quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12678: Manuscrito(s) (Luís Graça) (19): Gostei de voltar a Tavira (Parte II): O quartel da Atalaia (ex-CISMI -Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria)


Foto nº 85



Foto nº 88



Foto nº 106



Foto nº 91


Foto nº 100


Foto nº 98







Foto nº 97 



Foto nº 102



Foto nº 199


Foto nº 80


Foto nº 81



Foto nº 324

Tavira, 1 de fevereiro de 2014  > Quartel da Atalaia > Regimento de Infantaria nº 1 (desde 2008)


Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados

1. Viagem de regresso ao passado...  Fiz, no quartel da Atalaia,  o 2º Ciclo do CSM - Curso  de Sargentos Milicianos,  no CISMI -  Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria. Hoje está aqui sediado o Regimento de Infantaria nº 1 (RI 1). O CISMI, criado em 1939, foi extinto em 1975.

Diz o meu "cadastro militar" que (i) fui alistado em 17/6/1967; (ii) passei pelo RI 5 (Caldas da Raínha) (15/7/1968), CISMI (Tavira) (29/9/1968),  BC6 (Castelo Branco) (6/1/1969) e RI2 (Abrantes/Santa Margarida) (4/3/1969); antes de (iii) partir para a Guiné, em 24/5/1969, no T/T Niassa...

Desembarquei em Bissau em 30/5/1969. Regressei a casa a 17/3/1971. Desembarquei em Lisboa a 22/3/1969... Enfim, passei, à "peluda" em 16/4/1971... Tudo contado, estive por conta do exército quase três anos da minha vida...

Terminei aqui a especialidade de armas pesadas de infantaria, em 14 de dezembro, com a classificação de 13,41 valores...  Fui um instruendo mediano nas provas físicas e na carreira de tiro, safei-me melhor nos testes escritos: recordo-me que se fazia a prova de conhecimentos, na parada, sentados no chão... Eram testes de conhecimentos, de tipo americano: uma pergunta, quatro hipóteses de resposta, onde só uma estava correta...

Passei as férias de Natal na minha terra, Lourinhã., antes de marchar para Castelo Branco. Aí fui promovido a 1º cabo miliciano, a 6 de janeiro, e submetido às praxes da ordem...Nesse inverno beirão passei o maior frio da minha  vida... E apanhei o

Fiz questão de visitar o meu antigo quartel, na parte alta de Tavira, no que fui acompanhado pela Alice e pelos meus cunhados Nitas e Gusto. Uma jovem tenente, natural de Terras do Bouro, estava de oficial de dia e, gentilmente, acedeu ao meu pedido para dar uma volta pela parada... Achei o quartel muito mais pequeno do que no meu tempo. Hoje alberga 50 militares, no meu tempo tinha algunas centenas, de tal maneira que não cabíamos lá todos... Muita gente na cidade vivia de serviços prestados à tropa, como por exemplo o aluguer de quartos...

Por muito que eu me esforçasse,  não consegui reviver os dois meses e meio que aqui passei... Não consegui chamar até mim os fantasmas de alguns instrutores e comandantes de companhia, como o Robles, o Trotil e o Esteves que nos metiam muito respeitinho...  Eram heróis, cacimbados,  da guerra de Angola, dizia-se... Do Esteves, que foi meu comandante, e tinha o poste de tenente, recordo-me da sua única frase de antologia: "Vocês são a fina flor da Nação"... E a malta repetia, baixinho: ... "fina flor do entulho", da merda da feira do gado, da merda das salinas (foto nº 324)...

Na foto nº 97, consta a lista dos militares do RI 1 mortos no TO da Guiné... Há um monumento aos mortos, no final da parada... Na placa, em bronze, dos mortos na Guiiné, constam dois alferes: o Adelino Costa Duarte,  morto em conbate em 23/11/65; e o Carlos Santos Dias, que morreu também em combate, em 6/10/66... Mais 3 furriéis, 5 primeiros cabos e 30 soldados...

