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terça-feira, 7 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27292: Viagens à Guiné-Bissau: Amizade e Solidariedade (Armando Oliveira e Ricardo Abreu) (2): As hortas do Ricardo Abreu (Aníbal Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

1. Em mensagem de 30 de Setembro de 2025, o nosso camarada Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), enviou-nos mais um trabalho referente às viagens de amizade e solidariedade à Guiné-Bissau.


VIAGENS À GUINÉ BISSAU: AMIZADE E SOLIDARIEADE

II - AS HORTAS DO RICARDO ABREU

O Ricardo Abreu, ex-militar, sapador de minas e armadilhas da CCS do BART 6520/72, tem um orgulho enorme nos produtos da terra, que cultiva na sua horta e quintal, situada na freguesia de Canidelo-Gaia.

Nas seis viagens que já fez à Guiné (1999 a 2024), como não podia tratar do seu quintal e para não perder o hábito, abriu uma sucursal na Guiné e criou duas hortas. Uma em Tite, junto à estrada que vai para Bissássema, onde ensina os jovens da escola da Missão Católica a fazer sementeiras e a cultivar hortaliças, que depois são consumidas na cozinha da Missão. A outra localiza-se em Bissau nas imediações do Restaurante Machado, propriedade da D. Teresa (foto 4), a quem presta o mesmo voluntariado que em Tite. Em cada viagem que faz à Guiné, o Ricardo leva novas sementes para renovar o stock.

Comparando as fotografias, as de Bissau tiradas no ano 2010 e as de Tite em 2024, verifica-se que a horta desta última é mais modesta que a da D. Teresa de Bissau.

É pena que o rio Geba não possa contribuir com as algas que o Ricardo costuma utilizar para adubar as suas terras, em Canidelo-Gaia, de modo a aumentar a produção e qualidade dos produtos semeados em Tite.

O Ricardo e as suas algas

HORTA DE BISSAU

HORTA DE TITE
(continua)
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Nota do autor

Último post da série de 30 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27272: Viagens à Guiné-Bissau: Amizade e Solidariedade (Armando Oliveira e Ricardo Abreu) (1): Missão Católica e Hospital de Tite (Aníbal Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27272: Viagens à Guiné-Bissau: Amizade e Solidariedade (Armando Oliveira e Ricardo Abreu) (1): Missão Católica e Hospital de Tite (Aníbal Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

1. Mensagem do nosso camarada Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), com data de 26 de Setembro de 2025:

Caríssimo Carlos Vinhal
Estou de volta, desta vez para dar a conhecer as viagens à Guiné realizadas por dois camaradas, o Armando Oliveira e o Ricardo Abreu, que pertenceram ao BART 6520/72, 3.ª Companhia e CCS, respetivamente.

Um forte abraço
Aníbal Silva



VIAGENS À GUINÉ-BISSAU: AMIZADE E SOLIDARIEDADE

Os camaradas, Ricardo Abreu e Armando Oliveira, ex-militares do BART 6520/72, pertenceram à CCS sediada em Tite e à 3.ª Companhia sediada em Fulacunda, respetivamente.
O Armando é sobejamente conhecido deste Blogue, com 14 publicações, sendo o Tertuliano n.º 901.
O Ricardo, nascido no dia 19 de Maio de 1950 na freguesia de Arcozelo – Gaia e a residir em Canidelo – Gaia, foi soldado sapador de minas e armadilhas.

Estes amigos têm em comum o facto de já terem feito várias viagens à Guiné, em visita às populações das localidades onde fizeram o serviço militar, às quais fizeram entrega de muitas e diversas dádivas, angariadas ao longo dos meses anteriores às viagens, tais como: livros, cadernos e material escolar; bolas e equipamentos desportivos; bonés e t-shirts e sobretudo medicamentos, etc., etc.

