Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 6 de agosto de 2011
Guiné 63/74 - P8644: Recortes de imprensa (43): O pacto secreto de NINO com a PIDE, jornal TAL & QUAL, 14 Maio 1999 (Magalhães Ribeiro/Manuel Marinho)
Guiné 63/74 - P8643: Estórias avulsas (56): Quando o Dulombi foi flagelado pelo PAIGC com “Armas Pesadas” (Luís Dias)
18 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8567: Estórias avulsas (114): O tio Quim Quim (Felismina Costa)
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Guiné 63/74 - P8642: Notas de leitura (262): Marcello e Spínola: A Missão do Fim (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Tive que ler duas vezes até me convencer que comprei gato por lebre. É espantoso como um professor catedrático vem incensar uma tese de mestrado, fala em inegável marca de qualidade, quebra com a rotina historiográfica e ineditismo de abordagem. Não é que o jovem mestre não tenha sido cuidadoso na investigação, o resultado é água chilra, tudo quanto se diz sobre o salazarismo, o marcelismo e o spinolismo não traz novidade nenhuma.
Bem dizia a minha avó que só é novo o que foi esquecido, neste caso é um acto de prosápia da mais descarada vir dizer que este trabalhinho é uma renovação dos estudos históricos. Andamos a falar nas manigâncias das agências de rating e deixamos no seu impune sucesso estes trapaceiros da investigação histórica.
Um abraço do
Mário
Marcello e Spínola: entre o déjà vu e o óbvio
Beja Santos
O livro chama-se “Marcello e Spínola: A Missão do Fim” (por Márcio Barbosa, Edições Almedina, 2011). No prefácio, o Professor Doutor Rui Cunha Martins exalta o ineditismo da abordagem e classifica este contributo como um marco referencial para a renovação dos estudos históricos sobre o Portugal contemporâneo, uma leitura incontornável.
Lê-se o estudo e fica-se com a convicção profunda que o dito professor está a gozar connosco, está a apadrinhar um estudo banal, dispensável (mesmo que consciencioso) que nada acrescenta ao que já sabíamos. Vamos aos factos. Marcello Caetano e Spínola estão efectivamente associados ao fim da era colonial, todo esse dramatismo está suficientemente detalhado, a bibliografia está identificada, não há ainda provas sobre o tempo e os termos da rota de colisão entre o presidente do Conselho e o Governador da Guiné, muito menos é possível associar Amílcar Cabral como peça charneira desse drama. Matéria, aliás, de pouca monta. Vamos por partes.
Primeiro, não se percebe uma longa cronologia sobre as primícias da ditadura em Portugal, está tudo documentado quanto ao modo como Salazar criou um regime chamado “Situação”, como Caetano nele colaborou dedicadamente, mas com ampla margem de manobra face ao ditador que veio de Coimbra. Não há ninguém que não saiba que Salazar e salazarismo são a mesma coisa, que Caetano era um colaborador crítico e por vezes incómodo, sobretudo quando dizia abertamente que o regime corporativo nunca saíra do papel. Como está amplamente documentado que para além de uma grande admiração que o ditador nutria por Caetano nunca lhe conferiu o estatuto de delfim. Meio livro é dedicado a dizer coisas consabidas sobre Salazar, a evolução do regime ditatorial e o início da guerra colonial. O estudo lê-se bem, é um bom resumo sobre a ligação entre Salazar e Caetano, fazendo avultar as dissemelhanças e não ocultando o carácter conservador e permanentemente legalista de Caetano.
A chegada de Caetano a S. Bento é também uma crónica com poucas surpresas: ele vai ficar refém de Tomás, da evolução da própria guerra e da sua incapacidade em pôr em prática o que designava por “autonomia progressiva para o Ultramar. A ligação de Caetano com as colónias, em 1944, também está profundamente estudada como é igualmente conhecida a sua posição federalista, que ele transmitiu ao Conselho Ultramarino. Aqui também não há surpresas, Caetano procura lançar Angola e Moçambique numa senda desenvolvimentista e por outros meios procura fazer o mesmo no Portugal europeu. Tudo correu sem prenúncios de borrasca apocalíptica até 1973.
