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sábado, 28 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26964: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (4): Cemitério Central do Mindelo: Talhão dos combatentes portugueses (Nelson Herbert / Luís Graça) - II (e útima) Parte

 


Foto nº 10


Foto nº 11


Foto nº 12


Foto nº 13



Foto nº 14



Foto nº 15



Foto njº 16


Foto nº 17


Foto nº 18


Foto nº 19



Foto nº 20




Foto nº 21 e 21A


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério Municipal > Maio de 2025

Fotos: © Nelson Herbert  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagemn: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



1. Publicação das restantes fotos do Talhão da Liga (Portuguesa) dos Combatentes, no Cemitério Municipal do Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde,  enviadas no passado dia 25 de maio, pelo nosso grão-tabanqueiro Nelson Herbert, jornalista reformado da VOA - Voice of America, guineense de origem cabo-verdiana.

Sabemos que o talhão das "Forças Expedicionárias Portuguesas (1939-1945)" é constituído  por  68 campas, de militares mortos por doença ou acidente, na Iha de São Vicente (40) e na Iha do  Sal (28)(*).

A sigla G.A.C.A (fotos nº 14 e 16) quer dizer "Grupo de Artilharia Contra Aeronaves".

Na foto nº 21 pode ler-ser a seguinte inscrição:

"À memória do cirurgião-mor do exército L. L. Guibara,  falecido em 31 de agosto,  por  ocasião do aparecimento do cólera-morbo. Testemunho de gratidão dos habitantes da ilha de São Vicente. Em 1856".

Trata-se do tenente graduado médico do exército português, Henrique Leopoldo Lopes Guibara (Gibraltar, 1826-1856), reconhecido como  um médico-mártir devido ao seu falecimento  num surto de cólera (ou cólera-morbo, como se dizia então),  em 31 de agosto de 1856, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.

Eis a informação que recolhemos de Manuel Brito-Semedo, no seu blogue "Esquina do Tempo" (em poste de 13 de agosto de 2020), 

(...) "No dia 23 de agosto de 1856, começou em São Vicente a epidemia da cólera-morbo, importada de um vapor procedente da Madeira trazendo a bordo doentes dessa moléstia. 

Faleceram 645 indivíduos, até ao dia 20 de setembro, estando nesse número o delegado de saúde, o cirurgião-mor do exército Henrique Guibara, que morreu a 31 de agosto, ficando a ilha sem um dos principais responsáveis pela gestão da crise sanitária." (...)

Na altura São Vicente não teria mais do que 1,4 mil habitantes. (Na segunda metade do séc. XIX, Mindelo  começa a desenvolver-se,  graças sobretudo à sua atividade portuária: o porto da Baía Grande torna-se um ponto estratégico para o reabastecimento de navios a carvão; como imigrantes das ilhas próximas, como Santo Antão e São Nicolau, reforça-se a população local; no início da II Guerra Mundial, estima-se a população em 15 mil; segiundo o censo de 2010, teria mais de 70 mil.)

(...) "Conforme Henrique de Santa-Rita Vieira, no seu livro 'História da Medicina em Cabo Verde' (1999), como testemunho de gratidão da ilha de São Vicente, foi construído um mausoléu em sua homenagem, em 1856 (hoje desaparecido, aliás, como o cemitério, que ficava situado na Chã de Cemitério)." (...)

(...) Henrique Leopoldo Lopes Guibara poderá pertencer à leva de judeus que vieram para Cabo Verde no século XIX, provenientes do enclave inglês (de Gibraktar) e de Marrocos.

Um decreto datado de 10 de junho de 1851 nomeou o cirurgião civil Henrique Leopoldo Lopes Guibara para o serviço do Exército, passando a ser 'cirurgião ajudante', colocado no Batalhão de Caçadores n. º1.

Um novo decreto de 31 de agosto de 1854 determinou que o Dr. Henrique Guibara passasse a servir na ilha de São Vicente, por tempo de 6 anos e, para o efeito, foi promovido a 'cirurgião mor' do exército. Em março de 1855, foi nomeado Delegado de Saúde dessa ilha." (...)


