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quinta-feira, 29 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24440: Agenda cultural (836) Palestra "50 anos Debaixo d´Àgua", por António Mário Leitão, e apresentação do seu livro "Aprendiz de Mágico" (2022), no CPAS - Centro Português de Actividades Subaquáticas, Rua Alto do Duque, 45, Lisboa, 6ª feira, 30/6/2023, às 21h30


Capa do livro "Aprendiz Mágico", de António Mário Leitão
(Lisboa,  Astrolábio, 2022, 264 pp.) (*)





Mário Leitão : 

(i) Fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973; (ii) membro da nossa Tabanca Grande, o nº 741, desde 12/4/2017; (iii) tem 44 referências no nosso blogue;


1. Mensagem do nosso camarada, amigo e tabanqueiro Mário Leitão, com data de 28 do corrente, 10h20:

Caro Luís, se ainda tiveres tempo, seria muito bom se divulgasses a minha palestra no CPAS, na próxima sexta-feira. 

Não vai ser só uma apresentação do livro do “Mágico“, pois farei uma retrospectiva das minhas aventuras debaixo d’água. 

Obrigado, camarada! Grande abraço!

Mário 

Convite do CPAS - Centro Português 
de Actividades Subaquáticas

Palestra | R Alto do Duque, 45, Lisboa | 
30 de junho de 2023, 21h30


O CPAS tem o prazer de o convidar para, no próximo dia 30 de Junho pelas 21h30, assistir á Palestra "50 anos Debaixo d´Àgua", por António Mário Leitão e à apresentação do seu livro "Aprendiz de Mágico". (**)

Local e contactos:

Rua Alto do Duque, 45,  1400-009 LISBOA, Portugal

21 301 6961

cpas@cpas.pt

CPAS_SUB

https://www.youtube.com/@CPAS_SUB

Do Autor e Palestrante, apresentamos um pequeno CV:

Além de muitos outros,

- Monitor nacional de Mergulho pela Escola de Mergulhadores da Armada;
- Monitor CMAS/FPAS M2;
- Instrutor PADI;
- Instrutor SSI;
- Coordenador de uma dezena de expedições, acampamentos e viagens marítimas, em ambiente de associativismo juvenil (Berlengas, Cies, Gerês, etc); 
- Autor do levantamento da biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos (Ponte de Lima); 
- Autor de 5 livros e cerca de 400 artigos; 
- PPA pela D.Geral da Aeronáutica Civil.

Sobre o CPAS: vd. aqui:

https://cpas.pt/wp-content/uploads/2020/03/Institucional_CPAS.pdf

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23572: Notas de leitura (1484): "Aprendiz de Mágico", de António Mário Leitão: "Um romance autobiográfico surpreendente (...) Ao longo da narrativa aparecem as diferentes facetas profissionais vividas por um farmacêutico que também foi professor, analista clínico, director de um serviço hospitalar, animador cultural, aviador, patrão de alto-mar, instrutor de mergulho e chefe de expedições de aventura, até se converter em escritor compulsivo" (António Trovela)

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24282: Agenda cultural (833): Apresentação do livro "João Cardoso de Oliveira - homem e sacerdote", da autoria do nosso camarada António Mário Leitão, a levar a efeito no próximo dia 6 de Maio de 2023, pelas 16h30, na Igreja Matriz de Ponte de Lima

1. Em mensagem do dia 3 de Maio de 2023, o nosso camarada António Mário Leitão, (ex-Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973), enviou-nos o convite para o lançamento do seu livro "João Cardoso de Oliveira - homem e sacerdote", a levar a efeito no próximo dia 6 de Maio, pelas 16h30, na Igreja Matriz de Ponte de Lima:


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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24254: Agenda cultural (832): livro «50 Anos (1975-2025) de factos e feitos da História do CCRAM - primeira década: 1975/1985»; convite para a sessão de lançamento, Corroios, Seixal, dia 29, sábado, às 15h30 (Jorge Araújo)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23858: História de vida (48): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - Parte I: A minha mãe achava que eu tinha jeito para ser enfermeira


Rosa Serra, em Ponte de Lima,
24 de agosto de 2020.
Foto: António Leitão (2020)


1. Uma boa notícia, uma prenda natalícia: depois de ter superado um problema de saúde, a nossa Rosa Serra parece ter aceite o desafio de pôr no papel as suas memórias como enfermeira e enfermeira paraquedista... O mesmo é dizer, que pode estar em vias de  publicar um livro. Ao telefone disse-me para não fazer grande alarido da coisa... Quando estiver no prelo, daremos mais (boas) notícias... É uma mulher discreta, avessa à publicidade, a Rosa. 

Mão amiga, a do Jaime Silva (ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72) fez-nos entretanto chegar um excerto dos escritos recentes da Rosa Serra, com a autorização para ser revista e publicado no nosso blogue, o que muito nos sensibiliza.  (Ficaram amigos, estiveram juntos no BCP 21, em Angola.)

Falámos depois ao telefone, eu e a Rosa, que é uma minhota de Vila Nova de Famalicão que vive aqui no Sul, em Paço de Arcos, Oeiras... (A Rosa Serra, membro da nossa Tabanca Grande desde 25/5/2010, foi alf graduada enfermeira paraquedista, tendo passado pelos 3 TO: Guiné 1969-70 / Angola 1970-71 / Moçambique 1973).

História de vida (excertos): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra)

Parte I:  A minha mãe achava que eu tinha jeito para ser enfermeira


Muito recentemente, ao sair do Serviço de Urgência para o internamento do Hospital de Cascais, uma enfermeira jovem fez-me as seguintes perguntas: (i) quando resolveu ser enfermeira?;  (ii) nunca se arrependeu por ter escolhido enfermagem?;  (iii) onde trabalhou? (iv) quantos anos exerceu essa profissão?;  e (v) teve alguma desilusão ou desilusões?

Após a minha narrativa dos vários locais onde exerci a minha profissão, logicamente também referi que fui enfermeira paraquedista. A jovem, de olhos abertos de espanto, informou-me:

– O meu marido é militar paraquedista.

Sorri…

Capa do livro de que a Rosa Serra foi coautora e coordenadora,
"Nós, enfermeiras paraquedistas" (Porto, Fronteira do Caos, 2014, 
439 pp. (Prefácio de Adriano Moreira)



– Só conheço paraquedistas velhotes como eu – respondi.

Continuei com as minhas explicações.

– Quando fui para a Escola de enfermagem, e até muito depois disso, ouvi muitas colegas dizerem que foram para a enfermagem por vocação. Várias dessas enfermeiras faziam questão de acrescentar que queriam muito ajudar e cuidar as criancinhas, os velhinhos, os doentinhos e até os pobrezinhos. Ouvi de tudo... ao ponto de me interrogar se eu algum dia seria boa enfermeira.

Diz-me ela:

– Hoje ninguém vem para enfermagem por vocação.

E continuou:

– Nós vamos para a enfermagem porque não entramos em medicina, farmácia ou outro qualquer curso mais de nosso agrado.

Eu respondi:

– Eu também não fui. No meu caso foi por conveniência familiar. Eu fui porque um dia um dia a minha mãe, que eu já tinha reparado andar muito pensativa, disse-me que o dinheiro era pouco para pagar o meu Externato, que era particular, porque não havia liceu na minha Vila. E assim sendo, talvez fosse melhor eu interromper e ir para um curso para que me permitisse, ao fim de 3 anos ter uma profissão, um ordenado e logicamente ser independente monetariamente.

Respondi, à minha mãe, que gostava de ir para a Universidade.

– Que curso gostavas de fazer? – perguntou ela.

