Pàgina do Facebook da Càmara Municipal de Lisboa > 5 de dezembro de 2020. 17:00 > Aconteceu no dia 5 de Dezembro de 1931...
Também na "cabeça do império", a que chamávamos "metrópole", ainda há camaradas nossos que se lembram (ou lembravam, em 2013) de a malta andar descalça, até pelo menos ao final dos anos 50/princípios dos anos 60. Vejam-se alguns comentários ao poste P11288 (*):
Estou-me a referir aos meus tempos de estudante liceal.
(ii) Luís Graça:
No Norte do país também era prática corrente nos anos 50 e 60, os camponeses irem descalços para a feira, mas à entrada das vilas enfiavam os chinelos ou as tamancas, com medo da GNR...
Para que conste, em termo de comentário, gostava de lembrar que em Évora, minha terra natal e onde cresci e vivi até aos 18 anos, também existiam algumas regras sobre os "pé descalço", havia mesmo o Albergue Distrital de Mendicidade de Évora para onde eram levados e ali ficavam semi-aprisionados todos os que fossem apanhados descalços ou a pedirem esmola. Não eram presos em celas, mas não podiam de lá sair e tinham que trabalhar a terra de onde extraiam os produtos agrícolas...
Quanto ao trabalho posso também acrescentar que aquele que hoje é ainda um edifício actual e bem parecido onde funcionam o tribunal, registo civil etc, ao largo das Portas de Moura, que se chamava e creio manter o nome de Palácio da Justiça, foi construído, não sei se na totalidade, talvez não, mas com a mão d' obra dos presos da cadeia de Évora.
Todas estas situações eram medidas, creio que, generalizadas por todo o País, nada tendo que ver com outros aspetos de cor ou etnia...
Havia alguns alferes milicianos, oriundos das nossas pequenas cidades, que não sabiam que muitos mancebos das grandes aldeias apenas calçavam botas diariamente quando iam para a tropa.
Muitos sabiamos como era o uso habitual de socas e tamancos no mundo rural português. Alguns sabemos o que era regar os campos "a pé".
Quem não sabe que no nosso mundo rural dos anos 50 e princípios de 60 imensos pastores e trabalhadores braçais apenas iam ao mercado comprar sapatos e ir ao alfaiate fazer um fato quando iam à inspeção militar?
Quem não sabe que havia pares de calças só ia para o lixo quando os remendos já ocupavam maior área que o tecido original?
Estranhei ver na televisão recentemente um grande escritor, ex-oficial miliciano da guerra do ultramar, relatar como grande admiração, para um entrevistador estrangeiro: imagine que um dia um soldado me disse que a" primeira vez que calçou botas, foi quando veio para a tropa". Só um soldado?
Claro que os oficiais, oriundos da Linha de Cascais, não sabiam o que se passava na Linha do Vale do Tua nem na Linha do Minho.
Curioso que os angolanos, guineenses e alguns brasileiros, conheciam-nos melhor que nós próprios.
21 de março de 2013 às 12:17
(vi) Tony Borie (EUA):
Saúdo todos, em especial o Paulo Santiago, que é oriundo de Águeda, terra onde nasci. Gostei de ler as histórias do "pé descalço"!.
(vii) C. Martins:
Vai inseguro e descalço,
caminhando sobre a calçada...
Será policia, será gente,
Gente não é certamente,
bota do policia não bate assim.
Podia-se andar descalço...
Dinheiro para o calçado não havia,
Devia e não podia,
devia e não podia..
23 de março de 2013 às 04:20
Arquivo Distritakl do Porto > 21 de julho de 2020
A PROIBIÇÃO DO PÉ DESCALÇO na cidade do Porto surgiu na sequência de uma campanha da Liga Portuguesa de Profilaxia Social contra "o indecoroso, inestético e anti-higiénico hábito do pé descalço".
Dias depois de o governador civil do Porto proibir o pé descalço na cidade, o governador de Lisboa tomou a mesma decisão para a capital.
De repente uma população com muitos pobres via-se obrigada por lei a andar calçada. Dado que se tratava de um hábito muito enraizado nos portugueses, em termos práticos, tratou-se de uma campanha longa, intensiva e rica em materiais de divulgação.
A título de exemplo, hoje partilhamos (...) a publicação da LPPS que faz referência ao edital do Governo Civil que proibirá o pé descalço no Porto, a partir do dia 20 de maio de 1928.
códigos de referência:
PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/015-001/0587 (publicação LPPS)
(*) Vd. poste de 21 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11288: (De) caras (13): Guerra Ribeiro, natural de Bragança: de administrador colonial no tempo do Schulz a intendente no tempo de Spínola (Paulo Santiago / Cherno Baldé / António Rosinha)