Tem nome de rua no Mindelo.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26963: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (3): Cemitério Central do Mindelo: Talhão dos combatentes portugueses (Nelson Herbert / Luís Graça) - Parte I




Foto nº 1 > Forças Expedicionárias Portuguesas: talhão dos combatentes  (1)


Foto nº 2 >  Forças Expedicionárias Portuguesas: talhão dos combatentes  (2) 


Foto nº 3 >  Forças Expedicionárias Portuguesas: talhão dos combatentes  (3)



Foto nº 4 > Mindelo, 23 de outubro de 2002>  Homenagem da Liga dos Combatente  aos Militares da Força Expedicionária Portuguesa em Cabo Verde, 1939-1945

 

Foto nº 5 > Forças Expedicionárias Portuguesas: Militar não identificado


Foto nº 6  > Forças Expedicionárias Portuguesas: 2º saregnto Josér M. Mendes, falecido em 14/6/1941



Foto nº 7 > Forças Expedicionárias Portuguesas: José H. Feliciano,1º cabo eng, falecido em 28/10/1941



Foto nº 8 > Sergeant J. A. E. Crawfor, AIF (Australian Imperial Force)~(...) St Vincent Place. Mebourne. Who (...) (ilegíveis  as duas últimas frases).


Informação adicional : "15046 Staff Sergeant John Alfred Eric Crawford, Australian Army Medical Corps, died 16th September 1916". (Sargento-ajudante, nº 15046,  John Alfred Eric Crawford, do Corpo Médico do Exército Australiano, falecido em 16 de setembro de 1916)



Foto nº 9 > Tradução: À terna memória de Walter, querrido marido de Fances Herrinmg, morto em 29 de julho de 1942. Um dos heróis de Inglaterra".

Informação adicionl: "Chief Steward Walter Herring, S.S. Siris (London), Merchant Navy, died 29th July 1942, aged 36. Husband of F. Herring, of Hessle, W. Yorks." (Comissário-Chefe Walter Herring, S.S. Siris (Londres), Marinha Mercante, falecido em 29 de julho de 1942, aos 36 anos. Marido de F. Herring, de Hessle, West Yorkshire.)


Fotos: © Nelson Herbert (2025). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério de Mindelo > 1943 > Foto do álbum de Luís Henriques (1920-2012), com a seguinte legenda: "Justa homenagem àqueles que dormem o sono eterno na terra fria. Companheiros de expedição os quais Deus chamou ao Juízo Final. Pessoal da A[nti] Aérea [do Monte Sossego] depois das cerimónias desfila fazendo continência às sepulturas dos companheiros. Oferecido pelo meu amigo Boaventura [Horta, conterrâneo, da Lourinhã,] no dia 17-8-1943, dia em que fiquei livre da junta (médica)."

Segundo  Adriano Miranda Lima, autor do livro "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II GuerraMundial" (Mindelo, São Vicente, 2020, ed. de autor), morreram em São Vicente, entre 1941 e 1946, 40 militares das forças expedicionários (pág. 172) e 28 na ilha do Sal (pág, 173).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


1. O Cemitério Municipal  do Mindelo, no Talhão da Liga (Portuguesa) dos Combatentes, continha, em 2018, 68 campas de militares portugueses, expedicionários durante a II Guerra Mundial (1939-1945) (*). 

Há, além disso, lápides de cidadãos da Commonwealth, militares e civis (marinha mercante) que morreram na I Guerra Mundial (cinco ingleses e um australiano) e  na II Guerra Mundial (três britànicos).

Recentemente recebemos fotos desse lugar histórico, que vamos apresentar em dois postes.



2. Mensagem do nosso grão-tabanqueiro Nelson Herbert (tem mais de 7 dezenas de referências no nosso blogue).


Data - 25/06/2025, 21:13
Assinto - Fotos-relíquia

Hi ..., meu velho amigo

Em São Vicente, Cabo Verde, de férias e de uma visita da “praxe” ao túmulo dos meus pais…no Cemitério Central do Mindelo, algo que nem um ritual se repete sempre e quando por estas ilhas me “veraneio",  dou de caras com este “cantinho”, talhão dos combatentes, onde jazem elementos da tal força expedicionária portuguesa  (**) de que muito falávamos e que se cruza com a “história” de nossas vidas…, dos nossos “Velhos” …

Diga-se, um talhão devidamente conservado e “tido em conta", visitado, reza o testemunho dos coveiros, por muitos turistas… face ao interesse que o sítio histórico começa a despertar, sobretudo entre os ingleses…

Pois são igualmente visíveis,  e em relativo estado de conservação, túmulos de soldados e tripulação de navios ingleses “torpeados” nestas águas de Cabo Verde por submarinos alemães.

Curiosamente grande parte dos túmulos de expedicionários portugueses visitados, com exceção de um punhado deles , são de soldados não identificados, como se pode ver nas fotos que anexo (não de grande qualidade mas enfim…).

Do porquê dessas campas, salvo raras exceções, não terem na lápide tumular a identificação do soldado expedicionário,  gerou-me uma certa curiosidade… Why ?

