terça-feira, 25 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16636: Os nossos capelães (5): Relação, até à sua independência, dos Capelães Militares que prestaram serviço no Comando Territorial Independente da Guiné desde 1961 até 1974 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Outubro de 2016:

Queridos amigos,
Foi no decurso da leitura da incontornável obra "História das Missões Católicas da Guiné", por Henrique Pinto Rema, Editorial Franciscana, 1982 que encontrei entre as páginas 709 e 712 esta relação que convirá fazer parte da documentação do blogue.
Aparecem nomes de padres que escreveram as suas memórias, caso de Abel Gonçalves e Mário de Oliveira, felizmente vivos, e mencionados no nosso blogue. e Arsénio Puim, que conheci em Bambadinca.
Bom seria que todos eles deixassem memórias sobre o que viram e experimentaram. O padre Pinto Rema observa que muitas vezes estes capelães substituíram os missionários e a inversa também foi verdadeira, refere concretamente Bolama, Bambadinca, Catió, Cacheu, Bissorã, Teixeira Pinto, Mansoa e Bigene. Também na falta ou ausência de capelães militares os missionários desempenhavam as funções religiosas essenciais de capelães nas unidades.
Uma história por fazer.

Um abraço do
Mário



Com a devida vénia a "História das Missões Católicas da Guiné", por Henrique Pinto Rema, Editorial Franciscana, 1982
____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13616: Os nossos capelães (4): O bispo de Madarsuma, capelão-mor das Forças Armadas, em Gandembel, no natal de 1968 (Idálio Reis, ex-alf mil, CCAÇ 2317, Gandembel / Balana, 1968/69)

13 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nesta lista de 113 capelões (102 do Exército), temos pelo memos 4 membros da nossa Tabanca Grande;

Arsénio Puim
Augusto Baptista
Horácio Fernandes
Mário de Oliveira

Temos 8 dezenas de referências aos capelães. E já fizemos inclusibe um inquérito 'on line' sobre o seu papel no TO da Guiné...


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/os%20nossos%20capel%C3%A3es

Anónimo disse...

Na lista está o Padre Albino Apolinário Silva Gouveia, que eu conheci,
pertenceu ao Batalhão Caç 506.
Acompanhou o pessoal da c.caç 412 em muitas operações e deslocava-se aos vários destacamentos no mato, para rezar missa e dar apoio religioso e psicológico a todo
o pessoal. Era como um irmão nosso. Tive algumas conversas com ele.
Era madeirense. Mais tarde, saiu de Padre e casou, morava em Lisboa.
O episódio mais caricato a que assisti, passado com ele, foi o seguinte
A 27 de Fevereiro de 1964, foi lançada a "Operação Marte" à Ponte de Inglês, onde a Companhia sofreu três emboscadas. Na primeira ficou ferido um soldado da minha secção, com um tiro de pistola, pelas costas, pois ele que seguia pelo interior do mato, deu a correr para a estrada, apesar de lhe ter recomendado que em caso de ataque enfrentasse o mesmo que eu iria socorrê-lo. Quando olho para o lado, está ele deitado dizendo:
- Marinho, estou ferido.
- Verifiquei onde estava ferido e sosseguei-o, dizendo:
- Ó pá isso, não é nada, tem calma, eu vou chamar o enfermeiro.
Tinha levado um tiro de pistola. Só se via nas costa do seu lado esquerdo, na direcção do baço, uma pequena roseta, por onde tinha entrado o projéctil e veio alojar-se na frente, onde se via uma pequena mancha escura. Nunca foi retirada e ainda actualmente, se apalpa o projéctil, na sua barriga.
Na segunda emboscada eles atacaram mesmo junto á estrada, e um dos turras viu o capelão Apolinário meter-se atrás da roda traseira dum Unimogue e toca de fazer fogo
com uma PPSH (costureirinha).
Então só se ouvia uma voz que gritava:
-Filhos da pu..ta, mer..da, car..lho! quem me acode? os filhos da... matam-me!
Começamos a atacar o local donde vinha o fogo, afastando o perigo do Unimogue.
Eis, quando vimos sair debaixo do Unimogue, o Padre Apolinário, branco como a cal,
com a pistola Walter na mão, tremendo todo como varas verdes.
Começamo-nos todos a rir.
Diz ele:
- Se alguém disser o que ouviu e viu, eu juro a pés juntos, que é tudo calúnias e participo do engraçadinho.
A malta ainda mais se riu.
Continuamos a marcha, e sofremos a terceira emboscada.
Fomos atacados por enxames de abelhas.
Naquele pedaço de estrada nas árvores das bermas tinham colocado lá no alto, uma espécie de cortiços, pareciam melões, feitos de barro, onde estavam as abelhas.
Quando começou a emboscada, atacaram-nos e ao mesmo tempo, atiraram aos cortiços,
que caíram e partiram, destruindo o habitat das abelhas.
Estas furiosas, atacavam tudo e todos. Um motorista, Cândido, caiu e as abelhas atacaram-no e coitado acabou por falecer. Tinha em cima dele mais de um palmo de abelhas.
Tirei do meu bornal, um volume de tabaco , que distribui pelo pessoal, indicando que metessem nos lábios três ou quatro cigarros e os acendem-se e soprassem para fora, fazendo fumo. Também cortamos capim e toca a fazer archotes para fazer fumo e afastar as abelhas, pois elas eram aos milhares.
Fui picado por uma abelha, na orelha direita. que passado pouco tempo, ficou dura como uma tábua e do tamanho duma mão.
Entretanto, na refrega da emboscada, ouvimos e vimos o capitão Braga, descalço, tinha tirado as botas e tentava despir-se, parecia um louco e berrava muito.
Os pés já estavam todos queimados, eram duas horas e meia da tarde, o sol queimava e as areias da estrada torravam, de quentes que estavam (52º- ao sol).
O furriel enfermeiro Silva, teve que sedar o Capitão.
Aí acabou a operação. Toca a voltar para Xime e Bambadinca.
Abraços
Alcidio Marinho
C.Caç 412



