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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26395: (In)citações (260): Em louvor das nossas "tabancas" (ou tertúlias de antigos combatentes) (Angelino Santos Silva, escritor, natural de Paredes, ex-fur mil 'cmd', 26ª CCmds, Bula, Teixeira Pinto e Bissau, 1970/72)

1. Reprodução, com a devida vénia, de postagem no Facebook da Tabanca Grande, com data de 10 do corrente, às 23:00,  da autoria do nosso camarada Angelino Santos Silva, natural de Recarei, Paredes, escritor, ex-fur mil 'cmd', 26ª CCmds, Bula, Teixeira Pinto e Bissau, 1970/72, e que será o nosso próximo grão-tabanqueiro, passando (finalmente!) a sentar-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 897.

Frequenta, com alguma regularidade, as Tabancas do Norte, com destaque para a Tabanca de Matosinhos,
a Tabanca da Maia, e o Bando do Café Progresso. (E julgamos que também a Tabanca dos Melros,
 em Fânzeres, Gondomar.)


Tertúlias de combatentes
 
por Angelino Santos Silva


A Geração que entre 1961 e 1974/75 demandou por terras de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para cumprir a Missão de Defender a Pátria, uma vez regressada a casa, criou um evento social até aí desconhecido nos hábitos dos portugueses: pelo menos uma vez por ano encontram-se algures num ponto intermédio do país, de modo a reunirem o maior número de Combatentes e aí confraternizarem, falando das suas vivências em África. 

Desde início criaram o hábito de levarem as esposas, depois filhos e depois netos, incluindo genros e noras. E assim tem sido a saga dos Combatentes ao longo de mais de 50 anos, após regresso definitivo a casa.

Há gente, que estando um pouco afastada destes “Encontros”,  estranha e se interroga, como o tema “Guerra” pode aproximar, direi, apaixonar tanta gente para, ano após ano conversarem alegremente de uma vida onde é suposto ter havido “sangue, suor e lágrimas”. E morte. 

E houve tudo isto. E mais. Houve cansaço, dor, mutilados, febres e outras doenças, especialmente maleitas “apanhadas pelo clima”, quando a cabeça não aguentava a pressão de viver num ambiente de guerra. Mas também houve alegrias, bebedeiras, sorrisos, cantorias e camaradagem. E algo comum a todos, que nos fez esquecer agruras e raivas por vermos um camarada mutilado ou morto ao nosso lado: o facto de termos 22, 23, 24 anos e a força de sermos jovens. Como esquecer, como não falar, como não confraternizar pela vida fora, pelo menos uma vez por ano?

Talvez pelas condições específicas da luta na Guiné-Bissau, os camaradas Combatentes que estiveram nesta Província, ao longo dos anos foram criando grupos que designam por Tabanca. E todos se mantêm ligados, quer pelas redes sociais, quer pelos “Encontros Anuais “ e há mesmo quem se encontre todos os meses e semanas. Eu, que fiz a guerra na Guiné, percebo como é importante para nós.

Das várias Tabancas que conheço e/ou participo, no passado dia 8 estive a confraternizar na Tabanca – O Bando do Café Progresso,  das Caldas à Guiné. Trata-se de um grupo simpático que há alguns anos se reúne religiosamente todos os meses. Como todos os grupos que conheço, este é também um grupo eclético pelo que nas conversas entre camaradas, além da vida da tropa, fala-se de outros temas, de A a Z, conforme o momento.

Desta vez o Ferreira marcou o encontro para a terra – que nela vive – mas esqueceu-se de nos avisar, que só um GPS concebido pela NASA nos levaria lá, sem a ajuda de um forasteiro que encontrássemos pelo caminho. Mas chegamos. E valeu a pena.

Boa comida nos serviram no restaurante. As “entradas” foram diversas e de boa qualidade e as tripas muito bem confecionadas e do agrado de todos. Desta vez a tertúlia teve a presença de algumas senhoras e cavalheiros da terra do Ferreira, gente simpática e alegre. Rosinha, dona do restaurante - porque coincidiu com o seu aniversário - prendou-nos com um belíssimo bolo e brindou-nos com alguns fados. 

Logo a seguir à refeição e antes das cantorias e conversas, foram declamados dois poemas: "Sextante", dito de forma magistral por Ricardo Figueiredo; e "Geração Africana", por mim. Algumas lágrimas surgiram ao canto do olho dos mais sensíveis.

Da próxima que lá for, vou de barco até a eclusa da barragem, subo e vou a correr por lá acima até chegar à Rua da Marroca, local do restaurante da Rosinha.

Um abarço, saúde om ano para todos Combatentes e suas família.
Angelino dos Santos Silva

Combatente na Guerra Colonial Portuguesa na Guiné-Bissau

PS - Deixo-vos com os dois poemas :

SEXTANTE

Tracei a vida a régua e esquadro
como se fora uma quadricula
estudei ângulos, revi a deriva
e lancei as sortes no xadrez da vida

Nas contas usei a tabuada
mexi números, tracei a equação
somei pelos dedos da mão
dividi a sorte pela raiz quadrada
e fui à vida de bota fardada

Em águas turvas naveguei
por mar em tempos navegado
ao chão da selva cheguei
dormi sem cama, comi sem mesa
joguei às escondidas de arma na mão
e nesta complicada equação
pisei a linha e perdi o norte

Quis o sextante livrar-me da morte
voltei à vida sem trunfos na mão
lancei os dados em busca da sorte
ganhei ao xadrez, perdi ao gamão
nos cálculos imperfeitos da equação

Traz-me o sextante nesta aflição
realinho a quadricula a régua e esquadro
cálculo o risco, sou enganado
consulto as linhas da palma da mão
e aguardo as sortes da equação

E a vida se faz, fazendo
umas vezes parada, outras correndo
em matemáticas de contas incertas
umas vezes erradas, outras certas
e as contas desta equação
apenas se fecham nas tábuas de um caixão.


