Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Itinerâncias avulsas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Itinerâncias avulsas. Mostrar todas as mensagens

sábado, 20 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27234: Os nossos seres, saberes e lazeres (701): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (222): Primeiro a Lousã, segue-se São Pedro do Sul - 1 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Agosto de 2025:

Queridos amigos,
Uma semana de férias em julho, ainda com temperaturas amenas, o grupo chegou a acordo de que se voltava a Lousã, região muito amada, ali se passaram férias quase no fim do século, casa alugada a um casal que já partiu para as estrelinhas, gente afetuosa, Dona Deolinda com largo pendor para a arte dos bordados, não resisti a comprar lençóis; as estradas ao tempo eram excelentes para danificar os carros, a patinar na lama e na gravilha, tanto na subida para os ermos como na descida para o vale. O centro histórico da Lousã conhece melhorias, é impressionante a quantidade de pedras de armas, teve aristocracia e fábrica de papel há mais de 300 anos. O grupo visitou religiosamente A Túlipa Negra, quando chegávamos das aldeias era aqui que se fazia o fornecimento de pão e confeitaria, com todo o respeito aqui se bebeu e comeu. Passei pelo cinema, está todo aprumado por restauro recente, veio-me à memória que em grupo viemos ver o filme O Alfaiate do Panamá, baseado num romance de John Le Carré, com interpretações sugestivas de Pierce Brosnan e Geoffrey Rush. Há mudanças apreciáveis em Talasnal. Quando se arrumou o carro à entrada da aldeia, vi alguém com um saco às costas a entrar numa casa, e lembrei-me de um episódio de ver, no final do ano de 1995, entrar naquela casa um rapaz gadelhudo com quem depois fui conversar, tinha comprado a pequena casa com as suas economias, ia agora fazer obras. Fiquei a observar a casa, o senhor saiu e veio até um bar, com uma bela esplanada. Entrei e pedi uma imperial, quem me serviu foi o dito senhor a quem contei a história do tal miúdo gadelhudo, este senhor sorriu e disse-me que o miúdo gadelhudo era ele, sem tirar nem pôr, afeiçoara-se a Talasnal, comprara inclusivamente outras casas, inevitavelmente falámos de pessoas do tempo, caso do Jorge que também tinha um bar, e do Fabrice e da Maria do Céu, um bizarro e inesquecível casal alternativo. Assim se mataram saudades. Preferi não tirar imagens a Catarredor, continua muito degradada, estava impaciente por chegar ao miradouro e ver desde o Castelo até às aldeias, tive sorte com a hora dourada. Amanhã vou mostrar-vos o Casal da Lagartixa e falar-vos da relação de Carlos Reis com a Lousã. Ala morena, que se faz tarde, vamos depois a caminho de São Pedro do Sul.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (222):
Primeiro a Lousã, segue-se São Pedro do Sul - 1


Mário Beja Santos

Aí pelo início dos anos 1990, adquiri um livro intitulado Terra que já foi Terra, uma dissertação de mestrado, o autor, Paulo Monteiro, estudava o habitat populacional das aldeias serranas da Lousã, uma vida duríssima lá naqueles pontos ermos, viver em casas de xisto, com poucos meios de subsistência, vendia-se carvão na vila, população bisonha, arredada da civilização, vivendo em lugares como Casal Novo, Talasnal, Catarredor, Chiqueiro, Vaqueirinho, isto lá nos ermos, cá em baixo outras, como Cerdeira e Candal. Paulo Monteiro analisara a correspondência de um casal, ela numa aldeia serrana, ele emigrante nos Estados Unidos, relato impressionante. A míngua levou toda aquela gente a fugir, o último habitante das aldeias serranas suicidou-se no dia 25 de abril de 1974, nesse dia chegava a eletricidade à serra, se é uma curiosidade, é uma curiosidade mórbida.
Pelos finais do ano 1995, fui passear até à Lousã, vi a referência às aldeias serranas, passei por um lugar chamado Cacilhas, começou uma subida a resvalar na gravilha, a fugir dos buracos, num extenso serpenteio que permitia admirar o esplendor do arvoredo. Ainda hoje me pergunto como se chegou a Casal Novo, então fiquei boquiaberto, havia muitas casas de xisto reconstruídas, saberei mais tarde que pelos anos 1980 gente de Coimbra e arredores se rendeu às belezas paisagísticas e montou aqui casa secundária. Volto trinta anos depois, as diferenças são muitas, a estrada está alcatroada, Casal Novo parece intocável, o Talasnal floresce, é sem dúvida a aldeia que mais deslumbra, descemos para Catarredor, parece haver projetos imobiliários tentadores, mas por enquanto reina a mais pura das decadências. É este o primeiro quadro de referência de uma viagem em que fomos de Lisboa à Lousã, daqui a São Pedro do Sul, depois o sul da Galiza (região de Ourense), descida por Chaves e permanência em Pedrógão Grande.

