grupo de Combate, atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba, no regulado do Cuor, em frente a Bambadinca (que pertencia ai regulado de Badora). O destacamento que havia mais a norte, era o de Missirá (guarnecido pelo Pel Caç Nat 52, no tempo do alf mil Beja Santos, 1968/70, e depois pelo Pel Caç Nat 63, do alf mil Jorge Cabral).
A tabanca de Finete, em autodefesa, guarnecida pelo Pelotão de Milicia nº 102, é visível ao fundo. No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (se não erro), vê-se o fur mil op esp Humberto Reis e o saudoso 1º cabo José Marques Alves, de alcunha "Alfredo" (1947-2013) (natural de Campanhã, Porto, vivia em Fânzeres, Gondomar).
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > Tasca do Zé Maria > Um dos nossos poucos luxos no mato... Os famosos lagostins do Rio Geba Estreito... Da direita para a esquerda, três camaradas da CCAÇ 12 (1969/71) os furriéis mil Humberto Reis e Tony Levezinho e alf mil o José António G. Rodrigues (já falecido já muito).. Penso que fui eu quem tirou esta foto com a máquina do Humberto Reis...
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > 1969 > O sortilégio e a beleza do Rio Geba, entre o Xime e e Bambadinca, o chamado Geba Estreito, numa das fotos aéreas magníficas do Humberto Reis.
Ainda do lado esquerdo, o cais fluvial, uma zona ajardinada, a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)... Ao centro, a rua principal da cidade. Ao fundo, ao alto da avenida principal, já não se chega a ver o troço da estrada que conduzia à saída para Nova Lamego (, que ficava a nordeste de Bafatá); havia um a outra, alcatroada, para Bambadinca, mas também com acesso à estrada (não alcatroada) de Galomaro-Dulombi, povoações do regulado do Cosse, que ficava a sul. À entrada de Bafatá, havia uma rotunda. ao alto. Para quem entrava, o café do Teófilo, o "desterrado", era à esquerda..
Do lado direito pode observar-se as traseiras do mercado. Do lado esquerdo, no início da rua, um belo edifício, de arquitetura tipicamente colonial, pertencente à famosa Casa Gouveia, que representava os interesses da CUF, e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa. Por aqui passaram milhares e milhares de homens ao longo da guerra,. que aqui faziam as suas compras, iam aos restaurantes e se divertiam... com as meninas do Bataclã.
1. O Humberto Reis, engenheiro técnico reformado, meu camarada da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), meu companheiro de quarto em Bambadica, meu vizinho de Alfragide, meu velho amigo (de há mais de meio século), faz hoje anos (*) e merece ser aqui recordado sobretudo como grande fotógrafo da nossa companhia e do nosso tempo (ele e o Arlindo T.Roda). As melhores fotos aéreas que temos aqui publicado são dele (Bambadinca, Bafatá, Xime, Mansambo, Xitole, rio Geba, etc.). E são conhecidas dos nossos leitores.
O Reis tinha vários amigos na FAP e, de vez em quando, apanhava uma boleia de helicóptero ou de DO 27. As fotos de Bafatá, pro exemplo, foram tiradas de heli. Ele fazia "diapositivos", revelados na Suécia (se não erro). Ao fim destes anos estão em excelente estado, conforme as imagens que nos mandou em 2006, digitalizadas. E, para mais, tinha uma excelente resolução (mais de 2 MG), perrmitindo o seu recorte em várias imagens parciais.
A fotografia aérea foi da responsabilidade da Aviação Naval. O trabalho de restituição, por seu turno, foi feita pelos Serviços Cartográficos do Exército. As fotolitografias e a impressão foram feitas em várias casas, de Lisboa, Porto, V.N. Gaia: Litografia de Portugal, Papelaria Fernandes, Arnaldo F. Silva... A imagem em geral é de boa qualidade, graças também à fotolitografia de casas como a Papelaria Fernandes e a António F. Silva (em geral, são os melhores trabalhos, os destas casas)… e à posterior digitalização. A edição é da antiga Junta das Missões Geográficas e Investigações do Ultramar, do antigo Ministério do Ultramar.