– Não sei…

Pegou-me nas mãos e continuou:

– Sabes que eu acho que tinhas jeito para seres enfermeira ... Penso que era bom para ti...

E acrescentou:

– Verás que vais gostar.

Ficou logo ali, definido o meu destino.

Apesar das minhas dificuldades, sobretudo económicas, lá fui aprender a ser enfermeira sem saber muito bem o que me esperava.

Fui para o Porto estudar. Na minha primeira escola, adquiri obrigatoriamente um livro; Técnica de Enfermagem, que era da Escola da Imaculada Conceição (Casa de Saúde da Boavista no Porto) que alguém informou a minha mãe ser uma boa escola, e foi aí que fiz o primeiro ano.

Os dois anos seguintes foram feitos numa outra escola que, passado pouco tempo descobri, que ficava mais económica.

Uma coisa que pesou muito era haver nesta segunda escola, um lar onde residiam as alunas que não eram da cidade do Porto, isso não acontecia com a Escola da Boavista, ficando assim bem mais barato.

Dessa primeira escola, não esqueci os desenhos logo na primeira folha do livro de Técnica de Enfermagem. O primeiro era uma cabeça feminina, com uma touca de enfermeira da época, sobre cabelos curtos e várias setas apontando para os mais diversos pontos da mesma, onde estavam enumeravam as qualidades indispensáveis de uma boa enfermeira: inteligência, memória, conhecimento, espírito de observação autodomínio, reserva.

Um pouco abaixo, mais dois desenhos. Um deles, era um coração (forma humana), com três setinhas apontando para as palavras: compreensão, sensibilidade, bondade.

Do outro lado mais um desenho, duas mãos segurando uma seringa com mais três setas indicando: segurança, desembaraço, leveza.

Estas eram as qualidades indispensáveis a uma boa enfermeira no Ano de 1963. Dessa mesma Escola de Enfermagem.

Com a continuação do tempo, fui interiorizando estes conceitos e aceitei-os como compromisso. Mesmo quando me deparava com determinada tarefa que me custasse fazer, sempre pensava nas setinhas do coração e nunca deixei de as executar e muito menos pedir a alguém que a fizesse por mim, por mais que me custasse ou até mesmo me enfastiasse...



Rosa Serra, ex-alf enf paraquedista
(Guiné, 1969/79; Angola, 1970/71;
Moçambique, 1973)




A minha vocação se calhar só a minha mãe a viu...! O certo é que sempre vivi a minha profissão com gosto, com proximidade daqueles que em determinado momento precisavam de uma enfermeira que se entregasse em plenitude.

A enfermagem, para mim, passou a ser vivida com grande rigor ético e com permanente desafio na aquisição de saberes, para melhor cuidar.

Hoje mais que adulta, penso: é impressionante como sempre me apercebi da mutabilidade dos conceitos, da sua significação ao longo dos tempos, da importância do progresso e da evolução da enfermagem.

É um gosto ver o enriquecimento que, ano após ano, se verifica na formação dos enfermeiros, na perceção da necessidade da existência das especialidades em enfermagem, do avanço científico da mesma. Orgulha-me ver o patamar que atingiu a enfermagem de hoje, e a respeitabilidade que os países estrangeiros manifestam ter pelos Enfermeiros Portugueses.

Em relação a mim, sempre fui movida pelo desejo de um saber abrangente na arte do cuidar em enfermagem.

Assim para fazer frente aos mais variados desempenhos que tive durante quarenta anos, e faze-los de forma responsável e eficaz, apostei na formação contínua durante toda a minha vida profissional.

Ainda pensei fazer uma especialidade, um pequeno grupo de enfermeiras paraquedistas a fizeram, quando estas começaram a surgir. Mas logo percebi que não encaixava na minha personalidade ter sempre o mesmo tipo desempenho e conclui que só serviria para obter mais um título.

Sempre tive uma grande vontade de um saber alargado, para dar resposta às variadas necessidades do ser humano, num período desafinado do seu estado físico ou mental.

Essa simbiose entre um crescendo desejo de experiências e o dinamismo aportado pela minha juventude, foi o motor causador para uma formação variada e contínua.

Nesta caminhada transformadora, tive um desempenho multifacetado e a formação contribuiu muito para um crescimento profissional que, embora despretensioso, foi significativo, permitindo-me para além de aquisição de vários saberes, entender melhor a alma humana e sempre me senti feliz por isso.

Não fui para nenhuma Faculdade na minha juventude, mas completei, bem mais tarde, todo o Liceu (designado hoje como Ensino Secundário).

Quando do Acordo de Bolonha, a enfermagem passou a Curso Superior, já tinha passado quarenta anos e depois de ter iniciado o antigo Curso Geral de Enfermagem, eu regressei à escola para fazer mais um ano, o que fiz na Escola Superior de Enfermagem Francisco Gentil (anexa ao IPO e hoje integreda na ESEL - Escola Superior de Enfermagem de Lisboa) sendo me conferido o grau de licenciada em enfermagem. Sou agora Licenciada em Enfermagem desde 2003, quando ainda eu estava a exercer funções.

Por graça costumo dizer que iniciei o meu Curso de Enfermagem e só o terminei quarenta anos depois.

Também confesso que a obtenção de várias competências, e tão variados desempenhos que tive no contato direto com doentes, proporcionou-me um sentimento de realização muito intenso, e ainda hoje me sinto orgulhosa pelo percurso que tive e, muito, muito feliz, por ter sido uma simples Enfermeira Generalista (sem especialidade). (...)

(Continua)

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Negritos / Links / Titulo e subtítulo  / Parênteses retos com notas / LG]

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Nota do editor:


quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23792: Efemérides (376): Inauguração de um Monumento aos Combatentes do Ultramar de Vitorino das Donas (Ponte de Lima), realizada no dia 12 de Novembro (António Mário Leitão, ex-Fur Mil)

1. Mensagem do nosso camarada António Mário Leitão, (ex-Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973), com data de 14 de Novembro de 2022:

Caro Luís, um grande abraço!
Envio-te uma nota de imprensa da inauguração de um Monumento aos Combatentes de Vitorino das Donas (P.Lima), realizada no dia 12.
Envio também fotografias, para difundires como entenderes.
Foi um feito memorável, ao qual estive ligado até à medula. Começou a ser pensado em Junho, sem quaisquer garantias de financiamento. Propusemos a ideia à população, que se quotizou admiravelmente. Esteve cá o Gen. Chito Rodrigues, o Sec. Estado da Defesa, a Câmara Municipal, uma força militar de Cavalaria 6, autoridades militares do distrito, vários oficiais superiores portugueses e galegos, e muita gente. Foi uma experiência magnífica.

Obrigado e outro abraço!
Mário

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE NOVEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23767: Efemérides (375): Faria hoje 78 anos, se fosse vivo, o nosso querido "alfero Cabral", de seu nome completo Jorge Pedro Almeida Cabral (1944-2021)...