Um pormenor de Casal Novo em 1997, aluguei duas casinhas, aqui juntei mais de uma dúzia de amigos
Cheio de emoção, aqui estou em Casal Novo, há modificações, mas mantém-se o respeito pelas construções que vêm do tempo da vida áspera das gentes do agropastoril, escusado é dizer que as comodidades impressionam, o forno, a casa dos cereais, o chiqueiro e galinheiro desapareceram
Talasnal vista da estrada que vem de Casal Novo
Outros pormenores de Talasnal
Esta paragem era inevitável. Não me recordo se em 1996, se em 1997, a Casa das Alminhas, era por esta designação conhecida, estava à venda por uma ucharia, houve debate se se comprava ou não, a lucidez veio à tona de água, na época aqui se chegara vindo de Lisboa eram mais de três horas, havia que contar com as estradas em estado deplorável, fim-de-semana curto, assim se desistiu do projeto. Verifiquei com agrado que quem adquiriu esta bela casa com uma vista espetacular sobre o vale da Lousã, a adornou com cuidado extremo, que seja muito feliz, o lugar tem o seu quê de misticismo, então quando a bruma toma conta de todo aquele coberto vegetal. Sim, José Saramago, tens toda a razão, a viagem nunca acaba, só os viajantes é que acabam.
Regressa-se à Lousã, vindo de Catarredol e Candal, não há miradouro como este para avistar o Castelo da Lousã, mesmo que só a sua torre de menagem e a vegetação, na chamada hora dourada, que precede o lusco-fusco. Trouxera comigo a Miscelânea de Miguel Leitão de Andrade, nascido em Pedrógão em 1555 e falecido em Lisboa em 1630, comandante da Ordem de Cristo, ainda hoje obra de referência para conhecer estas regiões ao tempo. Escreve ele:
“Está situada a vila da Lousã no distrito e a vinte quilómetros SE de Coimbra, em formosíssimo vale de cinco quilómetros de largura sobre oito ou dez de extensão, e rodeada pela serra que tem o mesmo nome, e é um dos mais admiráveis ramos da gigantesca cordilheira da Estrela.
A vila de Lousã, sob o nome da Arouce, data de tempos imemoriais, porque se esta povoação existiu em volta do Castelo, mas vizinha das abas da serra, como parecem indicar os vestígios de antigas edificações da montanha onde assenta o dito Castelo, não há documento algum pelo qual se possa determinar a data precisa do seu estabelecimento. Todavia, a situação da fortaleza em uma espécie de promontório cercado de fragas e penedias, na raiz, das quais serpenteia caprichosamente o rio Arouce, que vem do alto da serra, e que devia por força estar apartada de qualquer lugar importante.”

Voltaremos à história lendária quando se for visitar o belo quadro de Carlos Reis na Câmara Municipal da Lousã, sugiro ao leitor que quando visitar a Lousã venha até aqui, conhecer esta obra de D. Sesnando Davides, alguém que foi da confiança do rei da Taifa de Sevilha, no século XI, e que, por razões não esclarecidas, se pôs ao serviço do rei Fernando Magno, que lhe entregou o governo de Coimbra. Ponto curioso desta construção é verificar-se que o dito Castelo deve ter tido a função de ponto de atalaia, é notória a influência muçulmana na sua construção, e dispõe de alambor, tal como o Castelo de Tomar. É hoje monumento nacional, há quem critique as discutíveis soluções para o seu restauro, que ocorreu entre os anos 1920 e 1960.