Quando chega ao poder, em Setembro de 1968, Spínola já partira para a Guiné com ideias muito próprias do que ia fazer na guerra e na captação das populações. Irão entender-se bem, nesses primeiros anos, Spínola não esconde a ninguém que nunca se ganha militarmente uma guerra subversiva. Isto é muito bom de dizer quando não há o risco de a perder, Spínola falhou a paz no chão manjaco, falhou a invasão de Conacri, não conseguiu inverter o curso da guerra ou desalojar o PAIGC das suas posições. Certo é que consolidou os apoios que os portugueses tinham como certos, sobretudo junto dos fulas e mandigas, lançou a Guiné no progresso e recebeu apoio caloroso para a sua política da “Guiné Melhor”. Mas foram trunfos insuficientes.
Enquanto isto ocorre no mais belicoso dos teatros de operações, Caetano não convence com a” renovação da continuidade”. Na revisão constitucional, Caetano é forçado ao jogo do equívoco, teme o descontentamento dos ultras ou a perde de confiança do Almirante Tomás. É nesse ano de 1972 que parece surgir uma oportunidade de conversações de paz na Guiné. Dizer-se que Amílcar Cabral estava disposto a conferenciar com Spínola e não dispor de um documento a favor dessa tese, havendo até testemunhos contrários de Aristides Pereira e Luís Cabral é conjectura irrelevante. O que se negociou, e bem, foi um encontro entre Senghor e Spínola, logo que soube dos resultados (uma proposta de autonomia a prazo, que seria coroada pela independência), Caetano proíbe novas conversações. Caetano não vislumbrou saída política, insidiosamente tudo se encaminhou para um impasse, só que subitamente o teatro de operações da Guiné entrou em tumulto: após o assassinato de Amílcar Cabral, as ofensivas do PAIGC e a chegada de armamento tecnologicamente superior inverteram o curso da guerra.
Porque é na Guiné que deixa de haver impasse militar, os relatórios da delegação da PIDE/DGS na Guiné bem avisam Lisboa de que o PAIGC e sobretudo Cabral terá possibilidades de fazer a independência e acelerar a toada ofensiva nos teatros de operações. Caetano é intransigente, não abre mão para negociações com o PAIGC, elas só terão lugar quando o regime tiver entrado no ocaso, em Março de 1974. O que Spínola propõe em “Portugal e o Futuro” já não é concretizável, após a morte de Cabral só resta a independência.
Se todo este relato decorre de uma atmosfera de seriedade da investigação, sem qualquer elemento inovador, a conclusão não fica atrás: que nos anos 60 o Estado Novo já não era realizável, já não havia condições para regimes autoritários com o tipo de alianças políticas sem as quais Portugal não podia viver; que o projecto político de Caetano era um compromisso inviável com a renovação, ele que era tão radicalmente anti-revolucionário, tão dentro da legalidade; que rejeitou a negociação com o PAIGC de Amílcar Cabral (argumento absurdo, não há provas de que Cabral tenha apoiado as teses de Senghor, a posteriori); que os spinolistas lamentaram esta perda de oportunidade e também por isso apoiaram Spínola, se bem que sem medir as consequências de que se caminhava alegremente para o fim do Império.
Resta questionar como é que é possível um professor catedrático vir elogiar esta digressão de investigação bem elaborada sem mais nada, sem mais futuro. Dá que pensar como as universidades se entretêm em circunlóquios autistas e depois pretendem embasbacar o público. Este livro é gato por lebre, é mais um comprovativo de que a melhor investigação já não passa pelos títulos universitários.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 2 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8629: Notas de leitura (261): Amílcar Cabral – Vida e morte de um revolucionário africano, por Julião Soares Sousa (4) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8641: Blogpoesia (156): O Sonho e a Realidade ou a angústia de uma sentinela (Juvenal Amado)
Caros camaradas
Quem não se lembra das noites passadas nos postos de vigilância em que o cansaço e o sono nos faziam ver um inimigo em cada sombra, onde os sons se tornavam quase fantasmagóricos.