A foto nº 199 diz respeito ao antigo quartel da Graça, hoje transformado em pousada. Não tenho ideia de alguna vez lá ter entrado, E naw fotow nº 80 e  81 podemos ver a velha fonte que nos matava a sede, e que ficava a caminho do quartel da Atalaia...

Dois meses e meio, em Tavira, na tropa, em finais de 1968, não davam para viver nem muito menos guardar na memória grandes peripécias, paixões, amizades, acontecimentos galvanizantes, figuras marcantes, lugares...  A instrução era puxada, e o corpinho ressentia-se...

Afinal de que é que lembro de Tavira do final dos anos 60, para além da ponte romana sobre o Rio Gilão, do mercado,  do polvo, do jardim do coreto, das esplanadas, das Quatro Águas e de Santa Luzia? Muito pouco, tirando as peripécias da tropa (por ex., as altifalantes na parada no quartel da Atalaia, as marchas forçadas, as salinas, o tiro real na Ria Formosa com o morteiro, a bazuca e o canhão s/r)...

Lembro-me, mal,  do quartel da Atalaia, e das míseras condições das nossas casernas e outros espaços coletivos como o refeitório... Éramos sardinha em lata, num edfício de finais do séc. XVIII... Três ou quatro companhias de instruendos das várias epsecialidades (armas pesadasm, transmissões, sapadores...).

Lembro-me isso, sim, de um safado de um alferes instrutor, dos vellhinhos, com sotaque algarvio, que nos humilhava, obrigando-nos a chafurdar na merda da feira do gado, enquanto namorava, à janela,  uma fulana lá  da terra...

Lembro-me do comandante do CISMI (major, tenente coronel ou coronel, já não sei, daqueles oficiais velhinhos, do tempo da guerra do Solnado...) que nos proibiu a inauguração de uma exposição (documental) sobre a a II Guerra Mundial com o argumento, idiota, de que "para guerra já bastava a nossa, lá no ultramar"...

Lembro-me da velha e anafada prostituta, andaluza, de olho azul, que morava perto do quartel da Atalaia, e que tirava os três aos infantes...

Lembro-me da amázia (?) de um sorja ou de um tenente qualquer que nos acompanhava nos exercícios de campo, vendendo-nos sandochas e bebidas, em regime de monopólio... Acho que tinha uma carroça, puxada por um macho...

Tavira era triste como era triste o meu/nosso país em 1968... Não sei se lá chorei, mas devo ter rangido os dentes, algumas vezes. De raiva...

Dos "casamentos na parada", de que fala o Henrique Cerqueira (em comentário ao poste P12673) (*),  ouvi falar, mas não sei se era lenda... Nunca assisti a nenhum, ou então nunca liguei... A verdade é que aquelas miúdas, de sangue fenício, romano, bérbere e africano, eram verdadeiros "lança-chamas"...

Concordo com o juízo do Henrique Cerqueira: os nossos instrutores, na tropa, na época, estavam longe de ser as melhores pessoas do mundo... Acho que merecíamos muito mais e melhor, aqueles de nós a quem calhou, na rifa, a fava da Guiné... Alguns eram mesmo uns pobres diabos, sádicos, prepotentes, mesquinhos, fanfarrões, boçais, incultos... que nem para soldados básicos eu os queria na Guiné... De qualquer modo, nada do que aprendi em Tavira me foi útil na Guiné: à falta de armas pesadas de artilharia, deram-me uma G3 e um punhado de bravos soldados fulas que não sabiam onde ficava Portugal e muito menos falavam português...

Em contrapartida, parece haver alguma saudade do tempo dos "milicianos" por parte da população mais velha de Tavira... Foi o meu sentimento,  pelos esporádicos contactos que estabeleci neste fim de semana de "regresso ao passado"... LG

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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 3 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12673: Manuscrito(s) (Luís Graça) (18): Gostei de voltar a Tavira (Parte I): A estação da CP

9 comentários:

Henrique Cerqueira disse...

