sábado, 22 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25673: Humor de caserna (69): O visionário "alfero Cabral", de saudosa memória (1944-2021), que, durante o seu "regulado" (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71), ainda quis formar o Pelotão de Caçadores NATIVAS 63...








Lisboa > Belém >  Monumento aos Combatentes do Ultramar > 10 de junho de 2016 > O nosso "alfero Cabral, de saudosa memória (1944-2021), na Marinha, Força Aérea, Exército e Milícia... Fotos do Mário Fitas (ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67).


Fotos (e legenda): © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementat: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região Leste > Região de Bafatá > Secytor L1 (Bambadinca )> Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 > O "alfero Cabral", sempre benditas entre as mulheres, aqui entre  as suas queridas bajudas mandingas... Visionário, durante o seu "regulado" ainda formar o Pelotão de Caçadores NATIVAS 63...

Foto: © Jorge Cabral (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Na altura, escrevi em comentário ao poste P16191, entretanto readapado (o "alfero" deixou-nos, inconsolados, em 2021) (*): 

Meu caro "alfero Cabral":

Não te vi, porque fugiste mal o sol começou a apertar mais. Eu fui tarde e só fui espreitar... Mas folgo em saber que os teus problemas de saúde "vão indo e vindo", ou seja. que estás melhor. Como diz o povo, a doença vem a cavalo e vai a pé...

Fizeste bem vir também espreitar a "romaria" do 10 de junho...É um local de encontro obrigatório para os "último soldados do império"... É um local "sagrado" e "simbólico", aquele... onde cada um vai (e vem) com sentimentos às vezes contraditórios...

O nosso Mário Fitas, o "lassa", registou para a posteridade as "mantenhas" que partiste com os 3 ramos das novas Forças Armadas do Portugal Democrático, representadas por 3 gentis militares, do sexo feminino... Não te estou a imaginar, na próxima encarnação, na Marinha, muito menos na Força Aérea. És demasiado terráqueo para te alistares nestas duas armas, "elitistas".,..

A ti, que és um entendido em questões do género, e sempre foste bendito as mulheres, aqui na terra, não te estou a ver, de novo fardado, a não ser como comandante do Pelotão de Caçadoras NATIVAS, lá nos céus... Ou melhor, e já que o poder agora é delas (a frase é tua), não te vejo como comandante do novo Pel Caç Nat, mas como "guia", "guru", "coach", "instrutor", papel que de resto já desempenhavas na tua Fá Mandinga... 

Ainda um dia hás de escrever um "estória cabraliana" sobre a tua tentativa, gorada por Bambadinca, de criar e formar um Pelotão de Caçadoras NATIVAS... Aqueles tenentes coronéis e majores que por lá ns (des)comandaram,  não percebiam nada, nem da poda nem da psico... Infelizmente, nunca chegaste a  submeter  o teu projeto inovador  ao aval do "Homem Grande" de Bissau... Ele certamente que apoiaria, com entusiasmo, a tua proposta, desde que fosse tudo "Por Mor de Uma Guiné Melhor"...

Que Deus, Alá e os bons irãs .. e as tuas bajudas te façam boa companhia, l
á no assento etéreo onde agora repousas (**)...

Guiné 61/74 - P25672: II Viagem a Timor: janeiro / junho de 2018 (Rui Chamusco, ASTIL) - Parte IV: o momento alto, a inauguração da escola de Boebau, Manati, nas montanhas de Liquiçá, em 19 de março de 2018


Timor Leste > Liquiçá > Manati > Boebau > Escola de São Francisco de Assis (ESFA) > 19 de março de 2018 > A população recebe o Embaixador de Portugal em Timor-Leste José Pedro Machado Vieira e outros convidados durante a cerimónia da inauguração da nova Escola, que a população de Boebau chama agora “sua”.


Timor Leste > Liquiçá > Manati > Boebau > Escola de São Francisco de Assis (ESFA) > Março de 2018 > Quando as pessoas sonham, a obra nasce. Alguns dos responsáveis pela ideia e pela obra da nova escola de Boebau: da esquerda para a direita, Rui Chamusco, João Crisóstomo e Gaspar Sobral.
 

Fotos (e legendas): © Rui Chamusco  (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Rui Chamusco passou a integrar desde 10 de maio último a nossa Tabanca Grande (*). É cofundador da ASTIL, com a sua conterrânea,  Glória Lourenço Sobral, professora do ensino secundário,  e  com o marido desta, Gaspar Costa Sobral,  luso-timorense que, em Angola, antes da independência, foi topógrafo, e é hoje formado em  direito.

A ASTIL é a sigla da Associação dos Amigos Solidários com Timor-Leste, criada em 2015. Entre outros projetos desenvolvidos pela ASTIL,  destaque-se a Escola de São Francisco de Assis (ESFA), nas montanhas de Liquiçá (pré-escolar e 1º ciclo) e o apadrinhamento de crianças em idade escolar. (Havia, então, em Boebau,  150 crianças sem acesso à educação.)

O Rui, professor de música, do ensino secundário, reformado, natural do Sabugal, e a viver na Lourinhã, tem-se dedicado de alma e coração a este projeto no longínquo território de Timor-Leste. 

 Desde a sua primeira viagem a Timor-Leste, no 1º trimestre de 2016, que ele vai escrevendo umas "crónicas" para os membros da ASTIL e demais amigos de Timor Leste.  

Temos estado a recuperar essas crónicas, agora as da segunda estadia, em 2018 (**).

Em Dili ele costuma ficar na casa do Eustáquio, irmão (mais novo) do Gaspar Sobral, e que andou, com a irmã mais nova, a mãe e mais duas pessoas amigas da família durant três anos e meio,. refugiados  nas montanhas de Liquiçá, logo a seguir à invasão e ocupação da Indonésia(em 7 de dezembro de 1975).

 Em 2018 o Rui Chamusco partiu para Timor, em 25 de janeiro,  com o Gaspar Sobral, numa acidentada viagem de 3 dias... O João Crisóstomo também partiu de Nova Iroque, em 2 de março, para  se juntar, ao Rui e ao Gaspar Sobral,  na sessão da inauguração da Escola,  em Boebau, em 19 de março de 2018. Regressou a Nova Ioque em 28.




Lourinhã > 2017 > Rui Chamusco e Gaspar Sobral.  A família Sobral tem um antepassado comum que foi lurai, régulo, no tempo dos portugueses. As insígnias do poder (incluindo a espada) estão na posse do Gaspar, que vive em Coimbra.  A família Sobral andou vários anos pelas montanhas de Luiquiçá e de Ermera, tentando escapar à tirania dos ocupantes indonésios. O Gaspar esteve 38 anos fora da sua terra, só lá voltando em 2016, com o Rui.

