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sábado, 24 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22131: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte VI: O baptismo de fogo no Xime (17/8/1965, e a Op Avante, ao Buruntoni (em 29-30/8/1965) com os primeiros mortos



Guiné > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca (L1) > Xime > Carta do Xime (1961) > Escala 1/ 50 mil > Posição relativa de Enxalé, Xime, Madina Colhido, Gundagué Beafada, Darsalame (Baio) e Buruntoni, a sula da antiga estrada Xime-Ponta do Inglês (na Foz do rio Corubal).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)




Guiné > Região de Bafatá > Xime > CCAÇ 1439 (1965/67) > 30 de agosto de 1965 > O Armando Assunção Coutinho ("Penalti"), soldado do BCAÇ 697, ferido no decurso da Op Avante. Foto: fonte desconhecida.


1. Continuação da publicação da série CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) (*)



CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque)



Parte VI - Actividade operacional 
 durante a estadia da CCaç 1439 no Xime, de 17 de agosto a 5 de setembro de 1965


(i) Baptismo de fogo: 17 de Agosto de 1965, ataque ao aquartelamento do Xime

Foi o nosso baptismo de fogo. Diziam que sempre que chegavam “periquitos",   estes se deviam preparar pois o IN vinha sempre “dar as boas vindas’ e testar.

Copio o que consta no "relatório oficial”:

"Dia 17 de Agosto de 1965, ataque IN ao aquartelamento do Xime.

O ataque desenrolou-se com bastante violência com várias granadas de morteiro 60, rajadas de PM. As NT reagiram com fogo violento, não tendo o IN causado qualquer abalo no animo das NT. A CC1439 teve o seu baptismo de fogo.

Resultados obtidos - Do rebentamento de uma granada de morteiro 60 IN, resultaram dois feridos sendo um deles de muita gravidade, posteriormente evacuado para o HMP.  Foram eles: Soldado nº 5266865, João Pestana Vieira,    e Soldado nº  7387965, João Virgílio Nunes.

Da reacção das NT desconhece-se se houve baixas nos elementos IN atacantes.

Diversos - Distinguiu-se pelo seu valor e coragem o Furriel Mil. Manuel Nunes Geraldes."



Permito-me juntar duas notas complementares a este relatório para melhor e mais completa informação:

O Furriel Mil mencionado era o enfermeiro da CCaç 1439. Não havia nenhum médico e, como se veio a confirmar várias vezes depois durante os dois anos que se seguiram, a par da sua coragem e dedicação sem limites, ele tinha uma preparação profissional extraordinária, bem mais além de simples enfermeiro. 

Nunca mais soube nada do soldado evacuado para Bissau. Mas lembro-me bem do ataque e do tiroteio cerrado, ( mesmo em comparação com muitos outros que vim a experimentar depois). Eu,   embora não sentisse medo em demasia, corria quase desvairado dum canto a outro do acampamento: era a primeira vez que "a coisa era mesmo a sério” e eu queria ter a certeza de que toda a gente estava cumprindo o que se esperava de cada um. 

Fui interpelado por alguém que me disse haver feridos; corri e, quando cheguei ao local, o nosso furriel enfermeiro Geraldes já lá estava prestando os seus serviços. Ao perguntar-lhe qual a gravidade,   respondeu-me que ia fazer o que podia, mas que era melhor chamar o helicóptero imediatamente. 

Eu pensei que o ferido talvez não aguentasse muito tempo; e lembrei-me do pedido da mãe dum soldado, não sei qual, que no Funchal no dia da partida me tinha dito: "Oh Senhor alferes, cuide do meu filho …. ele vai consigo, por amor de Deus traga-me o meu filho de volta!"…  

E ali estava eu, sem saber o que fazer, talvez este não voltasse mais. Em outras situações haveria um médico e talvez mesmo um padre para o encorajar com esperanças e apoio. E fui buscar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima que a companhia tinha trazido: sem palavras, que nem sei se ele estava suficientemente consciente, segurei durante alguns minutos a imagem em frente dele… Queria que,  além do cuidado médico,  ele sentisse também algum apoio moral e essa foi a única maneira que eu lha podia dar.

Outra coisa que merece ser mencionada e não vem neste relatório: neste “baptismo de fogo”, vim a confirmar o que já suspeitava: o nosso capitão não era para brincadeiras; na manhã seguinte , depois de termos feito buscas e vasculhado as vizinhanças sem qualquer resultado, ele disse-nos que tinhamos de "responder imediatamente e ir à procura deles” para mostrar àqueles c...  que não nos tinham metido medo e contassem connosco… E logo mandou chamar o Adão, um caçador nativo, que, diziam, conhecia bem toda a região para saber do que se poderia fazer …


(ii) Operação Bravura: de 19 a 24 de Agosto, na zona do Xitole


Dois dias depois estávamos envolvidos na Operação Bravura , junto com outra companhia (, a quem pertencia não me lembro,   e que o relatório também não identifica, mas que depreendo, pelo que se segue,  que fazia parte do BCaç 697)-

Tratava-se de uma "operação de reconhecimento e combate” na Zona de Xitole (de 19 a 24 de Agosto).

