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domingo, 17 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21777: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (82): as milícias que ajudaram os militares a ripostar o ataque da UPA no norte de Angola, a 15 de Março de 1961... Quem conheceu de perto a OPDVCA - Organização Provincial de Voluntários e Defesa Civil de Angola ? (Tiago Carrasco, jornalista)



Diário de Lisboa, 18 de março de 1961 (*)


[Fundação Mário Soares > Portal Casa Comum > Pasta: 06541.079.17211 > Título: Diário de Lisboa > Número: 13743 > Ano: 40 > Data: Sábado, 18 de Março de 1961 > Directores: Director: Norberto Lopes; Director Adjunto: Mário Neves > Edição: 2ª edição > Observações: Inclui supl. "Diário de Lisboa Magazine", "Diário de Lisboa Juvenil" > .Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos. (Com a devida vénia...) 

Citação:
(1961), "Diário de Lisboa", nº 13743, Ano 40, Sábado, 18 de Março de 1961, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_16336 (2019-1-9)


1. Do jornalista Tiago Carrasco recebemos o seguinte pedido
 
Date: terça, 12/01/2021 à(s) 17:37
Subject: Pedido de colaboração reportagem Revista Sábado 

Boa tarde,

Como estão? Chamo-me Tiago Carrasco, sou jornalista da revista Sábado e estou a preparar uma reportagem sobre as milícias que ajudaram os militares a ripostar o ataque da UPA no norte de Angola, a 15 de Março de 1961. 

A reportagem vai sair em Março, exatamente para assinalar o 60º aniversário desses acontecimentos. 

No entanto, escasseia o material sobre as OPVDCA [Organização Provincial de Voluntários e Defesa Civi de Angolal]. 

Contacto-vos para vos pedir a vossa preciosa ajuda - que muito útil me foi noutras ocasiões - na identificação de pessoas que testemunharam estes acontecimentos e que fizeram parte (ou viveram perto) destas milícias em Angola e até mesmo em Moçambique.

Conseguem me ajudar?

Gostava de saber quem fazia parte destas milícias, como se organizavam, como atacavam, como se armavam e como evoluíram depois para uma organização muito ligada aos salvamentos, combates a incêndios e desenvolvimento rural.

Muito obrigado.

Eu vivo em Peniche (perto do Luís Graça, creio) mas consigo pôr-me rapidamente em qualquer parte do país.

Cumprimentos,

Tiago Carrasco
Telemovel: 926 988 005


2. Resposta do nosso editor LG, com data de 15 do corrente;

Tiago, obrigado pelo seu contacto. Em relação ao seu pedido..., como sabe o nosso blogue só reúne ex-combatentes que estiveram na guerra colonial na Guiné...Alguns de nós conhece(ra)m outros territórios, como é o caso de Angola...

Posso sugerir que contacte o nosso amigo e camarada António Rosinha, que fez o serviço militar em Angola, e estava lá justamente em 1961...E tem uma larga experiência de Angola (bem como da Guiné), como civil: trabalhou como topógrafo numa empresa de obras públicas... O António Rosinha é uma testemunha privilegiada desses tempos de 1961 em Angola. Ele tem cerca de 125 referências no nosso blogue.

Para já é tudo, espero que o Rosinha aceite falar consigo. Tenho outros contactos de camaradas que lhe podem falar de Angola em fases da guerra posteriiores...

Boa saúde e bom trabalho. Luís Graça

3.  Posto em contacto com o António Rosinha, este respondeu hoje  ao Tiago nestes termos:

Sobre esta organização [OPVDCA], mais não sei do que publicamente em geral se falava.

Nem nunca conheci pessoalmente qualquer elemento dessa organização, nem conheci qualquer actividade militar.

Mas de certeza que existe gente viva e de cabeça fresca que, anunciando, vão comparecer.

Não sei se essa organização durou muitos anos, Quem tenha incorporado essa organização em 1961, que tivesse 22 ou 23 anos, hoje tem 83 ou 84.

Cumprimentos

Antº Rosinha

4. Resposta do Tiago Carrasco:

Caro António Rosinha,

Prazer em conhecê-lo.

Muito obrigado pela resposta rápida ao meu pedido. As OPVDCA foram constituídas espontaneamente em 1961 para dar resposta aos ataques da UPA em 1961 e evoluíram para uma organização paramilitar de defesa civil até 1974. Também eram conhecidas como defesas civis e, para além da defesa das zonas urbanas, prestavam serviços como salvamentos, combate a incêndios e projetos de desenvolvimento rural. 

Não conhece ninguém que tenha feito parte do conflito em Angola que tenha conhecimento sobre estas organizações? Haverá alguém do seu conhecimento que possa ter feito parte das defesas civis ou que tenha testemunhado as suas acções? Eu já tenho dois ou três contatos mas estou à procura de mais informação.

Qualquer pista que me possa prestar será de extrema utilidade para mim.

Muito obrigado e bom resto de domingo,

Tiago Carrasco


5. Novo pedido de Tiago Carrasco, de hoje, às 16h33:


Caro Luís Graça,

Muito obrigado pela sua resposta e pelo encaminhamento para o vosso camarada António Rosinha. Entretanto, o António Rosinha já entrou em contacto comigo e estamos a falar. Ele não tem memória destas organizações, mas estou a pedir-lhe contactos que possam ter.

Aproveito para lhe perguntar se na Guiné não existiam, durante a época do conflito, organizações similares às OPVDCA, ou seja, grupos paramilitares que se encarregavam da defesa do território e de outras acções relacionadas com a protecção civil? 

Calculo que não, uma vez que na Guiné-Bissau havia menos colonos, mas não gostaria de deixar de lhe perguntar.

Retribuo os votos de boa saúde e desejo-lhe um bom resto de fim-de-semana,

Tiago Carrasco

6. Comentário e apelo do editor  LG:

Tiago, o mais próximo o que eu conheco, no teatro de operações da Guiné, equivalente às OPVDCA, são as milícias e as tabancas em sistema de autodefesa... 

Não temos grande informação sobre o seu início, formação, organização e funcionamento. Em princípio, estavam subordinadas a um régulo, oficial de segunda linha (alferes, tenente, capitão)... Havia também a polícia administrativa (cipaios), às ordens do adinistrador de circunscrição / concelho e do chefe de posto...

Mas, que saibamos, os colonos (da metrópole, de Cabo Verde ou de origem sírio-libanesa) não estavam enquadrados em nenhuma organização de tipo paramilitar como as mílicias (que eram, etnicamente, homogéneas, e em geral formadas por homens da etnia fula). E alguns desses colonos (pequeno funcionalismo público, empregados de comércio, pequenos comerciantes, pequenos agricultores, donos de "pontas"...) foram também foam aliciados pelos movimentos nacionalistas, e em especial pelo PAIGC. De resto, eram de facto poucos os chamados "colonos" e estavam espalhados pelo território. 

Mas podemos pedir aqui também a ajuda do nosso colaborador permanente Cherno Baldé, que vive em Bissau... No entanto, ele era criança, no início da guerra. Mas é uma espécie de "caixa forte" das memórias dos mais velhos...

Fazemos igualmente um apelo a todos os colaboradores e leitores que queiram e possam responder a este pedido de colaboração do jornalista Tiago Carrasco. (**)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19385: Guerra colonial - cronologia(s) - Parte I: 1961, Angola