Foto: Luís Graça  (2017)


1. Esta é a segunda viagem e estadia do Rui Chamusco (de 27 de janeiro a 14 de junho de 2018) (*), em Timor Leste, uma missão solidária que culminou com a inauguração da Escola de São Francisco de Assis (ESFA), em 19 de março de 2018, em Boebau, Manati, nas montanhas de Liquiçá.

O Rui Chamusco, nosso grão- tabanqueiro nº 886, é professor de música, do ensino secundário, reformado (e homem de sete instrumentos), natural da Malcata, Sabugal, a viver na Lourinhã.

O Rui tem-se dedicado de alma e coração a um projeto de solidariedade no longínquo território de Timor-Leste (a 3 dias de viagem, por avião, a cerca de 15 km de distância em linha reta).

É cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor-Leste, com sede em Coimbra. Juntamente com outros destacadas figuras, como o Gaspar Sobral (nascido em Timor) e a Glória Sobral (natural da Malpaca, Sabugal).

Através da família Sobral, um exemplo de "resistência e resiliência", e das crónicas do Rui, vemos seguramente melhor Timor-Leste, de ontem e de hoje: uma visão macro e micro. Enfim, um privilégio, para os nossos leitores. E um obrigado ao nosso cronista, extensivo ao Gaspar, ao Eustáquio,à Aurora, à Adobe e outros protagonistas destas histórias luso-timorenses.

Estas crónicas tem um enorme interessante para se conhecer o que é hoje a República Democrática de Timor Leste,  país membro da CPLP, com o qual mantemos laços históricos, e sobretudo afetivos, tal como mantemos  com a Guiné-Bissau e outras antigos territórios que estiveram sob a administração portuguesa em África e na Ásia (LG).



II Viagem a Timor: janeiro / junho de 2018 (Rui Chamusco, ASTIL)
 
Parte IV - Momento alto: a inauguração da nossa escola



16.03.2018, sexta feira - A caminho 
de Boebau


O dia da inauguração da escola aproxima-se, os preparativos para a festa estão em andamento, o regresso a Boebau é necessário. No jipe Pajero do Abeca seguem as nossas “bagagens” e outros pertences (acordeão, mochilas, sacos de comida, esteiras, etc...). 

A Marcelina e a Zaida seguem na viatura umas quantas horas antes. Eu e o
Gaspar partiremos mais tarde nos “motores” (motorizadas) que o Eustáquio e o António estão cuidando para a condução. Daqui a mais ou menos três horas, se tudo correr bem, estaremos em Boebau.


Chegada a Boebau


Ainda as motas não tinham parado quando, ao longe, se ouvem vozes e instrumentos em perfeita simbiose. Eram os jovens e as crianças de Boebau que ensaiavam os números musicais e as danças para participarem na festa da inauguração. Não imaginam a emoção que se apoderou de mim. Fomos recebidos com grande regozijo e, depois de efusivos cumprimentos, fizemos as arrumações devidas para a nossa “instalação” nas dependências da escola.

Daqui até ao dia da inauguração foi um frenesim e um stress crescente para que nada faltasse, para que as pessoas convidadas se sentissem entre nós o melhor possível. Mais isto, mais aquilo; vamos ali, vamos acolá; contactos, telefonemas...e eu sei lá quanta coisa mais. Sempre com a preocupação de fazer as coisas bem, de estar presentes em tudo, de agradecer toda a simpatia e colaboração neste evento.

Até às tantas da noite, aí estivemos entre cânticos de alegria, antecipando a festa que se prepara. E mais uma vez constato o velho ditado “ o melhor da festa é esperar por ela”.

Assim foram estes três dias de preparação.

18.03.2018 - Preparando...

Logo de manhã, acompanhados do chefe da aldeia, o amigo Laurindo, fizemos um pequeno passeio a pé até à casa do chefe da aldeia, uma pessoa calma, com postura física que invejo, e com uma presença tranquilizante. Recebidos no terraço com o café da manhã, ali se foi juntando um pequeno grupo dos que iam passando. Entre eles o secretário do chefe da aldeia que, imaginem só, tem de ordenado sete dólares por mês.

Fiquei impressionado com esta disparidade salarial, sem saber o que pensar e o que dizer.  Consolou-me ao menos o saber que o nome das plantas envasadas que vão ser levadas para ornamento da escola no dia da inauguração se chamam “ondas de amor”.

Logo ali ao lado, do lado esquerdo de quem desce, em terreno que estávamos pisando, fui informado que toda a paisagem que avistávamos foi o campo de batalha na invasão indonésia. E um dos presentes, guerrilheiro de então, indicava com precisão os lugares dos combates. Sentimos fortes emoções mas ao mesmo tempo uns privilegiados ao partilharem connosco estas vivências.

 Rituais

Ao princípio da tarde eu e o Gaspar fomos alertados de que os “anciãos” iriam fazer um ritual da cultura timorense, e que gostariam que nós também participássemos. Trata-se de expurgar as forças negativas e de pedir a proteção dos antepassados para a nossa escola.

Claro que acedemos de imediato, até porque no dia da inauguração haverá uma
cerimónia de rito cristão: celebração da missa.

À hora indicada, lá estávamos nós na casa do sr. Bôzé, em sítio reservado para tal: o Gaspar, eu, Bôzé, mais três anciãos. Não entendi nada das preces que foram feitas, mas segui à risca o que me era pedido, com muito respeito e alguma ansiedade. 

Depois do ritual cumprido saímos deste local de culto em direção à escola. Aí chegados assistimos ao segundo ritual que consiste em juntar uma amostra de cada material empregue na construção da escola (um pedaço de zinco, uma mão cheia de cimento, um bocado de madeira, etc.).  Ao lado estão folhas de betel, umas moedas e uma nota, uma pinga de água e uma galinha. Trata-se de saber o futuro desta escola.

Depois de umas quantas rezas feitas pelos anciãos, foi morta uma galinha e foram-lhe extraídas as entranhas para, através da sua análise, conhecer o futuro desta escola.

Depois de nos informarem de que é um futuro promissor, e depois de examinarem o fígado da defunta, mostram-nos os seus contornos e afirmam sem hesitar “ está aqui a dizer que ainda vão construir mais escolas”. 

Fiquei perplexo pois eles, sem qualquer fonte de informação sobre os projetos da ASTIL (a nossa associação) vêm de encontro ao nosso desejo de construção de mais duas escolas em zonas carenciadas, na diocese de Baucau e na diocese de Dili.

Acreditemos ou não, estamos muito gratos a estes anciãos que de esta forma nos
quiseram transmitir os seus valores culturais. Por isso também o nosso respeito e consideração. Obrigado pelo vosso empenhamento e sobretudo pela vossa amizade.

Estamos convosco!...




Timor Leste > Liquiçá > Manati > Boebau > 2024 > A Escola de 
São Francisco de Assis (ESFA) , foi inaugurada em 19 de março de 2018...  


Foto (e legenda): © Rui Chamusco (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


19.03.2018, domingo - Dia da 
Inauguração

Um dia já passado depois da inauguração da Escola de São Francisco em Boebau, e depois de retemperadas as forças físicas, cá estamos para vos darmos as notícias ossíveis.

Antes de mais queremos agradecer todas as mensagens de congratulação pelo evento. Gostaríamos de agradecer pessoalmente, mas compreendam que nos é quase impossível.

Este dia memorável para todos nós, e particularmente para as gentes de Boebao/Manati, foi vivido com muita intensidade, quase até ao limite das nossas forças físicas. Eu não sei como foi possível, em terras de montanha, tanta resistência durante quatro dias. Sei que a proteção divina nos acompanha e disso temos provas concretas; sei que São Francisco de Assis e a Senhora de Fátima estão connosco; sei que o apoio dos amigos e amigas do Projeto de Solidariedade nos dá muita força, mas sem a “mãozinha de Deus” nada seria possível e teríamos sucumbido.

A presença física de entidades importantes: 

  • o Embaixador de Portugal em Timor, 
  • o Representante da Santa Sé em Timor, 
  • o Diretor Regional da Educação, 
  • o Diretor da Escola Rui Cinati em Dili, 
  • a representante da Fundação Oriente, 
  • o gerente e sub gerente da Caixa Geral de Depósitos /BNU, 
  • o Chefe de Polícia do Posto de Liquiçá, 
  • o chefe de suco de Leotalá, 
  • os chefes de aldeia de Manati e de Boebau, 
  • a reportagem televisiva da RTTL 
  • e mais presenças que não consigo identificar foram para nós uma honra e um estímulo muito grande. 

Fomos alvos de elogios não merecidos, que muito agradecemos, e aos quais eu respondo sempre com a frase de São Francisco que, já no final da sua
vida nesta terra, juntou os irmãos e lhes disse: “Irmãos, comecemos porque até agora pouco ou nada fizemos”.

Apraz-me relatar o entusiasmo, a participação, a colaboração de toda esta gente que tudo fez para que este dia fosse uma grande festa, com música, artes decorativas, rituais e cerimónias religiosas e pagãs que muito nos sensibilizaram. Este povo é muito agradecido. E ouvir o nosso nome sempre que encontramos alguém, sobretudo crianças, “Bom dia Tiu Rui, Bom dia Paicasa (é o Gaspar), Bom dia Painino (é o Eustáquio ou João Moniz) sabe melhor do que qualquer agradecimento.

A escola foi inaugurada, e toda a gente se pergunta: E agora, como vai ser? Quem vai garantir o seu funcionamento? Para tranquilidade de todos queremos informar que hoje já começaram as atividades. Ontem mesmo, celebramos um acordo com a professora Rita para dar aulas na nossa escola. Mais ainda informamos, que logo alguém se ofereceu para pagar o seu ordenado até Dezembro, final do ano letivo em Timor Leste.

Entretanto, enquanto por cá estivermos, eu e o Gaspar assumimos o compromisso de periodicamente ir até Boebau para darmos cursos intensivos de Português e de Música. Estas são duas disciplinas de referência na nossa escola que já estão a cativar crianças e adultos até de outras localidades.

A outro nível, estamos a angariar apoios junto das entidades competentes,
nomeadamente no Ministério da Educação e na Embaixada de Portugal, para angariar professores e apoios económicos em ordem ao começo do novo ano letivo, de modo a começar a desenvolver o currículo do Ministério da Educação. A Luta não para, continua...

Nas últimas palavras que publicamente proferi, disse: 

(...) "A escola de São Francisco de Assis está inaugurada. Esta escola não é minha, nem do Gaspar, nem do João Crisóstomo, nem da Astil. Esta escola é vossa, das vossas crianças, do povo de Boebau/Manati. Cuidai bem dela, como um presente caído do céu, e que seja o local de aprendizagens e conhecimentos para vós e os vossos filhos, que vos permitam ser
melhores”.  (...)

Este é o nosso grande desejo!...

Algumas fotografias documentam momentos do dia da inauguração. Compreendam que, por estas vias de comunicação não nos seja permitido partilhar todo o dossier existente. A quem o desejar daremos mais pormenores.

Obrigado mais uma vez por estarem connosco neste projeto de solidariedade. Esperamos que, tal como nós, sintam alegria e orgulho de termos sido escolhidos por Deus para cumprir esta honrosa missão. Desde Timor, um grande abraço para todos, e que Deus nos abençoe!..



21. 03.2018, terça feira - Os horrores e as marcas da guerra


Sem contar, o Dr. Ascenso, o Amali e eu fomos almoçar ao Boca Doce, um pequeno restaurante perto do Hotel Plaza frequentado por ”gente de peso”. Talvez por ser já um pouco fora de horas, poucos clientes ainda estavam a almoçar. Mas foi o suficiente para me dar conta de gente muito importante 
que o Ascenso cumprimentava, desde 
dirigentes políticos e militares, Reitor 
da Universidade etc, etc... 

Já no final da nossa refeição, juntou-se a nós o patrão que em amena
cavaqueira foi fazendo comentários às solicitações interloquiais. Foi então que me dei conta da dor e do sofrimento que alguns (muitos) timorenses passam ao relatar episódios da guerra pelos quais tiveram de passar e que deixaram marcas indeléveis.

Recordava-se a vala de Aileu, para a qual foram atirados milhares de corpos, e da recuperação dos restos mortais que ali jazem. 

O sr. Santos contava então que o exército indonésio recheado de militares timorenses e chineses, esperaram que o grupo de prisioneiros acabasse de rezar o terço para depois dispararem sobre eles e acabassem por cair na vala que eles próprios escavaram. Depois de fazerem a última prece, o orientador da reza virou-se para os militares e disse: “estamos prontos.Podeis disparar”. 

O primeiro a disparar devia ser um soldado timorense que, na primeira linha, apontou a arma mas não teve a coragem de matar os seus irmãos timorenses e deixou cair a arma do crime. Foi então que um soldado indonésio (chinês) apontou a sua arma e matou todos os que estavam à sua frente.

O senhor Santos tapava e apoiava o seu rosto enquanto contava, e era fácil
aperceber-se de quanto sofria ao recordar estes horrores de guerra. E eu, ao ter
consciência destes horrores, sou levado a lembrar-me da canção que tantas vezes ensinei às crianças, extraída do poema de Júlio Roberto “ Nós as crianças “: “Nós as crianças, queremos brincar em liberdade, em qualquer lugar. Não queremos mais o ódio, não queremos mais a guerra, não queremos mais mentira,não queremos mais miséria. Queremos pão para toda a terra. Queremos brincar ao sol, sem haver prisões, sem armas nem tiros e sem canhões.”

 Não! Guerra Nunca Mais !…


23.03.1018, quinta feira - O “avô laifaek”

Já tinha ouvido falar que os crocodilos estavam a invadir a baía de Dili: avistamentos, filmagens, relatos...mas nada que fizesse prever o que , no passado dia 18, aconteceu na baía de Tíbar. 

Uma criança de 12 anos foi atacada por um crocodilo, o “avô Laifaek”, de cujo corpo só se encontrou uma perna, supondo que todo o resto tenha sido devorado por este temido bicho que, para sua proteção a cultura timorense respeita e admira. 

A notícia ainda está fresca, e por isso os comentários e as reações a este acontecimento são as mais díspares possíveis. Uns dizem “tem que se abater o atacante: outros contrapõem “ não! É o “avô laifaek”. E neste dilema cultural, se os ataques continuarem teremos esta ilha de Timor habitada por crocodilos em vez de irmãos timorenses. 

Anteontem passei em Tíbar, e o amigo condutor chamou-me a atenção para um letreiro, não muito visível; “ Cuidado! Aqui há crocodilos”. Mas será que isto é suficiente para evitar mais tragédias? A cultura não serve também para esclarecer costumes e tradições? Não haverá meios de impedir a devastação humana? 

Dizia sabiamente o nosso José Régio “ Um homem é um homem; um bicho é um bicho”. E por muito respeito que tenhamos pela natureza e por todos os seres que habitam esta terra, requerem-se atitudes e decisões inteligentes que ponham solução a este problema. Se for necessário abater, eliminar, controlar por que não?


(...) 27.03.2018, segunda feira - Na escola do Alaka e no bairro Ailok Laran

A pedido do João, hoje fomos com ele à escola do Alaka (2 salas!) de ensino pré
escolar. Ficamos estupefactos com o que vimos: umas trinta a quarenta crianças com as suas fardas vestidas, umas três ou quatro pessoas adultas que suponho serem educadoras e auxiliares e umas instalações indignas para uma educação de tantas crianças em idade pré escolar. 

Não há casas de banho, não há água, não há sala de professores, pouco ou nada ali há de estruturas físicas. No entanto e graças à ação das educadoras, todas estas crianças têm uma educação esmerada. Sorriem, saúdam, estabelecem relações com os visitantes, recitam e rezam em grupo. Tudo muito bem ensaiado, como costumamos dizer. Foram momentos agradáveis mas que dilaceraram o coração, devido às carências que ali existem.

Depois dos mimos que lhes distribuímos, depois das fotografias que em conjunto tiramos foram as despedidas calorosas do tempo atmosférico e dos afetos. Já de saída,  chegou a diretora que nos fez o seu lamento sobre as condições do funcionamento desta escola e, claro está, o seu pedido de ajuda. 

Tivéramos nós essa possibilidade, mas não podemos chegar a todo o lado. Infelizmente, aqui como noutros lados, o Estado é rico mas os cidadãos na sua maioria são pobres. E com o argumento de que a escola é de ensino particular, pior ainda. O pai do Alaka já me tinha alertado para a falta de condições desta escola. Mas vendo o que se passa in loco é mais fácil de acreditar.

De tarde o João divertiu-se como uma criança. Quis brincar com o Alaka, tirar
fotografias, fazendo videos, jogando a bola e eu sei lá quantas coisa mais. Setenta e quatro anos a correrem atrás dos três, quatro, cinco e seis. Foram momentos hilariantes e de boa disposição que nem nós nem o João iremos esquecer. Lá diz o ditado: “De velhinho se volta a menino”. Só que nem todos os velhinhos aceitam isto.



Lourinhã (2017) > O João Crisóstomo,
 outro grande amigo de  Timor e da ESFA.
Foto: LG
28.03.2018, terça feira - Obrigado, João!

O João Crisóstomo regressou regressou hoje a New York. Esteve connosco durante três semanas, sempre em atividade (eu nem sei se ele dormia), sempre em contactos, sempre pronto a fazer fosse o que fosse em prol da educação e particularmente do nosso projeto de solidariedade.

O João falou com um grande número de personalidades importantes da vida social, política e religiosa timorense, exercendo a sua influência e credibilidade que ao longo dos anos de luta pela independência foi adquirindo e que lhe confere um estatuto de 
pessoa muito querida e estimada 
por gente de alta roda.

Bem hajas,  João,  por tudo o que tens feito por nós; por te associares de alma e coração aos nossos projetos (***); pela força e coragem que nos transmites com o teu exemplo de luta e de ajuda. Sabemos que os momentos de algum desânimo perante as dificuldades em ti se transformam em energia e que, apesar dos anos, o teu dinamismo vai continuar e empolgar todos os teus amigos. O feitiço desta terra, deste povo, destas crianças e jovens apoderou-se de ti, de nós. E por isso temos a certeza de que ainda nos voltaremos a encontrar aqui, seja quando for.

Obrigado,  João pela tua generosidade e desprendimento. Em nome do Alaka (teu afilhado, em nome das crianças com quem tu brincaste e jogaste a bola, em nome desta gente grande que adorou a tua forma de ser OBRIGADU!


[Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG]
____________

Conta solidária da Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (ASTIL)

IBAN: PT50 0035 0702 000297617308 4
 
___________

Fundadores: Rui Chamusco,
Glória Sobral e Gaspar Sobral


Programa de inauguração da Escola 
de São Francisco de Assis (ESFA)

  • Boas Vindas

A equipa de Boas Vindas - Chefe de Suco, ......Chefe da Aldeia......César Bruno, João Sobral Etelvino Colombo, João Crisóstomo, Rui Chamusco e Gaspar Sobral.


Hino Nacional de Timor-Leste seguido de hino da alegria da UE

  • Colocação dos tais - Entidades contempladas

- Chefe de Suco Leotalá - Manuel da Silva Santos

- Chefe de Posto de Liquiçá - Rogério dos Santos

- Administrador de Município - Domingos da Conceição dos Santos

- Chefe do comando geral da Polícia – Superintendente Olavo Cristóvão

- Director de Educação de Liquiçá - Zito António da Costa de Oliveira

- Ministro de Educação e Cultura - Dr. Fernando Hanjam

- Embaixador de Portugal – Doutor José Pedro Machado Vieira

- Embaixador da União Europeia – Dr. Alexandre Leitão

- Representante do Vaticano, o núncio apostólico Mario Godamo
 


  • Entidades vindas dos EUA (contempladas com tais)

- João Crisóstomo - Membro do núcleo dinamizador do Projecto de Solidariedade vindo dos EUA (membro da ASTiL);

- Ralph Niemeyer – Jornalista;

- Lucila - Assistente de Ralph Niemeyer, Jornalista e camerawoman.


  • Abertura e benção da Escola seguida de celebração da missa pelo Monsenhor..., Representante do Vaticano em Timor-Leste.

  • Momento Cultural – Abertura com o Hino da Alegria
(dois grupos de crianças irão apresentar danças e músicas tradicionais timorenses e portuguesas)

*Por Rui Manuel Fernandes Chamusco e Laurindo da Silva*

- Dança Tradicional - Dança tebe dai com crianças

- Música portuguesa - Abre a Janela

- Dança tradicional - Dança tebe

- Música no coração: Notas musicais

- Música portuguesa - A chuva

- Música portuguesa - Saia velhinha

- Música tradicional - Laurindo e acaba

  • Uma breve comunicação sobre a obra

- João Sobral, César Bruno e Etelvino Colombo farão uma breve comunicação sobre algumas etapas e dificuldades de construção da obra, antes e depois do lançamento da 1ª pedra em 28 de Julho de 2017;

- Entrega dos tais e o Rui Chamusco fará uma pequena intervenção para explicar os símbolos franciscanos em vigor nesta escola.

- Entrega das fardas por quatro entidades representativas do Governo de Timor, Embaixador de Portugal, embaixador da União Europeia, e representante da Igreja.

  • Momento das comunicações das entidades convidadas

(Quatro minutos para cada intervenção das autoridades anfitrians dando as Boas Vindas aos ilustres convidados e 40 minutos a estes últimos)

- Chefe de Suco Leotalá – Manuel da Silva Santos (3 minutos)

- Chefe de Posto de Liquiçá – Rogério dos Santos (3 minutos)

- Administrador de Município – Domingos da Conceição dos Santos (3 minutos)

- Director de Educação de Liquiçá – Zito António da Costa de Oliveira (3 minutos)

- Chefe do comando geral da Polícia – Superintendente Olavo Cristóvão (3 minutos)

- Ministro de Educação e Cultura – Dr. Fernando Hanjam

- Embaixador de Portugal – Dr. José Pedro Machado Vieira 

- Embaixador da União Europeia – Dr. Alexandre Leitão

  • Encerramento

- Palavras de agradecimento por um dos organizadores do evento.


NOTA: O presente programa pode sofrer (como sofreu...) alterações

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Notas do editor:


 
(**) Úktimo poste da série > 17 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25649: II Viagem a Timor: janeiro / junho de 2018 (Rui Chamusco, ASTIL) - Parte III: O Eustáquio, que tinha 14 anos, andou fugido nas montanhas de Liquiçá e Ermera, com a mãe e a irmã mais nova, mais duas pessoas amigas da família Sobral, durante três anos e meio


(***) Vd. postes de:


14 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17860: Ser solidário 206): "Uma escola em Timor" - Parte II: fotos do edifício, em construção, em Manati-Boibau, Liquiçá, Timor Leste... (Rui Chamusco, tabanca de Porto Dinheiro)

Guiné 61/74 - P25671: Parabéns a você (2284): Cor Art Ref António José Pereira da Costa, ex-Alf Art da CART 1692 / BART 1914 (Sangonhá e Cameconde, 1968/69); ex-Cap Art, CMDT da CART 3494 / BART 3873 e CART 3567 (Xime, Mansambo e Mansabá, 1972/74) e João Crisóstomo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé e Fá Mandinga, 1965/67)


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Nota do editor

Último post da série de 20 de Junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25662: Parabéns a você (2283): Cherno Baldé, Engenheiro e Gestor de Projectos, Amigo Grã-Tabanqueiro da Guiné-Bissau

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25670: Elementos para a história dos Pel Caç Nat 52, 54 e 63 que, ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, jun 70 / mar 72), estavam destacados no Sector L1 - Parte I




1. A partir da História do BART 2917 (de 15/11/69 a 27/3/72) podemos obter mais alguns dados informativos sobre os 3 Pel Caç Nat que operaram, no setcor L1 (Zona Leste, região de Bafatá)



I. O dispositivo inical das NT na zona de ação do BART 2017, em junho de1970 era o seguinte (referem-se apenas os Pel Caç Nat) (*):
 
  • Pel Caç Nat  52 > Bambadinca
  • Pel Caç Nat  54  > Missirá
  • Pel Caç Nta 63 >  Fá Mandinga

Havia um Gr Comb na Ponte Rio Udunduma, que era rendido  de 3 em 3 dias numa escala que incluía 5 Gr Comb: 4 da CCAÇ 12 (Bambadinca) e 1 um do Pel Caç Nat 52 (Bambadinca)

 Posteriormente foram introduzidas as seguintes alterações ao dispositivo inicial, nas datas a seguir indicadas:

  • em 18 out 70, o Ple Caç Nat 52 vai para Fá Mandinga;  
  • em 19 out 70,  desloca-se o Pel Caç Nat 63 para Missirá;
  • em 20 out 70,  o Pel Caç Nat 54 vem para Bambadinca.
 
Em 2 de julho de 1971, nova rotação destas subsunidades africanas:
  • Pel Caç Nta 52 > Missirá:
  • Pel Caç Bat 54 > Fá Mandinga;
  •  Pel Caç Nat 63 > Bambadinca 

De 26 de julho  a 9 de setembro de 1971, o Pel Caç Nat 54 é destacado para Bafatá,  regressando depois a Fá Mandinga. Nessa altura, é o Pel Caç Nat 63 a ir para Bafatá, donde regressa, a Bambadinca , em 26 de outubo de 1971.
 
E parece ser o Pel Caç Nat 63 que vai "inaugurar" o destacamento de Mato Cão.  


II. Estas três subunidades, ao tempo do  BART 2917, foram comandadas por:

  • Pel Caç Nat 52: 


(i) até Até 24.jul 70, alf mil at inf  Mário António Gonçalves Beja Santos; 

(ii) de 24.jul 70 até para além do regresso do BART 2917 à Metrópole, alf mil at inf Alferes Miliciano Atirador Nelson Alberto Wahnon Reis.



  • Pel Caç Nat 54:

(i) até 18 nov 70, alf m,il at inf Correia (desconhece-seo o nome completo); 

(ii) de 18. nov 70 até para além do regresso do BART 2917 à Metrópole, alf mil Hélder P. R. Martins;


  • Pel Caç Nat  63:

(i) até 1 jul 71, alf mil at art Jorge Pedro Almeida Cabral (1944-2021);

(ii) de 11 jul 71 até 27 mar 72, alf mil at Manuel David Coelho, da  CART 2714 (que estava em Mansambo);

(iii)  em 2 jul 71 o alf mil Arsénio Pires, inicialmente nomeado como Comandante do Pel Caç Nat  63, foi colocado na CART 2714, em substituição do alf mil at Manuel David Coelho.


O "alfero Cabral" (1944-2021), no meio, entre dois dos seus homens do Pel Caç Nat 63


III. Outras transferências de pessoal:

  • em 30 jun.71 foi transferido da CART 2716 (Xitole) para o Pel Caç Nat 52, o fur mil at  Atirador Paulo Ferreira CRUZ [ou Paulo Pereira Cruz];
  • em 16 set 71 foi colocado no Pel Caç Nat  63 o fur mil at Jorge Abreu Batista  da CART 2715 (Xime):
  • em 23 set 71 foi colocado no Pel Caç Nat 63 o fur mil at  Sérgio Oliveira Carvalho Pinto, da CART 2714 (Mansambo);

  • António Branquinho (1047-2023)
    em 24 set 71 por ter terminado a sua comissão de serviço no CTIG  marchou para Bissauo fur mil at António Júlio Abrunhosa Branquinho (1947-2023),  do Pel Caç Nat  63, a fim de aguardar transporte para a Metrópole;
  • em 7 dez 71 foi colocado no Pel Caç Nat 63 o fur mil at Loureiro,  da CART 2714 (Mansambo), onde se encontrava desde 19 out 71;
  • em 15 dez 71 regressou à CART 2715 (Xime) o fur mil at Jorge Abreu Batista. (encontrava-se destacado no Pel Caç Nat 63 desde 16. set 71).

IV. Recomplementos 

JULHO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- Alferes Miliciano Atirador Nelson Alberto Wahnon Reis 80063969;

- Furriel Miliciano Atirador Manuel Augusto Castro Silva 12709969;

- Soldado Atirador Francisco Lopes 82054167;

- Soldado Atirador Tiburcio Gomes Ofany  82055367;

- Soldado Atirador Mama  Obralé 82036266;

- Soldado Atirador Ogo Baldé 82023766;

  • Pel Caç Nat  54

- 1º Cabo Atirador Roberto Pina Araújo 82022165;

- 1º Cabo Atirador Armando António Silva 82038664;

- 1º Cabo Atirador Dino Vieira 82074665;

  • Pel Caç Nat  63

- 1º Cabo Atirador João S. Guilherme 16335969;

- 1º Cabo Atirador Joaquim S. Freitas 17722969;

- Soldado Atirador Jango Candé 82055065;


AGOSTO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- Soldado Atirador Paté Mané 82060167:

  • Pel Caç Nat 54

- Furriel Miliciano Atirador Alfredo J. S. Freitas 14037769;

- Furriel Miliciano Atirador José Mário  C. Ferreira 06205370;

- Furriel Miliciano Atirador José A. L. Pires 10684269;

  • Pel Caç Nat  63

- 1º Cabo Atirador António S. Barroso 05674470;

- 1º Cabo Atirador António M. S. Araújo  17925969;

SETEMBRO DE 1970


  • Pel Caç Nat 52

- Furriel Miliciano Atirador João  M.M. Branco 07125668;

- Soldado Atirador Mamassali Baldé 82063867;

- Soldado Atirador Bacar Baldé 82057465;

- Soldado Atirador Mango Baldé 82057165

- Soldado Atirador Seco Umaro Baldé 82055266;

- Soldado Atirador Tunca Sanhá 82037066;

  • Pel Caç Nat 63

- Furriel Miliciano Atirador Carlos E. C. Nunes Amaral 14288269;

- 1º Cabo Atirador Sanassi Baldé 82052865;

- Soldado Atirador Indouque Queta 82052265;


OUTUBRO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- 1º Cabo Atirador Fodé Mané 82023866;

- Soldado Atirador Adulai Embaló 82049567;

- Soldado Atirador To mango Baldé  82057465;

  • Pel Caç Nat 63

- 1º Cabo Atirador José Sangá 82016164;

- Soldado Atirador Braima Candé  82014060;

- Soldado Atirador Holdé Embaló 82035565;

NOVEMBRO DE 1970

  • Pel Caç Nat 52

- 1º Cabo Atirador António A. F. Rocha 05955270;

- Soldado Atirador Sambaro Baldé 82095264;

  • Pel Caç Nat 54

- Alferes Miliciano Atirador Hélder P- R. Martins  07543668;

- 1º Cabo Atirador Fernando Vasco Menoita 00762170;

DEZEMBRO DE 1970

  •  Pel Caç Nat 54

- Soldado Atirador Adi Jop  82077770

- MARÇO DE 1971


  • Pel Caç Nat 54

- Soldado Atirador Sambaro Embaló 82092068;

- 1º Cabo Atirador Manul Augusto Gaspar12528870;

  • Pel Caç Nat 63

- Soldado Atirador Braima Jau 82035066;

ABRIL DE 1971

  • Pel Caç Nat 54

- 1º Cabo Atirador Amílcar Prazeres Pereira  11702470;

  • Pel Caç Nat  63

- 1º Cabo Atirador Cralos José Pereira Simplício  12687370.

(Continua)

(Seleção, revisão/ fixação de texto: LG)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 4 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25600: O armorial militar do CTIG - Parte I: Emblemas dos Pelotões de Caçadores Nativos: dos gaviões aos leões negros, das panteras negras às águias negras...sem esquecer os crocodilos

Guiné 61/74 - P25669: Convívios (1002): Rescaldo do XXXVII Convívio da CART 3494, realizado no Quartel da Serra do Pilar (ex-RAP 2) Vila Nova de Gaia (Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista)


RESCALDO DO 37.º CONVÍVIO DA CART 3494 REALIZADO NO QUARTEL DA SERRA DO PILAR (EX-RAP 2) VILA NOVA DE GAIA

No passado dia 08/06/2024 foi o dia da celebração do cinquentenário da chegada da guerra Colonial da Guiné da CART 3494.
A cerimónia teve lugar na Unidade Mobilizadora do BART 3873 [composto pelas companhias operacionais; CCS em Bambadinca; CART 3492 no Xitole; CART 3493 em Mansambo e CART 3494 no Xime] o Regimento de Artilharia Pesada - 2, hoje com o nome de: “Quartel da Serra do Pilar” em Vila Nova de Gaia.
Depois da receção de boas-vindas, cumprimentos, abraços e beijinhos e posta a conversa em dia, procedeu-se a uma singela homenagem aos mortos em combate junto do monumento, com a deposição de uma coroa de flores, sem esquecer os 39 camaradas, dos quais temos conhecimento, que deixaram a vida terrena após o término da guerra. Os toques adequados para o efeito foram a cargo da Unidade.

Após a cerimónia seguimos até a um Restaurante em Matosinhos "Restaurante Mariazinha" onde foi servido um excelente repasto. Muita animação e alegria em todos os intervenientes, reviveram-se Estórias da época, relembraram-se operações muito delicadas em que perdemos 4 camaradas e também muitos feridos em combate, mesmo assim não faltou animação e muita alegria, na certeza de que para o próximo ano estaremos todos juntos e mais alguns para celebrar os 51 anos da nossa chegada. O repasto todos foram unânimes, estava muito bom! Nada a apontar.

Também tivemos discursos de circunstância referente aos tempos passados na guerra da Guiné.
Por último não houve grande dificuldade em arranjar um novo timoneiro para levar a cabo o próximo encontro, assim sendo, o ex. Fur Miº Infª António Bonito, (foto ao lado) prontificou-se uma vez mais a levar a bom porto esta tarefa e nos convidar para no dia 07 de junho de 2025 levar-nos até à zona entre Figueira da Foz e Montemor O Velho para o encontro anual, será o 38º.

Nota final:
Lamentamos a falta injustificada de pelo menos 7 presenças confirmadas, a organização devido ao espaço limitado teve de recusar alguns camaradas que tinham vontade em participar, portanto camaradas, temos de ser rigorosos com nós próprios, cumprir com a data limite imposta pela organização para confirmação. Como sabem, esta coisa acarreta despesas.
Vamos lá camaradas cuidem-se, muita saúde para estarmos juntos no próximo ano. Muita força e saúde da boa!


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Nota do editor

Último post da série de 5 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25607: Convívios (1001): Rescaldo do XXXI Encontro da Rapaziada, e familiares, da CART 11/CART 2479, levado a efeito no passado dia 1 de Junho na Tornada, Caldas da Rainha (Valdemar Queiroz, ex-Fur Mil Art)

Guiné 61/74 - P25668: Notas de leitura (1702): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1860 a 1864) (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2024:

Queridos amigos,
Faço notar que a coleção existente na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, no que concerne ao Boletim Oficial do Governo Geral de Cabo Verde e da Costa da Guiné tem falhas de números, da leitura dos Boletins disponíveis não procuro tirar qualquer conclusão ou demonstração, é notório o papel residual que desempenha a Costa da Guiné, também designada por Estabelecimentos de Cacheu e Bissau; falecido Honório Pereira Barreto, não se distingue nenhuma governação local, estamos em tempo de fomes e epidemias, de permanente insegurança dentro da Fortaleza de S. José de Amura e no relatório anual das obras públicas de Cabo Verde há menções ao estado de degradação da Fortaleza de Cacheu e a necessidade de fazer reparações; são referidos tratados de paz com régulos, insurreições, como se escreve em 9 de fevereiro de 1861, "em Cacheu deram-se algumas ocorrências devido ao estado semi-selvagem da classe baixa"; procurou-se melhorar a defesa e a segurança da Fortaleza de S. José de Bissau e em 1864 chega uma colónia cabo-verdiana enviada para o Rio Grande de Bolola, dará que falar, pela importância e dimensão do seu trabalho, virá a ser profundamente afetada pelas guerras que irão assolar o Forreá.

Um abraço do
Mário


Suplemento do Boletim Oficial de 21 de janeiro de 1862, dá-se a notícia do falecimento do Infante D. João, como já se dera a notícia dos falecimentos da rainha D. Estefânia e do seu marido, o rei D. Pedro V

Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX
(e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1860 a 1864) (8)


Mário Beja Santos

Não é demais insistir que neste acervo que vou consultando do Boletim Official do Governo Geral da Província de Cabo Verde e Costa da Guiné (convém não esquecer que a Guiné, ou os Estabelecimentos de Cacheu e Bissau, só passará a província autónoma em 1879, a partir daí haverá Boletim Oficial da Colónia), a Guiné não tem qualquer relevância, isto é, tem valor alfandegário, enquanto viveu Honório Pereira Barreto as suas iniciativas eram tornadas públicas, o resto é quase paisagem, o que predomina é o que se passa em Santiago, no Mindelo, na Brava. Vejamos o que se pode respigar ainda no ano de 1860, há curiosidades que merecem registo. No n.º 62, de 16 de fevereiro, consta a Portaria 239 do Ministério da Marinha e Ultramar, nomeia-se o farmacêutico Júlio César Galião, para servir em Bissau por tempo de 3 anos, com os vencimentos de 1.º Farmacêutico da Província. Recorde-se que em tempo de epidemias e a febre amarela anda à solta. Na sucessão destas portarias, coloca-se um outro farmacêutico em Cabo Verde e mais adiante informa-se que seguem medicamentos e utensílios para a Botica de Bissau.

Do Boletim n.º 82, de 15 de dezembro, pela Portaria 276, o Governador Geral toma uma decisão por força de um ato solidário, como se escreve. O Juiz de Direito, José Maria Costa, tinha pedido que fosse diminuído o preço de carregamento, ou mesmo dispensado o frete, do arroz transportado de Bissau para a ilha Brava, o transporte era um iate, por ter sido aquele género obtido por subscrição e destinado a socorrer os indigentes da Brava, e sendo uma dádiva, o Governador determinava que fosse restituída a importância do referido frete de arroz.

Estamos agora em 9 de fevereiro de 1861, Boletim n.º 6, “as últimas notícias sobre o estado sanitário da Guiné foram recebidas pelo iate Bissau na cidade da Praia no mês de novembro de 1860. O Governador da Guiné Portuguesa recebeu fundadas denúncias de que os gentios premeditavam atacar a Praça de S. José de Bissau, felizmente longe de se darem demonstrações hostis, os régulos de Bandim e outros apresentaram-se ao Governador, protestando obediência. Em Cacheu deram-se algumas ocorrências devido ao estado semisselvagem da classe baixa, que alteraram por algum tempo o sossego público, hoje restabelecido.” E mais uma nota curiosa na mesma informação que veio da Praia: “Acerca de Bolama e Rio Grande, que atualmente nos são disputados, espera-se resolução superior definitiva, tão reclamada pela conservação e melhoramento das nossas colónias daquela parte de África. O estado sanitário da Guiné é satisfatório.”

Estamos agora em março de 1862, a Portaria n.º 45 prende-se à reorganização das forças militares e de segurança, exara o Governador Geral:
“Atendendo às circunstâncias especiais em que se acha esta Possessão, e à urgente e muito imperiosa necessidade de criar uma força pública que, auxiliando o destacamento de primeira linha, possa garantir a defesa e segurança desta Praça de S. José de Bissau, e permita que o referido destacamento seja todo empregado em quaisquer operações que se julgarem necessárias fora da mesma praça; tendo em vista a restrita obrigação que incumbe a todos os cidadãos de concorrerem para a defesa do Estado e conservação de qualquer território pertencente à Monarquia Portuguesa; atendendo mais a que será tido na devida consideração o apelo que por este modo se faz à povoação de Bissau, e achará o devido apoio do seu reconhecido patriotismo, interesse pelo bem público, tanto mais quanto tende à sua própria segurança e das suas propriedades, hei por conveniente, usando do voto de confiança dado o Conselho do Governo da Província e da autorização que me confere o Parágrafo 2.º do Artigo 15.º do Acto Adicional à Carta Constitucional da Monarquia, determinar o seguinte:
- Proceder-se-á imediatamente à organização de um corpo de infantaria de 2.ª Linha, com a denominação de Companhia de Voluntários de Bissau, com a força de um capitão comandante, dois tenentes, dois alferes, dois segundos-sargentos, um furriel, um corneteiro ou tambor, quatro cabos, quatro anspeçadas, e 60 soldados, sendo por este modo a totalidade da sua força 78 praças efectivas; a Companhia de Voluntários de Bissau, terá, por enquanto, pequeno uniforme em tudo igual ao do Batalhão de Artilharia da Província, tendo a única diferença de serem as golas e canhões de pano de azul-claro e não usarem vivos nas calças; o armamento desta Companhia terá como o de infantaria do Exército; o Governador dará as ordens e instruções para que sem perda de tempo se proceda ao alistamento e reuniões das praças que se apurarem para este importante serviço.”


Em portaria, logo a seguir, louva-se o comandante do Batalhão de Artilharia de 1.ª Linha, António Maria Maurity.

Estamos agora a 4 de janeiro de 1882, o Boletim Oficial n.º 1 dá notícia de quem são os Vogais da Comissão Municipal da Vila de Bissau, quatro efetivos e quatro substitutos, destaca-se o nome de João Marques de Barros, conhecido comerciante, familiar do cónego Marcelino Marques de Barros, notável figura da cultura guineense. Este ano é parco em notícias da Guiné, referem-se medidas sobre a defesa e segurança da fortaleza de S. José de Bissau, o movimento marítimo deixa claramente ver que o impor-expor está na mão de estrangeiros, há notícias sobre nomeações e exonerações do mais diverso tipo, caso de regedores de paróquia, são referidos acordos celebrados como o que aparece mencionado no Boletim Oficial de 14 de março “aprovado o tratado de paz celebrado entre o Governador da Guiné e os gentios de Cacheu”; não falta referência ao conserto do portão denominado da Puana, na tabanca que defende a Praça de Bissau.

Estamos chegados a 1883 e no Boletim Oficial n.º 13 temos um despacho do Governador Geral:
“Achando-se completamente desprovidos dos habitantes da Praça de Cacheu de pessoa que lhe aconselhe e prepare os medicamentos a que tenham de recorrer para debelar as frequentes doenças, que os acometem na naquele insalubre clima; cumprindo a este Governo Geral tomar todas as medidas que se tornem necessárias à Saúde Pública; atendendo ao que sobre tal objecto representaram os habitantes daquela Praça ao Governador da Guiné, encarrega-se Carlos Frederico Hopffer das funções de enfermeiro da Praça de Cacheu, recebendo o tal serviço a gratificação mensal de 20 mil reis.”

Entrara-se num novo ano e no Boletim Oficial n.º 11, de 26 de março, chama-se a atenção para a Portaria 68, assinada pelo Governador Geral, Carlos Augusto Franco, Cabo Verde volta a estar em grande sofrimento:
“Atendendo à necessidade de encaminhar a emigração, a que, na terrível crise alimentícia, se socorre uma grande parte dos habitantes deste arquipélago, a fim de fugirem aos efeitos da fome que o assola, e proporcionar-lhe, portanto, o sustento em outro ponto desta província, por forma de que futuro possa, pelo desenvolvimento da agricultura da mesma, ser compensado devidamente o sacrifício que fazem os seus cofres com tal despesa;
Hei por conveniente determinar que, com os indigentes que voluntariamente se prestarem a seguir para a Guiné Portuguesa e para ali forem transportados por conta do Estado, se estabeleça no mencionado ponto do Rio Grande de Bolola uma colónia com as seguintes condições:
- Todas as pessoas ou famílias fugindo aos horrores da fome, que atualmente sofre o arquipélago de Cabo Verde, e a quem o Governo tiver dado passagem por conta do Estado para a Guiné, chegando àquela Possessão e não tenham meios de prover à sua subsistência, serão para ali mandados na qualidade de colonos;
- Os colonos destinados àquele território sujeitar-se-ão desde a data da sua chegada ali e por cinco anos à seguintes condições: deverão concorrer para a defesa da mesma colónia, contra todos os ataques de qualquer inimigo; comparecerão todos os domingos e dias santificados para terem uma inspeção pessoal passada pelo chefe da colónia, e assistirem aos ofícios divinos, quando para os mesmos possa ser mandado um sacerdote; serão mandados e obrigados a mandar os seus filhos e filhas às escolas de ensino primário logo que o Governo as estabelecer; ficarão sujeitos à obrigação de prestarem mútuo auxílio aos trabalhos rurais, e nos de edificação das habitações destinadas ao seu primeiro estabelecimento; aos indivíduos que voluntariamente desejarem fazer parte da colónia se dará passagem por conta do Governo, sendo competentemente abonados de mantimentos; receberão ração diária desde o dia do seu desembarque e durante seis meses, ou por todo o tempo que decorrer até à primeira colheita, etc., etc.”

Cartão-postal da primeira igreja de Bolama, cerca da década de 1900
Bissau - uma rua perto das fortificações, porventura ainda na década de 1900
Imagem atual do rio Buba
Buba, celebração do Natal de 1973. Imagem retirada do Arquivo Digital, por José Mota Vieira, com a devida vénia

(continua)
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Notas do editor:

Post anterior de 14 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25639: Notas de leitura (1700): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1858 a 1861) (7) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 17 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25651: Notas de leitura (1701): Cuidado com o material em falta! (Mário Beja Santos)