Relativamente aos túmulos de ingleses também “não identificados”, reza a versão da época…, é pelo o facto de serem restos mortais de marinheiros, cujos corpos terão sido  recuperados por pescadores desta Ilha … e em avancado estado de decomposição e na sequência de navios “torpeados” nestas águas… palco, como se sabe , de algumas batalhas navais da época.

Ficam estas observaçõe, redigidas num Café â Beira Mar … e nesta Ilha acolhedora da minha ancestralidade.

“O Mais Velho”  (**) iria por certo adorar,  rever tais momentos de uma juventude consumida em parte por esta acolhedora Ilha de S Vicente. (***)


(Revisão / seleção de texto: LG)

____________________

Notas do editor LG:

(*) Recorde-se que,  durante a II Guerra Mundial, à semelhança dos Açores (cuja guarnição militar foi reforçada com 30 mil homens, bem como da Madeira, com mil homens), para a defesa de Cabo Verde, e sobretudo das duas ilhas com maior importância geoestratégica, a ilha de São Vicente e a ilha do Sal, foram mobilizados 6358 militares, entre 1941 e 1944, assim distribuídos por 3 ilhas (i) 3361 (São Vicente): (ii) 753 (Santo Antão); e (iii) 2244 (Sal).

Mais de 2/3 dos efetivos estavam afetos à defesa do Mindelo (ou seja, do porto atlântico, Porto Grande, ligando a Europa com a América Latina, a par dos cabos submarinos).

Os portugueses, hoje, desconhecem ou conhecem mal o enorme esforço militar que o país fez, na II Guerra Mundial, para garantir a soberania portuguesa nas ilhas atlânticas e nos territórios ultramarinos. Cerca de 180 mil homens foram mobilizados nessa época.

Vd. poste de 20 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10282: Meu pai, meu velho, meu camarada (30): Dispositivo militar metropolitano em Cabo Verde (Ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal) durante a II Grande Guerra (José Martins)


(**)  O Nelson Herbert Lopes (que foi jornalista da VOA - Voz da América) refere-se   aqui ao seu pai, Armando Lopes  (Mindelo, 1920 -  Mindelo, 2018), uma antiga glória do futebol cabo-verdiano e guineense, Armando Búfalo Bill, seu nome de guerra, o melhor futebolista da UDIB e do Benfica de Bissau, tendo sido também internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa:


(...) O meu velho entrou para a tropa a 15 de agosto de 1943. Fez a recruta e o treino militar em Chã de Alecrim [a nordeste da cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde].,Depois do juramento da bandeira (...) é transferido para Lazareto e São Pedro [na parte oeste, sudoeste da ilha].

Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos chegavam... (...)
  


quarta-feira, 25 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26955: Os 50 anos de independência de Cabo Verde (2): vai estrear, em julho, no dia 4, na Praia, e no dia 11, no Mindelo, o filme "Nós, povo das ilhas", de Elson Santos e Lara Sousa (Documentário em português, 80', 2025, PT, CV, MZ)




Fotograma do filme "Nós, povo das ilhas", de realizadopelo cabo-verdiano Elson Santos e a moçambicana Lara Sousa (Documentário em português, 80', 2025). Trata-se de uma coprodução da Soul Comunicação (Cabo Verde), Midas Filmes (Portugal) e Kulunga Filmes (Moçambique). Terve  antestreia no IndieLisboa, 4 maio, domingo, 19:30,  no Cinema Ideal

 (Cortesia: Midas Filmes)



NÓS, POVO DAS ILHAS
Elson Santos, Lara Sousa
DCP | 80’ | 2025 | PT, CV, MZ 

Sinopse: 

"A partir de uma foto esquecida de um grupo de guerrilheiros cabo-verdianos clandestinos nas montanhas de Cuba, Elson, um jovem cineasta vai em busca dos heróis silenciados desta ousada e pouco conhecida operação militar, cujo principal objectivo era realizar o sonho de Amílcar Cabral de libertar o país das garras do colonialismo.

Num vai-e-vem entre o passado e o presente, o filme estabelece uma conversa com os heróis da Independência do país. Com eles, viaja pelos anos de luta na Guiné e no Cabo Verde pós-independência, reflectindo sobre sonhos, pesadelos e o que é o país hoje, entre a utopia e o esquecimento.

(Fonte: Midas Filmes)




1. Vai fazer 50 anos que Cabo Verde se tornou independente, em 5 de julho de 1975. Nesta série vamos dando apontamento e notícias sobre essa efeméride.  