GERAÇÃO AFRICANA

Já lá fui e voltei
Já lá fomos e voltamos.

Percorremos o lado negro da vida
tropeçamos na face má da sorte
e andamos por trilhos e picadas da morte.

Talvez com sorte digo eu
muita sorte dizemos nós
quando em passos cuidados e tremidos
caminhamos sem rumo e sem norte
lutando para segurar a vida
matando para sacudir a morte.

Já lá fui e lutei
Já lá fomos e lutamos
Já lá sorrimos e penamos.

E abrimos a caixa de pandora
e antes de virmos embora
enfrentamos medos e emboscadas
carregamos sonhos e granadas
corremos perigo e aflição
bebemos água da bolanha
comemos colados ao chão
adormecemos de arma na mão
socorremos camaradas feridos
beijamos rostos estendidos
cerramos os punhos cantando
festejamos a vida chorando
deixamos os sonhos esquecidos
zangamo-nos com deus e o diabo
apertamos a raiva mordida na mão
e levamos a cabo heroica missão
deixamos áfrica
e regressamos a casa
mais leves de coração.

Já lá fui e voltei
Já lá fomos e voltamos
E pouco pedimos em troca.

Apenas… respeito e consideração.
Da vida e das mãos se faz uma nação.
Das lágrimas de um povo se faz História.
Da Geração Africana se fará Memória.

Poemas da autoria de Angelino Santos Silva, 
disponíveis na sua página do Facebook)

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24921: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (20): 10 de Junho (Só para Patriotas)


1. Em mensagem do dia 30 de Novembro de 2023, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), reapareceu volvidos três anos, enviando-nos esta Boa memória da sua paz, intitulada "10 de Junho (Só para Patriotas)".


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 18

10 de Junho
(Só para Patriotas)


Há um grupo de ex-combatentes da Guerra do Ultramar que se vem reunindo mensalmente em alegres convívios, usufruindo de excelentes “provas” de gastronomia, enriquecidos com admiráveis programas de lazer e de cultura. Neles se cimentaram grandes laços de amizade, solidariedade e camaradagem.

Chama-se “O Bando do Café Progresso” e deve a sua formação a um pequeno grupo de jovens que frequentava assiduamente o “Café Progresso” (o mais antigo do Porto), especialmente no período anterior ao seu ingresso no serviço militar e sua consequente mobilização para a Guerra do Ultramar. Por coincidência passaram maioritariamente pelo mesmo percurso (Caldas, Mafra, Vendas Novas, Tavira, Santarém, Espinho e… Guiné).

Muito mais tarde, o Facebook promoveu a reaproximação de uns e a adesão de outros. Quem fomentou mais a afirmação do grupo foi o saudoso Jorge Portojo. Os membros do “Bando” tratam-se por tu, convivem como irmãos, sem distinção militar, social, clubística, profissional e académica. Cada um vai-se integrando ou afastando livremente, conforme a sua disposição para adaptação à camaradagem, amizade, solidariedade e tolerância. Graças a isso, e a mais de uma dúzia de anos de vivências regulares, temos um bom núcleo de base de grande confiança e amizade. Aqui, ninguém impõe nada, nem é obrigado a nada. Apenas tem de se sentir bem sem chatear ninguém.

Portugal não respeita o dia da sua Independência. Deve ser o único país do Mundo que não festeja o dia da sua independência!

Há quem diga que na “corte” da nossa Capital nunca foi nem será aceite que a fundação de Portugal tenha sido antes da conquista de Lisboa aos mouros.

Graças à grandeza do Camões (muito anterior ao Eusébio, Ronaldo, José Sócrates e Pinto da Costa), os portugueses vêm assinalando a data da sua morte como ponto alto da nossa portugalidade.

E chegou mais um 10 de Junho. Nada de novo: uma descentralizaçãozita das cerimónias para o interior do País e para junto das comunidades lusas de emigrantes no estrangeiro, garantindo assim a participação popular, mais pura e mais patriótica. Oportunidade única para se mostrar alguns adereços locais, mais políticos, mais medalhas discutíveis, mais fardas de vários tipos, incluindo algumas orientadas pela anquilosada/estatizada/Salazarenta Liga dos Combatentes. Mesmo assim, temos vindo a assistir a desfiles de figuras do poder, suas selfies e seus discursos vergonhosamente desenquadrados da importância solene que este Dia de Portugal exige.

Nós, “Bandalhos” do “Bando”, que sempre nos honramos da Pátria que defendemos, que além da Guerra, nos preocupámos e lutámos pela dignidade, honra e solidariedade dos nossos Camaradas, infelizmente pouco conseguimos e muito nos desacreditámos.

Prevalece, isso sim, o espírito “Bandalho”, que nos proporciona a boa ambiência, a amizade e a óptima camaradagem. E sempre manteremos o sentido patriótico com orgulho e muito respeito.


10 de Junho de 2023

Sem políticos, sem fardas, sem desfiles e sem medalhas, o “Bando” poisou, mais uma vez (a 10.ª), na lindíssima povoação de Crestuma,

Concentrados no Miradouro deslumbrante do Largo da Igreja, pelas 12h00 fizemos a Romagem ao Cemitério onde foi depositado um lindo ramo de flores. O Romualdo Silva complementou a Homenagem aos ex-Combatentes locais, enaltecendo a sua prestação militar, espirito de sacrifício e dever patriótico, na defesa do seu País e da sua comunidade.

