O nosso camarada Carlos Cordeiro, na qualidade de aluno, investigador e professor da Universidade dos Açores, foi homenageado no passado dia 14 de Abril por esta academia, a que esteve ligado durante 40 anos.
Do evento damos notícia, alertados pelo nosso outro camarada açoriano, José Câmara, que nos enviou a notícia publicada no jornal Correio dos Açores, que aqui transcrevemos com a devida vénia.
O Professor Carlos Cordeiro no dia em que foi homenageado pela Universidade dos Açores onde estudou e leccionou
1 - Com a devida vénia ao Jornal Correio dos Açores, na pessoa do seu Director Américo Natalino Viveiros e à Chefe de Redacção Nélia Câmara, autora da reportagem, reproduzimos as páginas 18 e 19 daquele prestigiado diário açoriano, referentes à Homenagem da Universidade dos Açores ao nosso camarada e amigo Carlos Cordeiro.
Texto inserto na página 18 acima apresentada
Reconhecimento do trabalho enquanto investigador ultrapassa as fronteiras do país
Carlos Cordeiro homenageado pela escola que desenvolveu na Universidade açoriana
Autonomia e regionalismos estiveram sempre presentes na sua investigação
e o seu trabalho enquanto historiador fez escola na academia açoriana
Professor aposentado da
Universidade dos Açores,
Carlos Cordeiro foi ontem
homenageado na academia
onde estudou e leccionou
durante 27 anos, tendo sido
professor de várias gerações
tanto do ensino secundário
como universitário, de vários
cursos, que ontem, e
hoje, o recordam com carinho,
pela amizade que
dispensa a todos. Mas muitos
foram também os mestrandos
e doutorandos que
o Professor Auxiliar com
Agregação da Universidade
dos Açores, onde concluiu
o doutoramento e prestou
provas de agregação, acompanhou
como orientador no
ramo de História. E como
foram tantos os estudantes
que receberam os seus
ensinamentos, o anfiteatro
C da Universidade encheu por completo, também
com a presença de familiares, colegas,
amigos e autoridades militares e civis. Uma
homenagem de reconhecimento muito sentida,
com Carlos Cordeiro visivelmente emocionado,
acompanhado da mulher e filhas.
Mas quem melhor para falar do trabalho do
historiador micaelense [um autonomista convicto],
do que quem sempre esteve a seu lado a
nível académico senão o orador da sessão, seu
orientador, Luís Reis Torgal, da Universidade
de Coimbra, que ao nosso jornal teceu rasgados
elogios ao homem e à obra do homenageado.
“Esta é uma homenagem justa, que me
muito me orgulha participar, porque é uma homenagem
a alguém que esteve sempre ligado a
mim, do ponto de vista científico, institucional
e pessoal. Desde o início da carreira de Carlos
Cordeiro que estou ligado a ele. É uma figura
que me marcou como colega, como meu orientando,
nem sempre fácil, mas é certo é que ele
levou sempre tudo a bom termo e, por isso
mesmo, acho que é uma figura significativa da
História e da história da universidade”.
Com a grandiosidade do trabalho académico
feito por Carlos Cordeiro, Luís Reis Torgal,
que é professor catedrático, lamenta que o homenageado
não tenha “ultrapassado, devido a
condicionalismos da Universidade, a categoria
de Professor Auxiliar. Uma pessoa com a ca-
Sessão de Homenagem: Carlos Cordeiro, João Luís Gaspar, Susana Serpa Silva e Luís Reis Torgal
tegoria do professor Carlos Cordeiro merecia
ser catedrático. Eu estive em todas as provas
dele desde as provas iniciais para assistente,
quando não havia ainda mestrado, e depois nas
provas de doutoramento e agregação, e lamento
que tenha terminado a carreira sem que a
Universidade, não a Universidade dos Açores,
mas no geral, porque não sabe agradecer aos
professores que estiveram sempre nela, com
ela e para ela, como é o caso de Carlos Cordeiro”.
Sobre isso Carlos Cordeiro remeteu-se
ao silêncio, embora emocionado pelas palavras
daquele que foi o seu mestre proferidas
ao nosso jornal e a uma vasta plateia. Quanto
à homenagem, declarou que o significado da
mesma “é ter aqui os meus colegas, os meus
alunos, os meus orientandos, os meus camaradas
(antigos combatentes no ultramar), o meu
Reitor… Pois quiseram vir demonstrar a sua
amizade e reconhecimento pelo meu trabalho”.
Reitor reconhece a obra
de Carlos Cordeiro
João Luís Gaspar, enquanto Reitor da academia
açoriana, ao Correio dos Açores não
quis personalizar a questão de a Universidade,
no geral, não reconhecer, como disse Torgal,
o trabalho profícuo dos seus docentes-investigadores,
mas opinou: “Sem querer particularizar,
posso dizer apenas que as universidades
necessitam de rejuvenescer. Temos pessoas
extraordinárias que trabalharam connosco e
precisamos de sangue novo. Esse é um dado
que o Ministério [Ensino Superior], hoje em
dia, reconhece e que nós esperamos ver efectivado
nos próximos anos, uma vez que o Ministério
já disse que vai, com uma política diferente,
dar a oportunidade à universidade para
que possa fazer escola. E o professor Carlos
Cordeiro, como outros, fez escola na casa. É
preciso gente nova que os siga, com novos
projectos e novas ideias”.