Como já aqui o dissemos, esta data históricca  é uma boa ocasião para reforçar laços, afetivos e históricos, entre nós, independentemente do lado da barricada onde cada um de nós estava há 50/60 anos. (*)

Ontem recebemos uma mensagem do nosso amigo Nelson Herbert Lopes, que nos enviou o link com a noticia da estreia, na cidade da Praia, e depois no Mindelo,  do documentário, de 80 minutos, "Nós, Povo das Ilhas", do cabo-verdiano Elson Santos (n. 1977) e do moçambicano Lara Sousa.

O Nelson Herbert, guineense de origem cabo-verdiana,  tem 70 referêncvias no nosso blogue: jornalista,  trabalhou na VOA - Voice of America, e viveu nos EUA, estando hoje reformado: vive no Mindelo, São Vicente.

 
Data - 24/06/2025, 10:50 (há 20 horas
Assuto - Documentário "Nós, Povo das Ilhas" estreia em Cabo Verde relembrando a luta pela independência (Cultura - Santiago Magazine (...)


2. Reproduzimos cvom a devida vénia a notícia  publicada no Santiago Magazine




Por SM/Inforpress | 24 de Jun de 2025


Cabo Verde recebe a estreia do "Nós, Povo das Ilhas" no dia 04 de Julho, no Auditório Nacional, na Praia, marcando um momento de revisitação da história do país, conforme indicou Elson Santos, um dos realizadores do filme.

Em comunicado enviado à Inforpress, o realizador explica que o documentário retrata uma janela para a “memória e o debate essencial em desvendar a história por detrás de uma foto esquecida de guerrilheiros cabo-verdianos”.

A narrativa central foca-se numa operação militar da luta de libertação “ousada e pouco conhecida”, que decorreu em Cuba, com a intenção de preparar 31 guerrilheiros cabo-verdianos para uma invasão de Cabo Verde.

Embora a missão não se tenha concretizado, o treino serviu de base preparatória para a luta armada de libertação liderada por Amílcar Cabral e que viria a culminar na proclamação da Independência de Cabo Verde em 5 de Julho de 1975.

“O filme estabelece uma conversa íntima com cinco dos integrantes desse grupo, o ex: presidente Pedro Pires, Agnelo Dantas, Júlio de Carvalho (recentemente falecido e a quem o filme é dedicado), Silvino da Luz e a única mulher do contingente, Maria Ilídia Évora, conhecida por Dona Tutu”, lê-se na nota.

Segundo Elson Santos, a produção do filme enfrentou desafios, nomeadamente a dependência de financiamento externo e as dificuldades no acesso a arquivos audiovisuais que retratam a história de Cabo Verde.

O filme que estreou em Lisboa, Portugal, no dia 4 de maio, vai ser apresentado na cidade da Praia, no Auditório Nacional, a 4 de julho, e em São Vicente, no Auditório Onésimo Silveira, na Uni-Mindelo, no dia 11 de julho.

(Revisão / fixação de trexto, edição da foto: LG)


3. Sobre a estreia do filme em Cabo Verde, ver aqui uma peça da RTC - Rádio Televisão Cabo-verdiana, incluindo uma entrevista com o realizador Elson Santos: disponível no You Tube (7' 07'').
_________________

Nota do editor LG:

(*) Último poste ds série > 11 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26909: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (1): a "nova força africana" e a falta de formação em liderança e sensibilidade sociocultural de oficais e sargentos metropolitanos (José Macedo, ex-2º ten fuzileiro especial RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26917: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - X (e última) Parte : a guerra de nervos nos últimos seis meses




Guiné > Bissau > c- 1973/74 > Messe de Oficiais no QG/CTIG em Santa Luzia > "Eu, na messe e piscina em Santa Luzia;  ao fundo vê-se o ecrã de cinema, que funcionava à noite...Os sargentos podiam frequentar a piscina aos sábados, o cinema era acessível a oficiais e sargentos. 


Foto (e legenda): © Carlos Filipe Gonçalves (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O "senhor rádio", o Carlos Filipe Gonçalves (Kalu Nhô Roque (como consta na sua página no facebook):

(i) nasceu em 1950, no Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde;

(ii) foi fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74;

(iii) ficou em Bissau até 1975;

(iv) músico, radialista, jornalista, historiógrafo da música da sua terra, escritor, vive na Praia;

(v) membro da nossa Tabanca Grande desde 14 de maio de 2019, nº 790;

(vi) tem 28 referências no nosso blogue.
(*)


Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) 

IX (e última) Parte : a guerra de nervos nos seis últimos meses


Publico hoje os últimos extractos da 1.ª Parte do livro "Recordações de um Furriel Miliciano, Guiné 1973/74" (*)


Depois das férias em Cabo Verde na Ilha de S. Vicente, regresso a Bissau, no início de novembro  [de 1973], continuava a paranóia latente de guerrilha urbana. Uma situação que vinha de anos anteriores, mas era minimizada… existia, mas não se acreditava que existia! 