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23572: Notas de leitura (1484): "Aprendiz de Mágico", de António Mário Leitão: "Um romance autobiográfico surpreendente (...) Ao longo da narrativa aparecem as diferentes facetas profissionais vividas por um farmacêutico que também foi professor, analista clínico, director de um serviço hospitalar, animador cultural, aviador, patrão de alto-mar, instrutor de mergulho e chefe de expedições de aventura, até se converter em escritor compulsivo" (António Trovela)

 «1.  O António] Mário Leitão é um limiano, nascido em 1949,  que toca "sete instrumentos" e tem "muitas vidas". Além de marido, pai e avô, terno, extremoso, babado, é ou foi: 

(i)  fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973;
 
(ii) membro da nossa Tabanca Grande, o nº 741,  desde 12/4/2017; 

(iii) tem cerca de 4 dezenas de  referências no nosso blogue; 

(iv) licenciado em farmácia pela Universidade do Porto, antigo director técnico da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo, hoje  reformado, tendo leccionado também na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo ; 

(v) piloto civil (com mais de 300 horas de voo), patrão de alto-mar e instrutor de mergulho;

 (vi) autarca, cidadão empenhado, ambientalista,  dirigente associativo,  com vasta colaboração na imprensa; 

(vii) escritor, membro da Associação de Escritores, Jornalistas e Produtores Culturais de Ponte de Lima, membro da Associação Portuguesa de Escritores, autor dos seguintes livros:

  • "Aprendiz Mágico" (Lisboa,  Astrolábio, 2022, 264 pp.)
  • “Heróis Limianos da Guerra do Ultramar”(Ponta de Lima, ed. autor, 2018, 272 pp.);
  • "História do Dia do Combatente Limiano"  (Ponte de Lina, ed. autor, 2017)
  • "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos"  (Ponte de Lima: Lions Clube de Ponte de Lima, 2012, 295 pp. e mais de 500 fotografias).

 Participou ainda no XI volume da obra "Guerra Colonial - a História na primeira pessoa" (QUIDNOVI, 2011 a pág. 18 a 28), com o artigo "A farmácia militar".

Sexta-feira, dia 2/9/2022, às 20h00, vai estar presente na Feira do Livro de Lisboa, Parque Eduardo VII, pavilhões D44, D46, D48, D50, D52, para autografar o seu último livro   "Aprendiz de Mágico",  editada pela Astrolábio / Grupo Editorial Atântico (Prefácio do jornalista e diretor de comunicação Carlos Enes.  Preço de capa: 12 euros | ebook: 5 euros) (*)


2. Texto do poeta limiano António Trovela:

Aprendiz de Mágico,

 por António Trovela

Como diz Carlos Enes no prefácio, a vida do Autor, contada, não se acredita: da escuridão do fundo do mar à claridade celestial que pastoreia as nuvens, o protagonista enfrenta a morte com escandalosa insistência e arrebatador desprendimento.  João Barbosa, escritor limiano, comparou os relatos do “Aprendiz de Mágico” com as aventuras de Dan Brown, mas realçou uma diferença importante: a autobiografia de A. Mário Leitão é verídica!

Não é todos os dias que aparece uma obra a contar as “excentricidades” de alguém que sobreviveu a um grave choque anafilático na infância, que foi salvo de afogamento na adolescência, que foi libertado da forca in extremis, que escapou a um assombroso assalto de indígenas em terra africana, que esteve a morrer por paludismo, enfim… que pertence ao restrito clube dos pilotos sobreviventes de desastres aéreos!

Muitos leitores referem a sua experiência de terem lido o livro de uma assentada, e têm razões para isso: a pequena extensão de cada um dos 44 capítulos e cativação que a leitura provoca. De facto, em determinados momentos surge no leitor a interrogação sobre o que é que virá a seguir!

Esta é uma peça literária que junta a aventura com o humor, ambos polvilhados com adequada dose de lirismo. No prefácio, o livro é descrito como um parque de diversões de géneros literários, onde cabem a biografia, a crónica, o romance fantástico e até qualquer coisa de novela de cavalaria. Não poderá haver melhor definição para este “Aprendiz de Mágico”.

Contudo, há três capítulos verdadeiramente desconcertantes no que respeita ao que é permitido a um ser humano viver na sua passagem por este mundo.

Um deles relata a experiência do furriel miliciano que foi convidado para a mesa do General Luz Cunha, comandante-chefe das Forças Armadas de Angola, meticulosamente relatada.

Outro descreve, segundo a segundo, o disparo de uma espingarda submarina de pressão-de-ar, cujo arpão de 330 gramas beijou a face do autor e atravessou a sua máscara de mergulho, algures na praia de Vila Chã, em Vila do Conde.

O terceiro testemunho é um hino à vida, pois o Autor deixa escapar o orgulho que sente por ter impedido a consumação de três abortos. Por via disso, confessa jubilosamente, considera-se uma espécie de “pai espiritual” de três seres humanos, concretamente um médico, um professor e um advogado.

Ao longo da narrativa aparecem as diferentes facetas profissionais vividas por um farmacêutico que também foi professor, analista clínico, director de um serviço hospitalar, animador cultural, aviador, patrão de alto-mar, instrutor de mergulho e chefe de expedições de aventura, até se converter em escritor compulsivo.

É plausível que este livro venha a ser objecto de larga divulgação, quiçá global, pois é um romance autobiográfico surpreendente. (**)
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Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 5 de maio de  2022 > Guiné 61/74 - P23232: Agenda cultural (809): "Aprendiz de Mágico" (Lisboa, Astrolábio, 2022, 264 pp.), de António Mário Leitão: sessão de lançamento, sábado, 7 de maio, 17h30, auditório da CM Ponte de Lima


(**) Último poste da série > 30 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23568: Notas de leitura (1482): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte IV: as circunstâncias da morte do 2º sargento mecânico auto Rodolfo Valentim Oliveira, em 11/8/1965...

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23567: Agenda cultural (810): Sessão de autógrafos do meu livro "Aprendiz de Mágico", 6ª feira, dia 2/9/2022, às 20h00, Feira do Livro de Lisboa, Parque Eduardo VII, pavilhões D44, D46, D48, D50, D52 (Mário Leitão, Ponte de Lima)


O livro do nosso camarada Mário Leitão, homem dos sete ofícios, hoje ilustre farmacêutico reformado e escritor (e noutra encarnção, fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do LMPOQF -Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, 1971 a 1973), é uma autobiografia parcialmente ficcionada, editada pela Astrolábio / Grupo Editorial Atântico. Prefácio do jornalista e diretor de comunicação Carlos Enes.  Preço de capa: 12 euros | ebook: 5 euros. (*)


1. Mensagem do nosso amigo e camarada limiano, Mário Leitão:

Data - segunda, 15/08/2022, 23:56

Assunto - Apresnetação do livro "Aprendiz de Mágico" na Feira do Livro Lisboa 2 setembro de 2022

Caro Luís, que tudo esteja bem contigo e com os teus!

Se puderes, seria bom para mim divulgar a minha presença na Feira do Livro de Lisboa, no dia 2 de Setembro! (**)
 
Obrigado! Grande abraço!
Mário
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quinta-feira, 5 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23232: Agenda cultural (809): "Aprendiz de Mágico" (Lisboa, Astrolábio, 2022, 264 pp.), de António Mário Leitão: sessão de lançamento, sábado, 7 de maio, 17h30, auditório da CM Ponte de Lima

 

Convite do autor e da editora: lançamento do último livro do nosso camarada Mário Leitão. É uma autobiografia parcialmente ficcionada, editada pela Astrolábio  / Grupo Editorial Atântico. Preço de capa: 12 euros | ebook: 5 euros.



