sábado, 6 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8644: Recortes de imprensa (43): O pacto secreto de NINO com a PIDE, jornal TAL & QUAL, 14 Maio 1999 (Magalhães Ribeiro/Manuel Marinho)


1. Com a devida vénia e agradecimentos, publica-se hoje, para quem ainda não conhece, um documento que faz parte da história da guerra na Guiné. É um artigo do jornal TAL & QUAL, do dia 14 de Maio de 1999, da autoria do jornalista José Paulo Fafe. Recorda-se que Nino Vieira, então Presidente da República da Guiné-Bissau, enquanto foi vivo (27ABR1939 - 03MAR2009), lamentavelmente, que saibamos, jamais comentou publicamente os factos ali inclusos.

A postagem, em formato Word, contou com a preciosa e amigável colaboração do nosso Camarada Manuel Marinho (1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), pelo que se registam igualmente os nossos melhores e devidos agradecimentos.


O pacto secreto de NINO com a PIDE
No dia em que Nino quis desertar…

Em Fevereiro de 1974, o antigo presidente Guineense Nino Vieira encontrou-se, na Suíça com um emissário da PIDE/DGS, para negociar os termos da sua rendição às tropas Portuguesas.

Poucas semanas antes do 25 Abril de 1974, o agora deposto presidente da Guiné, João Bernardo “Nino” Vieira, esteve a um passo de trocar as matas da Guiné então portuguesa por uma “vida condigna” em Lisboa.

Nos finais do mês de Fevereiro Nino Vieira – na altura comandante – geral das forças do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-verde) – encontrou-se secretamente, na cidade suíça de Genebra, com um funcionário da Direcção-Geral da Segurança (DGS), com o objectivo de negociar os termos da sua rendição às tropas portuguesas.

A reunião, que culminou uma série de contactos em que os serviços secretos franceses (SDECE), jogaram um papel determinante, serviu para que Nino transmitisse pessoalmente ao enviado português as suas condições para abandonar a luta guerrilheira; que os seus homens não fossem molestados, aceitando ou não, integrar as forças portuguesas; e ser evacuado juntamente com a família para Lisboa, onde o governo português lhe teria de criar condições para manter um nível de vida aceitável.

NEGOCIAÇÕES

Tudo tinha começado algumas semanas antes, quando Alexandre de Marenches, chefe da “secreta” francesa, se deslocara a Portugal, para manter uma das habituais reuniões de trabalho com o seu amigo Agostinho Barbieri Cardoso, o “homem forte” da polícia portuguesa.

Nesse encontro em que a partir de certa altura foi chamado a participar o inspector-adjunto, Abílio Pires, Marenches puxou a questão guineense, perguntando: “Porque é que vocês não voltam a sentar-se à mesa com o PAIGC?”.

Barbieri Cardoso não hesitou um segundo em responder negativamente à sugestão do chefe do SDECE, argumentando que, se Marcelo Caetano tinha proibido Spínola de prosseguir os contactos com os guerrilheiros guineenses – encetados em 1972, através do presidente senegalês, Leopold Senghor – não iria permitir à DGS fazê-lo.

Diplomaticamente, Marenches insistiu no tema e, segundo Abílio Pires, que chefiava o CI2 (o departamento da DGS encarregue de recolher e tratar as informações referentes ao Ultramar e estrangeiro), “garantiu a boa vontade de Senghor e os bons ofícios do coronel Belial Ny, ao tempo inspector-geral das Forças Armadas do Senegal”.

Barbieri manteve-se inflexível e voltou a invocar a recusa do governo em autorizar qualquer tipo de contactos com os homens do PAIGC.

Mas Marenches dispunha de um “trunfo” que, aparentemente, deixou o “número um” da polícia portuguesa de boca aberta. “Os meus serviços possuem informações que nos permitem concluir que o vosso governo se prepara para manter contactos com os guineenses através dos serviços secretos ingleses e não lhe escondo que essa situação é, do nosso ponto de vista, intolerável”.

Segundo Abílio Pires, ”a impassibilidade do rosto de Barbieri Cardoso não me permitiu concluir se estaria ou não, a par desse facto”.