O Ricardo foi pela primeira vez à Guiné em 1999 e depois em 2010 e 2015. Na companhia do Armando voltou nos anos de 2017, 2019 e 2024.
Nessas viagens fizeram alguns vídeos e tiraram umas largas centenas de fotografias, que vou passar a partilhar no nosso Blogue, devidamente autorizado pelos autores.



I - MISSÃO CATÓLICA E HOSPITAL DE TITE

Fotografias de 2015 – 2017
A Missão Católica “S. Pedro Apóstolo de Tite” é uma presença da Igreja Missionária no sul da Guiné, pertencente à Diocese de Bafatá, que atua em três frentes principais. Evangelização, com o anúncio da palavra de Deus e catequese; Educação, através de escolas rurais que oferecem refeições a 150 alunos; e Saúde, com a oferta de cuidados médicos e apoio a doenças como o HIV e tuberculose. A Missão mantida por Congregações e Instituições Brasileiras, busca o desenvolvimento social e espiritual da população local, num total de dez tabancas de etenia Balanta, que vivem em condições de grande pobreza.
Foto de família dos “Missionários” de março de 2014, com o Padre Lúcio e o Bispo de Bafatá, D. Carlos Zili, falecido aquando do Covid, bem conhecidos do Ricardo e do Armando.
Ricardo Abreu na abertura de uma mala com dádivas
Medicamentos e outros artigos
Armando, Ricardo, Padre Lúcio e uma enfermeira
Enfermarias
Sala de tratamentos
Ricardo e Armando com os jovens da equipa da Missão Católica, com equipamento oferecido pela Junta de Freguesia de Arcozelo-Gaia. Igual equipamento foi entregue na Tabanca de Nova Sintra
Igreja de Tite
Armando, Guedes, D. Carlos Zili (Bispo de Bafatá), Ricardo e Padre Lúcio
Procissão do Dia de Ramos de 2017
Almoços na Missão Católica de Tite

(continua)
_____________

terça-feira, 17 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26930: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (16): Para recordar; Quadro de Honra; Feridos em combate e Outros que serão sempre lembrados

CCAV 2483 / BCAV 2867 - CAVALEIROS DE NOVA SINTRA
GUINÉ, 1969/70


VIVÊNCIAS EM NOVA SINTRA

POR ANÍBAL JOSÉ DA SILVA


49 - PARA RECORDAR

A amizade entre todos era forte e sincera, que ainda hoje perdura. Mas dada a maior convivência destaco:

- Furriel Jardim, um bom amigo, conversador e conselheiro.
- Furriel Lima e Furriel Oliveira Miranda, os irmãos metralha, sempre pegados como o cão e o gato, mas bons amigos.
- Furriel Baeta, autêntico computador à época, grande memória pois sabia de cor algumas dezenas de números mecanográficos. Passados vinte anos num convívio perguntei-lhe se sabia o meu, tendo respondido de pronto 06026567 e é mesmo.
- Furriel Bettencourt, mais do que enfermeiro foi o médico que nunca tivemos.
- Furriel Brito, o nosso fotógrafo e DJ no quarto de Tite.
- Soldado Xabregas, espirituoso e sempre bem disposto e o poeta que escreveu a letra da marcha de Nova Sintra que começava assim:

Defendemos Nova Sintra
com muito orgulho e altivez
pertencemos à companhias
que é a dois quatro oitem e três
Furs Mil Jardim e Aníbal
Furs Mil Aníbal e Brito
Furs Mil Baeta e Miranda
Cap Bernardo; Lima; Ludovico; Aníbal e Lopes
Capitão Bernardo
Furs Mil Aníbal e Bettencourt

Obviamente não posso deixar de referir o capitão Bernardo, o nosso chefe, amigo de toda a gente, grande condutor de homens, cuja perda prematura foi muito sentida. Jamais esquecerei uma das suas palavras de ordem “à falta de meios avança a imaginação