Mário Leitão

1.  O António] Mário Leitão é um limiano, nascido em 1949,  que toca "sete instrumentos" e tem "muitas vidas". Além de marido, pai e avô, terno, extremoso, babado, é ou foi: 

(i)  fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973;
 
(ii) membro da nossa Tabanca Grande, o nº 741,  desde 12/4/2017; 

(iii) com 36 referências no nosso blogue; 

(iv) licenciado em farmácia pela Universidade do Porto,  antigo director técnico da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo, hoje  reformado, tendo leccionado também na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo ; 

(v) piloto civil (com mais de 300 horas de voo), patrão de alto-mar e instrutor de mergulho;

 (vi) autarca, cidadão empenhado, ambientalista,  dirigente associativo,  com vasta colaboração na imprensa; 

(vii) escritor, membro da Associação de Escritores, Jornalistas e Produtores Culturais de Ponte de Lima, membro da Associação Portuguesa de Escritores, autor dos seguintes livros:

  • "Aprendiz Mágico" (Lisboa,  Astrolábio, 2022, 264 pp.)
  • “Heróis Limianos da Guerra do Ultramar”(Ponta de Lima, ed. autor, 2018, 272 pp.);
  • "História do Dia do Combatente Limiano"  (Ponte de Lina, ed. autor, 2017)
  • "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos"  (Ponte de Lima: Lions Clube de Ponte de Lima, 2012, 295 pp. e mais de 500 fotografias).
 Participou ainda no XI volume da obra "Guerra Colonial - a História na primeira pessoa" (QUIDNOVI, 2011 a pág. 18 a 28), com o artigo "A farmácia militar".

2. Sinopse do livro "Aprendiz de mágico"

Aprendiz de Mágico é um parque de diversões de géneros literários: biografia, crónica, romance fantástico e até qualquer coisa de novela de cavalaria.

Em abono deste último género, fique o leitor a saber que o Mago Merlin teve no século passado uma filha no Alto Minho, de seu nome Rosa Carriça. Apesar de tão remota ascendência, era uma mulher muito à frente do seu tempo, possuidora de poderosos conhecimentos iniciáticos sobre o poder das plantas e dos minerais.

Em lugar de uma espada, confiou às mãos do afilhado, na véspera de este partir para a guerra, um saco de cristais muito brilhantes.


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Nota do editor:

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23171: Notas de leitura (1437): "Os Forjanenses e a Guerra Colonial", organização de Luís G. Coutinho de Almeida e Carlos M. Gomes de Sá; edição da Junta de Freguesia de Forjães, 2018 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Julho de 2019:

Queridos amigos,
A saga destes forjanenses merece a nossa atenção. Não é a primeira vez que uma Junta de Freguesia estende a mão aos antigos combatentes. No caso vertente, o Coronel Coutinho de Almeida contou com um credenciado publicista, Carlos Gomes de Sá, e lançaram-se nesta empreitada na recolha dos testemunhos, o resultado é um sucesso, vem sempre ao de cima o sentido da identidade local, onde quer que o militar chegue pergunta se há gente de Esposende ou Viana, por exemplo. São testemunhos comedidos, nada de jactâncias, vaidadezinhas ou azedumes que ficaram para o resto da vida. Todos deploram ao que a Guiné chegou e à inutilidade daquela guerra. E é profundamente comovente ver estes velhos combatentes nalguns casos abraçados às mulheres e até às suas mães. Uma edição exemplar que todas as autarquias deviam conhecer.

Um abraço do
Mário



Memórias insuperáveis, a historiografia as saiba escutar (2)

Beja Santos

É um belíssimo, inolvidável, trabalho de recolha junto de antigos combatentes ligados à freguesia de Forjães (concelho de Esposende), a organização pertence a Luís G. Coutinho de Almeida e Carlos M. Gomes de Sá, a edição é da Junta de Freguesia de Forjães, 2018. Não conheço nada de tão tocante, tal é o vigor do testemunho entre os vínculos locais e, em inúmeros casos, uma saudade guineense que não secou. Como é evidente, os testemunhos recolhidos são amplos, estes forjanenses e suas famílias falam da Índia, da guerra de África mas também de São Tomé e Príncipe, Timor e outras paragens. O que aqui se regista, obviamente, circunscreve-se à Guiné, mas desde já se adverte o leitor que se sentirá gratificado com a leitura de todos estes testemunhos, esta memória é aparentemente regional, não haja ilusões, mas estamos lá todos nós.

Temos agora o soldado Carlos Alberto Maciel Martins Gomes, fez a sua comissão na Guiné entre 1968 e 1970. Os vínculos locais afloram imediatamente, acaba de chegar a Bissau e logo se estabelece uma identificação com a terra de onde vem, aparece um soldado que lhe diz: “Ó Meira, também estás por aqui? Era o Sr. Manuel Neiva, o homem da Marta da Porcena. Era marinheiro. Nós seguíamos para cima, para Bambadinca. Também vi o Armindo da Gena”. Seguiram para Contuboel e Sare Bacar, confessa que os meses iniciais foram muito difíceis, refere o desastre da jangada no Cheche, no início de fevereiro de 1969. É comedido nas suas considerações, de como viveu e se adaptou. Adorava jogar futebol, apelidavam-no por “Pedro Gomes”, o defesa lateral direito do Sporting. Ajudava na horta. Regressou e procurou arranjar trabalho em França. Inserção difícil, teve pesadelos, sonhava que ainda estava na guerra.

Carlos Alberto Brochado de Almeida foi furriel miliciano entre 1967 e 1969, ficou adstrito à CART 1661, cujo primeiro-comandante foi o arquiteto Luís Vassalo Rosa. Desembarcou e foi colocado em Porto Gole, onde se encontrava o Pelotão de Caçadores Nativos N.º 54, a que pertencia. “Embora integrado numa Companhia de Artilharia, o meu grupo era um Pelotão de Soldados Nativos comandados por um Alferes teoricamente auxiliado por três Furriéis. O Pelotão de Soldados Nativos era um grupo heterogéneo formado por Balantas, Fulas, Futa-Fulas, Mandingas e Papéis. Cristãos eram alguns dos Papéis oriundos da ilha de Bissau. Apesar da sua heterogeneidade, o pelotão era um grupo coeso onde não havia fronteiras de relacionamento entre brancos e nativos. O segredo desta boa relação alicerçou-se, basicamente, no nosso respeito pela cultura de cada etnia e no tratamento de igualdade que havia entre todos os membros”. Não esquece uma flagelação ao quartel numa noite de abril de 1968, 45 minutos de fogo infernal. Ao fim de 18 meses, o furriel Almeida foi transferido para o Quartel-General, trabalho de secretaria. “Foi ali, durante seis meses, que vi a outra face da guerra: a dos papéis, a das cunhas, a das contrapartidas, mas também a das noites dormidas sem a arma à cabeceira da cama”.

O soldado José Boucinha da Cruz, condutor auto, esteve na Guiné entre 1970 e 1972, colocado na CCS do Batalhão de Bissorã e temos mais uma história de vínculos locais: “Fora, fazíamos segurança às colunas que traziam os géneros de Mansoa, onde os íamos esperar. Cada vez que lá ia perguntava sempre se havia por lá militares de Esposende, Barcelos ou Viana. Foi assim que encontrei o Carlos do Rogério, que me apresentou o Guilherme Pimentel e que viria a casar com a sua prima Lúcia Torres. Noutra ocasião em Bissau, encontrei o Couto dos Santos, que estava na Marinha e que andava a estudar. Encontrei também o Baltazar Costa, que estava de férias em Bissau. Por lá também me cruzei com o falecido Ascânio, de Antas (que foi guarda-redes do Forjães) e com o filho do moleiro da Azenha do Grilo, de S. Paio”. Não sendo operacional, escasseava-lhe o tempo livre, tinha de fazer a limpeza do Depósito de Géneros. É tocante o final do seu depoimento: “Quando cheguei a casa, o meu pai não estava. Tinha ido a Barroselas com o Zé Matos para me ir esperar. Estava só a minha mãe e que alegria que ela sentiu quando entrei em casa. Quando o meu pai chegou, mandou deitar uns foguetes. Eu estava à mesa a comer e, quando começaram a rebentar, mandei-me para debaixo da mesa, ainda com a ideia dos ataques. Casei em 9 de Dezembro e dali a uma semana fui com a minha mulher a Santa Maria Adelaide oferecer o vestido de casamento, como promessa de eu ter voltado vivo da guerra. Em termos de camaradagem, vimos lá momentos muito bons. Vou sempre aos encontros anuais do meu batalhão 2927. E, de há seis anos para cá, em Forjães, eu e o Albino do Firmino organizamos, anualmente, o encontro dos combatentes da Guiné. Há uma missa cantada, uma romagem ao cemitério para depor um ramo de flores pelos que já faleceram. E nunca nos esquecemos de ir a Aldreu, deixar também um ramo de flores na campa do António Amorim Torres, que faleceu na Guiné”.