A verdade é que, como viria mais tarde a saber-se (através de uma reportagem do jornalista José Pedro Castanheira publicada no semanário “Expresso”, em Março de 1994), o governo português estava a ultimar os preparativos para dois meses mais tarde, enviar o diplomata José Villas-Boas a Londres para se avistar com três representantes do PAIGC, num encontro promovido e mediado pelo Foreign Office, que teve lugar no apartamento 535 da Dolphin Square. E, logicamente, as autoridades de Paris não estariam nada interessadas em que os ingleses começassem a intrometer-se na área da chamada África francesa…


“Padre”

Foi então que Abílio Pires encontrou uma ocasião propícia para sugerir algo que há muito defendia – que em lugar de imiscuir-se em negociações directas com os guerrilheiros, a DGS promovesse a deserção de destacados combatentes do PAIGC.

Mais de um quarto de século após a reunião que o juntou a Marenches e a Barbieri, o então inspector-adjunto justifica a sua proposta: “Se era verdade que o moral das nossas tropas não era o melhor, não era menos verdade que as coisas não estavam famosas do lado deles, até porque existia uma guerra surda entre guineenses e cabo-verdianos”.

E adianta Abílio Pires: ”era a altura ideal para que tentássemos promover a deserção de gente como o Nino Vieira, de modo a levá-los a serem eles a pedir negociações”.

A proposta de Abílio Pires desanuviou o ambiente algo tenso que, a partir da revelação de Marenches sobre os contactos mediados pelos serviços ingleses, se tinha instalado na sala do primeiro andar da Rua António Maria Cardoso, onde Barbieri possuía o seu gabinete. Até porque – o próprio Barbieri têlo-ia referido explicitamente – uma tentativa de estimular a deserção de destacados combatentes de forças inimigas nunca poderia ter a oposição do poder político, bem antes pelo contrário.

O momento era único. A “ Operação Guidaje”, onde o PAIGC tinha sofrido uma pesada derrota, desmoralizara os guerrilheiros e a sucessão de Amílcar Cabral, assassinado um ano antes, tinha deixado feridas insanáveis entre os combatentes independentistas, com guineenses e cabo-verdianos a não esconderem fortes divergências, tanto a nível étnico como ideológico.

O hoje general João Almeida Bruno, que conhece aquela antiga colónia portuguesa como as suas mãos, definiu ao “T&Q”, Amílcar Cabral como o “Cimento entre guineenses e cabo-verdianos do PAIGC”.

A partir do seu desaparecimento, na opinião de Almeida Bruno, “tudo se desmoronou”, com as inevitáveis lutas intestinas a debilitar a organização nacionalista.

A reunião terminou com o acordo, entre os responsáveis da DGS e do SDECE, em desenvolver acções no sentido de abordar Nino Vieira.

Peça fulcral em todo este processo seria um agente, simultaneamente ao serviço das “secretas” francesa e portuguesa, cujo nome de código era “Padre” ou “Abbé”.

De origem fula, radicado em Conakry, este informador tinha nos últimos tempos, colaborado incessantemente com as autoridades portuguesas (ver em baixo: SENEGAL, 30 DE Junho de 1973…) e mostrava-se uma “peça essencial” na área das informações.

O primeiro contacto com Nino Vieira foi promovido pelos homens do SDECE e nas palavras de Abílio Pires, “correu inesperadamente bem”.

O guerrilheiro mostrou-se disponível para encontrar-se com um representante da DGS em terreno neutro e, à partida, não escondeu o seu desejo em abandonar a luta.


Siderado

O segundo e último encontro deu-se em Genebra, na Suíça, em finais de Fevereiro.

Um funcionário intermédio da DGS – “até para não envolver formalmente a organização”, nas palavras de Abílio Pires – e o próprio Nino Vieira dialogaram por algumas horas, tendo o líder guerrilheiro colocado apenas as duas condições anteriormente referidas: os seus homens não serem molestados e ele e a sua família serem acolhidos em Lisboa.

Na capital portuguesa, entre os responsáveis da DGS a par destes contactos, a disponibilidade de Nino Vieira foi recebida com entusiasmo.

A consumar-se a sua deserção, a polícia portuguesa marcava pontos e acentuava mais a sua indispensabilidade na guerra do Ultramar, algo que, ainda hoje, os próprios militares reconhecem.

Os preparativos para acolher Nino Vieira e a sua família começaram então a ser tratados ao mais alto nível da DGS.

Questão essencial era encontrar um colégio para onde a filha de Nino fosse estudar, bem como escolher uma residência onde a família Vieira pudesse, em segurança, passar os primeiros tempos na então metrópole.