Luís Graça
Parabéns uma vês mais por: Belas fotografias, excelente texto e fantástica descrição da vida militar em Tavira. Já agora verifico que a parada do quartel está toda empedrada e na minha altura e se a memória não falha a parada era em terra batida ou algo semelhante e ao fundo onde era o refeitório existiam uma espécie de balizas de futebol.
Conto aqui mais uma desgraçada estória dessa parada e passada comigo.
Em determinada altura apanhei uma grave febre intestinal devido a uns carapaus literalmente podres que nos deram numa refeição. Então eu e mais alguns camaradas fomos internados no hospital para nos curarmos da dita febre(já não me lembro bem mas penso que o hospital era militar).Bom passados oito dias de internamento eu pedi alta porque corria o risco de perder o período de especialidade e ter de voltar a repetir tudo de novo. Vai daí lá nos deram alta mas, com a obrigatoriedade de todos os dias no final da instrução ir ao tratamento ao hospital. Ora quando regressava-mos ao quartel já todo o pessoal tinha jantado. É então que num belo(mau)dia quando nós viemos do hospital (eramos oito)quatro camaradas decidiram ir jantar á rua e eu mais três camaradas fomos para o refeitório e logo nesse dia que o "manjar" era estilhaços de frango com esparguete. Então nós os quatro nos atiramos á comida que era para oito, é que não era todos os dias que haviam uns ossitos de frango com massa e com fartura.
Pois é , grande desgraça aquilo que fizemos, pois que o sargento (o tal que tinha a tasca á porta do quartel)verificou que cometemos o CRIME de comer comida que era para oito e nós só eramos quatro . Nós bem explicamos que os outros tinham ido comer á rua e que nos desculpasse do crime cometido. Não senhor e Sargento não se compadeceu com nada e foi chamar o oficial de dia. OUTRO BANDIDO ESSE OFICIAL que era um tenente da academia e que nem me lembro do seu maldito nome .
Então o tal tenente mandou que nós os quatro viéssemos para a tal parada para correr, fazer flexões e outras barbaridades afins e sempre nos fazendo repetir em alta vós » Já que comeram o que não era vosso têm que deitar para fora o vosso e o dos outros». Claro que acabamos por vomitar quase toda a comida, mais pela raiva que propriamente pelo exercício forçado. Entretanto o sargento e um cabo lateiro e sujo que se dava como cozinheiro estiveram todo o tempo a gozar o espetáculo.
Bom as fotos da pareada lembraram-me mais esse cruel episódio de Tavira .Que me perdoem os mais crentes no perdão mas o meu desejam é que esses intervenientes já tenham "batido as botas e que a terra lhes seja muito pesada" Jamais perdoei esses pobres de espirito que eram responsáveis pela nossa formação militar. Se calhar e infelizmente se justifica tantos mortos em combate oriundos do quartel de Tavira .
Foi mais um desabafo em forma de comentário, mas acredita que há muito mais já que ao falarem de Tavira veio remexer na FERIDA mais grave de toda a minha vida militar.
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Em boa verdade,também estive em Tavira (1964) a tirar a especialidade e sempre fui bem tratado, quer pelo Instrutores quer por toda a rapaziada instruenda. Volto lá duas ou três vezes por ano, visito a caserna e vou mesmo até ao local onde dormia, e já levei os netos e tudo, mas não ligaram nenhuma. O pessoal civil, era desconfiado, olhava-nos de soslaio, mas enfim, também não eram assim tão beras.
Passou-se, alguns camaradas não voltaram lá, nem querem, mas para mim continua a ser um local de visita obrigatória. Ao Luís Graça, agradeço as fotos que vou roubar, sim senhor. Um abraço do
Veríssimo Ferreira

Anónimo disse...

Reproduçºão aqui do comentário Cesar Dias ao poste anterior:

Luis, também eu estive 6 meses em Tavira, recruta na 3ª Companhia e na especialidade de Sapador na 2ª Companhia, e pelos vistos estivemos no mesmo turno, com o tal tenente Esteves do qual me recordo como se divertia ao anunciar à sexta feira os cortes nos fins de semana "o militar é a parte válida do povo e como tal não há fim de semana para ninguém".

