Do verde ao amarelo...
Caminho longo.
Um processo espesso.
Silencioso e sombrio.
Emergindo da terra.
Raízes profundas.
No intercâmbio dos elementos.
A seiva pura sobe nos caules.
Com vida.
Um rio fluente.
Cadeia de laços.
Tecendo fazenda.
Viva estrutura.
Crescem os ramos.
Se cobrem de verde.
As folhas.
As flores e os frutos.
Bate-lhes o sol.
Tudo aquecendo.
Medrando.
No tamanho exacto.
Passa-lhe o tempo.
Toldando-lhe a cor.
Um milagre de química
Se deu.
O verde morreu.
O amarelo surgiu...
ouvindo Claydermann
Berlim, 19 de Outubro de 2016
10h7m
JLMG
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Na sombra eu teço…
Sejam suaves, coloridas estas linhas
Que, na sombra, eu teço.
Vêm do linho corado ao sol
E da lã da serra que a terra dá.
O rio as rega, o sol as banha.
Os azuis do céu.
O matiz das urzes.
Minha pena as urze.
Meu tear sombrio.
Linha a linha eu teço
Desta seara d’oiro
Que me aloira a alma.
É tão breve a vida,
Tão rico o bragal.
Ó riqueza louca,
Para eu expor ao sol…
Ouvindo concerto de Schumann por Khatia Buniatiswilli ao piano
Berlim, 21 de Outubro de 2016
9h22m
JLMG
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Rio da esperança
Maviosa fluência de serenidade
Vai naquele rio largo.
A ele acudo nas minhas horas
Mais agitadas que a vida traz.
Nele me banho e lavo todas as asperezas
Que me feriram no corpo e alma.
Se dissipam as névoas negras
Que me toldam a paz.
Reverdece a esperança
E renasce a alegria…
Berlim, 23 de Outubro de 2016
9h3m
JLMG
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Nota do editor
Último poste da série de 16 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16605: Blogpoesia (475): "Pelo céu cinzento..."; "Flor perfumada..." e "Poisei meus pés em África...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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