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sábado, 12 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26037: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (26): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte V



Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Anti-aéreas Degtyarev, de origem russa.


Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Espingarda com alça telescópica, V 3272, calibre 7,62. Origem: URSS. (Era usada pelos "snippers".)


Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Met Lig MG 42. 



Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Em primeiro plano, Metralhadora Ligeira MG 42, Borsig, calibre 7,92. Origem: Alemanha Oriental. (Também era usada pelas NT, e nomeadeamente pelo BCP 12.)


Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > A pistola-metralhadora Sudaev, PPS, m/1943 PPS, variante da famosa costureirinha. Origem: URSS.

Segundo a Wikipedia, a PPS-43 é uma variante da PPSH-41. Foi desenhada por Aleksei Sudaev e testada, com grande eficácia, na Batalha de Estalinegrado. Foi o resultado da simplificação da PPSH-41. É considerada a melhor pistola-metralhadora da Segunda Guerra Mundial.



Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Passagem do cortejo junto à catedral de Bissau, na Av da República, a principal artéria da cidade.


Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2010).Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. São fotos do álbum do nosso querido e saudoso amigo e camarada Victor Condeço ("Vitinho", para os amigos de Catió), um dos históricos da nossa Tabanca Grande: sentou-se à sombra do nosso poilão em 3/12/2006.

O Victor Condeço (ex- fur mil mecânico de armamento, CCS / BART 1913, Catió, 1967/69) era natural do Entroncamento.  Discreto, afável e prestável, colaborou connosco, de diversas maneiras. Adorava o nosso e seu blogue. Morreu prematuramnete, de cancro.

Tem 6 dezenas de referências no nosso blogue. 14 anos depois, da sua morte, estava na altura de revisitar o seu álbum, com belíssimas fotos da linda vila de Catió, e dos arredores (Ganjola, Cufar...), que ele meticulosa e carinhosamente deixou organizadas, por áreas temáticas e e devidamente legendadas... Estão dispersas no nosso blogue.

Estas que hoje republicamos, reeditadas, embora sendo do meu álbum fotográfico, estas fotos não foram tiradas por ele, mas sim pelo delegado do seu natalhão, o BART 1913, em Bissau: "Estas fotografias retratam uma exposição de armamento capturado ao PAIGC que teve lugar na Amura em Bissau, quando da visita do Presidente da República Américo Tomás em Fevereiro de 1968 à Guiné."  (*) 
 

domingo, 23 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25677: Elementos para a história dos Pel Caç Nat 52, 54 e 63 que, ao tempo da BART 2917 (Bambadinca, jun 70 / mar 72), estavam destacados no Sector L1 - Parte II

 

Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > O ten cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917, o alf médico Vilar e o alf mil Paulo Santiago, cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho) e depois instrutor de milícias (no CIM de Bambadinca)  com um crocodilo juvenil  do rio Geba... 

Foto tirada em novembro ou dezembro de 1971 no Mato Cão, após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento, encarregue de proteger a navegação no Geba Estreito e impedir as infiltrações na guerrilha no reordenamento de Nhabijões, um enorme conjunto de tabancas de população balanta e mandinga tradicionalmente "sob duplo controlo".

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá  > Sector L1 (Bambadinca) > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O alf mil Joaquim Mexia Alves, posando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé. 

Foto (e legenda): © Joaquim Mexia Alves  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mato Cão >  Pel Caç Nat 52 (1973 /74) >   Vista do Rio Geba e bolanha de Nhabijões, a partir do "planalto" do Mato Cão.  Foto do último cmdt do Pelotão, alf mil  Luís Mourato Oliveira.

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Em 1 de julho de 1971, ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, junho 1970/maio 1972), era a seguinte dispositivo das NT no Sector L1 (Zona Leste), no que diz respeito aos Pel Caç Nat 52, 54 e 63

  • Pel Caç Nat 52 >  Fá Mandinga;
  • Pel Caç Nat 54 > Bambadinca;
  • Pel Caç Nat 63 > Missirá (reforçado por 1 Pel Mil 202 / CMil 1) e a seguir Mato Cão

Maio 71

Op Triângulo Vermelho - 4 e 5mai71

Na região de Enxalé-Cuor, sector L1, foi feito um patrulhamento por forças de 3 GComb/CArt 2715 (Xime), CCaç 12 (Bambadinca), CCP 123 (Bissalanca) e 1 Pel Caç 54 (Bambadinca). 

O lN flagelou as NT, causando 2 mortos e 9 feridos e sofrendo 4 mortos.

Destruídas 12 tabancas, 20 moranças e meios de vida. Capturado 1 elemento armado com esp "Mauser" e documentos diversos.

Agosto 71

28ago71

- Um grupo IN estimado em cerca de 10 elementos flagelou com LROCK, RPG-2 e ARMAUTLIG, de Mato Cão, o barco “Manuel Barbosa” causando 8 feridos graves, e 9 feridos ligeiros.

- Pelas 14,50 horas uma Secção do Pel Caç Nat 52 iniciou a progressão em meio auto com destino a Finete onde se juntaria uma Secção do Pel Mil  201.

- Às 15,10 horas, em [BAMBADINCA 4C2-84], a viatura Unimog 411 de matrícula “ME-18-93” accionou uma mina A/P reforçada, com a roda da frente do lado direito, ficando completamente destruída e provocando ferimentos na quase totalidade dos elementos das NT que nela seguiam, nomeadamente no 2º cabo atirador Nhaga Maque do Pel Caç Nat  52 que veio mais tarde a falecer em Bambadinca como consequência dos ferimentos recebidos.

- Após o accionamento da mina o sold cond Manuel Castro Ribeiro Silva   da CCS/BART 2917 mas destacado no Pel Caç Nat 52, assumiu o Comando da Secção, instalando os seus companheiros e montando um dispositivo de segurança à viatura com os elementos mais válidos após o que se deslocou a Bambadinca, transportando aos ombros um dos feridos, a fim de avisar as NT sedeadas neste aquartelamento.

- Imediatamente se deslocou de Bambadinca uma Secção da CCAÇ 12 (acompanhada de um enfermeiro e macas) que se encarregou do transporte dos feridos de Finete, para onde as milícias desta tabanca, que imediatamente acorreram ao local do acionamento da mina os tinham já transportado, para Bambadinca.