Chegámos à vila da Lousã em hora de amesendar, perguntou-se a um passante onde se podia comer uma boa chanfana, o passante sugeriu a Churrasqueira Borges, foi chegar, ver e vencer, um indiscutível ambiente familiar, conversa para lá, conversa para cá, nisto o olhar ficou preso a uma estranha fotografia pendurada no alto de uma parede, e foi explicado que se tratava da árvore genealógica deste empreendimento churrasqueiro. Autorizada a foto, ela aqui fica. Ainda se dá um passeio pelo centro histórico, todos alegam ter o corpo moído, vamos à deita, a manhã será dedicada à Lousã, com viagem até São Pedro do Sul.
Carlos Reis passou temporadas largas na casa que mandou fazer em Lousã, e que iremos visitar, ter-se-á rendido à lenda do rei Arunce e da princesa Peralta, tempos remotos, rei riquíssimo com uma formosíssima princesa sua filha, veio um poderoso conde, cobiçoso, que produziu estragos colossais na metrópole daquele reino, o rei e a sua filha única, bem como a corte, esconderam-se num Castelo edificado no coração de umas serras, havia uma ribeira muito fresca a quem o rei pôs o nome de ribeira de Arunce, no Castelo ficou a filha e os tesouros, o rei fez encantar o dito Castelo, claro que tinha que aparecer alguém tentado pela mão da princesa, seria Sertório, consta na fábula que não deu pelo Castelo encantado, o que interessa é que ele fi conquistado por D. Afonso Henriques e Miguel Leitão de Andrade refere-o na sua Miscelânea, bem como as ermidas envolventes, destaca-se a Nossa Senhora da Piedade, por quem os lousanenses têm a maior devoção e veneração.

(continua)

_____________

Nota do editor

Último post da série de 13 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27215: Os nossos seres, saberes e lazeres (700): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (221): Um jardim Zen no Planalto das Cezaredas - 2 (Mário Beja Santos)

sábado, 13 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27215: Os nossos seres, saberes e lazeres (700): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (221): Um jardim Zen no Planalto das Cezaredas - 2 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Julho 2025:

Queridos amigos,
Dá-se continuação à humilde história de como um matagal se metamorfoseou em jardim Zen, não é para deixar o leitor embevecido, mas poder-se-á dar o caso desse mesmo leitor ter uns pedregulhos à volta de casa e pretenda esverdear a paisagem, é o que aqui está a acontecer, dentro daquele processo de ensaio, tentativa, erro, até chegar a uma vegetação adequada a este oceano de pedra, já se viu que aqui podem crescer árvores de fruto, catos, vão se descobrindo plantas resistentes, sempre diante de uma perspetiva de evitar a monotonia dos loendros, sardinheiras e afins. O papel que gosto de representar, quando acordo com genica, é lançar-me num combate com as ervas daninhas, combate interminável, aí não há ilusões. Confesso que me dou por feliz quando, nos fins de tarde com temperatura amena, por aqui deambulo, à procura de novos trabalhos, sabendo de antemão que a natureza é tendencialmente vitoriosa. Mas ser obstinado no combate que lhe reservo é um saboroso sal da terra.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (221):
Um jardim Zen no Planalto das Cezaredas - 2


Mário Beja Santos

Já contei na semana anterior como aqui se chegou e como se foi desvendando os segredos de um matagal que se vai ajardinando como se pode. Os trabalhos de arrancar ervas à volta das casas, nos terraços dão-me imenso descanso à cabeça, não tanto aos vizinhos, tenho um potente gira-discos, posso começar a manhã com o Ouro do Reno, a primeira ópera da Tetralogia, um soberbo Wagner, ou mesmo com a Norma, de Bellini, os vizinhos não se queixam com as altas sonoridades, resta dizer que o trabalho é insano, quando aqui volto é para recomeçar, a natureza não adormece, muito menos as ervas daninhas. Mostro agora ao leitor outros aspetos do jardim Zen, momentos há em que ganha a utopia de que um dia todos estes pedregulhos ficarão esverdeados, mas como em todas as utopias a realidade obriga-nos a descer à terra, o mais importante de tudo é o diálogo entre a pedra a possível flora. Basta de conversa, vamos ver o que ainda falta ver do jardim.