Resumindo o que vem no relatório:

"Chegados a Corubal,  foram detectados vestígios de presença IN tendo sido enviadas pequenas colunas de reconhecimento , foram assinaladas duas sentinelas, tendo sido eliminada uma. A outra detectou as NT e deu o alarme", Depois de várias manobras,  continua o relatório, "foi feita uma batida a toda a zona; foi destruída uma tabanca com os seus haveres, bem como um extenso campo de milho. Durante a retirada as NT foram emboscadas por duas vezes"...

Resultados obtidos : "foram causados dois mortos e três feridos confirmados ao IN" e  "capturados uma metralhadora ligeira, três Mauser", bem como diversas granadas ofensivas e defensivas e outras munições . "Não houve baixas das NT".

Diversos: foi salientada a audácia e sangue frio do soldado desempanador 3225/63, Armando Assunção Coutinho, da CCS do BCaç 697, voluntário para esta operação. 

Este soldado foi louvado pelo Exmo Comdt Chefe. Bem como o caçador nativo do Xime, Adão Camala, pelo seu valor mais uma vez demostrado nas operações em frente ao IN. "Todo o pessoal constituinte da Operação revelou qualidades militares de disciplina e com vontade de vencer".

(iii) Operação Avante: 29-30 de agosto de 1965, na zona do Buruntoni


Dia 29 e 30 de Agosto de 1965, realizou-se a Operação Avante.

Esta foi, na minha memória, uma das mais “difíceis”,  talvez a mais perigosa operação em que a CCaç 1439 esteve envolvida, opinião esta que é partilhada / confirmada por outros elementos desta Companhia que nesta e outras operações estiveram envolvidos. 

O próprio relatório da CECA,Volume 7, Tomo II, Guiné (página 349),  ao falar das actividades da CCaç 1439, menciona estas duas operações, Avante e Bravura,  como as dignas de maior destaque.

Vou copiar entre  algumas partes do "relatório oficial” mas porque fiz parte "não insignificante" desta operação que me ficou bem na memória, pelo mesmo relato de outros com quem tive recentemente ocasião de reviver estes momentos, reservo-me o direito de expôr a minha/nossa memória e versão, cujos detalhes não são exactamente a versão contada /escrita neste relatório.

(...) "Em 29 saiu do Xime a CCaç 1439 a fim de realizar a operação Avante que consistia numa patrulha de reconhecimento e combate à região, margem esquerda do Rio Burontoni junto da nascente."

E a descrição que se segue no relatório parece por vezes mesmo até contraditória nos seus detalhes. Pelo que vou descrever o que eu e outros , como por exemplo o furriel Lopes , lembramos com muita nitidez e precisão:

Saimos do Xime tendo o Capitão Pires que comandava a operação decidido que fosse o meu pelotão ( o 2º pelotão) a seguir na frente da coluna . "As forças da CCaç 1439 foram reforçadas com um Grupo de Combate da CCav 676, seis caçadores nativos e um voluntário da CCS, soldado 3325/63, Armando da Anunciação Coutinho."

(...) "A força partiu do Quartel do Xime a pé, e depois de articulada (com a outra CC de reforço) progrediu ao longo do Rio Gundagué, contornou Gundagué Beafada, passou ao largo do Darsalame (Baio)  e, antes de alcançar a povoação de Burontoni, (...) atingiu umas casas de mato, situadas na margem direita do Rio Burontoni, acerca de 200 metros deste".

O relato que se segue, sem dúvida bem intencionado, é um pouco confuso. E por isso permito-me descrever por minhas palavras o que vi e vivi, sem intuitos de aumentar ou diminuir:

O IN parece ter sido avisado com antecedência e estava definitivamente à nossa espera, tendo preparado uma bem pensada emboscada: antes, mas já perto do objectivo, talvez com o intuito de nos despistarem,   simulando desconhecimento da nossa aproximação, ouvimos conversas aparentemente despreocupadas, mas de lugar bem fora das nossas vistas. 

O meu pelotão, com a secção do furriel Lopes à frente em ponta, ia na frente; e connosco nesta secção iam dois guias nativos, um deles o Adão, em cuja experiência contávamos e em quem tinhamos toda a confiança; seguiam-se os outros dois pelotões da CCaç 1439 e o grupo de reforço em último lugar. O Capitão Pires vinha um pouco mais atrás do meu pelotão, talvez porque isso lhe daria mais facilidade de controle e comando.