Quando a luz parda do pré-amanhecer despontava, desfazia as nossas dúvidas sobre as sombras, e os sons eram substituídos pelos afazeres dos homens e mulheres.
Era com um inegável prazer que víamos e ouvíamos o Mundo despertar.
Juvenal Amado
O SONHO E A REALIDADE
Escrevo e alinho as ideias
Elas jorram desordenadas
Sem rimas
Outros disseram que era poesia
Condenso palavras vagas
Assim a vida é poesia
As palavras explodem
Urgentes como a luz da aurora
Sonolento, encosto-me aos bidões
Noites longas para quem espera
Aguço o ouvido
Só a natureza fala que é a voz de Deus
Dos geradores fica o silêncio
Timidamente através da floresta
A luz parda da manhã eleva-se no horizonte
Os últimos pássaros nocturnos
Lançam o seu desafio no ar
Também eles se despedem da noite
Não tardará e Sol elevar-se-á majestoso
Milagre repetido todos os dias
Rapidamente tornar-se-á agressivo e impiedoso
Vergará homens e mulheres
Recomeça a vida haverá alegrias e tristezas
O som ritmado do pilão espalha-se no ar
Parece música
Este pequeno canto do Mundo acorda
Cumprirá a sua tarefa.
Com a boca pastosa dos cigarros
Saboreio lentamente café e pão
O abrigo na penumbra do amanhecer
Reserva-me protecção e frescura
Vou-a saborear nem que seja por breves momentos
Despojado de tudo nos lençóis brancos
Prazer que vivo por antecipação
Fecho o mosquiteiro
Fecho os olhos e ainda acordado
Sonho com outro lugar
Paragens tão belas de névoas rasteiras
Que transbordam de perfeição
Mas porque ela não existe para além do sonho
O que será de mim sem sonhos?
E se condensar é poesia
Então em sonho, eu faço alguma poesia
Juvenal Amado
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8566: Blogpoesia (152): Uma parte de nós ficou para sempre lá (Juvenal Amado)
Vd. último poste da série de 2 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8630: Blogpoesia (155): Pôr-do-sol alentejano (Felismina Costa)
Guiné 63/74 - P8640: História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74): Ilustrações (Parte I) (Jorge Canhão)
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Guiné 63/71 - P8639: Em busca de... (173): Contacto de camaradas da CCS/BCAÇ 2834, Buba, 1968 (Manuel Traquina)
Camarada Vinhal:
Agradeço se possível algum contacto com elementos da CCS do BCAÇ 2834 que esteve em Buba no ano de 1968.
Não me recordo do número da Companhia com a qual estivemos cerca de um ano.
Um abraço
Traquina
Sobre o BCAÇ 2834:
Unidade Mobilizadora: RI 15 - Tomar
Comandante: TCor Inf Carlos Barroso Hipólito
2.º CMDT: Maj Inf Rui Barbosa Mexia Leitão
Of Inf Op/Adj: Maj Inf Albino Simões Teixeira Lino
CMDTs CCS:
Cap SGE António Freitas Novais
Cap Mil Art António Dias Lopes
Cap Inf Eugénio Batista Neves
CMDT CCAÇ 2312: Cap Mil Inf Júlio Máximo Teixeira Trigo
CMDT CCAÇ 2313: Cap Inf Carlos Alberto Oliveira Penim
CMDT CCAÇ 2314: Cap Inf Joaquim de Jesus das Neves
Divisa: "Juntos Venceremos" - "Para Vencer, Convencer"
Partida: 10JAN68
Regresso: 23NOV69
Síntese da Actividade Operacional
Em JAN68, rendendo o BART 1904, assumiu a responsabilidade do sector de Bissau, com a sede em Bissau e abrangendo os subsectores de Brá, Nhacra e Quinhamel, comandando e coordenando a actividade das subunidades ali estacionadas, por forma a garantir a segurança e defesa das instalações e populações da área; as suas subunidades foram então atribuídas a outros sectores.