Anos mais tarde, em declarações ao jornalista José Manuel Barroso, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício, confirmou ter conhecimento dos contactos que a DGS manteve com Nino, “embora eles não fossem da minha direcção”, o que pressupõe que o próprio Marcelo Caetano estaria ao corrente das diligências levadas a cabo pelos homens da António Maria Cardoso.

Simultaneamente, Abílio Pires foi encarregado de viajar até Bissau para informar o brigadeiro Bettencourt Rodrigues – que tinha sucedido a António Spínola como governador da Guiné – das diligências que no maior dos segredos, a DGS tinha levado a cabo nos últimos meses.

Uma viagem que nunca chegou a efectuar, até porque a intentona militar de 16 de Março, que precedeu o 25 Abril, levou a que todas as atenções da política se centrassem na situação interna.

Poucos dias após o golpe militar que derrubou o regime – e já preso em Caxias – Abílio Pires recebeu uma visita de um oficial da 2ª Divisão do Estado Maior do Exército, seu velho conhecido das reuniões do Conselho de Segurança Interna, o então major Bacelar Begonha.

É que um relatório de Pires sobre a operação destinada a promover a deserção de Nino Vieira tinha sido encontrado na sede da DGS e, segundo o major Begonha o general Spínola teria ficado “siderado” ao lê-lo….

SENEGAL, 30 DE Junho de 1973…


Tudo indica que a vontade de João Bernardo “Nino” Vieira abandonar a luta guerrilheira datava já de 1973, quando o PAIGC se preparava para eleger o substituto de Amílcar Cabral – assassinado a 20 de Janeiro daquele ano, em Conakry – à frente daquele movimento nacionalista.

Nessa altura as divisões entre guineenses e cabo-verdianos eram notórias e o mal-estar tinha-se instalado no seio do PAIGC, onde Aristides Pereira (que mais tarde viria a ser presidente de Cabo Verde) era o candidato natural à sucessão de Cabral. No Verão desse ano e apesar de algumas movimentações feitas pelos seus incondicionais, caso do guineense Fidélis Almada, Nino tinha compreendido que, apesar do seu prestígio militar, não possuía condições para ascender á liderança do PAIGC – o que só veio a ocorrer após a independência, quando, a 14 de Novembro de 1980, chefiou um golpe de estado que depôs o presidente Luís Cabral.

ENCONTRO

Num documento intitulado “Guiné: uma diligência interrompida”, o já falecido tenente-coronel António Vaz Antunes refere um encontro em território senegalês que, no dia 30 de Junho de 1973, teria mantido com um representante pessoal do próprio Nino Vieira. À reunião organizada pelo já referido “padre”, deveria comparecer o então general Spínola, mas atrasos motivados pelas comunicações entre Cuntima e Bissau, impediram a sua presença.

O encontro teve lugar alguns dias depois da bem sucedida “ Operação Guidaje” (comandada pelo hoje general João Almeida Bruno e onde o PAIGC perdeu cerca de uma centena de combatentes, além de várias toneladas de armamento e munições) e o seu interlocutor foi direito ao assunto, não escondendo algum desânimo e muito pessimismo no evoluir da guerra “Já chegamos à conclusão de que sozinhos, não somos capazes de fazer uma Guiné melhor”.

Assim, segundo Vaz Antunes, o representante de Nino, após ter admitido existirem fortes divergências no interior do PAIGC entre guineenses e cabo-verdianos, teria proposto que em dia e hora que se combine, acaba a guerra e nós seremos integrados nas forças da Guiné, sem recriminação ou vingança”.

IRRITAÇÃO

O tenente-coronel Vaz Antunes, que tinha comparecido ao encontro sem dar cavaco aos seus superiores, ouviu e prometeu contactar de imediato o general Spínola, o que veio a fazer ao fim da tarde do dia seguinte já em Bissau.

A primeira reacção do general do monóculo não foi propriamente simpática.

“Então o senhor não sabe que proibi todos os contactos? Não sabe o que aconteceu aos três majores?!” – explodiu referindo-se à tentativa de abertura de conversações com o PAIGC, que resultou na trágica morte dos majores, Passos Ramos, Magalhães Osório e Pereira da Silva em 1970.

Mas após alguns momentos de irritação, Spínola não resistiu a que Vaz Antunes lhe contasse ao pormenor os detalhes do seu encontro em território senegalês – e quando o tenente-coronel terminou o relato levantou-se e foi abraçá-lo: “Mal sabe você o alto serviço que acaba de prestar à Nação!”.