50 - QUADRO DE HONRA

****** Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando ******

24 de Julho de 1969 - Soldado José Pedroso de Almeida
24 de Julho de 1969 - Soldado Adelino Sousa Santos
04 de Agosto de 1969 - Soldado Domingos Conceição Verdades Ventinhas
17 de Novembro 1969 - 1.º Cabo José Maria Lomba
17 de Novembro 1969 - Soldado António Abrantes do Couto


51 - FERIDOS EM COMBATE

Cap Cav - Joaquim Manuel Correia Bernardo, em 11/07/69
Fur Mil - José Joaquim Oliveira Miranda, em 24/07/69
Fur Mil - Aníbal José Soares da Silva, em 04/08/69
Fur Mil - Fernando José Barriga Vieira, em 17/11/69
1.º Cabo - Manuel João
Soldado - Isidoro Soares Machado
Soldado - Gabriel Matias dos Santos, em 17/11/69
Soldado - António Augusto Soares Poupada, em 17/11/69
Soldado - Leonel Jorge Pascoal Germano, em 17/11/69
Soldado - Joaquim Marques Batista, em 17/11/69
Soldado - José Maria Silva Soares



52 - OUTROS QUE SERÃO SEMPRE LEMBRADOS

E que entretanto faleceram, após o regresso a casa:

1.º Sargento Josué Júlio Monteiro Ludovico
2.º Sargento José Fidalgo Canaveira
Fur Mil Alberto Augusto Ramos P. Azevedo
Fur Mil José Santos Moreira
Fur Mil Jorge Manuel Frazão Damaso
1.º Cabo Artur Oliveira Soares
1.º Cabo Gregório João Revés
1.º Cabo José Correia
1.º Cabo José Manuel Chambrinho Braz
1.º Cabo Rogélio Carlos Cipriano
1.º Cabo Sérgio Alves Pereira
Soldado Amândio Alves Amaral
Soldado António Francisco Soares
Soldado António Jesus Garcia
Soldado António Augusto Fernandes Poupada
Soldado Carlos Alberto Neves Lourenço
Soldado Fernando Jacinto da Silva
Soldado Gustavo Liz Castro
Soldado João Henrique Martins Boleto
Soldado Joaquim Marques Batista
Soldado José Augusto Batista Rodrigues
Soldado José Guerreiro Estevans
Soldado José Joaquim Alves Cruz
Soldado Leonel Jorge Pascoal Germano
Soldado Manuel Gouveia de Oliveira (Xabregas)

ARCOZELO – GAIA, 01 de JUNHO DE 2020


(FIM)
_____________

Nota do editor

Vd. posts da série de:


4 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26551: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (1) Formação do BCAV 2867 - Partida para a Guiné e Chegada a Bissau

11 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26573: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (2): Partida para Nova Sintra - Chegada a Nova Sintra - Em Nova Sintra

18 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26595: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (3): A Alimentação

25 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26615: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (4): Cantina - Encontros em Bissau e Entretenimento

1 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26636: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (5): Jogos de futebol e voleibol - Natal e Fim de Ano de 1969 e Hotel Miramar e Pensão Xantra

8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26664: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (6): Pelotão de Caçadores Nativos 56 - Primeira vez debaixo de fogo e Emboscada virtual

15 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26692: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (7): Coluna de Reabastecimento a S. João - Coluna a S. João em 08/12/69 e Colunas de reabastecimento a Lala

22 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26714: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (8): O gerador; O bezerro; Os cães e a raiva; As botas trocadas; As abelhas e As rolas

29 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26743: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (9): Messe de sargentos; O Correio; A Enfermagem; As Transmissões e A Ferrugem

6 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26770: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (10): Os grandes azares; Insensatez; O ronco; Caso do Furriel Moreira e Chuveiro do abrigo dos Morteiros

13 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26796: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (11): Uma jóia de criança; A Tombó; Abutres e pelicanos e As larvas de asa branca

20 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26820: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (12): O meu acidente

27 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26852: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (13): Comissão liquidatária e Esferográficas Parker

