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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8225: Portugalidade(s) (5): Sinais encontrados na Guiné-Bissau de hoje (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 3 de Maio de 2011:

Caros editores
Junto um artigo sobre a portugalidade que encontrei na Guiné-Bissau.
O texto já foi publicado na Tabanca de Matosinhos, mas creio que tem interesse ser divulgado pela Tabanca Grande.
Junto também uma foto minha para ser colocada nos temas escritos por mim para me identificar.

Abraço fraterno




Após umas horas de merecido repouso, na sequência de uma noite em viagem de Lisboa para Bissau*, eu e os meus filhos Joana e Tiago, deixamos o Bairro de Quelelé para uma visita à cidade histórica de Bissau.

O Antero, condutor da viatura que a AD nos disponibilizou para as nossas deslocações em Bissau que é um excelente conversador, fazia de cicerone, explicando-nos que estávamos a atravessar o bairro a que foi dado o nome de Bissau Novo, ainda no tempo do colonialismo. De repente ouvem-se os acordes do hino A Portuguesa ou seja o Hino de Portugal. Era o telemóvel do Antero que tocava accionado por alguém que lhe queria falar.

Exclama o Tiago: - Estou a ouvir o Hino de Portugal!

Diz-lhe o Antero um tanto atrapalhado: - Eu gosto muito de ouvir o hino nacional!?

E… deixou tocar para que pudéssemos saborear este momento de portugalidade.

Depois, timidamente pergunta; - Posso atender?

Várias vezes nesse dia e seguintes pudemos ouvir o “hino nacional” como o Antero tinha o prazer de lhe chamar.

A conversa foi então desviada para a sua meninice. Viera, muito pequeno, de Encheia com os pais e radicalizara-se ali no Bairro de Bissau Novo.

Manhã cedo corria para a Praça do Império e para o QG para ouvir o toque de hastear bandeira e comunicar com os militares portugueses. Sobretudo gostava de ao domingo ver a parada militar que se desenrolava na Praça do Império. Deste modo foi cultivando o seu sentido de filho de Portugal como os nossos políticos e militares de então tão bem semeavam.

Hoje, o seu maior prazer é ser condutor dos portugueses que vão a Bissau, comunicar, conversar, contar histórias da sua meninice. O seu herói é o tabanqueiro Nuno Rubim, o Capitão Fula, tão querido em Guiledje e grande dinamizador do Museu que se está a construir nesta Tabanca com objectivo de deixar aos vindouros um pouco da realidade histórica da guerra colonial ou da Independência que acabou por unir de forma indelével os combatentes de ambas as frentes.

Antero, o guineense que gosta de ouvir o Hino Nacional

No dia seguinte ao chegar a Mampatá Forreá, recebo um aperta-costelas bem apertado do Puto Reguila. Outro menino que parava à porta do quartel de Quebo (Aldeia Formosa). Transporta na sua mente um grupo de amigos, que nunca esquecerá, tais como o Lobo,  de Matosinhos,  e o Carmelita,  de Vila do Conde. É um gosto ouvi-lo cantar a Mariquinhas,  da Amália Rodrigues, com letra adaptada às colunas que se faziam de Aldeia Formosa para Buba e vice-versa. Mas tem muitas mais canções que ficaram gravadas na memória.

O Puto Reguila sempre pronto a cantar mais uma cantiga.



Andando mais um pouco, paramos em Faro Sadjuma para almoçar. Eis que a nossa anfitriã, a cozinheira do excelente petisco que saboreamos, ao ver a viola e o cavaquinho do Luís e do João Rebola, logo os desafia a tocarem o Malhão, que ela tão bem cantou. Claro que não nos fizemos rogados e logo ali o Eduardo Moutinho Santos demonstrou os seus dotes de cantor, formando-se uma tertúlia com a senhora aficana a dar o tom.

Ali mesmo, conhecemos a filha do já conhecido tocador de gaita-de-beiços, também chamada harmónica de boca, que se prontificou a ir a Medjo convidá-lo para se apresentar nessa noite em Iemberém para nos deliciar com as suas tocadas do Vira do Minho e outras músicas tradicionais dos ranchos folclóricos portugueses.