José Marcelino Martins disse...

Conheci os nºs 44 e 45.
O 44, Padre Manuel Capitão (Capitão de nome e patente) era já conhecido e fui visita-lo quando cheguei. Era amigo da família da minha mulher e tinha sido capelão do Regimento de Transmissões, em 1967. Depois de regressar, em 1973 era Capelão no Quartel General do Porto.
O 45, Padre Libório, era o Capelão do Batalhão de Nova Lamego.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Conheci (mas não da Guiné...) e conheço o padre Mário de Oliveira (mais popularmente conhecido como padre Mário da Lixa)... Foi ao meu casamento, em 1976, e hoje é membro (embora pouco ativo...) da nossa Tabanca Grande.Um abraço fraterno para ele.


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/M%C3%A1rio%20de%20Oliveira%20%28Padre%29

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Conheci em Bambadina o Arsénio Puim (açoriano, da Ilha de São Jorge, ex-alf mil capelão, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72... WE j´+a estuve com ele duas ou trºes vezes depois do nosso regresso...

Foi expulso do Batalhão e do CTIG em maio de 1971 por ser um homem justo. No final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve 2 filhos, vive na Ilha de São Miguel.

Espero que agora esteja bem de saúde. É membro da nossa Tabanca Grande, onde tem diversos e notáveis testemunhos do seu tempo de capelão.

Tem quase 4 dezenas de referências no nosso blogue:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Ars%C3%A9nio%20Puim

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Fui à missa nova, em 1959, em Ribamar, Lourinhã, do Horácio Fernandes, meu parente do clã Maçarico...Foi alf mil, capelão, BART 1913, Catió, 1967/69, e BCAÇ 2852, Bambadinca, 1969... É membro da nossa Tabanca Grande. Tem masi de duas dezenas de referências no blogue. É também grande amigo do João Crisóstomo. Vive no Porto.


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Hor%C3%A1cio%20Fernandes

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Era bom que aparecessem mais história dos nossos capelões,... Temos dois marcadores no blogue:

(i) capelães (cerca de 80 referências):

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/capel%C3%A3es

(ii) os nossos capelães (12 referências):

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/os%20nossos%20capel%C3%A3es

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pelas minhas contas, por alto, eu achava que pelo CTIG teriam passado centena e meia de capelães... Afinal foram apenas um escassa centena, só no exército. E os Açores devem ter dado a uma boa ajuda á capelania militar...

Já aqui comentei, em tempos, que a década de 1960, que é também a do Concílio Vaticano II, foi fortemente marcada pela crise de vocações sacerdotais no seio da Igreja Católica. Dois dos quatro membros da nossa Tabanca Grande que foram capelães no TO da Guiné, acabaram por deixar o sacerdócio: o Arsénio Puim e o Horácio Fernandes.