- Num reconhecimento feito posteriormente não foi detectada a colocação de mais qualquer engenho explosivo, tendo-se no entanto detectado em [BAMBADINCA 4C7-74], vestígios de instalação em emboscada de um Grupo IN estimado em cerca de 10 elementos, o que vem confirmar declarações de milícias em Finete que dizem ter ouvido alguns tiros.

Novembro  71

2-7nov71

Op Tareco Vilão I

(Desenrolar da acção)

- No dia 2 de novembro pelas 8,30 horas os 2 Gr Comb da CCAÇ 12 (Bambadinca) deslocaram-se em meios auto de Bambadinca  para o Porto (fluvial) de Bambadinca de onde em meios fluviais [barco sintex], prosseguiram para Mato Cão, onde chegaram cerca das 21,00 horas.

- Substituíram então, no local, os Gr Comb  da CCAÇ 12 empenhados na Op Tudo Vale , montando uma rede de emboscadas nos trilhos de acesso mais provável do IN ao Destacamento de Mato Cão, garantindo a segurança com a colaboração do Pel Caç Nat  63, do pessoal que procede à instalação daquele Destacamento.

- No dia 3 pelas 13,30 horas, um Grupo IN estimado em cerca de 40 elementos flagelou com RPG-2 e Arm Aut Lig de [BAMBADINCA 1H97-61], apoiados por RPG-7 e Mort 82, o estacionamento de Mato Cão,  causando 2 feridos graves e 8 ligeiros.

- As NT reagiram imediatamente obrigando o IN a retirar, com baixas prováveis.

- Feito reconhecimento à área de instalação IN,  detectaram-se vestígios de IN ter aproximado e retirado na direcção de Chicri, tendo-se encontrado vários vestígios de sangue.

- No dia 6 pelas 16,55 horas, um Grupo IN não estimado flagelou da direcção de Chicri o estacionamento de Mato Cão e as forças de segurança ao mesmo, durante 5 minutos com Mort 82 e LRock.

- As NT reagiram prontamente pelo fogo de Mort 81 obrigando o IN a retirar.

- Posteriormente o 20º Pel Art (Xime) bateu os trilhos prováveis de retirada.

- Não foi feita uma conveniente batida imediata por, após os tiros de artilharia, ter anoitecido sendo a visibilidade muito fraca.

- No dia 7 pelas 6,45 horas quando o Pel Caç Nat 63 explorava o contacto havido ao anoitecer do dia 6 reconhecendo a mata a Norte de arame farpado detectaram a cerca de 600 metros do mesmo, numeroso Grupo IN estimado em 50 elementos que ali se encontrava emboscado.

- As NT imediatamente abriram fogo, tendo o IN,  ao sentir-se descoberto, reagido com RPG-2, RPG-7, Mort 60 e Arm Aut Lig  ao mesmo tempo que um outro Grupo IN localizado mais para Norte e a uns 500 metros do primeiro, começou a flagelar o estacionamento de Mato Cão  com Mort  82 e RPG-7.

- As NT imediatamente exploraram o contacto manobrando pelo fogo e movimento obrigando o IN a retirar.

- Apesar da pronta e enérgica reacção do Pel Caç Nat  63,  o IN conseguiu ao fim de cerca de um minuto quebrar o contacto em virtude do Pelotão ter esgotado as munições de MorT 60 e dilagrama que transportava consigo, cujo consumo foi maior do que seria de prever num contacto deste tipo em virtude do LGFog. 8,9 cm não ter funcionado.

- Remuniciado, o Pel Caç Nat 63 prosseguiu na batida tendo encontrado abandonado no terreno um morto, armado de pistola CESKA ZBROJOVKA m/1927, de origem checa, identificado por documentos que possuía como sendo Mário Campos, e uma granada de RPG-7.

- Foram ainda detectados vestígios e vistos elementos IN arrastando mais cinco corpos de elementos feridos ou mortos pelas NT.

- Entretanto, primeiro, os Mort 81 do Destacamento e posteriormente o 20º Pel Art /BAC 7  (10,5 cm) (Xime) batiam os itinerários previsíveis de retirada tendo o Pel Caç Nat  63 verificado que alguns dos impactos de artilharia se situavam sobre o trilho seguido pelo IN e nas suas imediações encontrava-se muito sangue.

- Neste contacto as NT sofreram 3 feridos graves e 9 (um civil) ligeiros sendo um ferido grave e 3 ligeiros proveniente do contacto directo com o IN e os restantes como consequência da flagelação ao estacionamento.

- No dia 7 pelas 14,30 horas, os 2 Gr Comb  da CCAÇ 12,  após serem substituídos no local pelas NT empenhadas na Op Tareco Vilão II II, iniciaram progressão em meios fluviais [Barco Girassol] para Bambadinca, permanecendo o Pel Caç Nat  63 e uma Secção do Pel Mil  202 em Mato Cão, onde chegaram cerca das 16,00 horas

Fonte: História do BART 2917, de 15nov1969 a 27mar1972, mimeog, 182 pp. (Cópia, em formo digital, gentilmente cedida por Benjamim Durães)



Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bambadinca (1955) > Escala de 1/50 mil > Detalhes: posição relativa de Bambadinca, Nhabijões, Mato Cão, Missirá, Sancorlá e Salá. O PAIGC só mandava (alguma coisa), a partir de Salá... tendo "barracas", mas a noroeste, na zona de Madina / Belel). Já no OIo havia a "base central" de Sara Sarauol... O destacamento, mais a norte de Bambadinca, no setor L1. era Missirá, guarnecido por um Pel Caç Nat (52 ou 63, em diferentes períodos) e um pelotão de milícias... Vários camaradas nossos, membros da Tabanca Grande, andaram por outros sítios, "pouco recomendáveis"... A Madina/ Belel (que já não vem neste excerto do mapa) ia-se uma vez por ano, na época seca...para dar e levar porrada.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


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quinta-feira, 6 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25612: Os 50 anos do 25 de Abril (26): A exposição, na Gare Marítima de Alcântara, sobre os antecendentes e a origem (com enfoque na guerrra colonial) e os protagonistas do 25 de Abril de 1974... Para ver até 26 de junho - Parte I: Os bodes expiatórios do regime

 


Lisboa > Administração do Porto de Lisboa >  Gare Marítima de Alcàntara  (um belo edifício da arquitetura estado-novista, inaugurado em 1943, da autoria do arquiteto Pardal Monteiro, decorado com painéis a fresco de Almada Negreiros) > Fachada do edifício com os cartazes da Exposição "MFA 25A - O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril". Horário: de quarta feira a domingo, das 14h00 às 20h00, de 14 de abril a 26 de junho de 2024.