Pedindo-lhe o maior segredo sobre o caso, acto contínuo, o general contactou telefonicamente o inspector António Fragoso Allas, ao tempo a chefiar a DGS na Guiné, e que ocasionalmente se encontrava de licença, mandando-o regressar de imediato a Bissau: “Tenho aqui uma coisa importantíssima que requer a sua presença”.

Dois dias depois, Vaz Antunes regressou a Farim onde, a par da passagem de alguns helicópteros que transportavam interlocutores encarregues de dar continuação aos contactos por ele encetados, apenas observou “uma tranquilidade esperançosa”.

Um mês depois, este oficial entrou de licença e, em Lisboa, teve conhecimento da substituição de António de Spínola pelo brigadeiro Bettencourt Rodrigues à frente da administração portuguesa da Guiné

“Ouvi os discursos e, pareceu-me estarem em dessintonia com tudo o que se tinha passado, o que muito me surpreendeu”.

O que, então Vaz Antunes desconhecia é que Spínola amuado por Marcelo Caetano ter-se recusado terminantemente a “cobrir” politicamente, os seus contactos com certos sectores do PAIGC, tinha apresentado a sua demissão do cargo de governador da Guiné…
__________
Nota de M.R.:


19 comentários:

Carlos Vinhal disse...

Caro camarada Eduardo
Só um "pequeno" pormenor, tu não publicaste nenhum documento, mas somente um recorte de jornal com um artigo "exclusivo". Mais algum jornal ou outro órgão de informação se interessou pelo assunto?
Que raio de serviços secretos tínhamos nós que não descobriram que tinha desaparecido o "cimento" entre os guinéus e cabo-verdianos? Não era uma boa altura para minar por dentro o movimento?
Um abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Unknown disse...

Mas o Nino entre nós, passou uma vida farta. Embora em certas alturas até reclamasse. Negócios não lhe faltaram. Talvez por isso terra morrido. Mas está ainda vivo, não sei se de boa saúde, o Major Valentim Loureiro, seu compadre, sócio e amigo. E ex-consul da Guiné. Porque nunca ninguém lhe pediu clareza sobre a "sua" Guiné em Portugal ? Seria uma boa ocasião. Claro que ele nunca falaria verdade, mas isso é outra coisa.

Anónimo disse...

DOCUMENTOS ?
QUAIS DOCUMENTOS?
PROVAS ?
QUAIS PROVAS ?
OH MEUS AMIGOS NESTAS COISAS NUNCA HÁ DOCUMENTOS E PROVAS..SÓ SE FOSSEM COMPLETAMENTE BURROS.
SE É VERDADE,NÃO SEI..MAS QUE A HISTÓRIA VEIO COMPROVAR MUITAS SUSPEITAS..LÁ ISSO VEIO.
JÁ AGORA ESPERAVAM O QUÊ.
COM CABOVERDIANOS...MANDINGAS..PAPEIS..FULAS..BEAFADAS..MANJACOS..ETC..A ADMIRAÇÃO É TEREM ESTADO TANTO TEMPO UNIDOS OU PARECEREM QUE ESTAVAM.
ESPECIFICAMENTE SOBRE O "NINO" VIEIRA, QUE CONHECI PESSOALMENTE, NÃO FICARIA SURPRESO QUE TIVESSE SIDO VERDADE OU PELO MENOS EM PARTE..REPAREM QUE ESTES EVENTUAIS ACONTECIMENTOS SÃO POSTERIORES À MORTE DE AMILCAR CABRAL..SABE-SE QUEM FORAM OS EXECUTANTES, E OS MANDANTES..BEM HOUVE MUITOS FUZILAMENTOS, MAS SERIA QUE TODOS ERAM CULPADOS..NÃO HOUVE CAÇA ÀS BRUXAS.
ISTO NÃO PAROU APÓS A INDEPENDÊNCIA..COMO TODOS SABEM..MATAREM-SE UNS AOS OUTROS PARECE QUE É DESPORTO NACIONAL..PARA DESGRAÇA DO POVO GUINEENSE

C.MARTINS

Anónimo disse...

Ora aqui está uma coisa interessante, um artigo jornalístico que, até prova em contrário, terá de ser aceite como sério e verdadeiro, mesmo sabendo-se da contra informação e goste-se ou não.

Pareceu-me uma boa iniciativa, este ou qualquer outro documento ou artigo jornalístico, a publicação neste espaço de debate entre pessoas que se interessam ou gostam de saber estas coisas.