Em Faro Sadjuma cantou-se o malhão

Apareceu-nos no outro dia de manhã, a pedir “discurpa” por não ter vindo à noite, devido a falta de transporte. Foi de Medjo até Iemberém a pé, para nos ver e poder tocar as nossas músicas. Infelizmente, estávamos de abalada, pelo que tocou duas gaitadas e foi embora. Triste ficou, com certeza, porque estes tugas foram uns ingratos. Mandaram-lhe um convite e depois deixaram-no a tocar sozinho, quanto ele veio com tanto gosto, sabendo quanto é apreciado pela sua arte que não é mais nem menos que a arte que um camarada nosso levou para a Guiné. Por lá deixou a gaita, nas mãos o nosso tocador guineense que a guarda religiosamente na caixa de origem e cultiva os acordes que aprendeu com todo o carinho.

Foram estes, entre tantos outros, bocados de portugalidade, semeados por simples homens do povo, soldados de Portugal que demandaram às terras da Guiné, forçados pelas circunstâncias de um tempo em que os senhores deste nossos País, remando contra os ventos da história, sonhavam com um Portugal, uno e indivisível,  do Minho a Timor, quando lhes restava, historicamente, apenas o velho cantinho europeu.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8186: Missão na Guiné no século XXI (José Teixeira)

Último poste da série > 15 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7789: Portugalidade(s) (4): Os nossos mútuos estereótipos lusófonos (Cherno Baldé / Antº Rosinha)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7574: Portugalidade(s) (3): Salut le copain Vasco!...

1. Do nosso  Vasco, o capitão de Buarcos e do Cumbijã (só houve um, o Vasco da Gama), uma mensagem com data de  6 do corrente:  




Queridos Camarigos, em comentário ao P7512 (*) da autoria do Camarigo António Graça de Abreu, o nosso Comandante solicitou-me a tradução de uma citação nele expressa de Henri Cordier, que se notabilizou em estudos relativos ao Extremo Oriente, citação essa  intitulada de Lusitana, incluída no seu livro Histoire de la Chine.


O pedido chegou-me também via mail.


Apesar de estar doente com uma forte gripe, havia-me levantado por acaso, farto de cama , e de imediato, de imediato repito, procedi à sua tradução e ao respectivo envio no próprio dia.


Como não tivesse eco algum, voltei uma vez mais a enviar desta feita julgo que também para o C.V.


Eventualmente pelo rebuliço do Natal as coisas terão desaparecido, mas como o pedido havia sido público e reiterado em privado, alguém poderá pensar que o copain Vasco não aceitou ou não se lembrou ou não cumpriu com a sua obrigação de Tabanqueiro.


Apenas esta pequena explicação que vou estender ao poeta e camarigo Graça de Abreu, pedindo-lhe até que me envie o seu livro à cobrança ou que me indique onde adquri-lo. Cravar-lhe-ei, se ele estiver para isso, uma dedicatória.


Um abraço amigo para todos,


Vasco da Gama


2. A prova (provada) de que o nosso Vasco (o da Gama, pois claro, o nosso copain de Buarcos e do Cumbijã) ainda está em grande forma (leia-se: em estado de prontidão permanente, quer faça sol, quer faça chuva) aqui está, a seguir... Infelizmente o almirante do Grupo do Cavadal não pôde vir ao lançamento do livro do Zé Brás, presumivelmente por que continua a ter a  caravela na doca seca... Em qualquer dos casos, aqui fica o meu público reconhecimento pela sua generosidade, disponibilidade e camarigagem   (LG):




Grande Comandante e Camarigo, deitei-me às sete da tarde [ de hoje, 29 de Dezembro de 2010] com dois comprimidos no bucho para ver se a gripe se vai. Doi-me o corpo e levantei-me e claro está, Blogue com ele. Em boa hora o fiz.
 
   (i) Buarcos, vamos combinar para quando quiseres. A minha casa está à tua disposição e da Alice. Há também lugar para os filhos mas esses, não estão para nos aturar... Se tudo correr pelo melhor e se conseguir companhia irei à apresentação do livro do Zé Brás, onde falaremos.
 