Caminhávamos muito lentamente e de repente rebentou um ataque infernal, sobretudo de metralhadoras e pistolas metralhadoras à nossa frente. A emboscada estava preparada para à base de fogo de metralhadora a curta distância,  nos aniquilarem antes que tivéssemos possibilidades de nos defendermos. 

 No momento em que nos atirávamos ao chão,   ainda vi o corpo cair,  já descontrolado, do guia nativo Adão e de outros dois cujos ferimentos exigiram rápida evacuação de helicóptero para Bissau. 

Felizmente que as granadas de morteiro do IN foram cair mais longe de nós. Tivesse o IN juntado granadas de mão ( como está erroneamente escrito no relatório) ao fogo de metralhadoras no ataque ao meu pelotão que ia na frente,   e teríamos tido muitas mais baixas. 

Felizmente para as forças do meu pelotão havia um pequeno desnível no terreno que nos dava alguma proteção. Mas o fogo era muito cerrado e infernal. O Capitão Pires confessou-me mais tarde,  quando chegámos ao quartel,   que naquele momento pensou que toda a 1ª secção ( na qual eu estava, junto com o furriel Lopes) e talvez a maior parte do meu pelotão, estavam perdidos e ele nada podia fazer para nos salvar. 

Um dos soldados nativos, o guarda costas do furriel Lopes, Mamadu Jaló , ao ver o fogo cerrado de que estávamos a ser alvos, atirou-se para cima dele para o proteger, pondo-se ele em risco maior de ser atingido. Mas o furriel Lopes saiu imediatamente debaixo dele para poder usar a sua arma. 

Eu vi que estávamos perdidos se continuássemos naquela posição, pois quase não podíamos usar as nossas armas; mas tínhamos de fazer algo para inutilizar aquelas metralhadoras à nossa frente. No meio daquele inferno tive uma ideia e berrei tão alto quanto pude a todos, especialmente ao furriel Lopes e ao meu guarda-costas Baptista e aos outros que estavam perto de mim: "Granadas de mão e saltar"!...E  foi a nossa salvação. 

Lançamos as nossas granadas e, ao rebentar das nossas granadas, nós saltámos. O IN esperava tudo menos ver saltar de repente uma dúzia de homens/demónios à frente deles,  vomitando fogo para cima deles; espantados, nada mais fizeram que levantar e fugir loucamente à nossa frente para o interior da mata, sem sequer levarem as armas, enquanto nós corríamos como loucos atrás deles… 

Entretanto, os outros pelotões que estavam um pouco mais atrás, fizeram o mesmo levantando-se imediatamente com o Capitão Pires à frente,  a perseguiram o IN em frente e lateralmente, numa corrida /perseguição louca. 

Ouviram-se depois muitos tiros e rebentamento de granadas ao longe que não sabemos a que atribuir, uma vez que não tivemos conhecimento de qualquer outra operação nas redondezas naquele dia.

Não encontramos IN mortos, mas enquanto esperávamos os helicópteros, tivemos tempo de ver vários rastros de sangue, do que depreendo terem sido várias as baixas no IN .

As NT sofreram três mortos: Adão Camada, caçador/guia do Xime ; soldado 1880865, José Manuel Mendonça; soldado 833 3265 Tolentino de Gouveia;  e dois feridos graves: soldado 32265/63 Armando Assunção Coutinho ("Penalti"); e caçador nativo Braima Indjai; e vários outros feridos e acidentados de menor gravidade.

O “Penalti” não era madeirense, mas estava adido à nossa companhia. Mesmo seriamente ferido no braço,  não parou de fazer fogo louco. Não me recordo disso, mas outros que estavam comigo contaram-me. (não sei quem é o autor da foto que acima se publcia, que com a devida vénia copio, pois em boa hora apareceu no nosso blogue.)

O "Penalti" era “pau para toda a obra" ou "pano para toda a manga” e onde houvesse alguma chance de haver barulho ele era voluntário. No quartel andava sempre com um macaquito às costa (o “Benfica”) de que só se desligava quando saía para o mato, deixando-o acorrentado no quartel até que ele voltasse.

Consta (não posso afirmar a veracidade do que segue; assim me contaram, e conhecendo a fonte acredito que tenha sido verdade e portanto aqui o deixo, para que não passe ao esquecimento) que, não sei como (pois o 1º  ataque a Porto Gole foi em Marco de 1966) ele estava em Portugal quando o corpo do alferes Maldonado, vítima desse ataque, foi a enterrar em Coimbra. 