Quanto ás veracidade de tudo, é a possibilidade de estes 500 aderentes e todos os restantes leitores do blogue lerem, investigarem e darem um maior e melhor contributo com artigos que ajudem a confirmar ou desmentir esta notícia.

Não chega dizer que é falso ou verdadeiro, está publicado e se não foi desmentido, até prova em contrário é verdadeiro.

Um abraço
BSardinha

Carlos Vinhal disse...

Retirei o comentário do camarada Amílcar Ventura por ser ofensivo e provocatório.

Caro Amílcar, tens que compreender que a confissão que fizeste acerca do fornecimento de gasóleo ao PAIGC, sendo difícil de acreditar, é muito, mas muito triste e ofende a memória dos nossos camaradas, que tão jovens, deram a sua vida naquela guerra.

Devias ter pensado antes de confessares essa tua acção que te irias sujeitar aos piores julgamentos da tertúlia e não só.
Mesmo quem fosse contra aquela guerra jamais concordaria com a tua acção. Estás orgulhoso de quê?

Até sempre camarada.
Carlos Vinhal
Co-editor

Unknown disse...

Caro Carlos
Estás certo no teu escrito. E ao Ventura, que eu penso ser um sonhador que um dia acordou a pensar que fez e não fez, tem calma. Alucinações todos temos.
Um abraço

Anónimo disse...

Fui ver os "postes" do Sr.Amilcar Ventura
Vi que teve um irmão ferido em combate na guiné,que muitos dos seus familiares eram do pcp, e que já tinha confessado este "segredo" e que conta várias "balelas" como "andar a avisar os camaradas conduzindo uma berliet e que viu um apontador de rpg COM O DEDO NO GATILHO".. esta só "contaram pra você".
Diz que tem poucos estudos..que é ou era pouco culto..etc.
Vamos lá dissecar isto..ser do pcp, no meu ponto de vista, não era nenhum crime,agora confundir regime político com o dever de lealdade para com os camaradas de armas, é muito grave..nos entretantos diz que aquilo que fez não pôs em causa a vida dos camaradas..como é que sabe?
Pois é os ditos "comunistas" só eram leais, e nem sempre,a eles próprios e ao sacro-santo p.c.u.s.
Pior fez uma aventesma de nome carlos antunes das brs que roubou cartas topográficas nos srviços cartográficos do exército e que entregou aos ditos movimentos de libertação e quando confrontado com a possibilidade de ter provocado a morte a muitos portugueses respondeu que "não tivessem ido".
Sr.Amilcar Ventura,também eu fui preso pela pide e expulso do ensino..(não não era do seu partido) e quando fui mobilizado para a guiné (era contra a guerra",mas decidi ir,JAMAIS, DIGO E REPITO,JAMAIS ME PASSOU PELA CABEÇA FAZER ALGO DE SEMELHANTE,com aquilo que o sr. fez , e digo-lhe mais , não fui a pensar que ia defender a "pátria".
A minha única preocupação foi defender-me, e digo-o com orgulho defender todos os meus camaradas que se encontravam comigo em gadamael, pois era artilheiro.
Do que li pareceu-me que "pensava que ..não sei quê..não era mal" agora vir dizer ao fim de estes anos todos que não está arrependido, digo-lhe: O SR. METE-ME NOJO,pelo menos honrre o seu irmão.

C.Martins

Unknown disse...

NÃO CONCORDO com os acontecimentos pós-independência na Guiné Bissau.
Mas face ao comentário de - C.Martins - não há que lamentar os fusilamentos efectuados.
Não será assim ???
Valha-me Deus ou o Diabo, tanto se me faz, desde que me proteja desta sagrada hipocrisia da espada para uns, a glorificação para outros, sobre os mesmos actos.
E se os amigos não concordarem com as minhas expressões: 'uns' e 'outros', então andamos a combater contra quem, neste caso, na Guiné???

Carlos Filipe
ex- CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Colaço disse...

Quando li os primeiros dois comentários cheirou-me um pouco a esturro e finalmente um lado bastante queimado.
Na minha óptica um cozinhado sem condições para ser servido,intragável para ser comido.

Colaço

Anónimo disse...

