Vídeo 2' 51'' (alojado em You Tube > Luís Graça)
Foi feita uma edição de 500 exemplares, com o apoio da Câmara Municipal de Moncorvo. A capa, muito bonita, baseia-se numa imagem do "pano pente" ou "pano de pente". Na contracapa, com uma bela foto do célebre poilão de Maqué, da autoria de Maria da Conceição Santos Salgado (2006), lê-se: "A presente obra é o resultado de experiências vividas pelo autor no período da guierra colonial e duarnte a sua permanência, como cooperante, na Guiné-Bissau".
A apresentação da obra e do autor esteve a cargo do poeta e jornalista transmontano Rogério Rodrigues, amigo de infância do Paulo Salgado, e de que fizemos também uma gravação em vídeo. O livro foi vendido, no local, a preço de lançamento (13 €). O livro pode ser adquirido através de pedido para o mail da editora: editora@lemadorigem.pt
O nosso camarada Paulo Salgado, nascido em Torre de Moncorvo, em 1946, foi alf mil cav, op esp, CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72), sendo seu comandante o então cap cav Mário Tomé, hoje cor cav ref. Foi professor primário, licenciou-se em direito, é mestre em administração de unidades de saúde, fez formação pós-graduada em administração hospitalar, trabalhou em diversos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e foi cooperante em países lusófonos, como a Guiné-Bissau (1990/92 e 1997-2006) e Angola (nos últimos sete anos). É administrador hospitalar reformado, vive em Vila Nova de Gaia, tem dois filhos e um neto, é membro da nossa Tabanca Grande desde a primeira hora (2005).
Na sua intervenção, a seguir à do editor, António Lopes, e do apresentador, Rogério Rodrigues, o autor fez uma série de agradecimentos e, no final, leu um poema da sua autoria, datado de Bissau, 1997, à época em que esteve á frente do Hospital Nacional Simão Mendes. Aqui se reproduz um excerto da sua intervenção e, por escrito, o seu poema (que teve a gentileza de nos enviar por email hoje mesmo).
POEMA SIMPLES
por Paulo Salgado
Amigos,
gostava de escrever
um poema
que cantasse
a voz do batuque,
o choro do korá,
o eco do bombolom.
Um poema
que tratasse
do trinado das guitarras,
do rufar do adufe,
do gemer de uma viola.
Amigos,
gostava de escrever
um poema
que conseguisse remexer
as profundezas da solidariedade
e da fraternidade.
Um poema
que alcançasse
a planície alentejana,
os vales estreitos transmontanos
e as inundadas bolanhas
e frondosas florestas.
Um poema
que nos cobrisse
Último poste da série > 21 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16625: (De)caras (47): Apresentação ontem, na A25A, em Lisboa, do livro do Paulo Salgado, "Guiné: crónicas de guerra e amor"... As primeiras fotos.
por Paulo Salgado
Amigos,
gostava de escrever
um poema
que cantasse
a voz do batuque,
o choro do korá,
o eco do bombolom.
Um poema
que tratasse
do trinado das guitarras,
do rufar do adufe,
do gemer de uma viola.
Amigos,
gostava de escrever
um poema
que conseguisse remexer
as profundezas da solidariedade
e da fraternidade.
Um poema
que alcançasse
a planície alentejana,
os vales estreitos transmontanos
e as inundadas bolanhas
e frondosas florestas.
Um poema
que nos cobrisse
de paz,
de lágrimas de contentamento,
de esperança no presente
e de crença no futuro.
Um poema,
amigos,
para uma música simples.
numa melodia capaz
de embalar os homens
que um dia se encontraram…
Escrito em Bissau no ano de 1997
_______________
Nota do editor:
de lágrimas de contentamento,
de esperança no presente
e de crença no futuro.
Um poema,
amigos,
para uma música simples.
numa melodia capaz
de embalar os homens
que um dia se encontraram…
Escrito em Bissau no ano de 1997
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16625: (De)caras (47): Apresentação ontem, na A25A, em Lisboa, do livro do Paulo Salgado, "Guiné: crónicas de guerra e amor"... As primeiras fotos.
3 comentários:
Paulo, aqui tens... Um dos vídeos que fiz e que te prometi mandar... O António Lopes já me disse como é que o livro pode ser adquirido por quem estiver interessado em lê-lo, basta pedi-lo, à cobrança, através do mail da editora...