Convirá recordar que a sua paciente digitalização foi efectuada pelo Humberto Reis na Rank Xerox, em 2006. (Ele não nos disse quanto pagou, mas não deve ter sido barato...). Eu passei cada um destes pesadíssimos ficheiros (10 ou mais Mb) para outros mais leves (da ordem dos 2 Mb), procurando manter a qualidade da imagem (que tem alta resolução).
Fica aqui uma pequena homenagem ao nosso querido Humberto, juntando algumas das suas fotos (**). Para ele os nossos votos de um Bom Natal e de um Melhor Ano Novo de 2023. (LG)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 19 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23893: Parabéns a você (2126): Humberto Reis, ex-Alf Mil Op Esp da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
Guiné 61/74 - P23810: Parabéns a você (2118): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) e António (Tony) Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)
Nota do editor
Último poste da série de 23 de Novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23806: Parabéns a você (2117): José Saúde, ex-Fur Mil Op Especiais da CCS/BART 6523/73 (Nova Lamego, 1973/74)
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
Guiné 61/74 - P22745: Parabéns a você (2007): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) e António Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de Novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22742: Parabéns a você (2006): José Saúde, ex-Fur Mil Op Especiais da CCS/BART 6523/73 /Nova Lamego, 1973/74)
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Guiné 61/74 - P22702: A nossa guerra em números (3): mal comidos, mal pagos, mal vestidos...
1. Houve guerras, no passado, que se perderam porque os combatentes iam mal alimentados, outras por certo não se ganharam porque os homens foram para a frente de batalha mal recrutados, mal pagos, mal agasalhados, em mau estado de saúde, mal medicados, mal municiados, mal preparados, mal aconselhados, mal endoutrinados, mal equipados, mal enquadrados, mal comandados, etc. Ou então levavam guitarras em vez de espingardas, como em Alcácer Quibir...
- Botas de lona (pares) > 13000
- Botas pretas (pares) > 1900
- Dólman (camuflado) > 2500
- Calças > 10000
- Barretes > 5200.
- Uma boina > 23$70;
- Duas camisas de uniforme nº 2 > 120$60;
- Duas calças de uniforme nº 2> 172$20;
- Um blusão > 282$50;
- Uma calça poliéster > 202$00;
- Uma gravata verde > 15$00;
- Um cinto de lona > 23$50;
- Uma camisola de ginástica > 8$70;
- Um calção de ginástica > 18$00;
- Um par de sapatos (desportivos) > 28$40;
- Um par de botas > 297$00;
- Uniforme de instrução / farda detrabalho (nº 3): c. 200$00.
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(*) Postes anteriores da série >
3 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22684: A nossa guerra em números (1): os soldados do recrutamento local, de 1ª e 2ª classe, as milícias, os soldados básicos e o patacão que recebiam (Valdemar Queiroz / Fernando Sousa Ribeiro / Luís Graça)
5 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22690: A nossa guerra em números (2): Alimentação, ração de combate, "comes & bebes"... "Diziam as mulheres na minha aldeia que os homens se conquistavam pela boca. Digo eu: As guerras também" (Joaquim Costa, minhoto, dixit)
sexta-feira, 16 de julho de 2021
Guiné 61/74 - P22375: In Memoriam (398): José Martins Rosado Piça (1933-2021), 1º srgt inf ref (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71), nosso grã-tabanqueiro nº 660... Mais do que "o nosso primeiro", um grande amigo e melhor camarada.
Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal > 2014 > O José MartinsRosado Piça, em fotograma de vídeo que nos mandou o régulo, o Tony Levezinho (*)... Conheci-o em Santa Margarida, por volta de abril de 1969, por ocasião da formação da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), mobilizada para o CTIG. Teria então 38 anos (, pelo que terá nascido em 1931), e já com três comissões de serviço no ultramar (se não erro).
(...) O meu avô Zé! Que me acompanhou, guiou, orientou e protegeu desde que sou gente, um PAI, partiu, e com ele leva um pedaço de mim. Homem de trato fácil, com uma gargalhada inconfundível e altamente sociável, nunca encontrei quem não gostasse dele!