Caro Camarada Carlos Filipe

Confesso que não entendi o teu comentário.
Na história das forças armadas portuguesas, o último fuzilamento que houve foi de um soldado na 1.ª guerra mundial, por suposta cobardia em combate.
Quem teve como prática corrente fazer fuzilamentos foi o paigc, desde o congresso de cassacá, durante a guerra e após a independência, incluíndo os fuzilamentos cobardes dos nossos camaradas guineenses (comandos e não só)para já não falar das mortes dos majores e um alferes.
Que durante a guerra também nós fizemos algumas barbaridades, é verdade e é condenável, mas barbárie por barbárie o paigc ganhou-nos por "cabazada".
Da minha parte, não vejo onde é que está a hipocrisia.
Sobre este caso em concreto do sr. Amilcar Ventura só merece da minha parte o mais profundo desprezo.
Não sei o que faria, na altura, a um "camarada" que fosse descoberto a fazer o que este sr. diz que fez, mas uma coisa boa não seria com certeza.

C.Martins

Simoa disse...

Acabo de ler a postagem sobre a intenção do Nino desertar do PAIGC…
Na minha modesta opinião e sinceramente acredito na história descrita.
A batalha de Guidage (Estrada Binta – Guidage, os ataques e flagelações ao quartel, a acção da nossa aviação, e o nosso fortíssimo contra ataque contra a base do PAIGCV em Cumbamory, que foi quase totalmente destruída, foi de facto uma pesada derrota para o movimento da guerrilha, que inseriu na zona cerca de 800 combatentes!
O PAIGCV atacou e cercou uma companhia de recrutamento na Guiné, a CCaç 19, de etnia Mandinga e um Pel art 24 com negros da tribo Balanta, sediados em Guidage. O batalhão de comandos africanos, eram negros da província, que invadiram a base de Cumbamory; além de outras forças africanas da Guiné que participaram na batalha de Guidage… Esta gente teve papel preponderante na sua derrota! Deu-lhes que pensar. Os negros africanos da Guiné faziam-lhes frente e combatiam por Portugal…
A operação Cumbamory desenrolou-se em confrontos no dia 19 de Maio de 1973, quem estava em Guidage a 5 kms, ouviu todo o desenrolar dos combates. O Batalhão retirou para Guidage, onde chegou cerca das 18 horas, logo escurecendo, e foram aparecendo…
Cansados, alguns esgotados, sujos, enlameados, suados; carregando além do seu armamento pessoal, 1 ou 2 armas do PAIGCV e também traziam espingardas G3 que encontraram nos armazéns do IN.
Ao chegar ao quartel deixavam-se cair no chão e adormeciam logo, em locais de risco, como perto do edifício do comando, longe das valas e até na parada os vi deitados…
No comando estiveram com o Sr Ten Cor Cav Correia de Campos, os oficiais do Bat Cmds Afric, o Major João de Almeida Bruno (hoje General), os Cap António Ramos, Matos Gomes e Jamanca (negro) e o Alf Marcelino da Mata. O Cap Raul Folques foi para a enfermaria. A eles ouvi relatos do que acontecera durante o dia…
Falei que a dormirem fora das valas estavam em alto risco! Ouvindo, um oficial branco comando disse-me: “Depois da sova que levaram, hoje não atacam Guidage. Estão a tratar dos feridos e dos mortos!”
Assim foi, o IN sabendo do mais provável ataque terrestre a Cumbamory, no dia 19 começou com uma flagelação cerca das 02,10 h e outra 05,15 h, com mort 82 e canhão s/ recuo de 5 e 10 m, sem conseq.; o dia 20 foi de descanso e só voltaram a incomodar no dia 21 cerca da 02 horas da madrugada, durante 30 m com mort 82 e canhão s/ recuo, meteram as granadas quase todas na parada, numa noite de luar, fresquinha… E será assim até desistirem, com flagelações de uma a duas por dia …
O seu esforço foi de tentar impedir a chegada de abastecimentos via estrada, que não conseguem evitar no dia 29 e onde a 38ª Ccmds teve o principal confronto com o PAIGCV, no Cufeu…
O Sr Major Almeida Bruno deu-me o Relim da operação para remeter para Bissau, onde este descrevia o resultado da operação, que somado ao que ouvi na sala de operações aos oficiais comandos, desmente o que o Sr. Manuel dos Santos “Manecas” (comissário político do PAIGCV da zona norte) menciona no livro “A Última Missão”, do Maj (hoje Cor) Calheiros no que se refere a Cumbamory na batalha de Guidage. O Sr. “Manecas” tentou limpar da história um acontecimento verídico: O PAIGCV foi derrotado em GUIDAGE, e nesta batalha os soldados negros portugueses da Guiné tiveram papel de destaque no seu fracasso. É isto que eles não querem admitir... Porque tem ainda forte impacto político…
Se nós com 47 baixas mortais (brancos e negros na sua maioria) nos angustiou; eles, com os seus cerca de 150 mortos (que já mencionei noutras intervenções) e a sua base principal na zona norte atacada e destruída, o abalo foi fortíssimo e compreende-se que o Nino procurou aproveitar o momento para dar outra solução para a Guiné Portuguesa… Os Mandingas da CCaç 19 não escondiam o seu desagrado em serem governados por Cabo Verde, se os portugueses abandonassem a Guiné…
Um abraço a todos,
José Pechorro
Ex. 1º Cabo Op Cripto –71/73
Ccaç 19 – Guidage - Guiné