Seguimos para as instalações do Clube Náutico de Crestuma, onde tivemos a oportunidade de conhecer um dos principais clubes da Canoagem Portuguesa.
Na montra de Troféus do C. N. Crestuma, deparamos com o Troféu Olímpico, que é atribuido ao clube desportivo de maior destaque no período dos 4 anos de Ciclo Olímpico
Como Fundador e Primeiro Presidente (e Honorário) desta Colectividade, “deixaram-me” fazer o papel de Guia. O Clube (propriamente dito) estava ausente, a participar em Provas de Canoagem na Catalunha.

Subimos para a Esplanada, onde prosseguiu o nosso 10 de Junho “à nossa maneira”.
Ali, quase debruçados sobre as águas do Rio Douro, envolvidos numa belíssima paisagem e acarinhados pelo aconchego das nossas queridas, resolvemos homenagear (finalmente!) as nossas Madrinhas de Guerra
Ainda entretidos a “decidir opções” perante a excelente mostra das entradas, o Ricardo Figueiredo já aproveitava para citar Camões, a referência ao dia e o expoente máximo da nossa cultura.
“Eternos moradores do Luzente
Estelífero polo e claro acento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento”


E referiu:
“…Ao longo da nossa história, muitos foram os exemplos de dedicação, altruísmo e coragem de militares que, em cumprimento do dever, sublimaram as suas capacidades ao serviço de Portugal. Foram heróis que connosco partilharam o quotidiano das suas vidas. Afinal, homens simples, capazes de feitos extraordinários.
Ao percorrermos a nossa memória, lembramo-nos dos cerca de 10.000 portugueses mortos e de mais de 54.000 feridos em combate e aí revemos os nomes de familiares e amigos.
E recordamos também aqueles que, ao longo de 9 séculos, deram a vida por Portugal.
Fomos Combatentes!
Somos ex-Combatentes!
Fomos soldados de excepção. Fizemos da distância e da saudade um desafio a vencer, aceitámos a falta de recursos como razão para a iniciativa e para a adaptabilidade fizemos da juventude o tempero da camaradagem.
E é desta lembrança de uma camaradagem fortalecida em tempos difíceis de guerra que resultam os nossos sentimentos de saudade.
Lembramos os nossos camaradas que sobreviveram e os que recentemente da lei da morte se passaram para outra dimensão.


Lembramos:
Jorge Portojo,
Carlos Peixoto,
Armando Santos,
Barreto Pires,
José Valente,
António Piteira,
Francisco Alen
Henrique Azevedo
Carneiro de Miranda
Manuel Maia
…”

Após o minuto de silêncio, procedeu-se à distribuição dos Diplomas de Homenagem às Madrinhas de Guerra, entregues pelos seus próprios afilhados. A nossa geração não esquece.

E a pedido, o Ricardo também leu:

Ex.mas Madrinhas de Guerra
Camaradas Combatentes
Desde miúdos, que nos habituámos a respeitar o 10 de Junho, como Dia de Camões, Dia da Raça. Dia de Portugal.
Era neste dia que se enalteciam os maiores feitos dos Portugueses!
Dia consagrado aos nossos heróis!
Vimos jovens, robustos, firmes, inteiros ou estropiados, garbosamente fardados.
Vimos pais, mães e filhos, vestidos de negro.
Vivos ou mortos, os nossos valorosos Combatentes estavam ali, orgulhosamente, para Honra e Glória da nossa Pátria.
Eram respeitados como a expressão máxima do nosso heroísmo.
Os tempos foram mudando, os combatentes foram esquecidos e as Cruzes de Guerra foram substituídas por grandes e abundantes Comendas.
Agora, os heróis são outros. São experts da política, da economia, da vigarice, do marketing e do chico-espertismo.
Curiosa e vergonhosa a situação reinante.
É que muitos deles (nós também), aguardam da verdadeira Justiça, a desejada e demorada condenação!
Volvido meio século da nossa história, nós, a geração que tudo sofreu,
A geração que em tudo acreditou,
A geração que sempre trabalhou,
Sente-se agora algo envergonhada pela situação a que chegamos.
Sem força, física e anímica, resta-nos a razão moral que nos alimenta vida fora.
Muito fizemos!
Mas muito deixamos por fazer!

É por isso, que, volvido tanto tempo, ainda vivemos preocupados com desejados acertos da nossa História.
Hoje, mais uma vez, lembramos o 10 de Junho, através de uma singela Homenagem.
A Homenagem às nossas Madrinhas de Guerra.
Sem elas, a guerra teria sido outra.
Sem elas, não teríamos vivido a Paz e o Amor.
Sem elas, não valeria a pena viver!
Obrigado Madrinhas de Guerra!
Obrigado Madrinhas no Amor!
Vós sois a razão da nossa existência.
VIVAM ÀS NOSSAS MADRINHAS !!!
VIVA PORTUGAL !!!


Uma inédita e muito singela Homenagem que provocou momentos de grande emoção e ainda de …muito amor.