O limite deste jardim Zen é pouco lá mais abaixo, mas gosto muito de me posicionar aqui, primeiro por todo aquele tapete lavrado, terra fecunda, onde a Susana e o Henrique este ano colheram a batata, os feijões foram comidos pelos coelhos, só ficou aquela correnteza à direita, a explicação que me deram é que é um tipo de feijão que os coelhos não gostam, nada percebo do assunto, confio na explicação. Mas o meu jubilo vai para esta vara de ferro onde se prende a macieira que lá vai medrando, as árvores de fruto têm sido cuidadas, na minha ausência a Susana anda por aqui com a extensa mangueira e o verde sai das pedras. Não sei quantos anos serão necessários para eu vir comer algumas maçãs desta árvore
Interstícios à primeira vista impraticáveis para fazer brotar espécies possíveis de flora obrigam a escolhas irredutíveis de catos, e o que se julgava impraticável faz arrebitar esta matéria verde e quando passeio por aqui questiono como irão todos estes catos resistir ao espartilho da pedra
Que grande surpresa! Junto ao caminho vicinal vai medrando a buganvília, parece-me temerosa no seu crescimento, só lhe desejo longa vida, gosto muito deste pintalgado cor de sangue a confrontar-se com o loendreiro e aquele espantoso cato que já o vi tão pequenino e que vai inchando e escondendo a pedra
Pareceu-me interessante mostrar a temerosa buganvília num plano que mostra uma das casinhas, esta tem à entrada um guarda-loiça gigantesco, que chegou aqui às peças, sr. José António montou-o e envernizou-o, à entrada fica-se com a ilusão de que estamos em casa de grandes proprietários rurais, há mesa para comer, sofá para ler e dormir, segue-se o espaço da cozinha e há portas que ligam à casa de banho e há um quarto que tem a vista mais espetacular sobre o vale e a correnteza de moinhos, lá no alto, onde a Junta de Freguesia de Reguengo Grande mandou fazer um miradouro
Vista de moinhos e miradouro, a vegetação envolvente é a mesma que encontramos nos quatro concelhos por onde se estende o Planalto das Cezaredas
Guardo um certo pendor neorromântico, havia que aproveitar este banco que estava numa casa em Tomar, o sr. José António fez-lhe uns calços em pedra, pode imaginar-se uma tarde acalorada, vem-se para aqui com um livro e goza-se a sombra da figueira, guardo-lhe um certo rancor, dá uns figos pequeninos e imprestáveis; ora, num dos terraços das duas casas tive a sombra da figueira do sr. Raul, era uma fragância que dava gosto, não há bem que sempre dure, veio uma noite de tempestade que matou a figueira, tenho agora este refúgio e faço questão de dizer que o banco é regularmente limpo e tratado, como em breve vai acontecer
Temos aqui uma fronteira entre o jardim Zen e os arvoredos que pertencem à Susana e ao Henrique, lá no alto dá para ver habitação e até moinho. Na época dos figos, estou autorizado a apanhar o que esta figueira oferece.
Um outro ângulo da lavoura da Susana e do Henrique, lá ao fundo algum casario do Reguengo Grande
Quem diria, temos aqui o mais inesperado dos lírios, quem passeia pelo Planalto sente as alegrias de encontrar plantas silvestres e de grande beleza, a começar pelos lírios bravos
Despeço-me com outra vista do miradouro, às vezes adormeço a recordar a formosura agreste da região, pródiga em vinhas e fruta, mas aqui o que conta é este vale úbere e o esplendor da cercania. Até à próxima.
_____________

Nota do editor

Último post da série de 6 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27190: Os nossos seres, saberes e lazeres (699): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (220): Um jardim Zen no Planalto das Cezaredas - 1 (Mário Beja Santos)

sábado, 6 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27190: Os nossos seres, saberes e lazeres (699): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (220): Um jardim Zen no Planalto das Cezaredas - 1 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Julho 2025:

Queridos amigos,
Por acaso da fortuna, já sem qualquer ligação habitacional a Pedrógão Grande, a Pedrógão Pequeno ou a Tomar, aspirei a passar alguns momentos num espaço pequenino, mas com algum idílio à volta, obviamente a curta distância de Lisboa, aconteceu amor fulminante por 70 metros quadrados em duas casinhas no Planalto das Cezaredas, um maciço calcário que me lembrou quando aqui cheguei, sabe-se lá porquê, muita da natureza da Serra d'Aire e Candeeiros, esta com muita água lá no fundo, as Cezaredas beneficiando de um clima relativamente próximo do oceano, neblinas de manhã não faltam. O anterior proprietário não queria jardim, temia acidentes com os seus clientes do alojamento local. Como não tenho alojamento local, logo matutei um empreendimento que pusesse vegetação frondosa no meio daqueles pedregulhos. É este o resultado, naturalmente provisório, que aqui se mostra e um pouco mais adiante.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (220):
Um jardim Zen no Planalto das Cezaredas - 1


Mário Beja Santos

Concretizara-se o sonho. Andando à procura de ofertas imobiliárias na Região Oeste, fazendo sempre as contas a uma distância não superior a uma hora de Lisboa, porque a idade não perdoa, deu-se com um anúncio bizarro, duas casinhas num baixio, casas recuperadas, tinham sido idealizadas para alojamento local. Acordou-se com a promotora imobiliária a visita, foi amor à primeira vista. A senhora revelou-se objetiva na apresentação, falou dos rigores do clima, atalhei que passara durante muitos anos férias num sítio então pacato chamado Foz do Arelho, neblina na praia até à uma da tarde, incompreensíveis noites álgidas em pleno verão, não seria pelos rigores do tempo que me demoveria, o preço era aceitável, o então proprietário aceitou a incumbência de fazer obras. Mostrou as casas, uma beleza de tetos, logo pensei em alterações na cozinha, etc. e maravilhei-me com uma casa de banho como nunca vira na vida, quase metade do espaço ocupado pelo quarto e cozinha, com pedra à vista e forrada de pedra marmoreada. E chegou a vez de irmos ver um outro espaço incorporado na compra, era um matagal, cá de cima eram bem visíveis duas laranjeiras, lá ao fundo uma figueira monumental e uma estranhíssima árvore, ramalhuda, nunca lhe vi nem espero ver um mínimo de flor.
Adquirido o espaço, feitas as alterações sumárias e já a congeminar noutras, impunha-se “civilizar” o matagal. É esse o retrato que aqui se mostra, faz muito bem à saúde de quem ajardina, e à falta de melhor termo vamos crismar toda esta penedia de jardim Zen. Tenho dito.