No bairro Cupelon e outros a explosão de granadas foi passando de ocasional a frequente, há confusões por tudo e por nada. Lembro-me da mãe de uma funcionária do “ChefInt” que morreu devido à explosão de uma granada! 

Ela estava numa festa, às tantas, um desconhecido foi impedido de entrar, por não ser convidado… momentos depois, ele lançou uma granada para o telhado! Bum! A estrutura do tecto descambou, um pau de cibe acertou no peito da infeliz, que estava sentada num canto. O autor deste acto… despareceu na escuridão!
 
Acontecimentos do género eram corriqueiros! (…).Nelson Herbert (citado anteriormente) que na época era um adolescente, recorda acontecimentos ocorridos desde 1972:

“Ataques atribuídos as células clandestinas dos nacionalistas do PAIGC em Bissau. Um engenho deflagra-se na viatura de um funcionário da PIDE-DGS estacionado junto a sede/cinema do Clube Desportivo, UDIB.” 

Manuel Amante também se lembra, ficou-lhe na memória o caso de “uma bomba que foi metida debaixo do carro de um graduado da polícia, que até era, mau! Não é? Tinha um Mercedes, na altura ele pavoneava-se com aquele Mercedes amarelo, tinha-o parado à porta da UDIB e foi colocada uma bomba que tinha sido transportada numa caixa de sapatos… (#)
 
No final de 1973 a situação em Bissau é extremamente tensa, todo o mundo está alerta e com medo. O ex-militar Abílio Magro e meu colega no QG fez o seguinte comentário:

 “Face ao crescente temor de que um dia a 'coisa' ia chegar a Bissau, o pessoal andava algo receoso e muito nervoso.” 

Nelson Herbert
recordou que “a tal distante guerra, travada contra os «homens do mato» (…) rompe o bloqueio da nossa ingenuidade e chega finalmente ao coração da capital provincial.” (…)

O fim-do-ano de 1973 para 74 passamo-lo de serviço, fechados no quartel! Dias antes do Natal tinha chegado uma ordem para colocar cortinas pretas em todas as janelas; logo depois, foram colocadas em todas as janelas. Dizia-se, era para evitar a localização dos edifícios através da luz, porque temia-se um ataque aéreo nocturno com aviões MiG que os turras tinham recebido em Conacri! 

Circulava no seio da tropa que a “ (…) Direcção Geral de Segurança (PIDE/DGS) na Guiné recolhera informações, dando conta que a guerrilha tem intenção, durante o Natal e o Ano Novo, de usar os MiG em bombardeamentos contra alguns aquartelamentos portugueses.”  (##)
 
Então, a malta preparou-se para o fim-de-ano… a borga seria nas repartições! As gavetas das secretárias ficaram abarrotadas de comes e bebes, que o pessoal foi comprando na cantina e trazia aos poucos às escondidas! 

No dia 31 de dezembro de 1973 saímos do serviço como sempre às 7 horas da noite, fomos jantar na messe. A partir das 20 horas voltámos ao serviço na repartição. Não havia nada para fazer! (…)

Mas, se em Bissau, a quadra do Natal e Ano Novo foi apenas um susto, no mato, a guerra continuava e estava no auge; o ex-Furriel Miliciano Enfermeiro, Abílio Alberto Tavares Faustino, recorda:

 Naquele mês de dezembro aconteceu o “(…) Não Natal de 73. A malta no Cantanhez , sobretudo, as guarnições de Cadique e Jemberém e mais a sul, a de Gadamael, vivia uma situação de exceção devido à crescente pressão por parte do IN (ou seja o PAIGC), aliada ao peso do factor psicológico e físico, o aumento de emboscadas (3 emboscadas, a 15, 17 e 18 de Dezembro) e flagelações que não deixavam de criar uma situação de insegurança. (…)

E assim, foi a passagem de ano, já estamos em 1974.

A queda de aviões Fiat e da localidade de Guileje, os ataques a Guidage e Gadamael, foram sem dúvida factos marcantes de 1973 que ainda estão na memória de todos; no meio da tropa continua a reinar a ansiedade! Mas, como já estamos acostumados com o clima de tensão, encaramos tudo com naturalidade e sempre numa perspectiva de ultrapassar as dificuldades. 