Foram Homenageadas as seguintes Madrinhas de “Bandalhos”:

Gilda Ferreira - de - José Ferreira
Virgínia Teixeira - de - Jorge Teixeira
Carminda Cancela - de - Jose Manuel Cancela
Margarida Peixoto - de - Joaquim Peixoto
Cândida Rainha - de - Ricardo Figueiredo
Almerinda Freire - de - José Freire
Constantina Silva - de - Fernando Silva
Rosário Guimarães - de - Manuel Cibrão Guimarães
Amélia Fonseca - de - Luis Bateira
Maria Inês Sá - de - Manuel David Sá
Isabel Encarnação - de - João Encarnação
Emília Silva - de - Romualdo Silva
Maria Anjos Ramalho - de - Alberto Moura
Júlia Gomes - de - Isolino Gomes
Eulália Oliveira - de - António Pimentel
Maria de Fátima Carvalho - de - Antonio Carvalho
Umbelina Carneiro - de - Joaquim Carneiro
Constança Lopes - de - António Moreira
Fátima Sousa - de - José António Sousa
Maria José Costa - de - José Sousa
Conceição Claro - de - Damião Carneiro
Fátima Anjos - de - Francisco Baptista
Ana Maria Marques - de - António Duque Marques
Quina Carmelita - de - Manuel Carmelita
Assunção Paupério - de - Rogério Paupério
Constança Maria - de - António Gonçalves
Manuela Campos - de - Eduardo Campos
Fernanda Soares - de - Alberto Godinho
Luísa Lopes - de - José Manuel Lopes

Dia de emoções fortes
No 10 de Junho destes “guerreiros”, o Amor sempre prevalece.
Alimentados os corações, há que abastecer o estômago com a “Paella do Marques”, complementada com mais umas lambarices.
Tudo bem regado com bebidas escuras, brancas e outras e bem-humorado, com destaque para a animação da dupla “Ricardo e Carneiro” e para o grupinho das “Tecedeiras de Crestuma”
Os animadores Ricardo e Carneiro
Grupo das “Tecedeiras de Crestuma”
Já o dia ia longe e ainda “restavam” vários Bandalhos, pacificamente “colados” à terra, quietinhos, quentinhos e em sonolenta recuperação.

“Estes guerreiros são bons
C´o copito no punho
Clamam em vários tons
Pureza no 10 de Junho”


Silva Da Cart 1689
José Ferreira da Silva

____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 DE AGOSTO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21260: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (19): O Sousa da Ponte… de Pedra

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23978: Memória dos lugares (446): Sinchã Alfa, na estrada Cabuca-Nova Lamego (hoje Gabu): interessante, 52 anos depois, constrói-se uma escola no local de um antiga rampa de lançamento de foguetões 122 mm

 

Guiné > Região de Gabu > Carta de Cabuca (1959 ) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Cabuca, Sinchã Alfa, a sudeste de Nova Lamego, e rio Corubal.



 Guiné > Carta geral da antiga província portuguesa da Guiné (1961) / Escala 1/500 mil > Pormenor: posição relativa de Cabuca e Sinchã Alfa a sudeste de Nova Lamego (Gabu Sara). Temos 40 referências a Cabuca.



Infografia: Nuno Rubim / Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2008)


1. Comentário de Valdemar Queiroz ao poste P23976 (*)



Valdemar Queiroz, minhoto por criação, lisboeta por eleição, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; aqui, na foto, em Contuboel, 1969. Trancado em casa, por causa da sua DPOC de estimação, com o filho, a nora  e os netos lá longe nos Países Baixos, é um "consumidor compulsivo" do nosso blogue e extraordinário contribuinte ativo da nossa Tabanca Grande... Que Deus, Alá e os bons irãs lhe deem muitos anos de vida (e a saúde q.b.).


Sinchã Alfa

O local da tabanca Sincha Alfa ficava junto à estrada a meio caminho Nova Lamego-Cabuca, passei por lá várias vezes. (**)

Não sei quando teria sido abandonada, em 1969 já não tinha população.

Próximo de Sincha Alfa foram montadas as rampas de lançamento dos foguetões 122 mm lançados sobre Nova Lamego em 5 de abrail de 1970.

No dia seguinte, foi o meu 4º. Pelotão da CART.11, "Os Lacraus", que encontrou o local da instalação das rampas de lançamento dos 122 mm.

Interessante, 52 anos depois de no local de lançamento de mortíferos foguetões, que por sorte não atingiram ninguém, aparecer a construção de uma Escola.

Que a Escola perdure por muitos anos.




Guiné > Região de Gabu > Cabuca > CART 2479 / CART 11 > 23 de março de 1970 >  Além de material abandonado (morteiro 82, completo, e granadas), o PAIGC  deixou um morto


2. Nota do editor LG:

Camaradas que passaram por (ou conheceram) Cabuca;

  • António Barbosa, ex-alf mil op esp/ranger, 2.ª C / BART 6523 (Cabuca, 1973/74);
  • Armando Gomes ex-1.º cabo ap armas pesadas, CCAÇ 2383 (Cabuca 1968/70);
  • Carlos Arnaut, ex-alf mil art, 16º Pel Art (Binar, Cabuca, Dara, 1970/72);
  • João Silva (1950-2022), ex-fur mil at inf, de rendição individual, CCAV 3404 (Cabuca, 1972), CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1973) e CIM Bolama (Bolama, 1973/74);
  • José António Gomes de Sousa, ex-sold condutor auto, CCAV 3404/BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73);
  • José da Luz Rosário, ex-fur mil, Pel Canh S/R 2298 (Cabuca e Buruntuma, 1971/72);
  • José Pereira, ex-1.º cabo inf, 3.ª CCAÇ e CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68);
  • Ricardo Figueiredo, ex-fur mil, 2ª C / BART 6523, Cabuca (1973/74);
  • Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70).


quarta-feira, 29 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23397: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (2): a minha passagem pelo Depósito de Adidos, em Brá, em 1973: como sargento de dia à Casa de Reclusão Militar, fiz uma escala de serviço para que os presos (alguns violentos) pudessem sair e entrar, "livremente", "ir às meninas" ao Pilão, petiscar em Bissau, etc. (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/72, e Depósito de Adidos, Brá, 1973)




Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > 1973 > O fur mil Augusto Silva Santos, de rendição individual: terminada a comissão da CCAÇ 3306, em dezembro de 1972, foi colocado no Depósito de Adidos, na Secção de Justiça. Regressou a acasa em dezembro de 1973.