Ainda não tinham chegado os dias ferventes, mas recebi o anúncio que em breve iriam chegar as minhas sumarentas laranjas
Glicínia perversa, andou-se três anos a esperar espevitar-se, não passava de um fio de vida, desço ao jardim, e deparo-me com esta formidável surpresa, está a medrar, resta-me o pensamento mágico de que a verei espalhar-se à volta, enchendo de lilás ou branco todo este espaço escalvado, o homem sonha…
É tempo de agapantos, inebriantes, deu-lhes a natureza o condão de despontarem acima do outro folhedo, haja rosmaninho ou lavanda, é preciso acreditar nos milagres da natureza, como é possível no meio desta bruteza calcária, fatiada, haver húmus capaz de impor o viço desta flora
Agapantos sobranceiros, lá do alto da encosta acompanharam os trabalhos da Susana e do Henrique que andaram a apanhar a batata, foi próspera a colheita, manda a boa vizinhança que tenha beneficiado de um saco opulento, é regalo para as sopas, para acompanhar o peixe cozido, e mais não digo
Também o loendreiro quis dar um ar da sua graça, o perfume da flor é mínimo, mas o branco é vistoso, elevando-se da penedia
Foi o sr. José António quem concebeu este ajardinamento, desfez um montão de pedras, pô-las em círculo, depois deitou-se a semente à terra, procuro puxar pela imaginação, faço a suposição que estou a ver um extenso osso de baleia e a sardinheira em flor a olhar para mim como se me dissesse que queria ficar na fotografia
Tendo este meu habitáculo lugar numa terra de pera-rocha e maçã-reguengueira, houve que procurar um espaço para plantar esta pereira, ao tempo iam crescendo, mas não esconde a felicidade de ver que as árvores de fruto já não são só as laranjeiras e a figueira, a natureza vai cedendo aos caprichos do jardineiro, há que regar, afastar as ervas daninhas, vigiar constantemente que árvore de fruto se implantou com solidez, é o caso, há catos e agapantos à volta, parecem em boa convivência
Havia que encher entre as toalhas de pedra e até ao caminho vicinal que passa acima deste jardim, tudo se tem experimentado em catos, rosmaninho e lavanda, remove-se a persistente urze, o resultado não é notável, o jardineiro teima, confia que dentro de anos os catos vençam toda esta monumental frieza das pedras milenárias do Planalto das Cezaredas
O jardineiro revela-se ufano, estas gretas pareciam insistir na esterilidade, teimou-se, agora os catos vão crescendo, mais catos haverão, nunca se esqueceu quem aqui planta e replanta que há poucos anos atrás, quando se adquiriram estes casinhotos, o então proprietário explicava que queria todo este espaço em matagal, tinha os casinhotos em alojamento local, julgava assim afugentar os hóspedes do risco de acidentes, diga-se na verdade mais do que prováveis, a ver se o trago para ele contemplar no que deu o então matagal que crescia nos veios da pedra

(continua)

_____________

Nota do editor

Último post da série de 30 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27168: Os nossos seres, saberes e lazeres (698): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (219): Um novo e belo museu regional, de visita obrigatória, o do Bombarral - 2 (Mário Beja Santos)

sábado, 30 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27168: Os nossos seres, saberes e lazeres (698): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (219): Um novo e belo museu regional, de visita obrigatória, o do Bombarral - 2 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Julho 2025:

