Emblema do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, Missirá, Bambadinca, Mato Cão, 1966/74)
Lisboa > Sociedade de Geografia de Lisboa > 6 de março de 2008 > O periquito Joaquim Mexia Alves, à esquerda, e o velhinho Henrique Matos mostram o seu regozijo pelo lançamento do livro "Na Terra dos Soncõ", do Beja Santos (ao centro).
Os três têm em comum o facto de, em diferentes épocas, terem comandado os valentes soldad0s do Pel Caç Nat 52, entre 1966 e 1973 (/Enxalé, Missirá, Bambadinca, Mato Cão, 1966/74). O último comandante do Pel Caç Nat 52 foi o Luís Mourato Oliveira, nosso grão-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1972 até agosto de 1973) e, no resto da comissão, no Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74).
Lisboa > Casa do Alentejo > 6 de março de 2008 > Em primeiro plano, à direita, o nosso celebrado autor, Berja Santos, rodeado por três outros comandantes de pelotões de caçadores nativos da Guiné: o Henrique Matos (Pel Caç Nat 52), o Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63) e o Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52)... Todos os quatro passaram por Missirá (Sector L1, Bambadinca), em diferentes épocas.
Fotos (e legendas): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Às voltas com os "brasões, guiões e crachás" dos Pelotões de Caçadores Nativos (*), tínhamos inevitavelmente que revisitar a "história" do Pel Caç Nat 52, de que temos cerca de 200 referências e vários representantes na Tabanca Grande: nada menos do que cinco comandantes, o que é caso único: Henrique Matos, Mário Beja Santos, Joaquim Mexia Alves, António Sã Fernandes e Luís Mourato Oliveira.
Esta subunidade, formada tal como as outras por graduados e especialistas metropolitanos e praças do recrutamento local (fulas e mandingas), atuou sempre no Leste, região de Bafatá, sector L1 (Bambadinca).
Quisemos saber mais sobre alguns dos seus comandantes e do historial do seu algo estranho brasão, que ostenta a figura de um gavião (ave de repina qeur não existe na Guiné) e de uma caveira, e que tem por lema ou divisa "Matar ou Morrer"...
Perguntei a alguns dos nossos tabanqueiros se o emblema era do tempo do açoriano Henrique Matos, "pai-fundador" (1966/68)...Infelizmente, deste e doutros Pel Caç Nat, "não reza a história", há registos dispersos, e os próprios livros da CECA (Comissão para o Estudo das Campanhas de África) são omissos sobre os seus feitos...
2. Eis algumas respostas que obtive, por mail ou comentários (*)
(i) Joaquim Mexias Alves:
(...) Julgo que faltam 2 Comandantes no Pel Caç Nat 52.
O Alf Wahnon Reis, julgo que antes do Beja Santos, e foi apenas por pouco tempo.
E o Alf António Sá Fernandes, que foi a seguir a mim.
5 de junho de 2024 às 15:27
(ii) Luís Graça:
Sim, Joaquim, a seguir ao Beja, veio o Nelson Wahnon Reis, natural de Cabo-Verde... Mas, infelizmente, nunca deu a cara aqui no blogue. Não temos notícias dele ...
Os Wahnon era gente conhecida em Cabo Verde... Convivi há uns largos anos com um Wahnon, economista, do Banco de Portugal, que não fez a guerra, viveu sempre em Lisboa, mas terá sido militante ou simpatizante do PAIGC na juventude... Possivelmente era parente do Nelson.
O Nelson Wahnon Reis, o periquito do Mário Beja Santos, não terá sido bem recebido pelos guineenses (fuklas e mandingas) do Pel Caç Nat 52... Por ser justamente cabo-verdiano...
Vê aqui o texto do Mário (Poste P 3266, de 3 de outubro de 2008) (**)
Quanto ao António Sá Fernandes, sim, é membro da nossa Tabanca Grande e sucedeu-te a ti, Joaquim, no comando do glorioso Pel Caç Nat 52. Vivia em Valença em 2008 (***)
Tem 7 referências no nosso blogue:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Ant%C3%B3nio%20S%C3%A1%20Fernandes(iii) Mário António Beja Santos (6 de junho de 2024, 10;11):
Meu caro Luís, a autoria do crachá do Pel Caç Nat 52 foi do então furriel Zacarias Saiegh, deu discussão com azedume, foi-me apresentada como um facto consumado, não gostei daqueles traços apiratados, encolhi os ombros, o meu crachá foi devorado pelo fogo da flagelação de 19 de março de 1969 que só me deixou os ferros da cama.