Fotos (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Esta é mais uma "história pícara" (*) que fomos repescar, com a devida vénia, à série "Os fidalgos de Jó", da autoria do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-fur mil, CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, e Depósito de Adidos, Brá, 1971/73) (**)


A minha passagem pelo Depósito de Adidos, Secção de Justiça, 1973

por Augusto Silva Santos




Depois da partida do BCAÇ 3833 para a metrópole no navio Uíge, que ocorreu em Dezembro de 1972, fui colocado no quartel do Depósito de Adidos,  em Brá. Naquele Batalhão pertenci à CCAÇ 3306 colocada em Jolmete, para onde fui em rendição individual.

No Depósito de Adidos, para além do serviço na Secção de Justiça como escrivão, tinha também, periodicamente, para além dos serviços inerentes à Unidade, a missão de fazer Sargento de Dia à Casa de Reclusão Militar.

Lembro-me que no primeiro dia em que isso aconteceu, no Render da Guarda tinham desaparecido 12 reclusos, que entretanto ao longo da semana foram voltando. Na segunda vez desapareceram mais 5, que mais tarde também voltariam a aparecer.

Esta era uma situação comum com outros camaradas que faziam esse mesmo serviço, que igualmente se queixavam e viviam o problema.

Nunca ninguém (pelo menos no meu tempo) chegou a saber ao certo por onde os presos fugiam, só sei que eles saíam para ir ao Pilão a Bissau (às “meninas”) e deliciarem-se com alguns petiscos, e que mais tarde voltavam sempre (alguns obviamente eram apanhados pela PM). 

Tive alguns dissabores (ameaças de levar uma “porrada” se os reclusos não aparecessem), pelo que, a partir de determinada altura e por sugestão de outros camaradas mais antigos (inclusivé de um 1.º Sargento), combinei com um dos reclusos (o mais velho, um Fuzileiro com a alcunha de “Grelhas” e que se dizia havia tido um “confronto directo” com o cor paraquedista Rafael Durão, tendo este como consequência partido uma mão), para fazer uma “escala de saída”, com a condição de todos estarem presentes ao Render da Guarda.

Remédio santo, ou seja, nunca mais faltou nenhum recluso quando estava de serviço.
A esta distância parece caricato, mas o que é certo é que a “medida” funcionou (para mim e para os reclusos).

O meu relacionamento com a maioria dos reclusos era regra geral muito cordial e sem grandes problemas. Alguns eram considerados como “perigosos” por terem cometido crimes com alguma gravidade no teatro de operações ou no interior das suas unidades, mas sinceramente nunca observei nada que me levasse a acreditar nessa perigosidade ou a ter receio fosse do que fosse.

Relembro que, na sua maioria, eram camaradas nossos que pelos mais diversos motivos haviam caído nesta situação. De qualquer forma não deixavam de o ser (camaradas), pelo que assim sempre os considerei, embora com as limitações a que a situação obrigava.

Quando já me faltavam escassos 3 meses para acabar a comissão, por ter discordado de uma ordem mal dada por um oficial (o que viria a ser confirmado) e chegado a via de factos, fui castigado com 5 dias de detenção. Só não apanhei 5 dias de prisão porque tinha dois louvores e tive vários Furriéis e Sargentos que presenciaram os factos a testemunharem em meu favor.

Foi-me na altura dito pelo então Comandante do Depósito de Adidos, um tal Major Francisco Ferreira, de alcunha “o Galo”( por andar sempre todo emproado, usava um boné à Hitler), que eu tinha razão, mas que a democracia ainda não tinha chegado à tropa (sic), e que a ordem de um superior, mesmo mal dada, era para ser sempre cumprida.

Como consequência, fui ainda castigado com o ter de fazer a guarda de honra ao General Spínola, na sua última deslocação a este aquartelamento, o que para mim na altura até foi mesmo uma honra.

Lembro-me que, no 2º semestre de 1973, era já grande a tensão entre as NT, principalmente por acontecimentos como os de Guileje e Guidaje (entre outros), factos dos quais íamos tomando conhecimento por relatos dos camaradas que pelo Depósito de Adidos iam passando.

O facto de o PAIGC possuir os mísseis terra-ar Strela, passou a ser um grande problema para a nossa força aérea. Também me recordo de Bissau começar então a ser cercada de arame farpado e da colocação de minas nalgumas zonas da sua periferia, e de nos ter sido comunicada a possibilidade de podermos vir a sofrer em qualquer altura um ataque por terra ou por ar, por também constar que o IN já possuía os famosos MiG.

Isto passou-se perto do final de Dezembro de 1973, altura em que terminei a minha comissão e regressei a Portugal.

Esclareciment posteriro do autor, em comentário a este poste P23397:

De: Augusto Silva Santos

Olá, Luís e restantes Camaradas!

A propósito desta republicação, importa agora esclarecer que o nosso camarada "Grelhas" não era Fuzileiro, como na altura me fizeram acreditar, mais sim Soldado de uma CCaç., que agora não consigo identificar. 