Eu penso que ficámos retidos algumas vezes porque foi nessa altura que Salazar caiu da cadeira.

Sobre esse Alferes, lembro-me que era Algarvio e também dava instrução de provas fisicas ao meu pelotão, deves-te lembrar do meu pelotão, pois andavam todos com um estropo de corda ao ombro, fazia parte da farda.

Tudo o que referes avivou-me a memória já muito fraca, mas foi a parte de Tavira que conheci.

Um abraço

Bem hajas

terça-feira, Fevereiro 04, 2014 11:58:00 da tarde

Luís Graça disse...

Obrugado, Veríssimo e César pelos vossos preciosos comentários...

Se cada um de nós der uma "dica", vamos melhorando o "puzzle" da memória (que já é muito remendada)...

Cada um de nós, que por passou por Tavira (e depois pela Guiné), reteve e selecionou penas uma pequena parte de uma vivência...

No caso do César, foram 6 meses de recruta e especialdiade... Ora aí está, eu não me lembrava que no CISMI também se "tirava a recruta"...

Por outro lado, a ideia que eu tenho do tenente Esteves (que devia ser do QP) era de um tipo entre o autoritário e o bonacheirão... Na época, era o padrão domainante, na instrução militar dos milicianos, o poder autoritário-paternalista... Era também o tempo do "pai-patrão", sobretudo entre a malta do norte, de origem camponesa...

O dia em que Salazar caiu da cadeira ? Foi 3 de agosto de 1968... E nada já foi como dantes, a partir daí... O homem todo poderoso de Portugal dava lugar a um dos seus delfins, Marcelo Caetano, também prof...

Obrigado, César, por me ajduares com mais essa "dica"... E ainda por me ajudares a (re)idenfificar o pelotão de sapadores, pessoal que andava com um "estropo de corda ao ombro, fazia parte da farda"...

Bons tempos, apesar de tudo... Tínhamos 21/22 anos...

Carlos Martins Pereira disse...

Sr Luís Graça
Não estou inscrito na Tabanca ma s certamente não me levará a mal que depois de ler o seu texto acrecente mais qualquer coisa sobre a dita instrução militar ministrada á epoca visando a preparação de combatentes para a guerra.
Nessa altura era dificil distinguir instrutores milicianos dos do QP. Todos competiam a ver qual deles era o pior para nós. Reportando -me a Mafra por exemplo, onde se preparavam os recrutas destinados a comandantes de GC aquilo era uma verdadeira selvajaria. ao raro era ver na parada Leste cadetes aleijados com braços ao peito pernas em gesso e por aí fora.Da utilidade daquela pseudo instrução pouco ou nada aproveitávamos depois na guerra. O nível daqueles instrutores como diz ficava-se pelo sadismo, boçalidade e ignorância porque a maioria falava do que não sabia nem tinha experimentado. Foi pena e assim morreu muita gente só porque teve azar de contactar com tal gente.
Carlos Martins Pereira

Luís Graça disse...

Carlos Martins Pereira:

Obrigado também pela sua achega a este assunto, que é ao fim e ao cabo o da instrução e preparação militar (física, tática, técnica, operacional, comportamental, psicossocial, ética e cultural) dos nossos graduados, milicianos (sargentos, alferes e capitães) para uma guerra de antiguerrilha (ou de "contrassubversão").

Nas nossas "fábricas de soldados" (donde saíram mais de um milhão, se considerarmos também os soldados do recrutamento local, da Guiné, Angola e Moçambique!), não tivemos, seguramente, os melhores instrutores e comandantes de instrução, de Mafra a Tavira, de Lamego a Vendas Novas...

Como em tudo, há honrosas exceções, há a instrução da tropa especial (páras, fuzos, comandos, rangers)...