Unknown disse...

Caros amigos, eu não me referi a nenhuma instituição militar ou para-militar.
Fundamentei-me, isso sim, numa opinião claramente expressa (e devidamente sublinhada) de C. Martins.
A ser assim, todos que não colaboraram c/ o III Reich alemão e practicaram todo o tipo de subversão, deviam terem sido condenados. Tal como, p.ex. os que não colaboraram com Pinochet.

Já agora, aproveito para esclarecer ( se é que ainda não foi compreendido) todos os camaradas do Blogue que, quando me refiro ao PAIGC, é sempre o de antes, até à independência.

Cumprimentos, Carlos Filipe
ex- CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Anónimo disse...

Caro FILIPE
Confesso que esta troca de opiniões me começa a irritar.
Eu explico:"o que é que o cu tem a ver com as calças".
Estamos a falar de TRAIÇÃO.
Falas no hitler e no pinochet, mas tem graça que não falas-te no staline..pol-pot.etc.etc foram todos MAS TODOS UMA CAMBADA DE FACÍNORAS, uns mais do que outros é verdade,foi só uma questâo de números.
Referes-te só ao paigc antes da independência, essa então tem muita graça, ou melhor não tem graça nenhuma.. cometeram entre eles barbaridades inqualificáveis.
Sabes meu caro, eu apenas falo de factos históricos e não estou dependente de quaisquer ...ismos.
Para terminar, volto a repetir,confundir regimes políticos com o dever de lealdade para com camaradas de armas é no mínimo obtuso para não ser mais contundente.
Ah.. e não recebo lições de democracia de ninguém..não,não é presunção da minha parte..o meu passado político(não em cargos,que nunca ambicionei, mas como cidadão participativo)é suficiente..antes e depois do 25/4/1974.

C.Martins

Unknown disse...

Caros amigos e C. Martins.
Em principio falei de ditaduras militares e não de ditaduras politicas ideológicas.
Segundo como conforme continuas a considerar uma 'TRAIÇÃO'.
E se defendes a punição severa para os "traidores" do estado fascista, que foi de Salazar e Marcelo, o que defendes para os traidores do PAIGC em plena guerra de libertação ???(conforme P8650, tão bem explanado, mas que exige bons leitores, está lá espelhada esta questão).
Será que um Mov. de Libertação e emancipalista não terá direito aos seus padrões de honra??, discutiveis é certo.
Só os guerrilheiros que vieram a colaborar c/ o nosso Exército, é que eram 'bons guerrilheiros'???.
Por outro lado, não pretendo dar-te lições de nada, absolutamente nada.
Só queria expor uma (contra)opinião, mas como sempre a reacção é tempestiva, não pelo conteuodo,(que não me incomoda) mas pela forma.
Irritam-se, explicam com o cú e as calças, misturam ditaduras com regimes politicos, fala-se de factos históricos (quê deles p/ argumento), e por fim não se recebe lições de ninguém porque já se sabe tudo.
Assim caros amigos, é em absoluto impossivel o diálogo (troca de opiniões, mesmo que antagónicas), para além de ser indespensável lêr e considerar as opiniões no seu todo. Não estou a dar lição alguma a ninguém, somente estou a expressar o que penso.
Portanto creio que sobre este assunto, mais nada terei a vir dizer.

Cumprimentos a todos, Carlos Filipe
ex- CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Anónimo disse...