Concordo contigo, uma das provas de completa discriminação era não exigir aos pelotões de caçadores nativos, comissão após comissão, relatórios que contribuíssem para a sua história, atividade operacional, localização, composição dos efetivos.
Já não vale a pena chorar sobre o leite derramado (...)
(iv) Joaquim Mexia Alves (6 de junho de 2024, 10:26):
Caro Luís: Pois eu soube que o Nelson Wahnon Reis esteve pouco tempo no 52 precisamente por ser cabo-verdiano e os militares do 52 não o quererem como comandante.
Quanto ao emblema, no meu tempo limitei-me a mandar fazer em Lisboa novos emblemas que os militares ficaram muito satisfeitos de receberem.
O desenho ou motivo, de que nunca gostei, são muito anteriores a mim, mas obviamente não lhe mexi e assim o aceitei. (...)
(v) António Sá Fernandes (7 de junho de 2024, 22:32) (foi alf mil. CART 3521 e Pel Caç Nat 52, 1971/73) (foto à esquerda)
Vivia e vivo em Valença!
Um abraço para todos,
Sá Fernandes
(vi) Henrique Matos (8 de junho de 2024, 00:12)
Caro Luís
Estive a gozar uns dias nas ilhas de bruma (como sabes foi lá que nasci e cresci) e não houve tempo para ligar o PC.
Deparei-me agora com a estória dos crachás e vou meter o bedelho na conversa. Uma nota: tenho um problema com datas, varreram-se da memória. Já pedi uma cópia da folha de matrícula ao Arquivo Geral do Exército.
No meu tempo o pelotão não tinha brasão/crachá e nunca se falou nisso. O autor (de mau gosto, na minha opinião) terá sido o malogrado Zacarias Saiegh quando comandou o pelotão em Missirá, antes da chegada do Beja Santos.
Também sei, pelo testemunho dos meus furriéis, que durante algum tempo (pouco) comandou o pelotão, também em Missirá, um alf mil Azevedo, natural de Castelo Branco, mas do qual não têm mais qualquer referência.
Para a história do 51 posso adiantar que o seu 1.º comandante foi o alf mil José Manuel Dias Perneco, vive em Lisboa, estive com ele no encontro dos pelotões. Interessante foi saber que o Perneco foi substituir o 1.º nomeado que deu à sola antes de embarcar para a Guiné. (...)
(vii) Luís Mourato Oliveira (23 de julho de 2013 às 16:30) (foto à direita): (...) Caros camaradas, estive ao serviço entre 1972 e 1974 na Guiné. Primeiro na CCAÇ 4740 e depois no Pel Caç Nat 52 que desmobilizei e onde terminei a comissão já após o 25 de Abril.
Sou habitual visitante do blogue. Conheci pessoalmente o camarada Luís Graça no almoço de 2012 em Monte Real [VII Encontro Nacional da Tabanca Grande], embora sejamos originários da região Oeste, ele da Lourinhã, eu da Marteleira.
(...) Guardo com enorme carinho e saudade aquela terra e aquele povo com quem tive o privilégio de servir e que, quanto mais tempo passa e mais a tecnologia nos inunda e consome, mais apreço tenho pela sua cultura e tradições, sobretudo no que concerne ao respeito pelos homens grandes, pelas crianças e pelos seus mortos e história. (...)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 4 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25600: O armorial militar do CTIG - Parte I: Emblemas dos Pelotões de Caçadores Nativos: dos gaviões aos leões negros, das panteras negras às águias negras...sem esquecer os crocodilos
(**) 3 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3266: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (46): Chegou o meu periquito
(***) Vd. poste de 22 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2788: Tabanca Grande (64): Apresenta-se Sá Fernandes, ex-Alf Mil da CART 3521 e Pel Caç Nat 52 (Guiné 1971/73)