Assim, um início «atribulado» de Janeiro do novo ano de 1974, não é surpresa, pois a guerra continua. A «guerrilha urbana» não reconhecida como tal, vai estar agora bem visível… Uma realidade, que traz o medo e aumenta o sentimento de insegurança! (…)

Em meados de janeiro  [de 1974] soubemos que tinha sido lançada uma bomba contra um autocarro da Força Aérea… Que susto!"

O ex-militar Abílio Magro, citado anteriormente recorda: 

“Apenas me chegou alguma informação difusa de que teria sido colocada uma bomba no autocarro da Base Aérea, sem grandes consequências pelo facto de aquele se encontrar completamente vazio.” 

Nelson Herbert, citado anteriormente recorda: 

“Havia um muro mesmo defronte a Messe dos Sargentos da Força Aérea na Rua Engenheiro Sá Carneiro (…), esse muro foi armadilhado pelo pessoal da Zona Zero ou da clandestinidade do PAIGC em Bissau e foi parcialmente pelos ares… sem vítimas já que o autocarro por obra de qualquer irã resolveu fazer escala nesse dia, alguns minutos mais cedo! (…)"

Em meados de fevereiro, aconteceu uma explosão no QG. Foi pelas 7 da noite, eu estava de serviço de piquete, já tinha jantado na messe, ia para a formatura, depois deveria apanhar o transporte para o local da ronda. Quando a caminho do QG na rua direita depois da rotunda do poilão, ouvi: Buuummm! O chão tremeu! 

Instintivamente, atirei-me ao chão, resvalei logo ali na vala de escoamento de águas pluviais… seguiu-se o barulho de uma chuva de estilhaços, vidros partidos… etc. Depois, ouço um carro apitando… esperei algum tempo… tudo calmo, espreitei! Mas não vi nada! Levantei-me, olho à volta: reina um absoluto silêncio! O portão está fechado… 

Quando chego à porta de armas, vejo através das barras de ferro do portão, pedregulhos, lascas de parede… pastas de arquivo e papelada, caídos na parada! Não me deixam entrar! Há uma confusão total. Volto à messe, onde ouço bocas sobre o acontecido. Só depois das 8 da noite é que tudo se normaliza, lá fizemos a formatura e partimos para a ronda num bairro de Bissau.



O ex-furriel miliciano Abílio Magro recorda: 

“Encontrando-me eu a convalescer de uma operação às varizes a que tinha sido submetido no HMBIS e bebendo uma 'cervejola' sentado na esplanada da Messe de Sargentos de Santa Luzia, num final de tarde, dá-se semelhante rebentamento por ali perto, que julgo me fez levitar por breves segundos. Segue-se de imediato o buzinar contínuo e enervante da sirene de alarme do QG e a debandada geral, desordenada e atarantada do pessoal que por ali estava. "(…)

As coisas pioram com a explosão de uma bomba no Café Ronda, situado a meio da avenida que vai dar à Praça do Império. Naquele dia, eu estava de serviço de guarda, que habitualmente eu fazia na entrada principal do QG em Santa Luzia. À noite depois das 21 horas chegou notícia através do telefone que havia na porta de entrada e estava sob a responsabilidade da PM: houve uma explosão, na esplanada do Café Ronda que estava cheia de gente a tomar a bica depois do jantar! 

O ex-furriel miliciano Abílio Magro descreveu mais tarde: 

“Eu e mais dois ou três camaradas meus, tomamos o nosso cafezinho no balcão referido (Café Ronda) e seguimos de imediato para o cinema UDIB (um pouco acima na mesma avenida) para assistir à exibição de um qualquer filme que por lá andava. Poucos minutos depois do início da exibição do filme, dá-se um tremendo rebentamento lá fora e, quase de seguida se ouvem diversas viaturas com buzinadelas e sirenes, indiciando haver constante transporte de feridos. É interrompida a exibição do filme e surge uma voz aos altifalantes do cinema, solicitando a todos os médicos que eventualmente por ali se encontrassem, o favor de se dirigirem de imediato ao Hospital Militar". (…) 

No dia seguinte, estava eu, de folga, fui a Bissau, ver os estragos… vi que o telhado de zinco, ficou revirado, dava uma ideia da força da explosão. Um militar que estava no Café Ronda disse anos mais tarde, o que lhe ficou gravado mais profundamente na memória:

Foi “(…) a bomba no Ronda, por dois motivos, por estar bastante perto dela e os mortos e feridos mais graves estarem ao pé de mim, um dos mortos, e único na altura, era o empregado nativo que nos estava a servir, (…)

Há, entretanto, outros acontecimentos domésticos marcaram a tensão em Bissau em Fevereiro daquele ano de 1974. Naquele dia de manhã chegou a informação de que na véspera, a PM prendera um soldado Comando Africano, porque andava sem boina, não respeitou estar fardado conforme o regulamento! 