1. Já aqui demos o devido destaque à exposição 'O MFA e o 25 de Abril', que  é uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, de curadoria partilhada com a Associação 25 de Abril e em parceria com o Porto de Lisboa (*).

"Esta exposição pretende ilustrar o papel do Movimento das Forças Armadas (MFA) no derrube da ditadura e na construção da Democracia, através do recurso a materiais iconográficos, audiovisuais e sonoros. Será dinamizada através de visitas guiadas, conferências, debates e espetáculos, e complementada por um dossiê multimédia." (Fonte: Comissão Comemorativa 50 anosdo 25 de Abril).


Só há dias, em 26 de maio último, um domingo à tarde,  consegui lá dar um salto. Fiz bastantes fotos (cerca de 150). A exposição está bem orgsnizada por blocos temáticos, mas é muito extensa. Hora e meia foi o tempo que eu gastei. Julgo que para o grande público tem excesso de informação e cronologias (fitas do tempo) muito detalhadas. (Tem um erro fctual imperdoável: dar Madina do Boé como local onde o PAIGC proclamou a independência unilateral da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973.)

Os blocos temáticos são os seguintes: 

0. Memorial aos presos políticos; 1. A queda dos impérios colonais; 2. A guerra colonial; 3. Os militares, os bodes expiatórios do regime; 4.A conspiração; 5. O dia 25 de Abril; e 6. O legado do MFA.

O curador desta exposição, da parte da A25A, é o comandante, capitão-de-mar-e-guerra ref, Pedro Lauret, um dos "históricos" do nosso blogue: recorde-se que ele foi combatente no TO da Guiné, na qualidade de imediato da LFG Orion, de 1971 a 1973; tem 36 referências no nosso blogue; e foi um dos participantes do I Encontro Nacional da Tabanca Grande, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14 de outubro de 2006.

É uma exposição a não perder, sobre os antecedentes (próximos e afastados). a origem e os protagonistas do 25 de Abril: 

"Os oficiais do MFA tinham capacidade de comando, coragem, determinação e conhecimento operacional para que, no dia 25 de Abril, às três da manhã, de cerca de 30 unidades diferentes, de Norte a Sul do Pais, em simultàneo, saíssem  forças rumo aos seus objetivos, numa operação - Operação Viragem Histórica -  extraordinariamente bem concebida, planeada, conduzida e executada" (Fonte: excerto da folha de sala).

Faltam menos de 3 semanas para encerrar (**). Hoje reproduzimos alguns dos painéis do Bloco 3 (Os militares, os bodes expiatórios do regime) bem como do Bloco 2 (A guerra colonial), e nomeadamente imagens do armamento, das NT e do IN,  que está exposto em vitrinas.


Bloco 3 - Os militares, os bodes expiatórios do regime








Bloco 2 - A Guerra Colonial: armamento do IN e das NT









 Imagens colhidas e editadas por LG (2024), com a devida vénia...

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29  de abril de DE 2024 > Guiné 61/74 - P25457: Os 50 anos do 25 de Abril (15): Exposição na Gare Marítima de Alcântara, Porto de Lisboa, até 26 de junho próximo, de 4ª feira a domingo, entre as 14h00 e as 20h00: "O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril": curador, Pedro Lauret, Capitão-de-Mar-e-Guerra Ref


(**) Último poste da série > 3 de junho de  2024 > Guiné 61/74 - P25598: Os 50 anos do 25 de Abril (25): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 8º (e penúltimo) episódio da série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25555: Fotos à procura de... uma legenda (180): não sendo a G3, que espingarda automática empunham estes dois militares do BCP 21, no Leste de Angola, c. 1970/72 ?


Angola > Leste > O alf mil paraquedista Jaime Silva, do BCP 21 (1970/72), em 1970, a norte do Rio Cassai... Alguns leitores fizeram comentários sobre o tipo de arma que os dois militares empunham... Não era, de facto,  a G3, que equipava os paraquedistas, pelo menos no meu tempo, no CTIG...Oportunamente, o nosso camarada Jaime Silva, que tem uma forte ligação à Guiné e aos paraquedistas, mas fez a sua comissão de serviço em Angola, nos poderá esclarecer esta dúvida.

Foto (e legenda) © Jaime Bonifácio Marques da Silva (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentou o nosso camarada e tabanqueiro Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCaç4541/72 (Safim, 1974):

A arma dos militares atravessando terreno alagado, na fotografia,  é parecida com a 5.56mm Colt XM177E2 Commando.

Projetado por Eugene Stoner, o M16 surgiu primeiro como o AR-10 de 7.62mm, em meados dos anos 1950, seguido pelo AR-15, adaptado para a munição de 5,56mm. 

A arma teve exportação significativa para o Sudeste Asiático, Reino Unido, Força Aérea dos EUA e,  finalmente, o Exército dos EUA, que lhe deu a designação M16. 

A promessa inicial não foi cumprida, quase na totalidade, nos primeiros anos de serviço no Vietname, onde revelou tendência para encravar em combate, tendo que ser mantido muito limpo (algo difícil de conseguir na selva). Descobriu-se que o problema se devia a uma nova carga propulsora. 

As modificações na arma e na carga propulsora produziram uma excelente espingarda automática,  o M16A1. O fabrico em plástico e aço prensado tornou-o mais leve e a elevada velocidade da munição compensou o seu pequeno calibre, em combate. O M16 surge numa variedade de formas modificadas, incluindo versões de cano pesado e curto. (...). 

Esta versão tem a designação de 5.56mm Colt XM177E2 Commando (...).
 