José Carlos Ribeiro da Fonseca faz a sua comissão de 1970 a 1972, é furriel miliciano, vagomestre, pertenceu à Companhia de Caçadores Nativos 15. De Bissau segue para Bolama, para o Centro de Instrução Militar, logo se pôs à procura de alguém de Esposende ou Viana. Encontrou o Fernando Macedo (Ferreiro), bem como o seu chefe, um natural de Carvoeiro, seu colega na escola em Viana. Foi integrado na Companhia Balanta. Em 3 de março de 1970, partem para Mansoa, ficam junto do BCAÇ 2885. Numa coluna, em Safim, encontrou-se com o Jorge Gomes. Construiu um bom relacionamento com o Capitão Mário Tomé. Em 27 de março tem o seu batismo de fogo, um ataque a Mansoa com misseis terra-terra. No fim de maio chega-lhe a notícia do nascimento da filha. Vê chegar a Mansoa o Joaquim Luís e o Ascânio, seu amigo de S. Paio de Antas. Vêm de férias e no regresso apercebe-se do endurecimento da luta, o alcatroamento de Mansabá a Farim foi trabalhoso. Assiste à rendição do Batalhão 2885 pelo Batalhão 3832. Refere o ataque de 9 de junho de 1971 a Bissau e os muitos confrontos em patrulhamentos dentro da zona de ação. Regressou a 28 de janeiro de 1972, diz não ter experimentado perturbações de ordem psíquica ou física, o que gostou foi o frio do inverno. “Mas o meu tempo após o regresso foi muito difícil no âmbito familiar, porque a minha filha, já com vinte meses, não me conhecia de lado algum, fugia a qualquer contato comigo e, embora a mãe tudo fizesse para explicar quem eu era, só reconhecia o avô materno com quem conviveu desde o nascimento”.


O Coronel Luís Gonzaga Coutinho de Almeida entre o autarca da Murtosa e um elemento da GNR
Mário Leitão, escritor limiano, que se associou a este empreendimento
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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE ABRIL DE 2022 > Guiné 61/74 - P23159: Notas de leitura (1436): "Os Forjanenses e a Guerra Colonial", organização de Luís G. Coutinho de Almeida e Carlos M. Gomes de Sá; edição da Junta de Freguesia de Forjães, 2018 (1) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23148: (In)citações (203): "Naturalia non turpia": o que é natural não é vergonhoso, meus meninos (diz-nos, puxando-nos as orelhas, a Rosa Serra, ex-alf mil enfermeira paraquedista, BA 12, Bissalanca, 1969)

Rosa Serra, em Ponte de Lima,
 24 de agosto de 2020.
Foto: António Leitão (2020)
1. Ainda estava na cama, hoje, às 10h06 quando a Rosa Serra me telefonou... Já não estava a dormir, não, senhora, estava apenas a fazer horas para dar os parabéns, às 10h30, à minha filha, Joana, que hoje faz 44 anos, e à sua mãezinha, na cama, a meu lado...

− Não incomdas, não, senhora, minha querida camarada da Guiné, das poucas que tive, porque as únicas que havia eram vocês, enfermeiras paraquedistas... Então ainda estás em Mafra, ao pé da tua filha, onde foste passar o dia os teus anos ?... 

Não, já voltei a casa, em Paço d'Arcos, até porque tinha, ontem, uma consulta médica... 

− Então, diz lá a que se deve a honra desta chamada telefónica, tão  matinal e primaveril ?

Sabe, estou fula...

− Faz o favor me tratar por tu, afinal somos camaradas ou ex-camaradas...

− Está bem... Estava eu a dizer que estou fula com vocês, seus machõeszinhos... Tu, o Miguel e o autor da história deviam conhecer o aforismo de Hipócrates, "Naturalia non turpia"... Para os profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, etc., o que é natural não é vergonhoso.

Essa história está mal contada (*). Não é um questão de pudor da senhora enfermeira, mas sim de profissionalismo. Eu não era a enfemeira em questão, estava em Tancos, no Regimemto de Caçadores Parquedistas,  nessa altura, em 1971, depois de ter passado pela Guiné (1969) e por em Angola (1970): em Luanda,  nem sequer ia ao mato fazer helievacuações. 

Mas tenho que defender a honra do convento. Fiz o meu curso de 3 anos, na escola de enfermagem do Hospital de Santo António, acabei em 1966. E aprendi logo a algaliar os doentes, homens e mulheres. Passei pela urgência, ainda havia naquele tempo alguns médicos que mandavam chamar os enfermeiros (havia poucos, a profissão era e ainda é muito feminina). Por mero preconceito, chamavam os enfermeiros, não chamavam as enfermeiras.

O Miguel sabe  que a Zulmira pôs o seu próprio casaco por cima do corpo do cubano, o capitão Peralta,  não para lhe encobrir as "vergonhas", mas por causa da hipotermia. Eu na Guiné, também fazia isso. Os doentes que eram helievacuados vinham em choque, sofrendo de hipotermia. O cuidado da enfermeira era, logo, cobri-los com uma manta ou com algo, uma peça de vestuário,  que lhes pudesse manter a temperatura do corpo até à chegada ao hospital...

− Tens toda a razão, Rosa, não está em causa o vosso alto profissionalismo... Eram maneiras nossas de ver ou de perceber as coisas... E, concordo, havia alguns preconceitos em relação a vocês, ou melhor, alguns mal-entendidos, fruto do desconhecimento da vossa origem e formação e até da vossa missão...

−  Havia até quem pensasse que nós (ou algunas de nós) éramos freiras!...

−  Santa igniorância... Olha, posso fazer um poste com o teu esclarecimento (que é também um protesto) ?

Estás à vontade, agradeço-te...

− Então, ciao, as tuas melhoras... Agora é tua vez de cuidares de ti.

E aqui fica o esclarecimento (que é também implicitamente um protesto) da nossa querida Rosa Serra, uma valente mimhota de Vila Nova de Famalicão, que tem mais de meia centena de referências no nosso blogue. (**)

2. E a propósito desta história lembrei-me de uma outra, a de um amigo meu, alentejano,  que tem uma filha, médica, com a especialidade de urologia (o que era rara no passado). 

Um dia acompanhou o pai numa caçada. E também levava a sua arma. Os caçadores, todos homens, sentiram-se algo incomodados, porque já não podiam mandara  a sua c...., frente a uma senhora, para mais médica. 

O meu amigo  pô-los logo à vontade, desde a primeira hora:
− Não se acanhem, meus senhores. Por dever de ofício, a minha filha está farta de ver piças e cus!

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Notas do editor:

(...) Histórias pícaras > Uma heli-evacuação e a enfermeira paraquedista que não queria levar o "passageiro" em pelota

(...) Quando a 28 de Novembro de 1971, um elemento da Companhia acciona uma mina, ficando sem uma perna e outro elemento também ferido, ambos do 3.º Grupo de Combate, é solicitada a evacuação por via aérea para o Hospital de Bissau.

Ao chegar o helicóptero, sai dele uma enfermeira que, ao ver o soldado Santos sem roupa, diz que assim não leva o ferido. Para ser socorrido, utilizaram-se os restos das calças para fazer garrotes à perna e ao braço. E com tiras da roupa seguram-se alguns pensos que tapam feridas menores. O homem estava nu.

Para satisfazer o pedido da enfermeira, foi pedido ao enfermeiro que tinha uma camisola interior vestida para que a tirasse e com ela tapasse o soldado ferido.

José Afonso (...)

Comentários:

(i) Tabanca Grande Luís Graça:

Miguel e Giselda: Vão gostar de ler esta história... Quem seria a enfermeira... "púdica" ? A história é verosímil ?.. Era uma questão de "pudor" ou de "segurança do doente" ?

(...) Falsa questão: para a enfermeira, é um problema de "dignidade do doente", em primeiro lugar, e talvez também de segurança...

(ii) Miguel Pessoa:

(...) Luís, acho que já respondeste à questão - é uma questão de proteger a dignidade do evacuado, ninguém gostaria de andar a ser passeado nu, aos olhos de toda a gente...

Lembro-me que a Zulmira também cobriu o cubano Peralta com o seu próprio blusão, dado que ele estava a tremer e era preciso manter o corpo a uma temperatura decente, portanto é uma questão de segurança do próprio evacuado.

E convenhamos que pruridos no meio da guerra deveria ser assunto que não devia preocupar as enfermeiras paraquedistas. (...)

(iii) Fernando Ribeiro:

Este é um daqueles erros que cometemos sem pensar: nu em pelota. A expressão em pelota, por si só, já quer dizer nu. (...)

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22523: (De)Caras (175): Gente fixe, gente limiana, de Ponte de Lima, os nossos camaradas Manuel Oliveira Pereira (ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, Contuboel, 1972//74) e Mário Leitão (ex- fur mil, Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, 1971/73)

Ponte de Lima > 6 de setembro de 2021 > Junto ao posto de turismo e torre da cadeia velha, três bons amigos e camaradas: da esquerda para a direita, o Manuel Oliveira Pereira (ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74) e hoje jurista reformado;  o nosso editor Luís Graça, em visita à terra;  e o Mário Leitão [ex- fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971/73; famacêutico reformado, escritor, autor, entre outros, do livro "História do Dia do Combatente Limiano", lançado em 2019 no Museu da Farmácia, em Lisboa]... Ao fundo, os cunhados do Luís Graça, Ana Carneiro (Nitas) e Augusto Pinto Soares (Gusto). A foto foi tirada pela Alice Carneiro.


Ponte de Lima > 6 de setembro de 2021 > O Mário Leitão em sua casa, com o nosso editor Luís Graça. A  foto foi tirada pela Lula (diminuitivo da Lurdes, a eposa do Mário)


Fotos (e legendas): © Mário Leitão (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Foi uma visita rápida a Ponte de Lima, para almoçar e visitar Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, este ano na sua 16.ª edição, e tendo por tema "As Religiões nos Jardins". ( O evento encerra no dia 31 de Outubro.)

O nosso editor, dadas as suas atuais limitações de mobilidade, não fez (nem podia fazer) o percurso da exposição, antes aproveitando o convite do Mário Leitão para ir a sua casa tomar um café e dar dois dedos de conversa. E foi evidente regozijo que soube que o Mário Leitão tinha acabado de escrever o seu últmo livro, uma autobiografia (parcialmente ficcionada), com o título provisório de "O aprendiz de mágico"... Ainda sem planos editoriais, madou fazer um tradução em inglês do manuscrito que promete vir a confirmar o talento literário do nosso camarada.  Não descartou a hipótese de o livro ter um lançamento, para o próximo ano, de novo em Lisboa e, porque não, no Museu da Farmácia.

À tarde, o Manuel Oliveira Pereira não pôde juntar-se a nós, por compromissos já anteriormente assumidos. Mas gostei de o ver, a ele, e ao Mário Leitão, ambos de boa saúde, ativos e produtivos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22477: (De)Caras (139): Carlos de Azeredo (1930-2021), um homem digno, nobre e corajoso (José Belo, Suécia)

domingo, 6 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21616: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte IV


Foto 1 – Assistência a ferido em combate. Imagem incluída no livro «Golpes de Mãos – Memórias de Guerra», do camarada José Eduardo Rodrigues Oliveira [JERO], ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (1964-66) – P9562, com a devida vénia.



Foto 2 – Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872 (1971/1974). O enfermeiro Catroga prestando à população civil cuidados de enfermagem comunitária. Foto do álbum de Juvenal Amado – P11764, com a devida vénia.



Foto 3 – O 1.º Cabo Enf Silva assistindo o seu camarada fur mil Jorge Fontinha, da CCAÇ 2791 (Bula e Teixeira Pinto; 1970/72) após ter sofrido uma entorse, durante uma Operação a Balangarez, local situado entre Teixeira Pinto e Cacheu. Foto do álbum de Jorge Fontinha – P7026, com a devida vénia.




O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo; tem cerca de 270 referências no nosso blogue. 


MEMÓRIAS CRUZADAS

NAS "MATAS" DA GUINÉ (1963-1974):

RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»

OS CONTEXTOS DOS "FACTOS E FEITOS" EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM "CRUZ DE GUERRA", DA ESPECIALIDADE "ENFERMAGEM"

PARTE IV

 

 

► Continuação do P21504 (III) (01.11.20) (*)


1.   - INTRODUÇÃO


Através da consulta e análise do vasto espólio documental produzido pela geração dos ex-combatentes, que não pára de aumentar em cada dia das nossas vias – e ainda bem, digo eu (dizemos nós!) –, visando contribuir para a reconstrução do puzzle da memória colectiva da «Guerra Colonial / Guerra do Ultramar / Guerra de África», em particular a da Guiné [CTIG], continuamos a partilhar, no seio da «Tabanca Grande», os resultados obtidos nas «Memórias Cruzadas» implícitas no tema em título e subtítulo.


Para além do enunciado supra, enquanto objecto da investigação, com o tema em apreço procura-se valorizar o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da "saúde militar" (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as (por exemplo a da foto 2) – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate (por exemplo a da foto 1), quer noutras ocasiões de menor risco de vida (medicina geral), mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais (por exemplo a da foto 3).


Considerando a dimensão global da presente investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da "missão", analisando "factos" e "feitos" (os encontrados na literatura) dos seus actores directos "especialistas de enfermagem", que viram ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de consulta/informação foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).


2.   - OS "CASOS" DO ESTUDO


De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os "casos do estudo" totalizaram vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por "actos em combate", conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica e divulgado no primeiro fragmento – P21404.


Neste quarto fragmento analisaremos mais dois "casos", o último de 1965 e o primeiro de 1966, onde se recuperam mais algumas memórias, sempre dramáticas quando estamos perante situações irreversíveis, como é a da morte.


3.   - OS CONTEXTOS DOS "FEITOS" EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM "CRUZ DE GUERRA", NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "ENFERMAGEM" - (n=24)

 

3.7     - LUÍS PEREIRA JORGE, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAÇ 1418, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A sétima ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a quarta e última das distinções contabilizadas durante o ano de 1965 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Perseguição», realizada em 09 de Setembro de 1965 (5.ª feira), na zona de Búgula – Badã, na região de Bula (infografia abaixo), quando o grupo de combate de que fazia parte foi emboscado.


► Histórico

 


◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 82, de 06 de Outubro de 1965, do BCAÇ 1856:


"Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946: O 1.º Cabo, auxiliar de enfermeiro, n.º 1204/64, Luís Pereira Jorge, da Companhia de Caçadores 1418 [CCAÇ 1418] – Batalhão de Caçadores 1856, Regimento de Infantaria n.º 1".


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:



"Louvado, pelo Exmo. Comandante do BCAÇ 1856, o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 1204/64, Luís Pereira Jorge, pelo seu meritório comportamento no decorrer da «Operação Perseguição» [09Set65], quando o grupo de combate de que fazia parte foi emboscado.


Tendo sido ferido no início, pelo rebentamento de uma granada de mão lançada pelo In, que de imediato arremessou outra que caiu na posição por si ocupada, teve ainda a calma necessária, extraordinária presença de espírito e sangue-frio, para a devolver para o local de onde havia sido lançada, a qual então rebentou, ao mesmo tempo que abriu fogo com a sua arma, nessa direcção, tendo atingido dois elementos In ali acoitados e que se puseram em fuga.


Debaixo de fogo e a rastejar, foi então tratar o seu comandante de Pelotão e em seguida um outro camarada gravemente ferido, indo depois ocupar novamente o seu posto na linha de fogo.


Já durante o trajecto para o aquartelamento mais próximo, distante cerca de 5 km, foi ele ainda quem ajudou a transportar às costas um seu camarada mais gravemente ferido, só aceitando transferi-lo para outro militar, quando já extremamente cansado, devido aos seus próprios ferimentos, se viu obrigado a tal." (CECA; 5.º Vol.; p 185).


CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência, que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro, Luís Pereira Jorge, socorremo-nos das fontes oficiais (CECA, 6.º Vol.; p. 335), onde consta:


 "Em cumprimento da Directiva Operacional, no Sector Oeste, as NT desenvolveram intensa actividade operacional realizando, entre outras, as operações - «Perseguição»: em 09Set65. O IN emboscou as forças do BCAV 790 [no caso a CCAÇ 1418], próximo de Búgula, causando 6 feridos e sofrendo 2 mortos."


3.7.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1418, BISSAU - BULA - BURUNTUMA - CAMAJABÁ - RIO CAIUM – FÁ MANDINGA


Mobilizado pelo Regimento de Infantaria 1 [RI 1], da Amadora, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Caçadores 1418 [CCAÇ 1418], a terceira unidade de quadrícula do BCAÇ 1856, do Cmdt TCor Inf António de Anunciação Marques Lopes, embarcou em Lisboa em 31 de Julho de 1965, sábado, a bordo do N/M Niassa, sob o comando do Capitão de Infantaria António Fernando Pinto de Oliveira, tendo desembarcado em Bissau a 6 de Agosto, 6.ª feira.




3.7.2   
- SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1418


Após o seu desembarque, a CCAÇ 1418 ficou colocada em Bissau durante quinze dias como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe, tendo seguido, em 21Ago65 para Bula, a fim de realizar uma instrução de adaptação operacional sob a orientação do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], e seguidamente reforçar este Batalhão em acções realizadas nas regiões de Naga, Inquida e Choquemone, entre outras.


Até 20Out65, continuou depois a ser atribuída em reforço de outros batalhões, com vista à realização de diversas acções na região do Jol, em reforço do BCAÇ 1858 [24Ago65-03Mai67; do TCor Inf Manuel Ferreira Nobre Silva], de 05 a 18Nov65. Na região de Gussará-Manhau, em reforço do BART 645, de 16 a 23Dez65. 


Nas regiões de Naga e Biambe, em reforço do BCAV 790, de 2 a 16Jan66 e novamente de 12 a 26Mar66. Na região do Morés, em reforço do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos], de 13 a 23Fev66, onde tomou parte na «Operação Castor» [em 20Fev66], um golpe-de-mão à base central do Morés bem-sucedido, já que foi capturada elevada quantidade de armamento e outro material.

 


Deslocada seguidamente para Buruntuma, a CCAÇ 1418 assumiu, em 08Mai66, a responsabilidade do respectivo subsector, em substituição da CCAV 703 [24Jul64-14Mai66; do Cap Cav Fernando Manuel dos Santos Barrigas Lacerda], ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão [BCAÇ 1856], tendo destacada uma secção para Camajabá e, a partir de 21Set66, um Gr Comb para a ponte do Rio Caium. 


Em 03Abr67, foi rendida no subsector de Buruntuma pela CCAÇ 1588 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf Álvaro de Bastos Miranda] e seguiu para Fá Mandinga, onde substituiu, temporariamente, a CCAÇ 1589 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf Henrique Vítor Guimarães Peres Brandão] na função de reserva do Agr1980. Em 09Abr67, seguiu para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso à metrópole, o qual teve lugar a 18 do mesmo mês, a bordo do N/M «UÍGE».


Para além da quantidade de armamento capturado na base do Morés, como a imagem acima testemunha, no decurso da «Operação Castor» [Op Castor] ocorreu, também, entre outras, a morte de Simão António Mendes, responsável da área da saúde do C.I.R.N. [, e que depois da independênicai daráb o nome ao Hospital Nacional de Bissau].


Este acontecimento é divulgado a partir da base central (Morés), em comunicado manuscrito por Chico Té [Francisco Mendes], que abaixo se reproduz, com o seguinte teor:


"No dia 20 de Fevereiro [de 1966] o inimigo [NT] apoiado por 8 caçadores [caça-bombardeiros T-6?] invadiu a Base Central [Morés]. O combate durou 6 horas de tempo, teve como resultado a retirada em debandada inimiga que caiu em 3 (três) emboscadas sucessivas [CCAÇ 1418; fazendo fé no depoimento do camarada Rui Silva - P3806 - que diz: "o êxito da operação deve-se em grande parte à táctica usada. O papel da CCAÇ 1418 ao servir de isco foi preponderante. Mostrou-se, foi detectada pelo inimigo e então este convergiu para o trajecto daquela. Soubemos que esta Companhia se continuasse a avançar, o que não era preciso, tinha 7 (sete) emboscadas inimigas já montadas"].


O comunicado acrescenta que "o inimigo [NT] não podendo realizar o plano, reforçou a aviação. Com o fim de bombardear a base, onde os nossos camaradas de armas anti-aéreas deram uma grande prova de coragem, não os deixando realizar o plano. Depois de duas horas de combate, só conseguiram lançar uma bomba dentro da Base, causando a morte de 3 camaradas entre os quais o responsável da saúde do C.I.R.N, Simão António Mendes. Dois aviões foram atingidos pelo fogo da D.C.K. [metralhadora pesada de 14.5 mm]. Região Óio, Zona Morés, Base Central."




Citação: (s.d.), "Comunicado [Região 3]", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40720

 

3.8   - JOÃO VIEIRA DE MELO, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAV 1485, CONDECORADO A TÍTULO PÓSTUMO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A oitava ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração (a título póstumo) a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a primeira de oito distinções contabilizadas durante o ano de 1966 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Falcão II», realizada em 13 de Fevereiro de 1966 (domingo), na região da mata de Cassum, Susana (infografia abaixo), quando os grupos de combate da CCAV 1483 e CCAV 1485, da qual fazia parte, foram emboscados.


► Histórico



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 19, de 12 de Maio de 1966, do QG/CTIG:


"Condecorado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 11 de Maio de 1966: O 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, João Vieira Melo, da Companhia de Cavalaria 1485 [CCAV 1485] – Batalhão de Cavalaria 790, Regimento de Infantaria n.º 7, a título póstumo."


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:


"Louvo, a título póstumo, o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 06235965, João Vieira de Melo, da CCAV 1485, pelo seu comportamento notável revelado no decorrer da «Operação Falcão II», levada a efeito em 13 de Fevereiro de 1966.


Atingido com certa gravidade numa fase inicial do combate, não hesitou em arrastar-se para o local onde o fogo In era mais intenso, por saber que naquela zona havia outros feridos que necessitavam de receber tratamento. Veio a ser atingido mortalmente quando prestava assistência aos seus camaradas.


Demonstrou excepcional espírito de abnegação e camaradagem, extraordinárias qualidades de coragem, sangue-frio, calma e serena energia debaixo de fogo, tornando-se credor do respeito e admiração dos seus camaradas e superiores e digno de ser apontado como exemplo." (CECA; 5.º Vol.; p. 310).



CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro João Vieira de Melo, socorremo-nos das fontes oficiais (CECA, 6.º Vol.; p. 335), e da obra de Mário Leitão «Heróis Limianos da Guerra do Ultramar», onde consta:


"Em 13 de Fevereiro de 1966, domingo, realizou-se a «Operação Falcão II», que contou com forças da CCAV 1485 e alguns elementos da CCAV 1483 [26Out65-27Jul67; do Cap Cav José Olímpio Caiado Costa Gomes], com a missão de explorar notícias que referiam a existência de um acampamento na área de Cassum/Susana. Ao aproximarem-se da orla da mata de Cassum, o In desencadeou sobre as NT intenso tiroteio. As NT reagiram, mantendo-se nas posições durante 3 (três) horas, ao fim das quais o PVC deu ordem para retirar. Protegidas pela FA, as NT retrocederam, perseguidas ainda por alguns guerrilheiros. Foram causados ao In dois mortos e outras baixas prováveis. As NT sofreram dois mortos e seis feridos, três dos quais vieram a falecer posteriormente depois de terem sido heli-evacuados para o HM 241, em Bissau. No caso do João Vieira de Melo, este veio a falecer no HMP (Estrela, Lisboa) em 20Fev66. Era natural da Ribeira, uma das trinta e nove freguesias do Município de Ponte de Lima."

 


Como complemento da narrativa oficial, recuperámos o excelente trabalho de pesquisa biográfico, "dos quarenta e cinco rapazes limianos que morreram ao serviço de Portugal nos três teatros operacionais, para além de mais oito em território continental", dado à estampa pelo camarada Mário Leitão no livro acima identificado, onde é descrito o contexto da ocorrência em análise.


Da biografia referente ao 1.º Cabo João Vieira Melo, reproduzimos: 


[…] "Pouco antes de completar quatro meses de comissão, o 1.º Cabo Melo fez parte de dois grupos de combate que a sua unidade enviou para a "Operação Falcão II", iniciada nos primeiros minutos do dia 13 de Fevereiro de 1966, na área de Susana, onde o inimigo construíra um forte acampamento com abrigos contra morteiros e aviação, na orla de uma mata em Cassum. Um soldado atravessou o rio a nado transportando a corda que, uma vez esticada, serviria para a travessia do restante pessoal, que terminou às duas da manhã. Dessas forças faziam parte vários elementos da CCAV 1483. O numeroso grupo inimigo que os emboscou possuía um morteiro 82, uma ou duas metralhadoras pesadas e inúmeras pistolas-metralhadoras e espingardas automáticas, que causaram 5 mortos e 3 feridos às nossas tropas". […] 


"As nossas tropas aguentaram o combate durante três horas, esquivaram-se aos vários fogos de capim incendiado pelo IN, mas tiveram de retirar para proceder à evacuação dos feridos e porque grande número de armas estavam encravadas e o número de munições era reduzido. A ordem foi dada pelo PVC, e a Força Aérea assegurou a protecção, pois vários elementos In iniciaram a sua perseguição". […] (Op. cit., pp.142-143).


Segue o quadro das baixas em combate registadas durante a «Operação Falcão II». É de mencionar o facto de que os corpos dos dois primeiros nomes não puderam ser recuperados. (CECA; 8.º Vol.; pp 174-176).


Nota: Sobre este tema, consultar: P17180 e P17307.





3.8.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 1485

= BISSAU - BINAR - BULA - INGORÉ - SUSANA - PELUNDO - BIAMBE - ENCHEIA


Mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 7 [RC 7], em Lisboa, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Cavalaria 1485 [CCAV 1485], independente, embarcou em Lisboa em 20 de Outubro de 1965, 4.ª feira, a bordo do N/M «NIASSA», sob o comando do Capitão de Cavalaria Luís Manuel Lemos Alves, tendo desembarcado em Bissau seis dias depois.


3.8.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAV 1485


Após a sua chegada, a CCAV 1485 ficou instalada em Bissau tendo sido atribuída ao BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos], a fim de substituir a CCAÇ 1419 [06Ago65-03Mai67; do Cap Mil Inf António dos Santos Alexandre] na segurança e protecção das instalações e das populações da área tendo, cumulativamente, destacada os seus Grs Comb, por períodos variáveis, para adaptação operacional e reforço das guarnições locais de Binar, Bula e Ingoré, e empenhamento em operações efectuadas no sector do BCAV 790.


Em 01Dez65, foi colocada em Bula em reforço do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], sendo deslocada em 05Dez65 para Susana, onde assumiu a responsabilidade de um subsector, criado por agravamento da situação na zona e retirado ao subsector de São Domingos, a fim de actuar na contra-penetração e interdição da fronteira norte (Senegal).


Entretanto, cedeu também dois Grs Comb para reforço das guarnições locais de Ingoré, de 08Dez65 a 08Ago66 [oito meses] e Pelundo, de 09Dez65 a 17Abr66 [quatro meses]. Em 15Abr66, o subsector temporário de Susana foi extinto, voltando a ser incluído no subsector de São Domingos, tendo os efectivos da subunidade sido deslocados para Bula, entre 11 e 17Abr66.


Em 18Abr66, a CCAV 1485 deslocou-se para Binar, a fim de tomar parte na «Operação Arranque» [20-21Abr66], com vista à ocupação e instalação em Biambe, de cujo subsector assumiu a responsabilidade em 20Abr66, continuando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 790.

 

Quanto à manobra desenvolvida pelas unidades participantes na ocupação de Biambe, e posterior instalação do respectivo aquartelamento, missão atribuída à CCAV 1485, creio que o livro de Manuel Costa Lobo, «Biambe e os Biambenses - História de um sítio em tempo de Guerra (1966/1974)» (capa ao lado), delas fará, certamente, referência (ainda que não o possa confirmar por não o ter lido).  

 

Em 31Ago66, a sua zona de acção foi alargada da área de Encheia, para onde, em 30Out66, foi destacado um Gr Comb, em substituição de idêntico efectivo da CCAÇ 816 [26Mai65-08Fev67; do Cap Inf Luís Fernando Gonçalves Riquito]. 


Em 06Jun67, a CCAV 1485 foi rendida, por troca, no subsector de Biambe pela CART 1688 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Damasceno Maurício Loureiro Borges], sendo colocada em Bissau, onde veio a substituir esta subunidade no dispositivo e manobra do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área. Em 25Jul67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAV 1748 [25Jul67-07Jun69; do Cap Mil Inf Emílio Augusto Pires], a fim de efectuar o embarque de regresso ao continente, viagem iniciada em 27Jul67 a bordo do N/M «UÍGE».

Continua…

► Fontes consultadas:


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

04Nov2020

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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série >