Em 24JUN69, foi substituído no sector de Bissau pelo BCAÇ 1911 e assumiu em 25JUN68 a responsabilidade do Sector S2, com sede em Buba e abrangendo os subsectores de Sangonhá, que viria a ser extinto em 29JUL68, Gadamael, Cameconde, que desde 20DEZ68, passou a subsector de Cacine, Guileje, Gandembel e Buba, onde rendeu o BART 1896.
De 20AGO68 a 07DEZ68, a sua ZA foi reduzida dos subsectores de Guileje e Gandembel, que foram atribuídos temporariamente ao COP 2.
Em 15JAN69, a sua sede foi transferida para Aldeia Formosa, onde substituiu COP 1 e sendo então o subsector de Aldeia Formosa, incluído na sua ZA. Em 29JAN69, o subsector de Gandembel foi extinto e em 19JAN69, o subsector de Buba foi atribuído ao COP 4, então criado. Em 10JUL69, por transferência da sede do COP 4 para Aldeia Formosa, o Batalhão deslocou a sua sede para Gadamael, abrangendo nesta altura os subsectores de Guileje, Cacine e Gadamael.
Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimentos, emboscadas e segurança e controlo dos itinerários, bem como operações e acções sobre as linhas de infiltração e bases inimigas, orientada para a desarticulação dos grupos inimigos que procuravam fixar-se na sua ZA e ainda para a segurança e protecção dos trabalhos da estrada Buba-Aldeia Formosa.
Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 2 pistolas-metralhadoras, 1 espingarda, 115 granadas de armas pesadas, 20 cunhetes de munições de armas ligeiras e 92 minas anticarro e antipessoal, destas, parte detectada e levantada nos itinerários.
Em 30SET60, recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso, sendo a sua ZA integrada no Sector S3, então sob responsabilidade do BART 2865.
Notas do Editor:
- Elementos recolhidos na Resenha Historico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), 7.º Volume, Fichas das Unidades, Tomo II, Guiné.
- Emblema da colecção do nosso camarada Carlos Coutinho
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 25 de Julho de 2011 > Guiné 63/71 - P8600: Em busca de... (172): Adalberto Santos, ex-Pára-quedista do BCP 12, Guiné, 1967/72, procura camaradas
Guiné 63/74 - P8638: Facebook...ando (12): Voz dos Combatentes... (Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519)
1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:
Camaradas,
Gostaria de vos dirigir um apelo para que adiram a uma conta no Facebook, que pretende ser um sítio de utilidade máxima para todos os Combatentes da Guerra do Ultramar e cujo endereço é: VOZ DOS COMBATENTES.
Nesta nova página virtual propõe-se a união de todos os Combatentes da Guerra do Ultramar, sem excepção de qualquer tipo, para dar voz a todos que ali se queiram pronunciar objectivamente sobre esta matéria, nomeadamente contra o ostracismo e o desprezo em que nos encontramos votados, salvo casos muito pontuais sem grandes efeitos práticos desde o 25 de Abril de 1974, por parte do poder político nacional, e a realizar uma Assembleia Nacional de Combatentes, para, entre outras decisões de interesse para a nossa classe, definirmos e formalizarmos um adequado e justo caderno reivindicativo, com a maior unanimidade possível.
Uma vez finalizado e aprovado, o caderno reivindicativo será entregue, por uma comissão a designar para o efeito, ao 1º Ministro do governo vigente.
Os membros autores desta página têm diversas tarefas pela frente (quase todas elas parte do referido caderno), nas quais pretendem empenhar o seu melhor e máximo de esforço para tomadas de resoluções firmes, claras e objectivas, em prol da nossa dignidade, direitos e bem-estar, em tempo útil, ou seja enquanto estamos vivos.
Entre as ditas tarefas, destaco as mais relevantes:
1 - A retirada das ruas e acolhimento em instalações condignas de todos os Combatentes afectados pelo distúrbio de Stress Pós Traumático da Guerra e que sobrevivem miseravelmente nas ruas e becos das grandes cidades do nosso país.
2 - A reivindicação de alimentação, alojamento, vestuário, higiene pessoal e despesas fúnebres, completamente grátis para todos os Combatentes "sem abrigo".
3 - A reivindicação de apoio médico urgente para todos os Camaradas traumatizados física e psicologicamente.