23 de maio de 2024 às 19:09 


2. Nota do editor LG:

Os nossos leitores não precisam de convite para confirmar, informar ou completar esta informação do Victor Costa (**).  Os nossos camaradas paraquedistas estão à altura de dizer algo mais sobre esta espingarda automática, usada por volta de 1970/72, pelo BCP 21, em Angola, nomeadamente no Leste. 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25192: A 23ª hora: Memórias do consulado do Gen Bettencourt Rodrigues, Governador e Com-chefe do CTIG (21 de setembro de 1973-26 de abril de 1974) - Parte V: E se o aeroporto de Bissalanca e a cidade de Bissau fossem alvo de um ataque aéreo ? Em 23 de fevereiro de 1974 foi considerado inoperacional o material de deteção de alvos e de tiro...

Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > BCAÇ 3852 (1971/73 > Antiaérea do tempo da II Guerra Mundial... "Simulando o ataque a um avião inimigo. Cada tiro, cada melro... pois aviões cá tem... A tropa não deixa de me surpreender: antiaéreas em Aldeia Formosa? Os "nossos amigos", ou IN, tinham mísseis terra-ar Strela (em março de 1973)", diz o Joaquim Costa...(*)

Que arma seria esta? E de que calibre? Parece ser uma peça AA 9,4 cm... A CCAV 8351 esteve em Aldeia Formosa entre meados de novembro de 1972 e princípios de abril de 1973... Nesta altura o pelotão AA que aqui estava, devia pertencer à Btr AAA 7040/72 (Out 72 / ago 74). Sabe-se  que o Btr AAA 7040/72 substituiu a Btr AAA3381, a partir de 1Jan73, no comando e controlo dos Pelotões da Nova Lamego, Aldeia Formosa e Nhacra. 

A bataria seguinte, a Btr AAA 7041/72, em 23Fev74, em virtude da inoperacionalidade do material de deteção de alvos e de tiro, foi desativada. A dois neses do 25 de Abril, o material 9,4 cm foi considerado inoperacional, tornando-se  necessário a criação de um Grupo de Artilharia Antiaérea da Guiné (GAAA)  (que já não chegou a sair do papel)...

Foto (e legenda): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Base naval do Alfeite da Marinha , 
30 de abril de 1974

Foto (e legenda): © Fernando Vaz Antunes (2014). Todos os direitos reservados. 
[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em todas as épocas, em todas as guerras, em todos os regimes, todos os chefes têm a sua 23ª hora... Muitos de nós, antigos combatentes, já não estávamos lá no CTIG, quando o gen Spínola bateu com a porta a Marcello Caetano e foi substituído pelo gen Bettencourt Rodrigues. Este foi o último Governador e Comandante-chefe do CTIG: a sua história efémera passa-se entre 29 de setembro de 1973 e 26 de abril de 1974. (**)

Quem já não estava lá, tem direito a saber (é esse o papel do nosso blogue) como foi a 23ª hora deste militar com carreira brilhante que acabou por fechar um capítulo da história de Portugal com 500 anos. 

Ele quexou-se em 1997, em depoimento sobre a descolonização da Guiné (no âmbito dos Estudos Gerais da Arrábida), que não teve tempo para fazer o que se propunha (que era a retração do dispositivo militar, de 225 guarnições para 80 e tal) porque entretanto foi preso e destituído em 26 de abril de 1974.

Naquele que consideramos o seu "testamento político-militar" (o seu depoimento para o livro, escrito por ele e mais 3 generais, J. da Luz Cunha, Kaúlza de Arriaga e Slvino Silvério Marques, "Africa: a vitória traída", Braga, Intervenção, 1977, pp. 103-143), não há estranhamente a mais pequena referência à defesa antiaérea da cidade e do aeroporto de Bissau bem como  das localidades mais importantes, vulneráves a um eventual ataque aéreo inimigo.

Sabe-se hoje que a continuação da guerra  não  estaria em causa, a não ser em  caso de entrar  em cena a aviação inimiga (que o PAIGC ainda não tinha, mas que  também podia ser a de algum dos países amigos do PAIGC, como a Guiné-Conacri onde o PAIGC tinha a sua confortável retaguarda, pese embora o regime de Séku Touré ser então uma ditadura brutal e sanguinária).

Esta questão, o palno de defesa aniaérea da Guiné, também não tem sido abordada no nosso blogue. O único "catedrático" em AAA é o nosso amigo To Zé, cor art ref António José Pereira da Costa, que, enquanto capitão, foi o primeiro a comandar a Btr AAA 3434, "As Avezinhas" (Bissau, 1971/73).
  

Excertos de CECA (2015):

• Decisão de 25Fev74 - Reorganização da AAA no TO da Guiné - proposta apresentada pelo Delegado da DEFNACIEME, Ten-Cor Art Luis M.D.A. Corte Real

"1. A DEFNAC/EME [Defa Nacional / Estado Maior do Exército] através do seu delegado, Ten Cor Corte Real, atendendo a que o material de Art de 9,4 cm não oferece condições de operacionalidade,  propõe que se deixe de utilizar, no TO daGuiné, o material de 9,4 cm em missões de AA, para o que:

- se adaptaria a BtrAAA 7043/73 (9,4 cm) a ligeira (4 cm).

- não seria rendida, no final da sua comissão (21 meses em Julho) a BtrAAA 7041/72 (9,4 cm).

 2. Após discussão do problema em reunião de Comandos, em250900Fev74, decido:

a. Concordar com a transformação da BtrAAA (9,4 cm) 7043/73 em BtrAAA (4 cm) com os problemas inerentes à sua adaptação (aumento de efectivos e instrução).

b. Aceitar a não rendição da BtrAAA (9,4 cm) 7041/72, aproveitando a disponibilidade daí resultantes para a reorganização,que se considera indispensável, da estrutura antiaérea do TO..