Queridos amigos,
Estamos de regresso ao Palácio Gorjão, já se falou da Pré-História, há aqui testemunhos de grande significado, seguiu-se a visita a peças de arte religiosa, onde se destacam artistas com relevância na arte portuguesa, como é o caso de Josefa de Óbidos, Baltazar Gomes Figueira, Leopoldo Almeida e António Lino. Não se quis perder uma exposição sobre a Cerâmica Bombarralense, exposição temporária, deu para disfrutar obras de Júlio Pomar, Maria Barreira e Vasco Pereira da Conceição. Não faltam pedras de armas numa região que desde a Idade Média gozou da presença de uma aristocracia rural influente, a par da presença das ordens religiosas, como a Ordem de Cister; dentro da concepção deste espaço museológico em quatro salas, impressiona até pela qualidade didática a homenagem a dois escritores ligados ao Bombarral, Anrique da Mota e Júlio César Machado. Não tenho dúvidas em que o leitor, podendo, aqui irá deliciar-se com este espaço patrimonial onde só sentia falta da expressão económica, o Bombarral situa-se numa área potencialmente frutícola e vitivinícola, pressinto que mais tarde ou mais cedo a história desse património também aqui terá assento.

Um abraço do
Mário



Um novo e belo museu regional, de visita obrigatória, o do Bombarral - 2

Mário Beja Santos

Continuamos a visita ao museu do Bombarral que reabriu no fim do mês de junho. Situa-se no Palácio Gorjão, deu-se uma súmula da sua história, vale agora a pena reproduzir uma chamada de atenção sobre o Bombarral, como aqui se pode ler. Área rural diretamente influenciada pela reorganização territorial inerente ao processo de Reconquista Cristã. Em terras próximas daqui houve a presença de ordens militares ou religiosas, como a Ordem de Cister. Região essencialmente agrícola há muitos séculos. É nesse contexto que devemos apreciar o Palácio Gorjão, um doa certificados da fidalguia rural. Não é por acaso que no museu se encontra um conjunto de pedras de armas destas nobres famílias, a dos Henriques, a dos Motas e a dos Gorjões. Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, o brasão de armas era colocado nos elmos e nos escudos como forma de reconhecimento em batalhas ou torneios. Primeiro como identificação pessoal, depois como distinção de família, era conquistado por dedicação à Coroa por feitos ilustres ou por tarefas administrativas. Os brasões eram usados nos pertences pessoais, em edifícios, gravados em pedra.
Início do Século XX, sendo visível a Sul uma habitação, o muro da propriedade e a mata ali existente. A Norte são visíveis o muro e um portão de entrada. Em frente do Palácio é visível a Ermida do Espírito Santo demolida em 1932 para alargamento da estrada.
Frente do Palácio Gorjão (década de 1960)
Pedra de armas dos Henriques e dos Motas. Andou pelo Palácio dos Henriques, esteve depois colocada na antiga Igreja Matriz do Bombarral e, mais tarde, no museu. É do século XVIII.
Exemplos da cerâmica bombarralense

Está patente uma exposição temporária no museu do Bombarral intitulada “Ecos da Cerâmica, produção artística no Bombarral”, poderá ser visitada até 26 de outubro. O móbil da exposição é recuperar e valorizar uma memória fundamental da vila: a sua história na produção cerâmica. Aqui se monstram peças reunidas por colecionadores, celebra-se a interligação entre arte, indústria e comunidade, revisitando um tempo em que o Bombarral se destacou como centro de criatividade, técnica e saber-fazer no panorama da cerâmica nacional. É no decurso da exposição que se dão informações importantes ao visitante:
“O nome Bombarral terá origem no termo medieval Mons Barralis, que significa monte de barro, o que reflete uma característica do território – os solos argilosos, que terão motivado outros topónimos, como Barrocalvo, Barro Lobo, Barreiras. Além do forno romano-lusitano e de olarias mais antigas, nomeadamente no Barrocalvo, existem fornos de tijolo e telha canuda ou mourisca no Salgueiro. Em 1920, o concelho do Bombarral noticiava a entrada em funcionamento de uma fábrica no Bombarral, destinada à produção de tijolo e telha Marselha. A Cerâmica Bombarralense (1944-1954) ganhou substancial relevo a nível local. Durante a segunda metade do século XX, laboraram as empresas Olaria dos Matinhos, Ceramarte, Bomcer.
A Cerâmica Bombarralense teve entre os seus acionistas dois artistas de renome, Júlio Pomar e Vasco Pereira da Conceição. A fábrica produzia louça doméstica, faiança artística, azulejos de vários estilos e louças comuns e sanitárias. Aqui se acolheram nomes importantes das artes e da cerâmica como Júlio Pomar, Luís Ferreira da Silva, Margarida Tengarrinha, Alice Jorge, Maria Barreira e Vasco Pereira da Conceição.”