4 - A reivindicação de assistência médica, do foro psicológico, para os familiares que mais directamente convivem com os nossos Camaradas doentes e que, por sua vez, se sentem também atingidos nas suas saúdes.
5 – A reivindicação de revisão do valor das reformas e subsídios que garantem a subsistência e sobrevivência dos Combatentes deficientes.
6 – A reivindicação de um subsídio no valor de 60,00 Euros/mensais, a todos os Combatentes reformados em substituição do subsídio anual de "Complemento de
reforma".
7 - A reivindicação de desconto de 50% nas taxas moderadoras para o acesso aos Hospitais, Centros de Saúde e Unidades de Saúde Familiares.
8 - A reivindicação de desconto de 50% no preço dos medicamentos necessários para o combate às doenças que afectam os Combatentes, em consequência da guerra.
9 – A reivindicação da revisão das Tabelas de Invalidez, em função do aumento da idade de todos os Combatentes com deficiências físicas e psicológicas da guerra.
10 – A exigência junto do Governo para que, em colaboração com os Governos de Angola, Moçambique e Guiné, se recolham e tragam para Portugal todos os restos mortais dos Combatentes portugueses falecidos naqueles 3 teatros de operações, aproveitando a louvável e generosa disponibilidade da TAP para fazer o seu transporte aéreo.
Precisamos da força e apoio de todos… só com a nossa união conseguiremos reunir poder reivindicativo credível e convincente junto da opinião pública e política… adiram hoje a este novo projecto que pode ter pernas para “andar” assim nós o queiramos… adiram… mas adiram já… amanhã será tarde demais… pois, a cada ano que passa, estamos rápida, irreversível e irremediavelmente a desaparecer.
Para chegar à página escrevam no gooogle > Facebook > Entrem no Facebook > em Pesquisa escrevam: VOZ DOS COMBATENTES.
Com um grande abraço para todos vós,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
21 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8583: Facebook...ando (11): Partidas e chegadas... (Durval Faria, ex-Fur Mil, CCAÇ 274, Fulacunda, 1962/64)
Guiné 63/74 - P8637: Efemérides (74): O malfadado mês de Agosto de 1964 (António Bastos)
Camaradas da Tabanca Grande,
Um grande abraço para todos, sou o António Paulo S. Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç 953.
Na minha comissão de serviço na Guiné nos anos de 1964 e 1965, o mês de Agosto não me traz boas recordações como vou contar-lhes. Tenho tudo publicado no meu diário na página do Carlos Silva.
No dia 8 de Agosto 1964, saímos às 6.00 horas, de barco, para patrulhar a tabanca de Coboiana e falar com o seu régulo que na altura era o João.
Já nós íamos no meio do Rio Cacheu, quando fomos apanhados por um tornado que por sorte nos empurrou para a margem. Foi a primeira escapadela à morte.
Depois de esperar cerca de duas horas pois o barco ficara em seco, lá seguimos viagem. Mas a coisa não ficou por aqui!.. O Furriel, autoritário que era, tirou os comandos do motor e leme do barco das mãos do militar da Engenharia, que era o responsável, e levou-o ele, até entrarmos no rio Coboy. Asneira do Furriel, já era a segunda, pois a primeira foi quando o avisaram que vinha aí um tornado, e ele deu como resposta: - "Sois uns maricas".
Como em vez de entrar no rio de Coboiana entrou num antes que era o Rio Coboy, que ia ter à Tabanca de Ponta da Costa, nós avisamos que íamos enganados, mas ele não aceitou. Só quando viu o erro deu novamente o comando do barco ao militar da Engenharia.
Terceira asneira: Mandou-o acelerar o barco contra a margem para subir a lama e ficar em seco, como faziam os Fuzileiros. No entanto, logo que o hélice ficou em seco, o barco não conseguiu subir a margem e deslizou novamente para a água. Foi tudo para o malagueiro. Dos 15 homens que iam a bordo quem sabia nadar era eu e, salvo erro, mais dois camaradas. Foi tudo ao fundo...