Assim, considera-se necessário a criação de um Grupo de Artilharia Antiaérea, com possibilidades de exercer o Comando táctico de toda a AAA do TO e acionar o funcionamento do Serviço de Informações e do Centro de Operações da AAA, e ainda, garantir:

- as transmissões entre os órgãos da AAA e as armas;

- a administração do pessoal das Batarias AA;

- a manutenção do material;

- a instrução do pessoal a formar no TO. [... ]"

Fonte: CECA (2015), pp. 464/465

Anexo n" 3 - Subunidades de Artilharia Antiaérea" (CECA, 2015):

[ Extracto da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África, 7° Volume Tomo II - "Fichas dasnidades Guiné",  da CECA, EME. Sobre este assunto consulte-se o artigo "A Artilharia Antiaérea noUltramar" do Coronel de Artilharia António José Pereira da Costa - Boletim da Artilharia Antiaérean" 3 - II Série, Outubro 2003 - Edição Especial do RAAA nº 1.]

(...) -  Quando do início da luta armada com o PAIGC, em Janeiro de 1963, já se encontrava, há um ano, instalado no aeroporto de Bissalanca (Bissau), o Pelotão de Artilharia Antiaérea n° 43, dotado de radar com peças AA 4cm "Bofors M-42/60" e metr AA quádruplas 12,7mm, para garantir a defesa AA a baixas altitudes. 

No início de 1964 foi rendido pelo Pel AAA 943; em Janeiro de 1966 este foi substituído pelo Pel AAA 1066; em princípios de 1968 nova rendição pelo Pel AAA 1257; em meados de 1969, chegou o Pel AAA 2141 e em 1970 o Pel AAA 3001.

Este último foi destacado para Nova Lamego (Sector L3). Todos estes pelotões tiveram missões semelhantes e o mesmo material AA.

- Para cumprimento do despacho do MDN de 11Ago 70 o dispositivo antiaéreo no TO da Guiné foi reforçado com Batarias de Artilharia Antiaéreas.

Em 19 Fev 71, foram aumentadas ao efectivo, a Btr AAA3381 (lª fase) e a Btr AAA 3382. A 2ª  fase da primeira Btr apresentou-se em 31 Maio 71.

A Btr AAA 3381 integrou os dois últimos Pelotões independentes acima referidos e um outro Pelotão que chegou na 2ª fase. Foi dotada com peças 10,4cm, metr AA quádruplas 12,7mm e radar nº 4 MarkVI; as guarnições tiveram pessoal de recrutamento da Província.

Após a realização da IAO foi colocada em Bissau no aquartelamento do GA7, exercendo o comando e controlo dos Pelotões que foram destacados para Bissalanca, Nova Lamego, Aldeia Formosa, a partir de 25 Jul71 e Nhacra, a partir de 01 Nov 71.

- A Btr AAA 3382, após a realização da IAO, em 13 Mai 71 foi colocada no aqt do GA7. Foi a primeira a ser dotada com peças AA 9,4cm e dispunha de radares (táctico) MK VI e (de tiro) MK VII (que através de um preditor dava pontaria direta às 4 peças), para defesa a média altitude do aeroporto, parte da cidade de Bissau,  Cumeré e paióis do CTIG.

Iniciou o estudo das posições das peças: radares e preditores de AA. Em Jan71, começou a construção das posições e do aqt na região  de  Bor (Bissau), com vista ao cumprimento da missão, tendo a orgamzação operacional ficado completa em Set72. 

Em meados de Maio, desse ano, passou a ocupar as instalações de Bor, cumulativamente ficou com a responsabilidade daquela região na dependência do COMBIS.

- A Btr AAA 3434 desembarcou na Guiné em 31Mai71; efectuou a IAO e a 04Jul71 ficou instalada no aqt do GA7. 

A partir de 20Jul desse ano,passou a realizar os trabalhos de construção de espaldões para peças de radares da área do aeroporto de Bissalanca. Foi dotada com peças AA 4cm e metr AA quádruplas 12,7 mm. Colaborou em coordenação com a BA12, na defesa terrestre das instalações daquela área.

- A 1ª  fase da Btr AAA 7040/72 desembarcou em 200ut72 e a 2ª fase em 2Jan73. Após a IAO da la fase, no GA7, em 23Nov72, deslocou um Pelotão para Nova Lamego para realizar a sobreposição com idêntico efectivo da Btr AAA 3381 até 18Dez72: de seguida assumiu a responsabilidade de defesa AA a baixa altitudes da pista de aviação e destacamento aéreo. 

Substituiu a Btr AAA3381, a partir de 1Jan73 , no comando e controlo dos Pelotões da Nova Lamego, Aldeia Formosa e Nhacra. 

Para estas duas últimas localidades, marcharam em 4Fev73, 2 Pelotões da 2ª fase que renderam idênticos efectivos da Btr AAA 3381; colaboraram ainda na defesa terrestre das referidas localidades.

- A Btr AAA 7041/72 desembarcou em 160ut72; realizou em Bor a IAO e em 1Dez72, substituindo a Btr AAA 3382, assumiu a responsabilidade da defesa AA a médias altitudes da BA12, aeroporto, Cumeré e parte da cidade de Bissau. Foi dotada com peças AA 9,4cm. Assumiu também a responsabilidade do subsector de Bor na dependência do COMBIS. 

Em 23Fev74, em virtude da inoperacionalidade do material de deteção de alvos e de tiro, a Bataria foi desativada.

- A Btr AAA 7042/72 desembarcou em 2Jan73. Após IAO, no GA7, assumiu em 26Fev73, substituindo a Btr AAA 3434, a responsabilidade de defesa AA, a baixas altitudes, do aeroporto e da BA12, tendo-se instalado em Bissalanca; colaborou em coordenação com BA12, na defesa terrestre das instalações.

- A Btr AAA 7043/73, desembarcou em 17Nov73; foi colocada em Bor a fim de realizar a IAO e a seguir reforçar a Btr AAA 7041/72 com vista à implementação do sistema integrado de defesa AA a médias altitudes do aeroporto e da cidade de Bissau cujo estudo estava sendo efectuado.

Foi dotada com peças AA 9,4cm. Colaborou na segurança e proteção das instalações e populações do subsector de Bor, sob controlo operacional do COMBIS. 

Em 23Fev74, devido a inoperacionalidade do material, passou a realizar a adaptação ao material AA 4cm.

- Depois de feito os estudos para a sua organização foi criado por depacho do CCFAG, o Grupo de Artilharia Antiaérea da Guiné (GAAA).

Destinava-se a comandar, coordenar e controlar a actividade das Subunidades, na altura: Btr AAA 7040/72, 7041/72 e 7043/73. 