Por outro lado, devo dizer que a mimha experiência é limitada às Caldas da Rainha (onde fiz a recruta), a Tavira (onde fiz o 2º ciclo do CMS), a Santa Margarida (onde brinquei às guerras, num arremedo de Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) e depois na Guiné, em Contuboel (onde passámos, nós, graduados metropolitanos da CCAÇ 2590, à condição de instrutores dos nossos futuros soldados, os nossos valentes fulas da CCAÇ 12, 1969/74)...

Fabricar um milhão de soldados em pouco mais de uma dezena de anos foi uma tarefa gigantesca para um país com menos de 10 milhões de habitantes, e onde ao final da década de 40 mais de metade da população ativa estava no setor primário da economia (agricultura, silvicultura, pecuária, pescas...) ...

Não estou habilitado a fazer um juízo global da qualdiade da instrução que nos foi dada para ir combater na India, em Angola, na Guiné, em Moçambique... Mas, por certo, muitos dos potencialmente melhores, dos melhor preparados e mais experimentados instrutores militares, não estariam cá, mas sim em África, na "frente de batalha"... Acontece em todas as guerrras... e nós não fomos exceção.

Por outro lado, sabemos que a carreira militar deixa de ser atrativa em tempo de guerra...

Um alfabravo, como costumamos aqui dizer para saudar os nossos amigos e camaradas de armas. LG

manuel carvalho disse...

Caro Luis
Ao ler este post sobre o CISMI, lembrei-me que há uns anos por aqui, falas-te da tua prova de agressividade e em que o oponente que te calhou na rifa te acentou uma murraça em cima duma orelha, com a qual não estavas a contar e que te pôs meio K O, por alto julgo que foi mais ou menos isto.Não é que em Agosto de 67 me aconteceu mais ou menos a mesma coisa, só que tu julgo que disses-te que encontras-te o camarada na Guiné e eu nunca mais vi o homem.Como sabem naquela prova o instrutor procurava formar pares o mais equlibrados possivel e começavamos ao murro até ele mandar parar, se ele entendesse que algum não estava a bater a sério mandava parar punha as luvas e tratava ele do assunto.Ora calhou-me um fulano mais ou menos do meu corpo e eu pensei vamos dar cabo da tromba um ao outro e fiz-lhe sinal para começar com calma, quando o Ten. apitou para começar ele acenta-me uma morteirada em cima de uma orelha que eu fiquei meio grogue e com as quatro no chão, comecei a ouvir vozes a dizer dá-lhe.. dálhe mas só via nevoeiro até que comecei a recuperar e ainda lhe afinfei umas murraças e ele a mim até que o homem mandou parar e deu 13 a cada um e disse-me "ó pá tu estavas a dormir quando eu mandei começar".Ainda andamos à pancada na caserna e nunca pude ver o fulano e a verdade é nunca mais o vi.Sei que era da zona de Lisboa mas nem o nome dele sei, mas a cara parece que o estou a ver.
De Tavira podia dizer muita coisa positivo e negativo desde a fome que passamos aqueles crosses ao sabado em julho e Agosto em que chegavamos como se tivessemos atravessado o rio a nadar com a farda completamente molhada e eles cortavam a agua do banho, enfim nunca mais fui a Tavira e estive lá perto mais que uma vez.

Um abraço

Manuel Carvalho

Anónimo disse...

Reproduzido, por L.G., com a devida vénia, do sítio da Câmara Municipal de Tavira > Património Cultural > Património Arquitetónico Militar >

http://www.cm-tavira.pt/site/node/449


Quartel da Atalaia (em vias de classificação)

Localização: Rua Isidoro Pires, Tavira.

Por volta de 1780, devido à transferência do Regimento de Infantaria de Faro para esta cidade, aumenta o número de efetivos militares em Tavira. O facto leva o Governador e Capitão-general do Algarve, Nuno José Fulgêncio de Mendonça Moura Barreto, a exercer a sua influência junto da corte no sentido de se construir um quartel em Tavira, capaz de alojar condignamente o regimento da cidade.