3 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26878: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (14): Tite, Quarto dos Furriéis e Últimos dias em Bissau
e
10 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26904: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (15): A despedida do Quartel de Brá e o Regresso

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Guiné 71/74 - P26782: (De)Caras (231): O meu "mano" José Pedro Silva, sold, Pel Caç Nat 56 ... Ou a amizade não tem cor (Aníbal Silva, ex-fur mil SAM, vagomestre, CCAV 2483, Nova Sintra e Tite, 1969/70)



Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > CCAV 2483 e Pel Caç Nat 56 > c. 1º semestre de 1969 > Partida de futebol... (Os "manos Silva", Aníbal e Zé Pedro, são os dois militares da ponmta direita, na foto ao alto)



Sobrescrito da carta enviada ao José Aníbal Soares da Silva, fur mil, SPM 5698 (Nova Sintra)


Rementente da carta, José Pedro da Silva, soldado nº 27/0612, SPM 3978 (Bolama)



Carta do José Pedro Silva para o fur mil vagomestre Aníbal Silva:

Transcrição ("ipsis verbis):  

São João, 19 de janeiro de 1970

Inesquecível mano Aníbal:

Em primeiro de tudo desejo-lhe que esta minha
linhas lhe encontra com uma ótima saúde e 
felicidades.

Pois meu querido mano eu juntos
dos meus colegas e amigos do Pelotão, eu vou indo
menos graça a Deus o bom criador do Mundo.

Pois mano, por intermédio des-
tas minhas duas linhas, venho pedir grande fa-
vor de mandar-me oferecer 6 barries vazio, pa-
ra poder arranjar uma coisa, náo te esque-se por 
amor de Deus, por cabeça das suas famílias.

Pode entregar o nosso amigo Oliveira, ou Braz para
me guardar, até quando aparecer culuna para cá.

Mais nada por hoje obrigado,
Recebe abraço forte do seu irmão Zé Pedro.
Dê-me os meus cumprimentos para todos amigos de N. S.


Fotos (e legendas) Fotos (e legenda): © Aníbal Silva  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem de Aníbal Silva, ex-fur mil SAM, vagomestre, CCAV 2483 (Nova Sintyra e Tite, 1969/70); técnico de seguros, reformad0, vive em Arcozelo, Vila Nova de Gaia:

Data - 08/05/2025, 22:34

Assunto -. A Amizade Não Tem Cor


Caro Luís Graça

No poste  P26664 do dia 8 de Abril (*), fiz referência à enorme empatia que havia entre os militares da minha Companhia (Ccav 2483) e o pessoal do Pelotão de Caçadores Nativos 56.

Foram só três meses de convívio diário, mas suficiente para criar grandes amizades. Em Junho de 1969 o Pel Caç Nat 56 deixou-nos, tendo sido destacados para S. João, distante de Nova Sintra, mais ou menos 18 km e frontal a Bolama. 

Uma das amizades que restou, foi comigo e com o soldado nativo, de seu nome José Pedro da Silva. Como eu era tratado por Silva, o Zé Pedro associou o seu nome ao meu e dizia que eu era seu mano, irmão e também primo. 

Ver em anexo a sua carta de 19 de janeiro de 1970, em que começa com um "Inesquecível Mano" e na qual me pede 6 barris de vinho, obviamente vazios, para fazer cadeiras de baloiço. 

Não me recordo, mas muito provavelmente satisfiz o seu pedido, até porque os amigos são para todas as ocasiões.

Em dezembro de 1970 estava eu em Bissau na Comissão Liquidatária e numa deslocação ao Serviço de Saúde, instalado no Hospital Militar, onde fui resolver um auto relacionado com a enfermagem, ao passar por uma das enfermarias, ouvi chamar aos berros e repetidamente " Ó primo Silva".

Pareceu-me ser a voz do Zé Pedro, aproximei-me e era de facto. Estava internado para ser operado, extração de vários estilhaços que tinha nas costas. Seguiu-se um abraço emocionado. 