Os Comandos Africanos, tinham fama de destemidos e combatentes intrépidos, lá onde havia «barulho» estavam eles, logo, achavam-se no direito de ser respeitados, mesmo quando desrespeitavam ninharias como essas “coisas” do RDM (Regulamento de Disciplina Militar) sobre o fardamento! 

47 anos mais tarde, coloco/recordo aquele acontecimento na página “Facebook – Guiné Recordações” e solicito depoimentos aos ex-militares da guerra colonial. 

Fernando Pinto recorda: 

“Estava no BENG (Batalhão de Engenharia) 447 Brá, Bissau, ouvi falar nisso, não sei mais nada!” 

António Almeida diz: 

“Foi verdade, eu na altura era condutor do comandante militar. Todos os grandes ficaram em sentido, fomos para o Q.G até tudo acalmar, com a intervenção do dito capitão. Mas, não foi só dessa vez que a estrada de Santa Luzia pôs tudo em sentido, as coisas eram logo abafadas "(…). 

Refere então a bomba que explodiu no QG:

 “Eu, estava lá e fui de imediato buscar o comandante que ficou ferido!” 

José Carapinha descreve o que viu: 

“Certo é que houve bronca (dos Comandos) e da grossa! Como começou não o sei! O que vi: os Comandos Africanos, desde Oficiais a Soldados armados, nota bem, com mocas e bastões, isso vi, outro tipo de armamento não; tudo isto durante a tarde junto da Amura (Quartel da PM e sede do Comando Chefe). Já pela noite ouvi o «arraial» algures lá para os lados do Alto-Crim!” (…)  (###)

 No seguimento destes acontecimentos, em Bissau, os nervos estão à flor da pele! Já estávamos em março, quando certo dia logo após a minha chegada à repartição contaram-me a bronca da véspera: um sururu no cinema ao ar livre, ao lado da Messe dos Oficiais. Já tinha começado o filme… quando aconteceu um movimento de pânico! Todos a correr e a fugir! 

O ex-furriel miliciano, Abílio Magro que lá estava recorda:

 “De repente vê-se um clarão e a debandada foi geral! Com a confusão, algumas cadeiras «ensarilharam-se» provocando tropeções e quedas e, os que caíam ao chão eram espezinhados pelos outros, como foi o meu caso.” 

Explica então a brincar: 

“A bomba tinha sido uma caixa de fósforos que se incendiara a um soldado, enquanto acendia um cigarro em cima do muro e que se terá desequilibrado!” 

A «paranóia» estava instalada! Mas, com o moral alto e muita esperança, lá vamos passando os dias, trabalhando normalmente. Vamo-nos adaptando ao evoluir da situação… As jantaradas nos restaurantes de Bissau e festas para que sou convidado fazem esquecer… minimizam este ambiente tenso. (…) 

E assim, vou encerrar a publicação dos extractos que dão uma ideia do livro que um dia poderá ser publicado. Extractos dos capítulos seguintes a este foram os primeiros a serem aqui publicados, descrevem o 25 de Abril e a situação que se viveu em Bissau em maio/junho de 1974.

Julgo, fui o único militar da tropa portuguesa (não originário da Guiné) que ficou em Bissau e lá viveu até 1975! Os meus camaradas militares cabo-verdianos todos regressaram. 

Logo, a 2.ª Parte deste livro, é sobre chegada do PAIGC a Bissau, os acontecimentos antes e depois do dia 10 de Setembro de 1974, quando Portugal reconheceu o novo país… Ocorre então uma reviravolta na sociedade, acontecem coisas inimagináveis, reina um clima de incerteza e desconfiança no futuro. 

Se houver um eventual interesse na 2.ª Parte do Livro, da parte dos leitores e da direcção desta página do Facebook "Tabanca Grande Luís Graça» e do blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné",  então poderei iniciar a publicação de mais alguns extractos. 

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Notas do autor:

[#]   No livro consta a entrevista com um dos participantes que explica, como decorreu essa acção; mas tratando-se de extractos, não poderei publicar tudo na integra agora. (….)

[##]  Vários documentos, descrevem o problema de sobrevoos de aviões da Guiné-Conacri desde 1963 e “No dia 2 de Agosto de 1973, o jornal inglês Daily Telegraph dá conta de que o PAIGC está a treinar pilotos na União Soviética para usar aviões MiG, a partir da Guiné-Conakry, em possíveis ataques contra a colónia portuguesa.”