Já li algumas "crónicas" de que gostei muito, são histórias, curtas ("short stories") bem conseguidas (por ex., Rosa; Liberdade;Julião, Soldado...).
Em minha opinião podias ter usado, na mesma, o teu "alter ego", Alberto, mas escrever na primeira pessoa do singular nas histórias em que ele aparece... Se calhar, daria maior tensão dramática e "autenticidade" à narrativa... Lá terás tido as tuas razões por optar pelo discurso indireto...
Eu sei: temos algum pudor em falar na primeira pessoa do singular... Mas o escritor tem que ter "lata", ser "prima dona" (veja-se o António Lobo Antunes, quando fala da "guerra" ou de si como escritor... Lê a última crónica dele, na "Visão" desta semana: o truque é dizeres "enormidades" com a maior das "naturalidades", contando com a total "cumplicidade" ou "credulidade" do leitor... Pessoalmente ele não é nada "empático", nem "simpático" (mas ele mal o conheço, a não ser das Feiras do Livro e de algumas "inconfidências" de quem lidou com ele como médico psiquiatra); ao nível da narrativa, nos seus "livros", ele consegue sê-lo, empático, consegue "agarrar" o leitor... Enfim, o exercício da psiquiatria também o ajudou...
Por exempo, na última crónica, na "Visão", ele diz que: (i) não viu o filme, "Cartas da Guerra"; nem sequer (ii) leu as cartas (dele) destinadas à mulher, e que as filhas de ambos publicaram... nem tinha que as ler proque não era o destinário.... Não tenho que pôr em dúvida a "palavra" do escritor, mas os escritores são "figuras públicas", tem egos elevados, e gostam-se de se pôr, senão no Olimpo dos Deuses, pelo menos, uns metros acima do comum dos mortais, comop nós...
Mas vamos ao que importa: confesso que me estás a surpreender...como contista. Não é para todos a arte de contar... Mantenhas. Luis
PS - Também gostei de conhecer o teu editor: dedicado, discreto, competente... Boa sorte paar ele, para ti e para o teu livro (que é mais "um filho")...
Devemos divulgar o mais possível este período da história nacional, os treze anos da Guerra do Ultramar, mesmo que às gerações actuais pouco interessa.
Principalmente os testemunhos de quem como Paulo Salgado viveu a guerra e o pós guerra no terreno, são os mais avalizados.
Mesmo o Lobo Antunes deve ser divulgado o mais possível, assim como aqueles que vêm aquela guerra como uma simples teimosia exclusivamente salazarista.
Embora, como disse um dia Urbano Tavares Rodrigues, repito-me, que o que ALA escreve ultimamente, não passa de uma masturbação.
Toda aquela nossa vivência deve ser bem esmiuçada, até porque a história da Europa e de toda a África dali para cá, (1960) não vai ser bem contada sem pôr em relevo as (i)responsabilidades,para explicar tudo o que se passa hoje em toda a África, Médio Oriente e Europa.
Anda tudo ligado.
Paulo Salgado
23 out 2016 07:42 (há 3 horas)
Meu caro Luís,
Antes de tudo, a gratidão que te é devida. Fizeste o trabalho de um camarada e amigo. Temos algumas cumplicidades.
Falar na primeira pessoa tornaria a narrativa - do meu ponto de vista - muito personalizada e não condizente com a "natureza" do livro. É um estilo, uma forma de olhar as coisas.
Apenas pretendi trazer a terreiro factos e personagens históricos, de diferentes épocas. O alferes Boaventura, ali introduzido, tendo como pano de fundo o Abdul Indjai, é uma personagem dilacerada e sofredora - de alguma maneira, os comportamentos foram semelhantes em muitos camaradas. A escrava Isarandy parece-me retratar bem o que aconteceu em tempos de escravatura. O Frei Cipriano desesperou, claro...
Há diversos "outros" (alter egos) do autor. Por outro lado e finalmente, eu não tenho o gabarito do ALA. Ele pode permitir-se recriar-se na primeira pessoa. Eu, não. Sem vaidade: sei que posso explorar o conto, além de outras estilos. Infelizmente, o trabalho nos últimos anos tem-me absorvido imenso, nem calculas.
O Rogério esteve à altura na apresentação. O prefaciador, Mário Tomé, idem. Ou melhores.
Fornecer-te-ei, dentro de dias, a forma de adquirir o livro para que seja divulgado.
Um abraço. E vai cultivando o blogue...
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