Caro Filipe
Que fique bem explicitado que NÃO PRECONIZO O FUZILAMENTO DE NINGUÉM,além do mais sou absolutamente contra a pena de morte.
Considero-me um "humanista" por convicção e se o não fosse a minha condição profissional(sou médico)a isso me obriga.
Sobre a tua argumentação, desculpa que te diga, mas vai uma grande confusão na tua cabeça.
Sobre ditaduras, existem apenas e só ditaduras , todas elas baseadas na força militar e policial, a única diferença é que umas foram mais sangrentas do que outras.
A tomada do poder ditatorial foi e é baseado na força militar ( com excepção do hitler que foi eleito e teve o apoio da esmagadora maioria do povo alemão )mas isso não serve de desculpa para as atrocidades cometidas.
Sobre o paigc, não sei se sabes, mas era prática corrente, até para crimes menores, os fuzilamentos.
Não sou o "sabe tudo" tomara eu,mas digo-te que me irrita as dicotomias do bem e do mal dos bons e maus consoante a forma de pensar ou da ideologia.
Eu como não frequento as correntes ideológicas,já foi tempo,apenas me limito a analisar, comportamentos, atitudes,factos..de forma independente e apenas e só à luz dos valores humanísticos que felizmente não são reféns de religiões ou ideologias.
Finalmente não pactuo com determinados comportamentos.
Quem comete um crime deve ser julgado, e obviamente defendido, com a maior imparcialidade possível, e condenado se for o caso.Bem sei que a justiça neste país deixa muito a ...blá..bláa.
Não sei se consegui explicar-me convenientemente..se não for o caso ..lamento.

C.Martins

Anónimo disse...

Camarada C. Martins.Como médico,
compreenderá o estado "enlevado"
do Camarada C.Filipe.Passados estes
anos todos ainda há pessoas "enle_
vadas"com o Maoismo/Stalinismo,fa_
zendo dos seus regimens paraísos na
Terra e endeusando-os,confundindo assim com o Comunismo.
Alberto Guerreiro.

Unknown disse...

Caros amigos e Alberto Guerreiro, em momento algum, indiquei um camarada como "enlevado" (extasiado, encantado, deliciado) por qualquer coisa.
Como por exemplo "enlevado" pelo salazarismo/caetanismo/colonialismo.
Por outro lado, o amigo Alberto está redondamente enganado a meu respeito. Não sou maoista nem stalinista. Mas não lhe vou dizer o que sou, teria sido mais correcto perguntar-me qual a minha linha de pensamento.
Dir-lhe-ia sem complexo nenhum. Tal como não puxo pelos meu pergaminhos e muito menos, beijo a mão de quem quer que seja, a onde quer que seja. Por isso a minha frontalidade com todas as consequências.
Espero ter sido claro e não ter ofendido a sensibilidade de ninguém.

C/ os meus cumprimentos
Carlos Filipe
ex- CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Anónimo disse...

Estimado Camarada Carlos Filipe.Eu
também nunca me inebriei pelo sala_
zarimo/caetanismo/colonialismo,nem
por qualquer ideologia politica ou
religiosa.Desde que comecei a ter
noção da vida e do mundo,prezei
sempre as minhas: liberdade;identi_
dade e o respeito pelo meu seme_
lhante.Não fala de de si, eu vou
falar um pouco de mim.Sou operário,
sempre fui operário,simplesmente o_
perário,filho de pessoas modestas,
com mãe analfabeta e trabalhdora
rural até ao meu nascimento.Sempre
vivi e trabalho na margem sul do
Tejo,no para o bem e para o mal,
afamado distrito de Setúbal,está a
ver não está?Barreiro;Almada;Seixal
e a Siderurgia Nacional,onde eu vi
mais que uma vez a policia politica
em pleno dia e no local de trabalho
ir buscar operários como eu,embora
mais velhos,visto eu só ter desas_
sete anos.Foram anos vividos com
dificuldades mas,que me deram esto_
fo para tentar saber onde estava a
verdade,verdadinha e não verdade forjada pelos interesses politicos,
viessem de onde viessem,o povo esse
sim seria sempre o "bode expiató_
rio".Por isso não se sinta ofendido
na sua qualidade de ser humano.Para
mim todos fizeram das boas,cada qual á medida dos seus interesses.
Deixar de "sevir" a ocidente para"
servir"a leste,era assim a modos
como que,sair da lama e cair no
atoleiro,ou seja:campos de interna_
mento;depurações;a despersonaliza_
ção;o ostracismo,etc,etc.O Salazar;
o Adolfo;o Franco,o Pinochet,etc,
também fiezeram o mesmo,afinal qual
a diferença.Obrigado pela atenção.
Alberto Guerreiro.
Moçambique 1968/70.

Anónimo disse...

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