Pratos fabricados por Júlio Pomar
Reprodução de painel cerâmico de Júlio Pomar, 1950. É um painel de uma das paredes do Botequim do Lago, no Campo Grande, em Lisboa. Foi aplicado em 1950, aquando da restruturação da zona segundo um projeto do arquiteto Keil do Amaral. O painel foi a primeira experiência de Júlio Pomar com azulejos, produzido na Cerâmica Bombarralense
Mulheres na lota, Júlio Pomar, 1952, linogravura, empréstimo de Alexandre Pomar
Nazarena por Maria Barreira, 1968

Maria Barreira foi bolseira da Fundação Gulbenkian em Paris, marcou presença nas várias Exposições Gerais de Artes Plásticas, como artista e organizadora. Realizou desenho, ilustração, cerâmica e medalhística, mas foi a escultura que lhe conferiu maior notoriedade.
Busto de Júlio César Machado, por Cesare Sighinolfi

Estamos agora na última das salas, a Sala Palavras, aqui se homenageiam dois escritores ligados ao Bombarral, Anrique da Mota (cerca de 1470 - cerca de 1545) e Júlio César Machado (1835-1890), notabilizado pela sua paixão pelo teatro. A organização museológica e museográfica da sala propõe um encontro com dois tempos e dois estilos, revelando como a escrita, nas suas várias formas, reflete, não só a individualidade dos autores, mas também o espírito do tempo e a identidade de um território.
No edifício requalificado temos aqui a entrada do belo museu do Bombarral, numa das pontas de uma praça desafogada onde se ergue a Câmara Municipal. Foi uma visita inesquecível, não hesito em recomendá-la a todas e todos.
_____________

Nota do editor

Último post da série de 23 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27146: Os nossos seres, saberes e lazeres (697): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (218): Um novo e belo museu regional, de visita obrigatória, o do Bombarral - 1 (Mário Beja Santos)

sábado, 23 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27146: Os nossos seres, saberes e lazeres (697): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (218): Um novo e belo museu regional, de visita obrigatória, o do Bombarral - 1 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Julho 2025:

Queridos amigos,
A minha casota situa-se a escassos quilómetros do concelho do Bombarral, ainda no distrito de Lisboa, freguesia de Reguengo Grande. Aproveito as passeatas à Roliça, Columbeira, há depois divagações em direção à lagoa de Óbidos, Olho Marinho e quejandos, não esquecendo as Caldas da Rainha. Apanho muitas vezes um autocarro no Bombarral aos domingos à tarde, em menos de 50 minutos estou no Campo Grande. Intrigou-me durante anos aquele casarão perto do edifício camarário, no posto de turismo descansado, em breve íamos ter museu. Foi um em breve longo, mas revelou-se proveitoso, como aqui se conta. Daqui saindo com a alma lavada, o homem de Neandertal terá andado por aqui, há vestígios de caçadores coletores, quem gosta da pintura de Josefa de Óbidos tem aqui um magnífico quadro, vou contar-vos de seguida o que gostei de ver da produção artística no Bombarral de cerâmica e num espaço que designam por Sala Palavras o que aqui encontrei de uma das figuras mais eloquentes do concelho, Júlio César Machado. Logo que possam, venham a este impressivo espaço patrimonial. Espero que venham a desenvolver a história desta agricultura onde prima uma fecunda fruticultura, é dos mais belos espetáculos paisagísticos que conheço, ver estes quilómetros de macieiras, pereiras e vinhedos.

Um abraço do
Mário


Um novo e belo museu regional, de visita obrigatória, o do Bombarral - 1

Mário Beja Santos

Mosaico azulejar alusivo ao Palácio Gorjão, à entrada do edifício da Câmara Municipal de Bombarral
Postal antigo semelhante à azulejaria que se vê anteriormente

Num trabalho elaborado em 2021, Nuno Ferreira, técnico do setor de Cultura e Turismo, da Câmara Municipal do Bombarral, acerca da história do Palácio Gorjão, referiu os antecedentes próximos do edifício que abriu ao público em 29 de junho de 2025 e que se intitula Museu do Bombarral Vasco Pereira da Conceição e Maria Barreira:
“Em 29 de Junho de 1990 foi inaugurado neste palácio o Museu Municipal ‘Vasco Pereira da Conceição e Maria Barreira’ na sequência da doação de importante parte do acervo destes dois escultores, bem como o posto de turismo.
O Museu possui acervo de arqueologia, escultura (dos autores que deram o nome ao mesmo), de obras de Jorge de Almeida Monteiro, espólio do escritor Júlio César Machado, espaço dedicado ao poeta Anrique da Mota, etnografia, epigrafia e heráldica, medalhística e espólio do fotógrafo Fernando Neves, bem como coleções de jornais locais e uma biblioteca de cariz técnico.”