Apesar de oficialmente criado em 1Mai74 não chegou a ter existência e organização efectivas, sendo extinto em 7Set74.

Fonte: Excertos de: Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 6º volume: aspectos da actividade operaciona. Tomo II: Guiné, Livro III, Lisboa: 2015, pp.   464/465 e 491/492.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25122: Armamento do PAIGC (9): A pistola-metralhadora Sudaev PPS-43, também conhecida por PM de Ferro, PM Chinesa, Decétris




Sudaev PPS-43



Sudayev (em russo e em inglês) PPS-43. Fonte: Wikipedia (em inglês)

Segundo o nosso especialista m armamento, Luís Dias (*), a pistola-metralhadora Sudaev (Ou Sudayev) foi fabricada na II Guerra Mundial pela URSS, com o desenho de Sudaev, entre 1943 e 1946 (perto de 2 milhões de PM), e era uma arma mais compacta que a sua antecedente, sendo distribuída às unidades blindadas e paraquedistas. 

Alguns autores afirmam tratar-se da melhor PM da II Guerra Mundail. Após a guerra foi exportada para muitos países e foi muito copiada. Era conhecida pelos guerrilheiros como a “Decétrin”. Segundo o nosso camarada A. Marques Lopes. era conhecida na gíria do PAIGC por várias expre4ssões: PM de Ferro; Decétris; Modelo Patchanga; PM Chinesa). (**)

Características da arma 
  • Tipo: Pistola-metralhadora
  • País de Origem: URSS
  • Calibre: 7,62 mm Type P
  • Ano de fabrico inicial: 1943
  • Alcance eficaz: 200 m
  • Alcance prático: 25 a 50 mPESO: 3,67 Kg com o carregador completo
  • Comprimento: 831 mm
  • Munição: 7,62X25 mm Tokarev
  • Velocidade de saída do projéctil: 500 m/s
  • Alimentação: Carregador curvo com 35 projécteis
  • Segurança: Colocada à frente do guarda mato, travando a culatra
  • Funcionamento: Arma de disparo unicamente automático, funcionando por inércia da culatra, partindo da posição recuada/aberta
  • Cadência de tiro: 500 a 600 tpm

Observações: A Sudaev 'versus' FBP 

A nossa pistola-metralhadora FBP não era uma arma fiável, porque tinha a mola de soltura do carregador numa posição que poderia fazer com que alguém, mais nervoso, empunhando mal a arma, carregasse na mola inadvertidamente, soltando o carregador e se desse ao gatilho não sairia nenhum projéctil. 

Por outro lado, o sistema de segurança não era famoso, porque em caso de queda da arma, poderia dar-se o disparo da mesma (aconteceu-me no Dulombi, em que a arma caiu no quarto e efectuou um disparo inadvertido que, felizmente, não teve consequências). 

Por estas razões, esta arma, no período em apreço, na guerra colonial, não era muito utilizada em termos operacionais.(***)
 
No TO da Guiné, a Sudaev aparecia em poucas quantidades e era tecnicamente superior à Shpagin (****), embora só produzisse disparo automático, compensando, contudo, por ter uma cadência bem mais baixa.


Munição 7,62x25 mm Type P/Tokarev, utilizada na pistola TT33 e nas Pistolas-metralhadoras PPSh-41 e PPS-43

Munição 9x19 mm Parabellum ou Luger, utilizada na pistola Walther P-38 e nas pistolas-metralhadoras ao serviço das forças armadas portuguesas, como a FBP.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5690: Armamento (2): Pistolas, Pistolas-Metralhadoras, Espingardas, Espingardas Automáticas e Metralhadoras Ligeiras (Luís Dias)

sábado, 27 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25115: Armamento do PAIGC (8): A pistola, de origem soviética, Tokarev TT-33


A pistola Tokarev TT-33


1. Segundo o nosso especialista de armamento, Luís Dias (*), a pistola Tula Tokarev TT-33 surgiu na antigaURSS, baseada no desenho da Colt-Browning e foi a pistola das forças da União Soviética durante a II Guerra Mundial, vindo posteriormente a ser fabricada pelos países do Pacto de Varsóvia e pela China até ser substituída pela Makarov, no calibre 9 mm Mk.

Foi a pistola usada pelas forças de guerrilha do PAIGC. (**)

Também há referências, no nosso blogue, às pistolas apreendidas pelas NT:

CESKA ZBROJOVKA Cal. 7,65 mm, pistola semiautomática;

CESKA ZBROJOVKA Cal. 6,35 mm, pistola semiautomática pequena.

Características da pistola Tokarev TT-33

  • TIPO: Pistola semiautomática
  • PAÍS DE ORIGEM: URSS, países do Pacto de Varsóvia e China
  • CALIBRE: 7,62 mm Type P
  • DATA DE FABRICO INICIAL: 1933
  • ALCANCE ÚTIL: 50 m
  • ALCANCE PRÁTICO: 5 a 10 m
  • PESO: 0,840 kg com carregador com 8 munições
  • MUNIÇÂO: 7,62x25 mm Tokarev
  • ALIMENTAÇÃO: 8 munições num carregador unifilar colocado no punho.
  • SEGURANÇA: A única segurança é feita pelo cão travado (half-cock) a meio de ser armado.
  • FUNCIONAMENTO: Pistola semi-automática, funcionando por recuo do cano e de acção simples. As forças do PAIGC possuíram ainda pistolas CZ, de origem Checoslovaca, nos calibres 6,35 mm e 7,65 mm.

Observações: Tokarev 'versus' Walther

A pistola Walther P-38, é uma arma de grande qualidade, muito robusta, tendo-se mantido ao serviço das forças armadas portuguesas ao longo de todos estes anos, embora se preveja vir a ser substituída em breve. É uma arma excelente para tiro prático, sendo nitidamente superior, quer no tipo de munição utilizada (9 mm Parabellum), quer no seu funcionamento, à Tokarev que, segundo alguns autores, encravava com alguma facilidade devido a problemas com o carregador. 

A Walther tem ainda a vantagem de funcionar por acção dupla (rapidez de disparo) ao contrário da Tokarev que funciona unicamente por acção simples.