[O "Grelhas" pertencia à CCS/BCAÇ 2930, Catió, 1970/72, segundo informação do camarada Rolando Rodrigues, no Facebook da Tabanca Grande, 29/6/2022] 
 
Através do nosso camarada Albino Jorge Caldas, que pertenceu à CCaç 3518, "Marados de Gadamael", (1971/74) e, por mero acaso, vim a tomar conhecimento que o famoso "Grelhas", de seu nome próprio Armando, era taxista no Porto, tendo-me inclusive facultado o seu contacto telefónico.
 

[ No Facebook da Tabanca Grande, 29/6/2022, o Albino Jorge Caldas confirma que o "O Grelhas hoje é taxista na cidade do Porto, sempre em forma e pronto para umas confusões se necessário."]

Após animada conversa relembrando velhos tempos e peripécias, o nosso amigo Armando "Grelhas" acabou por me confidenciar que as "saídas" eram conseguidas através de uma chave falsa de uma porta não controlada, da qual era portador. Era também ele que se encarregava de elaborar a "escala" de saídas (poucos de cada vez, para não dar nas vistas).

Embora sem ter total conhecimento do "esquema" montado, confesso que na altura foi algo que, após duas situações menos agradáveis, me deixou mais confortável (se assim se pode considerar), pois o amigo "Grelhas" nunca mais permitiu que algum recluso faltasse aquando do render da guarda, sempre que eu estava de serviço.

Forte Abraço para todos!

29 de junho de 2022 às 22:29




Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > Casa de Reclusão Militar > Março de 1973 > O "carcereiro" em alegre e franco convívio com alguns reclusos por ocasião de um aniversário. "O camarada ao fundo, de óculos e barba, é o Carlos Boto, já aqui referenciado por outros camaradas"... Vê-se que está de gravador na mão, recolhendo declarações de outro camarada, possivelmente o aniversariante e ambos... reclusos. O Carlos Boto deve seguido depois para Cabuca, onde animaria a rádio local "No Tera" (A nossa Terra)... Ainda hoje os seus camaradas desse tempo (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) andam à procura do seu paradeiro...


Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23395: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (1): Luanda, Depósito de Adidos de Angola, o oficial de dia e o preso cabo-verdiano (Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, 1972/74)

(**) Vd. poste de 22 de setembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12070: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (14): A minha passagem pelo Depósito Geral de Adidos, em Brá

(***) Último poste da série > 13de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18313: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (48): Clube de Cabuca

(...) Na Guiné e, também, em teatro de guerra, se viveram grandes momentos de paródia guerreira, relatados na Rádio “No Tera”.

(...) O seu grande dinamizador foi o despromovido Carlos Boto, que, condenado disciplinarmente, cumpria a sua 3ª comissão de serviço.

Foi ele quem pediu ao Cap Vaz o aparelho de rádio RACAL que, devidamente afinado, passou a transmitir em onda curta 25 M, nas bandas dos 12.900 e 13.700 KHZ/s. Transmitia ainda em 31 M na banda dos 9.200, na onda marítima e na onda média.

A rádio era liderada por Carlos Boto (Produção, Direcção e Montagem), e contava com a colaboração de Zé Lopes (Discografia),Toni Fernandes (Sonoplastia), Arménio Ribeiro (Exteriores) e Victor Machado (Locução). (...)


Vd. também poste de 15 de março de  2012 > Guiné 63/74 - P9607: O PIFAS, de saudosa memória (9): Dois terços dos respondentes da nossa sondagem conheciam o programa e ouviam-no, com maior ou menor regularidade...

(...) No redescobrimento do PIFAS, cujos artigos tenho lido com alguma sofreguidão, pois sempre que possível lá o conseguíamos sintonizar, não posso deixar de recordar que também nós, no “buraco” que era Cabuca, também tínhamos uma estação de rádio, que com alguma dificuldade era ouvida em Bissau!

Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19h30 às 23h00.

Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.

A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.

Dos programas emitidos, relembro os seguintes :

- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.

E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.

Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!

(...) Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) (...)

domingo, 19 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22554: Agenda cultural (784): Foi dia de festa na Tabanca dos Melros, em Fânzeres, Gondomar, o dia 11, em que o António Carvalho lançou ao mundo o seu livro - II (e última) Parte: registe-se com agrado o apoio que "O Bando do Café Progresso" deu ao nosso novel escritor


Foto nº 1 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Sessão de autógrafos > O autor, o Zé Manel Cancela (Penafiel) e o Eduardo Moutinho dos Santos (Porto).



Foto nº  2> Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Eduardo Campos (Maia) e Manuel Carmelita (Vila do Conde)


Foto nº 3 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Mais dois dos nossos grã-tabanqueiros: o José Ferreira da Silva, escritor, do outro lado do rio (Crestuma), e o Zé Manel Lopes (Règua), o poeta Josema, a quem une uma  grande amizade com o António Carvalho, conforme ele lembrou na apresentação do livro: "Se algo positivo essa guerra, a da Guiné, nos deixou, foi o nascer de amizades que nem a morte pode acabar. É uma amizade cimentada por momnetos muito difíceis e de uma solidariedade imensa. Em 26 meses vivemos muitas emoções em conjunto".



Foto nº  4> Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > À esquerda, o nosso Zé Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos à conversa com o Zé Manel da Régua.



Foto nº  5> Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > As nossas queridas amigas... Da esquerda para a direita, Margarida Peixoto (Penafiel), Joaquina Carmelita (Vila do Conde), Carminda  Cancela (Penafiel),  e Luisa Valente Lopes (Régua)




Foto nº  6> Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > A Luisa Valente Lopes  (Régua) e a Ana Carvalho (Medas / Gondomar), filha do António Carvalho.