Quando li a história do Palácio Gorjão, os seus tempos de fausto e depois de uma ocupação estranhíssima, veio-me à mente a vida do Convento de Cristo, que meteu quartel, paiol, escola de missionários laicos e muito mais, tudo peripécias da extinção das ordens religiosas, o que não é o caso do Palácio Gorjão, o que houve aqui foi uma rematada decadência. No trabalho elaborado por Nuno Ferreira, que ele teve a gentileza de me oferecer, as imagens do passado são eloquentes, para o mais vistoso e mais tristonho. Este novo museu tem um look com uma certa imponência, nele entrando vê-se que houve perícia na museologia e na museografia. Aproveitou-se tudo o que Nuno Ferreira refere para o museu de 1990, mas com novidades.

Entra-se no museu do Bombarral e logo nos impressiona a chamada Sala Origens, temos aqui um percurso pela história mais remota do concelho, há peças arqueológicas com milénios e até testemunhos de presença pré-humana: há neste espaço fósseis de formas de vida primitiva e de dinossauros; ferramentas em pedra do Paleolítico; um vaso cerâmico do Neolítico e pequenas esculturas; e temos igualmente a presença das idades do Cobre e do Bronze; assim chegamos a uma lucerna em cerâmica da época romana e vestígios medievais encontrados neste edifício e na Capela de São Brás.

Duas imagens alusivas à Sala Origens
Imagem do Palácio Gorjão anterior à intervenção que culminou com a reabertura em junho de 2025.

Quando percorremos este museu, é patente o orgulho pelo seu património arqueológico, lê-se mesmo um painel onde se descreve com alguma minúcia o elevado grau de intervenções dos especialistas:
“A riqueza arqueológica do concelho do Bombarral motivou desde finais do séc. XIX até aos nossos dias o interesse de gerações de investigadores e arqueólogos.
Nas décadas de 60 e 70 do séc. XX, Octávio da Veiga Ferreira trouxe para o concelho a preciosa colaboração de Jean Roche, da Missão Arqueológica Francesa, a que se juntaram cidadãos bombarralenses como Antero Furtado, Vasco Côrtes, Jorge de Almeida Monteiro e António Maurício. Seguiram-se novas gerações de arqueólogos, que continuaram a tradição de pesquisa e atividade, contribuindo significativamente para o conhecimento histórico-arqueológico da região.
Durante os trabalhos arqueológicos associados às obras de requalificação do Palácio Gorjão, foram encontrados vestígios do final da Idade Média.”

Pormenor do Palácio Gorjão depois da requalificação, compare-se com a imagem anterior
Estamos agora na Sala Sagrado, aqui se reúne um conjunto de peças de arte religiosa, a ênfase é dada à religião católica. Habitualmente resguardadas em igrejas e capelas, estas peças foram trazidas para o espaço expositivo e organizadas cronologicamente, das mais recentes para as mais antigas. Esta imagem é de um alto-relevo em gesso, da autoria de Leopoldo Almeida, a partir do qual foi realizada a imagem em mármore, datada de 1965, que se encontra na moderna Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Vale Corvo. Afastando-se das habituais representações que a colocam sobre uma azinheira, esta peça surge de modo a parecer suspensa.
São Brás, séc. XV, pedra calcária policromada, proveniente da Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Roliça. São Brás foi martirizado no século IV. É aqui representado como bispo, tendo aos seus pés a criança que salvou de ser engasgada com uma espinha de peixe. O seu culto ficou mundialmente associado à proteção das doenças da garganta.
Painel de Santa Justa e Santa Rufina, por Josefa de Óbidos, séc. XVII (entre 1650-1660), pintura a óleo sobre madeira de carvalho, Capela do Senhor Jesus da Boa Hora, Columbeira
Retábulo de São Brás, por Baltazar Gomes Figueira, séc. XVI

O retábulo é uma estrutura colocada nos altares das igrejas que apresenta episódios bíblicos ou de santos. Esta peça vem da Capela de São Brás, do Bombarral, um templo do séc. XV. Em baixo, estão representados três momentos da vida de São Brás: à esquerda, a cura da criança enferma, ao centro o santo visitado na prisão e à direita São Brás em glória. Ao centro, as representações dos seus martírios: a flagelação e a degolação. No nicho central, encontra-se a imagem do padroeiro. Em cima, São Bento e São Bernardo ladeiam a pintura mais significativa deste retábulo, o repouso na fuga para o Egito.

(continua)

_____________

Nota do editor

Último post da série de 16 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27124: Os nossos seres, saberes e lazeres (696): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (217): Nenhum museu tem tanta História de Portugal como este – 2 (Mário Beja Santos)