Ele soube e foi ter com a família a quem disse que estava em Porto Gole neste dia fatídico; que ao ver o Alferes Maldonado ferido pegou nele para o ajudar e que ele lhe faleceu nos seus braços.  Evidentemente que a mãe do Maldonado ficou emocionada e que depois tratava o ‘Penalti” como a um filho. Que permaneceu em Coimbra uns dias e que foi visto a andar de cavalo na quinta da família do falecido Maldonado. (**)

Consta ainda (mais uma vez não sei se é verdade ou não…) que voltou para o hospital onde estava em tratamento, mas, achando-se já suficientemente curado, como não lhe “davam alta”,  ele fugiu do hospital; e não sei como, conseguiu passagem para a Guiné num navio e apresentou-se em Enxalé para continuar o seu tempo de serviço na Guiné. 

Verdade ou não, mas que ele era homem para tudo isto… isso era sem dúvida nenhuma!


(iv) O dramático regresso da Operação Avante



O regresso foi exaustante, carregando às costas os nossos falecidos. O terreno e as circunstâncias eram as piores que se podem imaginar e a cada instante esperávamos sermos emboscados. Pelo que o Cmdt Capitão Pires pediu o apoio da Força Aérea. 

Ainda hoje lembro o respirar fundo e a sensação de alívio que senti quando dois aviões bombardeiros apareceram; o trajecto de regresso foi longo e creio que os dois aviões tiveram de ser revezados por outros, mas não nos deixaram mais durante todo o trajecto até chegarmos já bem perto do Xime.

Lembro que no dia seguinte, na formatura da manhã, o nosso Capitão Pires,  falando à Companhia inteira,  enalteceu o valor e coragem que todos tinham dado provas no dia anterior. Mas que queria de um modo especial mencionar o João Crisóstomo, o furriel Lopes e todo o 2º pelotão, que num momento, que parecia ser um momento trágico para a Companhia, tinham transformado essa situação de desespero numa acção heróica pela qual toda a Companhia lhes estava agradecida.

Foram vários os condecorados em resultado desta operação : Adão Camala, João Crisóstomo, António Lopes, Nauser Sana, Brama Lai; e outros foram “louvados". 

Ainda hoje é minha opinião que bastantes outros , nomeadamente todos os membros da secção do furriel Lopes e os que nesta operação perderam a vida mereciam o mesmo reconhecimento.

(v) Dia 5 de Setembro de 1965: Operação Corça, na zona do Enxalé

Um grupo de combate da CCaç 1439 deslocou-se do Xime para o Enxalé para participar na Operação Corça, reforçando a CCaç 1556. Esta operação é mencionada no resumo da CCaç  1556.

(Continua)
 
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 12 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22098: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte V: Destino: Xime.... E um levantamento de rancho que acabou à bofetada...

(*ª)  Sobre o malogrado alferes mil at inf, António Aníbal Maia de Carvalho Maldonado, 1ª CCAÇ / BCAÇ 697 (Fá Mandinga, 1964/66), morto em combate, em Porto Gole, em 3 de março de 1966, ver aqui:

22 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19517: In Memoriam (340): Até sempre, 'comandante' Jorge Rosales (1939-2019)

Guiné > Bissau > Praça do Império > Novembro de 1965 > O Jorge Rosales mais o Maldonado, junto ao monumento "Ao Esforço da Raça" ... "O alf mil Maldonado, meu camarada desde Mafra e meu substitulo em Porto Gole, (...) faleceu em março de 1966, em consequência do rebentamento de uma morteirada IN que o atingiu em cheio, no aquartelamento de Porto Gole". De seu nome completo, António Aníbal Maia de Carvalho Maldonado, morreu no dia 4/3/1966. Natural da Sé Nova, Coimbra, foi inumado no cemitério da Conchada.

Foto (e legenda): © Jorge Rosales (2010).. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]  


(,,.) No seu tempo (Março de 1966), morreu em Porto Gole o alf mil António Maldonado, que o veio substituir. O Maldonado, de Coimbra, estava em Bolama. Era alf mil da 1ª CCAÇ / BCAÇ 697. Eram amigos, tinham estado em Mafra. Tinham combinado revezar-se ao fim de um ano. O Maldonado vinha para Porto Gole e o Jorge ia para Bolama… No meio disto, há um coronel que vem dificultar o acordo de cavalheiros. Enfim, uma história que é preciso contar com tempo e vagar.

O Maldonado é morto num ataque violentíssimo a Porto Gole, depois de as NT terem feito um ronco nas áreas controladas pelo PAIGC… Ferido, aguardou em vão o heli que só podia vir de manhã. A mãe do Jorge [Rosales]  foi ao enterro, em Coimbra. O cadáver foi rapidamente trasladado, contrariamente ao que acontecia na época. Esta morte de um camarada e amigo abalou-o. (...)