Consegui agarrar o barco evitando que ele fosse levado pela corrente, mas os remos, o depósito de gasolina e outras coisas foram-se por água abaixo. Comecei a mergulhar com outro camarada e tiramos algumas armas que ficaram dentro do barco.
Entretanto, como nós não aparecíamos, o Tenente mandou um rádio para o Batalhão a informar que estávamos desaparecidos. Entretanto já andava o "Pecixe", no rio à nossa procura, tendo encontrado o depósito do barco e os remos. Já eram 20.00 horas quando o Tenente nos descobriu.
No dia 16 de Agosto de 1964 morreu, dentro da caserna, o nosso colega Jesuino Bilro Simões, soldado N.º 342/64. Está sepultado em Bissau na campa N.º 1132 .
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 1 de Novembro de 2010 Guiné 63/74 - P7205: Efemérides (54): O fatídico dia 1 de Novembro de 1965 (António Bastos)
Vd. último poste da série de 27 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8610: Efemérides (52): 27 de Julho de 1970: Amélia teve um menino (José Marcelino Martins)
Guiné 63/74 - P8636: In Memoriam (88): Na morte de um Cavaleiro do Gabu (2)
1. O nosso Camarada António Rodrigues, ex-Soldado Condutor Auto do BCAV 8323, Copá, 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.
Carta ao meu Prezado Amigo
Joaquim Vicente Silva
Lembras-te Joaquim, de quando nos conhecemos (superficialmente) pela primeira vez?
Era o início do mês de Setembro de 1973, quando eu cheguei ao Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz, onde tu já te encontravas para formar-mos o nosso Batalhão de Cavalaria 8323, pois estávamos mobilizados com destino ao sector de Pirada no Leste da Guiné.
Pouco a pouco, fomos fixando os rostos uns dos outros e ouvindo chamar pelos respectivos nomes e assim nos fomos habituando a conhecer aqueles que seriam como nossa família, pelo menos enquanto o Batalhão estivesse a cumprir a missão que lhe estava confiada.
Partimos juntos no Niassa a 22 do mesmo mês e chegamos a Bissau a 29.
Durante a viagem de uma semana, todos juntos dentro de um espaço relativamente pequeno para as nove companhias que viajavam no Niassa, fomo-nos conhecendo ainda melhor uns aos outros, porque nos cruzávamos a todo o instante dentro do navio e os rostos de cada um ficavam cada vez mais gravados na minha memória: o teu era um deles, apesar de pertenceres a outra companhia.
Entramos em Pirada a 3 de Novembro de 1973, onde tu ficaste com a tua 3ª companhia e eu segui com a 1ª para Bajocunda. 15 dias depois acompanhei um Pelotão para Copá de onde passado mês e meio, em Pirada, começaste a ouvir e a sofrer com os bombardeamentos que nos assolavam quase diariamente.
Voltei a encontrar-te 3 meses depois quando regressei a Pirada e por lá estive cerca de 15 dias na tua companhia e dos demais companheiros .
Regressei a Bajocunda e rotineiramente passei a fazer colunas a Pirada, onde normalmente te encontrava e, assim, se foi cimentando a nossa amizade: da minha parte nunca tive dúvidas, tinhas todo o meu respeito e consideração, porque sempre entendi que o merecias.
Regressamos depois da nossa missão cumprida e só passados 16 anos nos voltamos a encontrar no nosso primeiro almoço convívio no Porto que eu ajudei a impulsionar em 1990.
Recordo-me que me disseste nesse dia: “A partir de agora sempre que hajam estes convívios largo tudo para estar presente e rever todos estes amigos!” De facto durante muitos anos cumpriste a tua palavra e apareceste para conviver nesses nossos dias de festa.
Em Junho de 2008, apresentaste-me o teu Amigo António Graça de Abreu, cujo nome eu já conhecia pois já tinha lido um dos seus livros. Ele veio a tornar-se meu Amigo também. Esta amizade devo-a a ti e muito me honra.
Em Agosto de 2009, aconselhaste o jornalista Joaquim Furtado a levar-me a um dos programas da série (A Guerra) para falar sobre Copa. A gravação foi em Setembro de 2009 mas ainda não passou na RTP. Infelizmente já não poderás vê-lo.