Por outro lado, e numa pequena sondagem que realizámos, "on limne", no nosso blogue, em setembro de 2014, sobre os capelães militares no CTIG, tivemos os seguintes resultados:

(i) houve 73 respondentes:

(ii) a opinião dos respondentes era simpática e favorável à presença dos capelães no seio das nossas fileiras;

(iii) um terço dos respondentes (n=24) não conheceu nenhum capelão:

(iv) outros tantos guardavam boas recordações deles (n=28):

(v) cerca de um em cada quatro (n=17) achavam que eles "davam algum conforto espiritual aos nossos soldados";

(vi) apenas cerca de 18% dos respondentes disseram que "nunca sentiram a sua falta" (n=13)...

Como habitualmente, por ser uma amosttra de reduzida dimensão e de conveniência, chamámos a atenção para o facto de não se poder generalizar as conclusões.


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2014/09/guine-6374-p13594-sondagem-sobre-os.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Vendo a lista dos capelães militares (sim, porque também há capelães hospitalares, há capelães nas prisões, nos navios da marinha mercante, etc.), constato que todos, no geral, cumpriram a comissão de 21/22 meses, que era a norma no TO da Guiné, e alguns mais, alguns fizeram maios do que uma comissão. Há, porém, dois ou três, que foram para casa mais cedo, dois deles, meus conhecidos, por "razões disciplinares":

Mário de Oliveira (nº 39 da lista): só cumpriu 3 a 4 meses (de outubro de 1967 a janeiro de 1968);

Arsénio Chaves Puim (nº 66): só cumpriu 12 meses (de maio de 1970 a maio de 1971).

O nº 1 da lista, António Alberto Alves Machado, também só cumpriu pouco mais de um ano (janeiro de 1961/fevereiro de 1962)... Pode ter adoecido, não sabemos...

O Joaquim Dias Coelho (nº 16) esteve lá 5 anos, deu-se bem com a Guiné... Percebe-se: era o capelão-chefe (fevereiro de 1964/ março de 1969).

O franciscano (OFM) Manuel Pereira Gonçalves (nº 91) deve ter batido o recorde em termos de tempo: 6 anos (maio de 1968 / junho de 1974). OFM quer dizer Ordem dos Frades Menores, vulgarmente conhecidos como Franciscanos. É o claero regular mais representado (, são 7 ao todo), nesta amostra de capelães miliatres. (O meu primo Horácio Neto Fernandes, nº 42 da lista, era franciscano, e esteve lá dois anos, primeiro em Cato e depois em Bambadinca e Bissau, de novembro de 1967 a novembro de 1969; pormenor intrigante, nunca nos encontrámos...).

Há um dominicano (OP= Ordem dos Pregadores), dois salesianos, três jesuitas (SJ=Sociedade de Jesus). O resto é clero secular ou diocesano...

Os que estiveram menos tempo (poucos meses) foram naturalmente os que vieram em finais de 1973/ princípios de 1974 ou até pós-25 de abril (há um caso, de um capelão da FAP, Eduardo Raposo do Couto Resende que veio em agosto de 1974 e regressou em outubro, não deu para "aquecer o altar"...).

Obrigado, Mário Beja Santos, por esta preciosa lista...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre o Abel Gonçalves (nº 37 da lista dos capelães) ler nota de leitura do Beja Santos:


25 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15665: Notas de leitura (800): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (1) (Mário Beja Santos)7

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2016/01/guine-6374-p15665-notas-de-leitura-800.html

29 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15685: Notas de leitura (801): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (2) (Mário Beja Santos)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2016/01/guine-6374-p15685-notas-de-leitura-801.html

alma disse...

Num dos últimos 10 de Junho, estava um padre com o hábito franciscano,que envergava a boina, o lenço e o crachá dos Comandos. Existiu algum padre comando? Abraço J.Cabral

PILAO2511966 disse...

Padre Abel Matias

Autor de:Paz só com Muxima

A guerra em Angola vista pelos olhos dum Capelão. Este Senhor Capelão, foi o UNICO QUE TIROU O CURSO DE COMANDOS, e fez 2 comissões em Angola.

Costuma ir ao 10 de Junho com o seu habito de frade, ostentando orgulhosamente o seu distintivo de Comando.

Carlos Coutinho

António Tavares disse...

Camarigos,

O falecido padre João da Cruz Conceição (na lista é o 65) era o Capelão do BCaç.2912.
Estava aquartelado em Galomaro mas ia frequentemente, em colunas auto, às Companhias da quadrícula do batalhão onde permanecia uns dias. Não usava armas.
Em Galomaro, Cancolim, Dulombi e Saltinho exercia a sua missão sacerdotal, coadjuvado pelo Sacristão.