Oriundo de Aldeias de Montoito, Évora, este alentejano, na altura em que convivemos, apenas o separava de nós, a idade, (teria uns 40 anos) e o facto de ser um profissional do quadro permanente do Exército.
Quanto ao mais, a sua relação com os milicianos do Bando (era assim que ele se referia à nossa companhia) fazia toda a diferença, pela positiva, dos demais elementos da sua classe, com quem nos cruzámos, ao longo da nossa aventura pelas fileiras do Exército.
Com efeito, era homem de piada fácil, mas também muito sensível aos afetos. Era disso expressão óbvia o brilhozinho nos seus olhos. De alegria, quando partilhávamos momentos de relaxamento, tais como, as cartadas, os copos, as cantorias, etc., ou de preocupação/tristeza sempre que nos via partir, em missão, para fora do perímetro do aquartelamento.
Era clara para nós a necessidade que sentia de estar por perto dos seus furriéis, muito mais do que partilhar a mesa de jogo com os seus iguais, do quadro. E este seu comportamento teve a sua expressão maior, depois da partida do 1.º Sargento da companhia, o que se compreende.
Diria que o elenco que ele encontrou na CCaç 12 o terá tocado, de forma particular. Atrevo-me a fazer esta afirmação porque, há um par de meses, encontrei-o, em Portimão, ao fim destes anos todos, acompanhado da mulher.
A alegria e o abraço apertado foram mesmo espontâneos. Achei ainda muito significativo o facto da sua mulher, que eu não conhecia, ter dito que ele não se cansa de falar de nós. Logo me pediu o contacto do Henriques, do Reis, o meu, e a verdade é que, desde então, já falamos algumas vezes, ao telefone, e está combinado um encontro em Sagres, quando a oportunidade surgir.
Ele continua no Alentejo e tem um apartamento em Portimão, terra onde a filha vive, passando, por isso, algum tempo nesta cidade algarvia.
Apesar dos seus 80 e picos anos, continua com uma memória de elefante, tal foi o desbobinar de episódios daquela época que evocou, em detalhe, nos breves 20-30 minutos que durou o nosso encontro acidental.
Que continue com a mesma capacidade de comunicar, como a que lhe reconheciamos, à época e que, acreditem, se mantém.
Se há elemento que merece ser puxado para a nossa tabanca é, sem dúvida, o Sargento Piça. (...)
3. Na apresentação à Tabanca Grande, eu escrevi o seguinte (**):
Como muitos alentejanos, pobres, da sua geração, o Piça casou-se "à maneira da época"... As famílías de um lado e de outro não tinham dinheiro para custear a despesa de um casório com boda... A única solução, para não se ficar mal perante amigos e vizinhos, era "simular o rapto"... O noivo "raptava" a noite e ficava o assunto resolvido...Juntavam os trapinhos e esperavam por melhores dias...
Um das soluções - para além da emigação interna e externa - era a tropa. Foi o que fez o Piça. Meteu o xico. Mas agora era preciso dos papéis e regularizar o seu estado civil: casado "de facto", mas não "de jure"...
Um belo dia, foi lá ao padre, às 8 da manhã, com a noiva para receber o santo sacramento do matrimónio... E logo a seguir, às 9h, trouxe a filhota para batisar...O padre, espantado, interpelou-o:
- Já, tão cedo?!
- Ó sr. padre, de mamhã é que se começa o dia! (..:)
Uma figura impagável da Bambadinca do meu/nosso tempo!... Um grande amigo, para além de camarada, no verdadeiro sentido da palavra...Nunca conheci sargento tão "bacano" como ele... Como eu era do "reviralho", chamava-me na brincadeira o "Soviético"...
(**) Vd. postes de:
sábado, 10 de abril de 2021
Guiné 61/74 - P22091: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (26): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte III: cozido à portuguesa, para despedida do inverno; frutos do mar, como saudação à primavera
28 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21954: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (23): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte II: Canja de garoupa e pimentos estufados em vinho do Porto