Na foto o Zé Pedro é o nativo à direita, junto a mim.

Um abraço de amizade

Aníbal Silva

(Revisão / fixação de texto: LG)

________________

Notas do editor LG:


(*) Vd. poste de 8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26664: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (6): Pelotão de Caçadores Nativos 56 - Primeira vez debaixo de fogo e Emboscada virtual

(**) Último poste da série > 8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26663: (De) caras (230): Dois manos ribatejanos que passaram por Mansabá, o Ernestino e o Nelson Caniço, um alferes e outro furriel, ambos de cavalaria, e hoje médicos

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25960: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (14): Da Maia para Vila Franca do Campo (São Miguel, Açores), do Abílio Machado para o Arsénio Chaves Puim, falando "de baleias e outros mamíferos, .... e da amizade que é uma coisa sublime"



Título: A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores
Autor: Arsémio Chaves Puim
Editora: Letras Lavadas, Ponta Delgada, São Miguel, RA Açores
Ano: 2024
Nº de pp. : 160 
Preço de capa: 18,00 €

Sinopse: A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores

«Com o livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, o investigador / escritor Arsénio Puim vem tirar a sua ilha do obscurantismo nesta saga, dando-lhe (também) a relevância merecida, assim como dar precioso contributo para a história mais alargada e profunda da Baleação nos Açores, agora mais enriquecida com a presente obra.

O livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, para além de compulsar o enquadramento histórico da saga, nesta ilha, desde a influência à implantação local; a destrinça das duas épocas da baleação ocorridas; registos de vivências bem-sucedidas ou fatídicas e o relevante impacto socio-económico da atividade, incorpora também um importante “Glossário Baleeiro”, de base fortemente oral e com formas aportuguesadas de empréstimos do Inglês (influência americana)».

José de Andrade Melo


 
Abílio Machado , o nosso querido "Bilocas" de Bambadinca, grande amigo dos velhinhos da CCAÇ 12, o Luís Graça, o Tony Levezinho, o Humberto Reis, o Gabriel Gonçalves, entre outros; ex-alf mil, contabilidade e administração, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72; e foi também um dos fundadores do grupo musical "Toque de Caixa"; vive na Maia; é natural de Guardizela, Guimarães, tem uma forte ligação a Riba d'Ave; é autor, entre outros títulos, do "Diário dos Caminhos de Santiago" (Porto, 2013).


1. Mensagem de Abilio Machado, dirigida ao Arsénio Puim, ex-alf mil graduado capelão, CCS/ BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)

Arsénio Puim, Vila Franca
do Campo (2023), São Miguel,
Açores

Assunto - Das baleias e outros mamíferos...

Data - quarta, 18/09/2024 , 18:30

Caro(íssimo) amigo Puim:

Vai esta com conhecimento - reconhecido - ao Luis Graça, pois foi ele que me deu conhecimento do lançamento do teu novo livro sobre a pesca à baleia na tua ilha querida de Santa Maria - um estranho às ínsulas açoreanas diria caça, dada a espécie e o avantajado do pescado. 

Mas como podemos nós, pobres pescadores de sardinha e atum e respigadores de cereais, meter foice em seara alheia? A foice é bem mais fácil de manejar que um arpão de uns bons quilos, que - imagino eu - exigirá, além de precisa pontaria, um poder de braço e pulso de que nem Teseu se ufanaria. 

Na verdade, só heróis mitológicos se alçariam a tais cometimentos, pensávamos nós, se desconhecêssemos que nas ilhas de bruma homens comuns se lançavam, ao sopro do búzio, em frágeis embarcações no encalço de seres mastodônticos que nem Deus saberá como criou. Não perseguiam nenhuma Moby Dyck, mas tão só o sustento diário para famintas bocas que em terra, mãe e filhos, rezavam para que a baleia cansasse e não arrastasse o pai - os pais todos - para os longes sem fim do oceano.