Foto nº  7 >  Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Almoço > Mais uma linda perspetiva da "degustação dos aperitivos" debaixo da grande latada de vinho americano (ou morangueiro, ou seja, um "produtor direto") que dá o célebre "vinho doce" ainda muito apreciado na região pelos mais velhos (, embora a sua produção, comercialização e consumo... sejam proibidos).


Foto nº  8> Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Almoço > Aperitivos > Em primeiro plano, da esquerda para a direita: Eduardo Moutinho dos Santos e Eduardo Campos. E segundo plano, Luís Graça (Tabanca de Candoz).


Fotos (nº 6): © Fernando Súcio (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fotos (nºs restantes): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Segunda ( e última) parte do relato da sessão de apresentação do livro do nosso amigo e camarada António Carvalho (Medas / Gondomar) (*), É de lembrar, com regozijo, a presença de 8 dezenas de amigos e camaradas do autor. 

Não foi a reportagem (fotográfica) que eu gostaria de ter feito, por causa das minhas limitações de mobilidade. Houve outros camaradas, membros da Tabanca Grande, com quem falei e não registei em fotografia, como por exemplo o médico Rui Vieira Coelho ou o António Barbosa, de Gondomar, que veio acompanhado de dois netos. Mas tive o prazer de conhecer dois dos nossos "periquitos", o Joaquim Costa (Fânzeres / Gondomar) e o Manuel Oliveira (Vila Nova de Gaia).

Estive à mesa, ao almoço, e conversei longamente com o Zé Teixeira e o Eduardo Moutinho Santos. E gostei de rever o Gil Moutinho, régulo da Tabanca dos Melros. Registo com agrado o apoio que os "bandalhos" (os membros de "O Bando do Café Progresso") deram ao seu camarada, o "bandalho" António Carvalho, a começar pelo Ricardo Figueiredo, que não esteve presente e que escreveu no prefácio:

(...) "Conheci o António Carvalho, no Grupo do Café Progresso das Caldas à Guiné – um grupo de antigos combatentes da Guiné, de que ambos fazemos parte – que religiosamente se encontra, desde pelo menos o ano de 2007, às segundas quarta - feiras de cada mês, para uma reunião de “trabalho”  gastronómico e cultural, onde o exercício da catarse é feito de forma coletiva e em que a camaradagem se aprofunda cada vez mais, sublimando a amizade construída nos campos de batalha." (...) (**).

Pela minha parte foi um prazer ter dado também o meu pequeno contributo para fazer deste evento a festa que o António Carvalho (e Medas) merecia.

PS - Recorde-se que o livro pode ser adquirido, ao preço de 15,00 euros (portes incluídos, no território nacional ou estrangeiro). Os pedidos devem ser dirigidos ao autor, António Carvalho:

Email: ascarvalho7274@gmail.com | Telemóvel: 919 401 036
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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22445: Notas de leitura (1370): Prefácio de Ricardo Figueiredo ao livro "Um caminho a quatro passos", de António Carvalho


Capa do livro do António Carvalho, 
"Um caminho de quatro passos" (2021)



Prefácio

por Ricardo Figueiredo



Num final de tarde, do mês de Maio, recebi um telefonema do amigo e camarada de armas, António Carvalho, com um pedido específico para lhe prefaciar o seu livro. Confesso que a minha primeira atitude foi no sentido de recusar tão honroso convite mas, perante a sua insistência, não consegui argumentos para a manter.

Conheci o António Carvalho, no Grupo do Café Progresso, das Caldas à Guiné – um grupo de antigos combatentes da Guiné, de que ambos fazemos parte – que religiosamente se encontra, desde pelo menos o ano de 2007, às segundas quarta - feiras de cada mês, para uma reunião de “trabalho” gastronómico e cultural, onde o exercício da catarse é feito de forma coletiva e em que a camaradagem se aprofunda cada vez mais, sublimando a amizade construída nos campos de batalha.

Culto, de um humor provocatório, sagaz, e humilde na sua postura, o António Carvalho já nos havia comunicado que andava muito empenhado em escrever um livro que retratasse a sua Medas.

Caracterizado pelo rigor, investigou, até com alguma razão de ciência, as várias narrativas que constituem o seu livro, buscando aqui e ali a certificação das suas afirmações, ora visitando para consultaas bibliotecas ou até mesmo o cemitério e os arquivos jornalísticos da época.

Sendo uma quase biografia, não deixou de trazer, à memória das gentes das Medas, algumas das figuras mais marcantes que o tempo fez esquecer, reabilitando até o excomungado sacerdote que, um dia, atraiçoado pelo desejo do sexo oposto, quebrou o celibato, caindo nas garras de um Código Canónico impiedoso e se viu discriminado por alguns dos seus pares.

Não esqueceu as dificuldades, o glossário utilizado pelos seus habitantes, pintando, expressivamente, nos seus textos, os quadros da época com uma proximidade tal que nos envolve na leitura.

O António Carvalho, como muitos milhares de jovens nascidos entre 1940 e 1954, viram as suas vidas condicionadas durante cerca de 14 anos, pela Guerra do Ultramar, que durou entre os anos de 1961 e 1975, sujeita à mobilização para cumprimento do então Serviço Militar Obrigatório (SMO) para cumprir serviço numa das Províncias em guerra – Angola, Guiné ou Moçambique.