O Quartel da Atalaia, um dos mais antigos do país, é iniciado em 1795 com o beneplácito de D. Maria I, de acordo com a inscrição lapidar que encima o arco da entrada principal. A construção foi interrompida pouco tempo após o seu início, sendo apenas retomada em 1856, depois de atenuados os efeitos de uma conjuntura politica e economicamente desfavorável, de invasões francesas, de permanência da corte no Brasil e de convulsões politicas que conduziram à implantação do Liberalismo e à Guerra Civil. Durante este interregno os militares acolhiam-se em casas particulares até que, em 1835, na sequência da extinção das Ordens Religiosas, é entregue ao exército o antigo Convento de Nossa Senhora da Graça. Aí, rapidamente adaptaram os militares as antigas estruturas religiosas a aquartelamento militar.

Por sua vez, o Quartel da Atalaia, ainda por concluir, servia de hospital de coléricos civis por ocasião da peste que se abateu sobre a cidade em 1833. O edifício ficará concluído somente nos primeiros anos do século XX, só então para lá se transfere a guarnição de Tavira.

Trata-se de um rico exemplar de arquitetura militar. Apresenta planta retangular composta por corpos ligados em torno de um amplo pátio central interior. O maior interesse reside na fachada principal, constituída por um solene corpo central que forma a porta de armas, dois pavilhões de telhado simples de quatro águas com mansardas, terraços cercados por balaustrada e, nas extremidades, torreões com duplo telhado. Embora o recorte dos vãos, de inspiração barroca, revele o gosto cortesão próprio da época de D. Maria I, poderá estar aqui presente a lição da arquitetura pombalina da recém-fundada Vila Real de Santo António, em cuja implantação colaborou o engenheiro militar José Sande de Vasconcelos (1730 - 1808), destacado para o Algarve cerca de 1772 e possível autor do projeto deste quartel.

No decurso do século XX, o edifício sofre algumas alterações funcionais. Assim, em 1950 é construído um novo refeitório, em 1954 é calcetado o pátio da parada e em 1970 é adicionado um segundo piso nas alas laterais, para servir de novas casernas.

Orimar Sageiv disse...

Desculpem a minha intromissão.Não fui para a Guiné, Moçambique, porque os Governadores daquela províncias não aceitavam o Comandante do Batalhão do qual fui integrado.
CISMI – TAVIRA

Alistado em 01 de Julho de 1968

Nº de sorteio zero quatro dois zero sete

1º Ciclo
Incorporado como Recrutado em 08 de Janeiro de 1969
Classe: 1969 / 1º Turno
Pronto da escola de recrutas em 30 de Março de 1969

2º Ciclo
Em 31 de Março de 1969, incorporado na especialidade de Sapador até 28 de Junho de 1969.

Regimento de Cavalaria nº 4 (RC 4)-Stª Margarida

Já nomeado para fazer parte da CCS / B. Caç 2904, a
01 de Julho de 1969, fui transferido para aperfeiçoamento da especialidade em minas e armadilhas.

A 01 de Agosto de 1969, fui transferido para o RI 19 em Bragança onde permaneci até 30 de Dezembro de 1969.

Regimento de Infantaria nº 1 (RI 1 – Amadora

Em 08 de Janeiro de 1970, fui transferido para esta unidade militar como centro de estacionamento do Bat. Caç 2094.
Em 18 de Fevereiro de 1970, embarcámos na Rocha Conde de Óbidos, no navio UIGE com destino a Angola.

Relativamente ao tempo de permanência no CISMI, subscrevo o que já foi expresso por alguns dos camaradas, aquelas bestas não tinham pejo algum de humilhar a "Pessoa" entre muitas situações desagradáveis que ali vivi durante os seis meses que permaneci (Recruta e Especialidade) lembro-me da 100 cambalhotas que um cabo miliciano me mandou fazer por eu ter arremessado, para o terreno onde íamos efectuar os exercícios, o primeiro pré que tinha recebido, mais uma humilhação para quem nas vésperas recebia 3.500$00 mensais. Nas salinas tenho outras tantas situações de humilhação. Quanto aos nomes dos comandantes de companhia, alferes e cabos milicianos, não sei fiquei com registo de nenhum deles.