A amizade é uma coisa sublime, como sublimes são todas as coisas, como o amor, que mesmo não presenciais, têm a eficácia dos actos diários e rotineiros.

Ninguém nos arranca do peito nem deslaça o nó que sentimos quando, mesmo longe, pensamos nos amigos que a vida nos ofertou - porque é um ofertório e não destino o cruzarmos a nossa com outras almas que, diversas ou iguais, se engraçaram entre si. E foram muitas, para meu deleite, as que comigo se enlaçaram.

Como dizia o Luis, parabéns, parabéns, parabéns!!!, por mais uma obra que só do amor entranhado pela tua terra nasceria.

Grande, grande abraço para ti, esposa e filhos.
Do coração,
Abilio Machado

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25959: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (13):  no rio Corubal, na travessia para o  Cheche (e Madina do Boé), que agora tem jangada nova... (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz "Embaló")

sábado, 4 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25478: (De) Caras (207): Homenagem póstuma da sua terra natal, Mealhada, ao ex-1.º Cabo At Inf do Pel Caç Nat 58, José da Cruz Mamede (1949-1970), morto na emboscada de Infandre, em 12/10/1970


O José da Cruz Mamede, de Casal Comba, Mealhada, morto em 12 de outubro de 1970:  foto de álbum da família. Cortesia de Lucília da Cruz Mamede (2007)  e do nosso camarada Afonso Sousa (*).


1. Por pesquisa na Net, ficámos a saber que a Câmara Municipal da Mealhada, em reunião ordinária de 26 de junho de 2021, aprovou por unanimidade "a alteração toponímica, na localidade de Casal Comba, da atual 'Rua de Trás das Eiras' para 'Rua José da Cruz Mamede'. Por ser esta a rua onde nasceu e viveu o homenageado antes da sua mobilização para a Guerra Colonial e onde viveu a sua família." (**)


Adicionalmente, registe-se aqui o número de mortos, na guerra do Ultramar / guerra colonial, naturais do concelho da  Mealhada:  foram 17 no total (dos quais 4 no TO da Guiné) (Fonte: Portal UTW - Dos Veterenos da Guerra do Ultramar).





2. Artigo de opinião, publicado no "Jornal da Mealhada", em 19 de dezezembro de 2018, em que Fausto Cruz já então defendia a atribuição de honras toponímicas ao seu amigo e vizinho de infância José da Cruz Mamede. 


Ser sexagenário adensa as vivências passadas e leva-nos a sentir com mais emoção as ocorrências a que nos sujeitamos no tempo. Razão que leva a trazer para aqueles que tenham a coragem de ler este texto, um tema que há muito se afigura de elevada justeza.

Quem nasce num meio rural e pobre, nunca consegue avaliar as perdas e ganhos comparativos a outros que beneficiaram de potenciais mordomias.

A verdade é que a infância, em qualquer quadro que se tenha vivido, deixa-nos marcas que jamais conseguimos apagar. Delas fazem ou fizeram parte um alargado universo de pessoas, onde se evidência as crianças com quem partilhamos bons e maus momentos.

Fui companheiro, quase inseparável, desde o início da idade escolar. Vivia, na altura, próximo do largo da aldeia e eu, mais distante, na rua que se designava por Outeiro. Apesar de percorrermos caminhos diferentes, era difícil entrar na sala de aulas um sem o outro. Chegávamos muitas vezes mal calçados, a tinir de frio, com a nossa sacola de cotim às costas e, só depois de nos saudarmos, seguíamos para as carteiras que o mestre Prof. Joaquim Andrade vigiava. Os intervalos serviam para rever os temas mais variáveis, como para programar o "assalto" ao local onde existisse fruta.

Crescemos em sã convivência. Os nossos pais aceitavam a nossa amizade, o que nos permitia ser mútuos convidados para o "sarrabulho" e "ceia da matança" do porco. Aprendi, com esse meu amigo, a conhecer o perfeito estado de maturação dos diospiros, depois de uma amarga experiência com o fruto, desviado do quintal do Dr. Elias, que se apresentava bonito, mas nos deixou com a boca áspera.

Os anos passaram sem que existisse corte ou desvio da nossa amizade. Já rapazolas, disputávamos a chegada à Praia de Mira, nas “pasteleiras” que dispúnhamos. Para meu desgosto era quase sempre ele o vencedor, pois usufruía de grande aptidão para pedalar a bicicleta.

A adolescência passou e os anos mais marcantes da juventude, o que nos forçou a algum afastamento. A imposição do serviço militar exigiu caminhos totalmente opostos.

Alguma sorte em meu benefício permitiu cumprir, essa forçosa obrigatoriedade, bem próximo da minha residência no continente. O mesmo não aconteceu ao meu bom amigo. Vestiu a farda bem mais longe e foi incorporado numa "companhia " mobilizada para a Guiné.

Eu constituí família e tenho o privilégio de, há quase cinquenta anos, usufruir do bom e menos bom que a vida nos proporciona.

Esse meu velho companheiro não teve a mesma sorte. A 12 de Outubro de 1970, numa operação militar, em confronto com o inimigo da época, não resistiu aos destroços provocados por uma bala que trespassou o seu crânio, roubando-lhe a vida de vinte e um anos.

Perdeu-se o conterrâneo, o amigo, o irmão, o familiar e o filho.

Pobres pais que carregaram o peso do desgosto com tanta amargura, até ao final de vida.

Pobre mãe que nunca mais conseguiu forças para superar tamanha dor. A vivência em permanente angústia, desencadeou tão complexas patologias que a empurraram para um fim de vida precoce.

Está a aproximar-se a data que marca os cinquenta anos após esse fatídico acontecimento. Era oportuno marcar essa data com algo visível que avivasse a memória dos vivos e transportasse à geração presente e futuras os horrores da perda de um ente querido em tão trágicas circunstâncias. É imperioso que os jovens de hoje e do amanhã, tenham presente o terror que, os também jovens naquele tempo, sentiam com a permanente ameaça de serem obrigados a viajar para continentes desconhecidos, para combater numa guerra que só interessava a alguns.

É forçoso não deixar esquecer esse período trágico que originou a morte de 8831 jovens (leiam bem, oito mil, oitocentos e trinta e um!...) e manchou de luto todo o nosso país.

É, pois, chegada a hora de perpetuar o nome de José da Cruz Mamede, atribuindo o seu nome, em placa toponímica, a uma rua, um largo ou praça na terra que o viu nascer.

Medida que será justo estender a mais dois combatentes da nossa freguesia, que morreram pela mesma causa:

Alípio de Jesus Delfim, natural da Silvã, morto em combate em Angola, a 5 de Setembro de 1965; e Osvaldo Simões Godinho, natural da Vimieira, morto em combate em Moçambique, a 11 de Agosto de 1973.

Foi destes jovens que a nossa freguesia ficou órfã nesse conflito que designaram como "Guerra Colonial".

É à nossa freguesia que assenta o dever de colocar, aos olhos dos vivos, os nomes daqueles que, em nome do País, lhes ofereceram a morte.

Verdadeiros "Heróis da Terra"

Casal Comba - Mealhada

(Reproduzido com a devida vénia)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de maio de  2024 > Guiné 61/74 - P25476: 20.º aniversário do nosso blogue (14): Alguns dos melhores postes de sempre (X): O fatídico dia 12 de outubro de 1970: a emboscada de Infandre, Zona Oeste, Setor 04 (Mansoa) (Afonso Sousa, ex-fur mil trms, CART 2412, 1968/70)

(**) Último poste da série > 24 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25436: (De) Caras (206): Arsénio Puim, ex-alf graduado capelão, CCS/BART 2917 (Bambadinca, mai 70- mai 71), vai fazer 88 anos em 8/5/2024... Associemo-nos à homenagem (e a surpresa) que lhe quer fazer a Tertúlia Açoriana.