O Reitor da Universidade dos Açores admitiu
ser “com todo o gosto” que marcava
presença na cerimónia de homenagem a uma
figura ligada à História açoriana. “Não tive
o privilégio de trabalhar com o professor estes
anos, mas a qele reconheço uma actividade
científica muito grande, acima de tudo na
construção do edifício universidade que somos
hoje. Celebramos agora 40 anos de existência
e o professor Carlos Cordeiro, como aluno e
como professor, está aqui desde o princípio
e, portanto, por este facto, o nosso reconhecimento”.
Nélia Câmara
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Texto inserto na página 19 acima apresentada
A História da Região foi escrutinada sob o ponto de vista histórico por Carlos Cordeiro
O legado do homenageado é uma
investigação sólida sobre os Açores
Na cerimónia foi também lançada
a obra “História, Pensamento e Cultura
– Estudos em homenagem a Carlos
Cordeiro”, com coordenação dos historiadores
Manuel Sílvio Alves Condes e
Susana Serpa Silva. E é esta historiadora
da academia açoriana a primeira
responsável pelo evento que faz questão
de dizer que “esta organização foi
uma decisão da área de História do
Departamento de História, Filosofia e
Ciências Sociais da Universidade dos
Açores que decidiu homenagear quem,
durante 27 anos, deu muito de si não só
ao ensino superior, formando gerações
de alunos e orientando numerosos mestrandos
e doutorandos – fazendo escola
– como também é uma figura marcante
no domínio da História dos Açores em
temas que são essenciais à nossa História, como
a questão da Autonomia e dos Regionalismos.
Esta cerimónia é, digamos, de uma área científica
a um dos seus elementos e que também
foi, durante quatro anos, Director do Departamento”.
Questionada Susana Serpa Silva sobre as
características que diferenciam o homenageado,
sublinhou que “o professor Carlos Cordeiro tem
o valor que não desmerece o dos outros colegas,
mas ele sempre foi uma pessoa que soube granjear
uma relação de grande amizade e abertura
com os seus alunos e com os colegas. Teve, de
facto, um papel, muito importante como professor,
como investigador e deu muito à história contemporânea dos Açores”.
Já no que toca ao legado, a professora não
tem dúvidas de que Carlos Cordeiro “tem toda
uma obra publicada que é bastante significativa”,
garantindo que os colegas usam os trabalhos
publicados pelo homenageado, pois ele é
“uma pessoa reconhecida a nível nacional e internacional
e é, de facto, uma pessoa marcante
na história da própria universidade e esta universidade
insular e atlântica foi construída com
o esforço de todos os docentes, dos alunos, das
equipas reitorais mas também pelo professor
Carlos Cordeiro”.
Carlos Cordeiro como historiador tem trabalho
reconhecido nos Açores, em Portugal
continental, nas comunidades mas também a nível internacional, com
incidência na sua investigação
sobre autonomia e
regionalismo. As suas obras
de investigação e artigos
publicados na imprensa regional
e ensaios nas revistas
de especialidade também
revelam o seu pensamento.
É autor de “Insularidade e
continentalidade: os Açores
e as contradições da Regeneração
1851-70” (1992), “Na
Senda da Identidade Açoriana”,
(Antologia de Textos do
Correio dos Açores), (1995),
“Nacionalismo, Regionalismo
e Autoritarismo nos
Açores durante a I República”,
(1999) (coord.) , “Autoritarismos, Totalitarismos
e Respostas Democráticas”, (2011).
Do seu vasto currículo refira-se, a saber:
“investigador integrado do Centro de Estudos
Interdisciplinares do Século XX da Universidade
de Coimbra e Director do Centro de Estudos
de Relações Internacionais e Estratégia da
Universidade dos Açores”.
Coordenador do Mestrado em Relações Internacionais
da Universidade dos Açores, integrou
a Comissão Científica do Dicionário da
República e o Comité Organizador do Congresso
Histórico Internacional “I República e Republicanismo”.
Nélia Câmara
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Comentário do editor:
Confidenciou-nos o Carlos:
"Foi uma sessão muito bonita mesmo. Tive lá a família, colegas da Universidade (mais trabalhadores do que docentes, segundo me pareceu), colegas da escola primária e industrial, antigos alunos e orientandos, camaradas Antigos Combatentes, amigos de todo o lado mesmo.
Foi uma prova imensa de amizade e de, sei lá, carinho, camaradagem.
A sala cheia. O reitor fez uma intervenção muito simpática, oferecendo-me a medalha dos 40 anos da Universidade, porque lá estou, como aluno ou professor há 40 anos, tirando três em que fui professor do ensino secundário.
Foi isto: amizade!"
Quanto ao livro:
"O livro está muito bom mesmo. São 27 colaborações de colegas, a maior parte do centro de que faço parte da Universidade de Coimbra.
São 594 páginas."
A tertúlia do Blogue congratula-se por esta homenagem ao Homem e ao Professor Carlos Cordeiro, que temos a honra de contar como camarada e amigo desde há alguns anos.
Para ele vão os nossos parabéns e os votos de que continue a fazer o que mais gosta, investigar e ensinar História.
CV
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Nota do editor
Último poste da série de 25 de abril de 2016
Guiné 63/74 - P16017: Efemérides (221): Tempos passados ou como recuar a 24 de Abril de 1970, data de embarque do BCAÇ 2912 com destino à Guiné (António Tavares, ex-Fur Mil)