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Notas do editior:

(*) Vd. poste de 23 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5690: Armamento (2): Pistolas, Pistolas-Metralhadoras, Espingardas, Espingardas Automáticas e Metralhadoras Ligeiras (Luís Dias)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25113: Armamento do PAIGC (7): A "patchanga", a pistola-metralhadora russa Shpagin PPSh-41 (conhecida como a "costureirinha" pelas NT)

 

Guiné > PAIGC > Novembro de 1970 > Um guerrilheiro (ou "elemento da população" ?) mpunhando uma PPSH (a irritante "costureirinha", uma arma temível sobretudo em emboscadas muito próximas das NT)...

Fonte: © Nordic Africa Institute (NAI) / Foto: Knut Andreasson (com a devida vénia... e a autorização do NAI)

1. Segundo o nosso especialista de armamento, Luís Dias, "a pistola-metralhadora PPSh-41, concebida por Georgii Shpagin, conhecida pelas nossas forças como a Costureirinha, e pelo PAIGC como a Patchanga, foi uma das PM mais fabricadas no mundo (mais 6 milhões de exemplares), e largamente utilizada pelo exército soviético na IIª Guerra Mundial. No pós-guerra foi usada nos países satélites, na China, Vietname e nos movimentos de libertação africanos".

Características técnicas da arma:

  • Tipo: Pistola-metralhadora
  • País de origem: ex-URSS
  • Calibre: 7,62 mm, Tipo P
  • Ano inicial de fabrico: 1941
  • Alcance eficaz: 200 m
  • Alcance prático: 25 a 50 m
  • Peso: 5,45 Kg com tambor de 71 munições; 4,30 Kg com carregador de 35 munições
  • Comprimento: 843 mm
  • Munição: 7,62x25 mm Tokarev
  • Velocidade de saída do projectil: 488 m/s
  • Alimentação: Tambor de 71 munições ou carregador curvo de 35 munições
  • Segurança: Através de travamento da culatra na posição recuada ou quando fechada.
  • FUNCIONAMENTO: Arma de disparo selectivo de tiro (auto ou semi-auto), funcionando por inércia da culatra, através da posição aberta
  • Cadência de tiro: 900 tpm

Ainda segundo Luís Dias: 

(...) "A célebre 'costureirinha' dava fama ao nome devido ao 'seu cantar' muito próprio (elevada cadência de disparos). Era uma arma pesada, com uma munição não muito potente e com problemas de falhas no funcionamento, quando utilizava o tambor, tornando-se incómoda no transporte, face à sua configuração e devido à sua elevada cadência, consumia muitas munições, não sendo também muito precisa." (...)

    Ver mais informação sobre esta arma, na Wikipedia.

    (...) O carregador de tambor, com capacidade para 71 cartuchos, era frágil, sofrendo deformações com facilidade, causando encravamento, sua alta cadência de tiro, e facilidade de disparo faziam com que rapidamente se gastassem as munições disponíveis, o que provocava inevitavelmente problemas logísticos aos movimentos guerrilheiros. Por conta disso foi introduzida uma versão de carregador de 35 munições, muito mais confiável que pelo design mais simples. Além disso, em florestas densas, a sua relativa pouca potência tornava-a uma arma relativamente ineficiente. (...) 

    Esta talvez uma das razões por que os guerrrilheiros do PAIGC acabaram por preferir a Kalash...



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 (Galomaro) > CCAÇ 3491 (1971/74) > Chegada a Galomaro da CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872, no dia 9 de Março de 1973. No jipe podemos ver o alf mil op esp Luís Dias, atrás o fur Baptista,  do 1.º Gr Comb,  e ao lado, a sorrir, um guerrilheiro do PAIGC que, no dia anterior, se tinha entregado a uma patrulha nossa na área do Dulombi. A arma é uma Shpagin PPSh- 41, no calibre 7,62 mm Tokarev, mais conhecida por "costureirinha" e com a particularidade de ter um carregador curvo de 35 munições, em vez do habitual tambor de 71. (Foto do Luís Dias, reproduzida com a devida vénia, do seu blogue, Histórias da Guiné, 71-74:  A CCAÇ 3491, Dulombi.

Foto (e legenda) © Luís Dias (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
___________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 18 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24766: Armamento do PAIGC (6): A mina antipessoal PDM-6 (António Alves da Cruz, ex-fur mil, 1ª C/BCAÇ 4513/72, Buba, 1973/74)

Postes anteriores:

8 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24735: Armamento do PAIGC (5): O sistema Grad, o "jacto do povo", a "mulher grande", o foguetão 122 mm: as expetativas, demasiado altas, de Amílcar Cabral

10 de maio de 2023 > Guiné 61/71 - P24305: Armamento do PAIGC (4): Morteiro pesado 120 mm M1943, de origem russa, usado nos ataques e flagelações a aquartelamentos das zonas fronteiriças, como Gandembel, Guileje, Gadamael, Guidaje, Copá ou Canquelifá

19 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24234: Armamento do PAIGC (3): peça de artilharia 130 mm M-46, cedida pelo Sekou Turé para os ataques, a partir do território da Guiné-Conacri, contra Guileje e Gadamael, em maio/junho de 1973

Guiné 61/74 - P25111: Memórias cruzadas: pistolas Walther P38 alegamente capturadas ao nosso exército, e distribuídas ao pessoal do PAIGC, ainda antes do início oficial da guerra... (José Macedo, ex-2º ten fuzileiro especial, RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74, a viver agora nos EUA)



A pistola Walther, P38, de 9 mm, de origem alemã, foi adoptada pelas nossas Forças Armadas, em 1961, como pistola 9 mm Walther m/961, vindo substituir a Parabellum.
Foi desde logo utilizada na guerra colonial em África (nova versão P1).  




Declaração: 
"Nós, abaixo assinados, declaramos que da mão do nosso camarada Pascoal recebemos duas pistolas marca Walther, números 770809 e 241113, com quatro carregadores 100 balas (sic) 
com cinquenta cada um.

Koundara, 3 de novembro de 1961
aa) Braima Solô (?) | Adbul Djaló


Declaração: 
"Nós, abaixo assinados, declaramos que da mão do nosso camarada Pascoal recebemos duas pistolas marca Walther, números 220868K e 214492K, com quatro carregadores 100 balas (sic) 
com cinquenta cada um.