Quando no passado dia 6 de Junho de 2010 apareceste no nosso convívio em Coimbra pela última vez, nada fazia prever que a tua saúde corria tanto perigo. Pelo menos aparentemente.
Três meses e meio depois, em Setembro, telefonaste-me a pedir uma cópia das minhas memórias da Guiné porque se tinham extraviado as que tu possuías. Logo te preocupaste, honesto como sempre foste, com a forma de me pagares as despesas envolvidas. Respondi-te então que não te preocupasses, pois no nosso próximo encontro anual resolvíamos isso.
Enviei-te a cópia pelo correio no dia seguinte.
A tua saúde segundo me disseste continuava bem.
Um mês e meio depois, no final de Outubro, telefonaste-me de novo e recebi um choque: primeiro porque me disseste que estavas gravemente doente e segundo porque me transmitiste que não querias morrer sem pagar o que me devias. Aí correram-me as lágrimas pela cara e respondi-te que esquecesses tal insignificância, pois o importante era que tratasses o melhor que pudesses da tua saúde.
Combinamos que te telefonaria de vez em quando a saber das tuas melhoras e fi-lo algumas vezes, não tanto como gostaria, com receio de te estar a incomodar no meio do teu sofrimento.
Nos últimos dias do passado mês de Abril (encontrava-me em Braga pois tinha perdido o meu Pai à poucos dias) recebi mais uma chamada tua, onde me dizias que vinhas ao Porto, num dos primeiros dias de Maio, e que gostarias de te encontrar comigo. Regressei ao Porto e conforme combinamos cá nos encontramos, dei-te um abraço mas achei-te um pouco debilitado fisicamente. Fomos os dois almoçar na companhia da tua simpática Família que em parte já conhecia e no fim dei-te mais um abraço (infelizmente foi o último) e desejei-te boas e rápidas melhoras, e muitas felicidades, com a promessa de que te telefonaria de vez em quando para saber do teu estado de saúde. Desta promessa me penitencio porque não o fiz muitas vezes.
Ainda antes de partires nesse dia, disseste-me que este ano não te sentias com forças para viajar e participar no nosso convívio que se realizaria em Braga três semanas depois.
Uns dias antes de partires, pensando mais uma vez em ti, tive talvez um pressentimento de que não estarias bem e como não sabia como nem onde te encontravas, tive receio de te incomodar ligando para o teu telemóvel. Decidi então ligar para o telefone de tua casa e fi-lo algumas vezes, a diferentes horas, mas não obtive resposta. Agora compreendo, estavas infelizmente a viver os teus últimos dias.
Resolvi mesmo assim no dia anterior à tua “partida” enviar uma mensagem para o teu telemóvel na esperança de que algum dos teus familiares me informasse do teu estado de saúde. A resposta chegou no dia seguinte 23 de Julho, quando um dos teus filhos me enviou uma mensagem com a má notícia: tinhas “partido” na noite anterior.
Olha meu estimado Amigo Joaquim, não tenho palavras para te agradecer a sincera amizade que me dedicaste, só te posso garantir é que, enquanto eu viver, nunca te esquecerei, que Deus te guarde junto dele para sempre, porque sei que eras crente e acreditavas nele.
Depois de todos os sacrifícios porque passaste e pelo bem que com certeza fizeste durante a tua vida que Ele te recompense.
“Quem Crê Em Mim Não Morrerá.” Prometeu-nos Deus.
À tua Esposa e Filhos, apresento os meus mais sentidos Pêsames e que tenham muita força e coragem para suportar a dor da tua perda.
Até sempre meu Grande Amigo...
António Rodrigues
Vd. também sobre o Joaquim Vicente Silva, postagens em:
27 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8608: In Memoriam (85): No dia 23 de Julho de 2011 faleceu Joaquim Vicente Silva, 1º Cabo At, 3ª CCCAÇ / BCAV 8323, Pirada, 1973/74, natural de Mafra (António Graça Abreu / Eduardo Magalhães Ribeiro)
30 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8620: In Memoriam (86): Na morte de um Cavaleiro do Gabu
Vd. último poste desta série em: