terça-feira, 18 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25654: Elementos para a história do Pel Caç Nat 51 - Parte VII: Notícias do Armindo Batata e fotos do seu tempo de Cufar (1970)



Foto nº 56



Foto nº 64 


Foto nº 65


Foto nº 66


Foto nº 60


Foto nº 57


Foto nº 63


Foto nº 62

Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Caç Nat 51,  > 1970 > Álbum fotográfico do Armindo Batata, ex-alf mil, que esteve em Guileje (de jan 69 a jan 70), e depois em Cufar (de jan a dez 70), até acabar a comissão,como comandante do Pel Caç Nat 51.

Fotos  acima, nºs  56, 57, 60, 62,  63, 64, 65, 66

Fotos (e legenda): © Armindo Batata (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de Armindo Batata (foto atual à esquerda):

Data - segunda, 17/06/2024, 18:03
Assunto - Pel Caç Nat

Caro Luís

As minhas desculpas por não te ter respondido de imediato como devia ter feito, mas ... sempre alguma coisa (inventada) para fazer, cumulativamente com a crescente vontade de preguiçar.

Quanto ao Pel Caç Nat 51, pouco ou nada tenho para contribuir para esse louvável movimento de recuperação de memórias. Durante umas duas dezenas de anos, ou mais, após o meu regresso da Guiné, essas memórias foram atiradas para um qualquer pego bem fundo nos confins das recordações. Felizmente que por lá ficaram.

Prometo que vou ter o cuidado de ler tudo o que se publicar referente aos tais dois anos em que por lá estive (1969 e 1970) e pode ser que alguma coisa venha à tona.

Um abraço
Armindo Batata


2. Republicam-se, reeditadas, mais algumas fotos do álbum do nosso camarada, que esteve em Cufar, em rendição individual, durante o ano de 1970,  como comandante do Pel Caç Nat 51, depois de ter estado, durante o ano de 1969, em Guileje. 

Aproveita-se para recompletar as legendas com a ajuda de vários camaradas que passaram por Cufar em diferentes períodos:

(i) Mário Fitas (ex-fur mil, op esp,  CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/66);

(ii)  Eduardo Campos (ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74);

(iii) António Graça de Abreu (ex-alf mil, CAOP1, Canchungo / Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)


Acrescente-se, da nossa lavra, que nas fotos nº 56 e 64 vê-se o pau da bandeira e, na sua base, um pequeno monumento de homenagem à CART 1687 (Cachil e Cufar, 1967/69). 
Na foto nº 57  é visível um posto de vigia no alto de uma árvore, com uma escada de acesso. Devia ter uma bom ângulo de visão.

 
(i) Mário Fitas
  • Foto nº 62 > À esquerda identifica-se a pista de Cufar em terra batida, inaugurada em 1957 pelo então presidente da Republica Craveiro Lopes na sua visita à Guiné. Esta pista tinha na altura mil e novecentos metros de comprimento. No começo da pista ficava a entrada principal do aquartelamento. Ao fundo vê-se a mata de Cufar Novo, de onde foram extraídas as palmeiras para construção dos abrigos do novo aquartelamento. Do lado direito, vislumbra-se a mata de Cufar Nalu onde existia uma importante base do PAIGC e que foi tomada em 15 de naio de 1965 na operação "Razia". É bastante visível no sentido descendente a estrada para o cais do rio Manterunga.
  • Foto nº 56 > É a parada com o pau de bandeira, que não consigo identificar, se é o cibe que nós lá colocamos. Ao lado direito a Capela construída pelos "Lassas" e que posteriormente por outra companhia foi transformada em armazém.
  • Foto nº 64 > Parada, vendo-se ao fundo a antiga fábrica de descasque de arroz do sr. Camacho, e que em seu redor em abrigos cavados no chão era o aquartelamento que existia. De março a maio de 1965 foi um trabalho de loucos, para não sermos apanhados pelas chuvas nos buracos.
  • Foto nº 65 > Esta foto foi tirada do varandim da habitação da antiga quinta e transformada em habitação e funcionamento do comando.
  • Foto nº 66 > Julgo tratar-se da fachada norte do comando onde existia a tabanca dos milícias do João Bacar Jaló.
  • Foto 60 > Varandim do comando, vendo-se ao fundo a casa do gerador. Na altura da CCaç 763, de permeio, existia o canil.  
(ii) Eduardo Campos (esteve em Cufar apenas 4 meses em diligência, ao serviço do Cop4 e adido a CCAC 4740.)

  • Foto nº 57 e 62 > "O que a foto 57 nos mostra, tenho a certeza que já não existia, no meu tempo, pois pela sua originalidade eu jamais poderia esquecer o engenho e obra de arte que a mesma transmite."
  • Foto nº 62 > É Cufar, mas quando lá cheguei em 1972 o 'aglomerado residêncial' era muito maior. Do lado esquerdo da foto, parecer ser a pista em terra (quando lá cheguei já era em alcatrão) e saída para Catió e Matofarroba. Lado direito, o que parece ser uma estrada, seria a picada que ia para o porto no rio Combijã.
  • Fotos nºs 56, 64 e 65 > Recordo, aqui sem dúvidas, que são de Cufar. As restantes fotos não me recordo. Quanto a boas recordações de Cufar, direi que sim foram mesmo muitos boas: manga de ataques com foguetões (...), dois ataques de armas ligeiras ao arame, dormir numa tenda de campanha em que o colchão foi feitas de folhas de árvores e ainda alguma fominha á mistura. 40 anos depois e podendo até ser irónico, tudo isso para mim hoje, são mesmo boas recordações. As restante fotos não consigo identificar (...), mas por breves momentos voltei a Cufar, o que por si foi bom.

(iii) António Graça de Abreu

  • Fotos nº 57, 63 e 65: Não é uma terra portuguesa, é Cufar, com certeza. Mas Portugal andou por lá. Cufar é, na Guiné o único lugar onde eu gostava de regressar. Sofri em Cufar tanta, tanta dor, coisas que não tenho vergonha de contar seja a quem for. Adiante, camarada, ávante. Sou tão português que ainda gosto de sofrer, como se está a ver. 
  • Na foto 63, a tabanca mais à esquerda foi a minha casinha durante uns quatro meses. Os bidons cheios de terra eram uma segurança nas flagelações, mas havia muitas valas. O poleiro alto na foto 57 já não existia em 73/74. 
  • Mas a capela lá estava  (foto  65) e foi usada, infelizmente com demasiada frequência para guardar corpos de militares falecidos em combate, antes de vir o cangalheiro para depois seguirem de DO ou Noratlas para Bissau.



Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 2477 (1969/71) > O Jorge Simão, 
 residente em São João da Madeira, foi 1º Cabo Escriturário, CART 2477, Cufar, 1969/71. Aqui junto ao edifício da secretaria... Várias companhias por aqui passaram, além da CART 2477: CCAÇ 763, CCAÇ 1621, CART 1687...  Na foto de cima, uma vista aérea de Cufar...


Fotos (e legenda): © Jorge Simão (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

3. Comentários adicionais de Armindo Batata: 

(i) Olha o Jorge Simão !!! Um abraço,  caro Jorge. A secretaria era ao lado do meu quarto. Tinha de facto uma 'chaise long'  à porta. Seria aquela?


(ii)  Caros Mário Fitas e Eduardo Campos: Disseram tudo o que era importante. Deixem-me só acrescentar dois pormenores: Foto nº 60 > Do lado de cá do extintor é a porta da secretaria e do lado de lá, a do meu quarto; Foto nº 57 >  Era um posto de vigia, raramente ocupado, junto ao canhão s/r e do lado de Cufar Nalu.

13 de outubro de 2012 às 21:37



Comentário do nosso leitor Henrique Reis, um "cufarense":

Feliz por estar aqui a conhecer a história duma tabanca/aldeia onde cresci (por meu pai lá ter trabalhado 5 anos pós a guerra colonial), anos e anos depois da vossa vida lá.

Vendo os vestígios da guerra colonial mas sem poder interpretar ou melhor conhecer bem a história, claro, ninguém podia nos contar. Conheço bem a pequena tabanca/aldeia de Cufar, vi os vestígios (sucatas de carros queimados logo depois do quartel e atrás a casa de gerador tínhamos sucatas de carros queimados... de balas de armas pequenas e grandes por todo e quanto é lado em Cufar, os restos do barco queimado ainda até a data está lá a ponta do barco no pequeno porto...o quartel ainda lá está). E vou lá de quando em vez visitar e prometo ainda dentro de dias poder ir visitar de novo e, se possível, vos trazer fotos daquela pequena aldeia/tabanca de Cufar que conheciam.

Meus muito obrigado à todos vocês.
"Cufarense"
Henrique Reis

8 de agosto de 2019 às 03:56

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...


(...) "antiga fábrica de descasque de arroz do sr. Camacho".

Quem era este Camacho ? Álvaro Boaventura Camacho a quem tinha sido feita, em 1933, uma concessão de terras na zona de Cufar... Julgo que era cabo-verdiano.

Era um colono cabo-verdiano, grande produtor e comerciante de arroz que terá cedido as saus instalações fabris (incluindo o aeródromo) à administração do território, com o início da guerra...

Temos algumas referências sobre ele no nosso blogue...

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Alvaro%20Boaventura%20Camacho

Valdemar Silva disse...

Belas fotos de Cufar que vejo pela primeira vez.
Tinha uma ideia que Cufar seria uma tabanca com arame farpado à volta, com valas e abrigos para a NT, tendo ficado com essa ideia com uma descrição de um ataque contado pelo Luís Lomba. Agora bem vejo como era o "palco" da descrição extraordinária do Luís Lomba.
Aquela do posto de vigia não lembra ao diabo, um qualquer sniper do IN podia atingir um vigia.

...e já passaram mais de cinquenta anos.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Na foto 62 dá ideia de haver uma grande área de bolanhas ou de intensa capinagem numa grande extensão em volta da tabanca.

Valdemar Queiroz