Koundiara, 3 de novembro de 1961
aa) Pedro Gomes Ramos | Hilário Gapar Rodrigues



Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares | Pasta: 07068.099.028 | Título: Declaração de recepção de pistolas | Assunto: Declaração assinada por Pedro Ramos, Hilário Gaspar Rodrigues, Braima Sôlô e Abdul Djalo, acusando a recepção de pistolas Walther. | Data: Sexta, 3 de Novembro de 1961 | Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral |Tipo Documental: Documentos | Página(s): 1

Citação:
(1961), "Declaração de recepção de pistolas", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41059 (2024-1-25)



Pistolas Walther, e respetivos números, alegadamente capturadas ao exército português pelo PAIGC. S/d, s/l.

Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares |  Pasta: 07056.009.011 | Título: Pistolas Walther nas Zonas 4, 7 e 8 | Assunto: Números de série de pistolas Walther [capturadas ao exército português] nas Zonas 4, 7 e 8. | Data: s.d.Observações: Doc. Incluído no dossier intitulado Material militar (com manuscritos de Amílcar Cabral).Fundo: DAC - Documentos Amílcar CabralTipo Documental: Documentos-

Citação:
(s.d.), "Pistolas Walther nas Zonas 4, 7 e 8", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40992 (2024-1-25)




Pistolas Walther, para a Zona 11: "P38 9mm | 346 k ac 44 | 3375 d c/ 160 b(alas) | Data: 6/10/1962.


Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares ! Pasta: 07056.009.021 | Título: Pistolas Walther para a Zona 11 | Assunto: Pistolas Walther para a Zona 11.| Data: Sábado, 6 de Outubro de 1962 | Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabrall | Tipo Documental: DocumentosPágina(s): 2


Citação:
(1962), "Pistolas Walther para a Zona 11", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41002 (2024-1-25)


(Com a devida cénia...)


  
1. Mensagem do nosso amigo e  camarada José Macedo  (ex-2º tenente fuzileiro especial, RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008):

Data - quinta, 23/03/2023, 21:31
Assunto - Pistolas Walther


Boas noites, camarada. Espero que lá em casa estejam todos de saúde (parece as cartas do 'Nino' ao Aristides Pereira).

Tenho passado algum tempo a ler,  na Casa Comum, o Arquivo Amilcar Cabral,  e tenho encontrado alguma correspondência em que eram enviadas pistolas Walther para as diferentes Frentes. E como cada pistolas tinha o seu número de série, fico curioso em saber se seria possível identificar as  unidades a que  pertenciam as pistolas que foram capturadas.

Um abraço,

Zeca Macedo

2. Comentário de LG:

Vai ser muito difícil, se não impossível,  a alguém (incluindo o nosso especialista em armamento, o Luís Dias) (*) dar-te uma ajuda no esclarecimento desta questão... 

Tendo em conta o ano (1961 e 1962), mas também a quantidade (nos documentos acima repriduzidos são duas dezenas), é de todo imprável que estas pistolas Walher tenham sido capturadas pelo PAIGC ao exército português... 

De facto, não consta que tenha sido assaltado por forças do PAIGC (ainda PAI)  algum depósito de armamento em Bissau ou  esquadra de polícia e, muito menos, algum aquartelamento no mato (ainda havia poucos), no início dos anos 60...

E mesmo que fossem pistolas do exército português, só eventualmente no Arquivo Histórico-Militar, e com muita sorte, se poderia encontrar uma lista dessas armas "capturadas pelo IN", com os respetivos números de série... Enfim, seria como encontrar uma agulha num palheiro...  

O mais provável é estas pistolas Walther P38 (a nossa era já a P1) terem entrado clandestinamente na Guiné-Conacri, oriundas de Marrocos ou terem sido  compradas no "mercado negro" (lembro-me de Luís Cabral ter falado nisso, nas suas memórias)... Terão equipado os primeiros comandantes e comissários politicos como nosso conhecido Pedro Ramos, irmão do Domingos Ramos, que andavam a fazer trabalho essencialmente político (propaganda, recrutanento e organização) no interior do território) e ações de sabotagem ... 

O PAIGC oficialmente começou a guerra (dos tiros)  em 23 de janeiro de 1963, com um ataque a Tite.  No meu tempo (1969/71), eles já usavam a pistola russa Tokarev (a CCAÇ 12 apanhou uma a um guerrilheiro: vd foto a seguir)...

De qualquer modo, obrigado pela tua questão. Pode ser que algum camarada tenha mais alguma informação adicional. (**)



Uma pistola de origem soviética, Tokarev, de 7,62, igual ou parecida à que que foi apreendida ao guerrilheiro Festa Na Lona, na Ponta do Inglês, no decurso da Op Safira Única ... Pelo que me recordo, esta pistola ficou à guarda do Alf Mil Abel Maria Rodrigues, comandante do 3º Grupo de Combate, que a tomou como "ronco"... Não sei se a conseguiu trazer para o Continente e legalizá-la... Ao que parece, esta arma teve a sua estreia na Guerra Civil de Espanha, em 1936, nas fileiras do exército republicano, estando distribuída a pilotos e tripulações de tanques, entre outros... (LG).

Fonte: © Kentaur, República Checa (2006)(com a devida vénia...)
 (link descontinuado:
 http://www.kentaurzbrane.cz/shop/images/sklady/tokarev.jpg )

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

(...) A pistola Walther P-38 é uma arma semi-automática, com origem na Alemanha (fábrica Carl Walther), datada originalmente de 1938 e foi a substituta da Luger, como a principal pistola alemã da IIª Guerra Mundial, com provas dadas em diversos teatros de guerra. Em meados dos anos 50, foi seleccionada para equipar o novo Exército da RFA e, com ligeiras alterações, passou a denominar-se P1 e é este modelo que veio para Portugal, passando a ser a pistola das guerras de África. (...)

(**) Último poste da série >  16 de janeiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25076: Memórias cruzadas: o que o PAIGC sabia sobre Bubaque, em 1969... "O antigo governador Schulz ia lá de vez em quando, com outros militares e algumas mulheres. O atual governador nunca lá esteve morado. Foi só visitar."...