Acabou mobilizado para a Guiné, após uma rápida formação, na especialidade de enfermeiro. Aí chegado, para além do que por si é narrado, no capítulo que lhe dedicou, desenvolveu um trabalho não só no serviço de saúde, a sua área específica, como também na área social e psicológica. 

Na área da saúde, como enfermeiro de guerra, não só acudiu à população militar, como à civil, designadamente os nativos, com todas as suas carências naturais, mas também no tratamento de ferimentos graves e até já infectados pelo desleixo ou incapacidade dos infectados. Muitas vezes substituindo-se ao médico, por ausência deste ou do seu distanciamento geográfico. Na área social e psicológica, pelo acompanhamento que dava aos seus pares e aos próprios nativos, aturando os desabafos de uns e de outros, com a paciência de Job.

Finalmente, como também aconteceu a muitos dos jovens, que viveram o 25 de Abril de 1974, fez uma incursão pela vida política, chegando a presidente da Junta de Freguesia de Medas, lugar que desempenhou com todo o saber em prol dos seus fregueses, por cerca de duas décadas.

Resta-me agradecer-te, António Carvalho, pelo esforço, dedicação e coragem em escreveres este livro, que muito honrará as gentes das Medas, estou disso certo.

Ricardo Figueiredo

Antigo Combatente da Guiné

[ex-Fur Mil, 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74; advogado]


Mensagem, enviada com data de ontem, às 15h50, pelo  António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74;  também carinhosamente conhecido como o "Carvalho de Mampatá", natural de Medas, Gondomar; antigo autarca):



Caro Luis, junto te remeto a capa do meu livro, para usares como entenderes. 

A venda do livro será sempre depois da apresentação que ocorrerá no dia 11 de Setembro pelas 11 horas, na Tabanca dos Melros. Não excluo a hipótese de o vender, em futuras visitas à Tabanca da Linha e à Tabanca do Centro.

domingo, 8 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22442: Agenda cultural (779): "Um caminho de quatro passos", o livro autobiográfico do António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), a ser apresentado na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gomndomar, no próximo dia 11 de setembro


1. Mensagem de  António Carvalho (ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), também carinhosamente conhecido como o "Carvalho de Mampatá", natural de Medas,  Gondomar.

Data - terça, 3/08/2021, 23:13  

Assunto - O meu livro " Um Caminho de Quatro Passos"

Caro Luís Graça:

Acabou de sair do prelo o meu livro (*). Será apresentado na Tabanca dos Melros, no sábado, dia 11 de Setembro, pelas 11 horas. (**)

Muito gostaria de contar com a tua presença, para além de outras razões, também pelo teu papel primordial na fundação e gestão da Tabanca Grande dos Combatentes. Pretendo, oferecer-te um exemplar do meu livro,  ainda antes da respectiva apresentação, para que dele faças o uso que entenderes. 

Podes ainda, se achares por bem, divulgar a data da sua apresentação, através do blog da Tabanca Grande, bem como dizer dele o que te aprouver.

Preciso por isso que me indiques o teu endereço.

Com um abraço e votos de saúde .

António Carvalho

2. Comentário do editor LG:

António, primeiro que tudo deixa-me dizer-te da minha felicidade por teres pronto o teu livro de que fomos os primeiros, no nosso blogue,  a publicar uma série de excertos (**). E, em segundo lugar, da honra que senti pelo teu convite para a sessão da apresentação na Tabanca dos Melros. 

Infelizmente, não me vai ser possível deslocar-me nessa data até à tua terra, e à nossa querida Tabanca dos Melros. Nas próximas seis semanas, no mínimo, estou aqui preso,  na Lourinhã,  a fazer fisioterapia, a recuperar a massa muscular das minhas pernas e a fazer treino de marcha. É previsível que em outubro ou  novembro vá à "faca"... Por ora, ando de canadianas,,,

Mas terei todo o gosto em escrever uma ou mais notas de leitura do livro de que me vais mandar um exemplar, autografado, para a minha morada.  (Já conheço a fazer versão final em formato pdf, que tiveste a gentileza de me mandar há dias.) Vais por certo encontrar uma ou mais pessoas (a começar pela tua filha, o Ricardo Figueiredo, ou alguém dos "Unidos de Mampatá"...) que poderão abrilhantar, muito melhor do que eu, a sessão de lançamento do teu livro que tem um título tão sugestivo, "Um caminho de quatro passos". 

Obrigado, António, ficamos todos muito  orgulhosos, aqui na Tabanca Grande, por mais este passo que tu dás na picada da vida, cheia de minas e armadilhas, mas também de boas oportunidades para sermos criativos, felizes e solidários.... E gratos à vida!.  

Vai ser uma festa de arromba o convívio no dia 11 de setembro de 2021, na Tabanca dos Melros. Um abraço para todos os Melros e para o régulo Gil Moutinho.

PS - Num próximo poste publicaremos já o prefácio, da autoria do teu e nosso amigo e camarada Ricardo Figueiredo, para além  do teu posfácio.

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

24 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21942: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (8): O valor da seringa

22 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21935: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (7): O milagre de Nhacobá

19 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21920: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (6): O soldado dos pés inchados

17 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21912: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (5): Dormir com o inimigo

15 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21905: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (4): A vaca

12 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21891: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (3): O canhangulo

10 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21880: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (2): Despejado na Guiné

12 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21762: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Manpatá, 1972/74) (1): Contra os canhões marchar, marchar...

(**) Último poste da série > 5 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22435: Agenda cutural (778): "Os Roncos de Farim", de Carlos Silva (Porto, 5 Livros, 2021): lançamento do livro, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, no próximo dia 14, sábado