[###]  Há mais depoimentos no livro, de militares e de pessoas que viviam em Bissau sobre este acontecimento. (…)

(Revisão / fixação de texto, itálicos, negritos,título: LG)

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25120: Capas da Vida Mundial Ilustrada (1941-1946) - Parte I: embarque de tropas expedicionárias para Cabo Verde, em junho de 1941.... "Partiram alegres e confiantes"...





Legenda (não há idicação do autor da foto):  "Partiram alegres e confiantes os soldados que constituíam o último destacamento de tropas expedicionárias enviadas para o arquipélago de Cabo Verde". (Há aqui um lapso factual: depois deste embarque, em junho de 1941, houve pelo nenos um outro posterior, no mês seguinte, em 18 de julho, no T/T Mouzinho.) 


(A imagem foi reditada, com a devida vénia... LG)




(i)  surgiu em 22 de Maio de 1941, em Lisboa, em plena II Guerra Mundial;
(ii)  publicou-se até no final de 1946, totalizando 278 números;
(iii) teve como diretor José Cândido Godinho (Setúbal, 1890- Lisboa, 1950), e como editor e proprietário Joaquim Pedrosa Martins;
(iv) redação e administração: Rua Garrett, 80-2º Lisboa, telefone 25844.
(v) o nova publicação era apresentada como "documento vivo do que vai pelo mundo", um jornal que "pela ilustração, esclareça e informe e oriente o público - com esse poder de verdade que mais do que a palavra falada ou escrita, a imagem traduz".




Fonte: "Diário de Lisboa" (diretor: Joaquim Manso), sexta-feira, 18 de julho de 1941, p. 5, Cortesia da Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos. (*)

Citação: (1941), "Diário de Lisboa", nº 6700, Ano 21, Sexta, 18 de Julho de 1941, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_24851 (2017-8-29)

(Com a devida vénia...)


1. Lembrei-me, ao deparar-me com esta capa da "Vida Mundial Ilustrada", do "meu pai, meu velho, meu camarada", Luís Henriques (1920-2012) (*), que fez parte da força de 6 mil e tal homens que foram reforçar a defesa do arquipélago de Cabo Verde durante a II Guerra Mundial.  Esteve sempre no Mindelo, São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943.

Foram também como "expedicionários" para Cabo Verde outros pais de camaradas nossos, como o Hèlder Sousa, o Luís Dias e  o Augusto Silva Santos,  ou o nosso amigo, guineense, de origem cabo-verdiano, Nelson Herbert Lopes. Mas também o tio do Mário Fitas. o Joaquim José Fitas.

O meu pai, natural da Lourinhã,  era 1º cabo atirador de infantaria, 3ª Companhia do 1º Batalhão do RI5 (Caldas da Rainha), unidade mais tarde integrada no RI 23 (São Vicente, Cabo Verde, 1941/43). Partiu no T/T Mouzinho, em 18 de julho de 1941, do Cais da Rocha Conde de Óbidos. O Salazar fez questão de lá ir pessoalmente despedir-se das tropas expedicionárias.  Regressou doente, o meu pai, em setembro de 1943. Casou em 2/2/1946. E eu vim a nascer a 29/1/1947.

Quem foi na mesma data, 18 de julho de 1941,  e no mesmo navio, o Mouzinho,  foi o  sold aux enf, Porfírio Dias (1919-1988): lisboeta,  integrava 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, a mesma unidade do meu pai.  Esteve lá dois anos anos e dez meses. É pai do nosso camarada Luís Dias.

Outro expedicionario foi o Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º cabo n.º 816/42/5, da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do RI 23...   Esteve na Iha de São Vicente.

Por sua vez, na Ilha do Sal, entre junho de 1941 e março  de 1943, na 1ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do RI 11, esteve o 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989), pai do nosso camarada Augusto Silva Santos. Ele e os seus camaradas foram depois destacados para a ilha de Santo Antão (até dezembro de 1943).

O Nelson Herbert Lopes (que foi jornalista da VOA - Voz da América) também já aqui evocou o seu pai, Armando Duarte Lopes, uma antiga glória do futebol cabo-verdiano e guineense, Armando Búfalo Bill, seu nome de guerra, o melhor futebolista da UDIB e do Benfica de Bissau, tendo sido também internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa:

(...) O meu velho entrou para a tropa a 15 de agosto de 1943. Fez a recruta e o treino militar em Chã de Alecrim [a nordeste da cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde].,Depois do juramento da bandeira (...) é transferido para Lazareto e São Pedro [na parte oeste, sudoeste da ilha].

Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos hegavam... (...)  (**)