  (ii) Tradução ( é mais difícil do que parece)
 
                                   LUSITANA

No extremo sudoeste da Europa, à beira do
imenso oceano que viria a tornar-se o campo das suas lutas
e o teatro das suas vitórias, um pequeno povo aguardava,
e, repentinamente iluminado por um raio de glória, alimentava o fogo
sagrado que parecia extinto no resto do mundo, (...)
Refiro-me a Portugal e Camões
 
Henri Cordier, História Geral da China, 1920 (*)
 
Et voilá... Sempre ao dispor, volto para o choco.
 
Um abraço camarigo

Vasco

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Nota de L.G.: 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7512: Portugalidade(s) (2): O triângulo amoroso Portugal-Macau-China, do poeta António Graça de Abreu, hao ren, boa pessoa, segundo a bisavó dos seus filhos


República Popular da China > Agosto de 2009 > O António Graça de Abreu  com a esposa, Hai Yan (aqui ao seu lado direito) e com uns primos da província de Huan... Na segunda fila, de pé, à esquerda, um jovem casal com um filho pequeno, que são seus cunhados; à direita, os dois filhos do nosso camarigo António e da Hai Yan, Pedro e João. Sei que um deles também é fã da música, como meu João... Para esta bela família luso-portuguesa que o 2011 seja um bom Ano do Coelho (LG).

Foto:  © António Graça de Abreu (2010). Direitos reservados


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O António Graça de Abreu teve o gesto, de grande camarigagem (e de cumplicidade, própria de dois homens que, além de camarigos, são de letras...) de mandar, pelo correio, o seu último livro de poesia, com uma bela dedicatória e uma chamada de atenção para a página 15... Título: "A cor das cerejeiras";  ano 2010;  editora: Vega, Lisboa; 142 pp.

É o seu sexto livro de poesia depois de China de Jade (1997); China de Seda (2001); Terra de Musgo e Alegria (2005); China de Lótus (2006); e Cálice de Neblinas e Silêncios (2008)... Sem, contar quatro ensaios de história,  e cinco traduções de poetas clássicos chineses, o último dos quais os Poemas de Han Shan (Macau, 2009). 

É um homem do mundo mas que vive hoje no triângulo, física, linguística, simbólica,  cultural e espiritualmente  falando, Portugal- Macau - China. Este último livro é um verdadeiro roteiro de viagens, escritos com pequenas notas poéticas, segundo o mundo japonês do haiku (versos curtos em geral de três linhas, e 17 sílabas)... É uma viagem pelos mais diversos mundos exteriores e interiores: Japónica, Sínica, Tibetana, Lusitana, Ch'an, zen, Femina, Mozartiana, Ronda Toscana, Turcomanos, Transjordânia,  In Vino, Naturaleza, etc. Tem um prefácio, mais erudito, sobre o haiku (pp. 7-22). Cita dois provérbios que eu tenho recolhido em textos meus que andam por aí na minha página pessoal, Saúde e Trabalho...

Independentemente de uma leitura mais atenta e crítica, que a minha ciática (e o solstício do inverno...) não me não aconselham de momento, devo dizer, desde já, que gosto de muitos dos haikus que ele dedicou à nossa Lusitânia,  e onde referenciei  alguns dos meus lugares preferidos como a praia do Paimogo, na Lourinhã,... Mas antes de repoduzir aqui algumas páginas, digitalizadas à pressa, em Lisboa, já meio adoentado, deixam-me transcrever um dos momentos sublimes do livro que é quando o poeta, depois de atravessar meio mundo,  vai conhecer a bisavó dos seus filhos, já cega, e já quase centenária:

(...)

Após o cintilar das montanhas,
do amarelo dos rios,
do branco-azul do céu,
do ondular das searas em Anhui,
venho encontrar a velha senhora Dong,
bisavó dos meus filhos,
na grande cidade,
no simples lar da família, em Hefei,
Cega, ouve atentamente o meu entaramelado falar.
Depois, com as mãos nodosas,
gastas por quase nove décadas de labor e luta, 
rodeia a minha cabeça,
os dedos percorrem o meu estranho rosto,
palpam-me a testa, os olhos,
nariz, as maçãs do rosto,
os lábios, o queixo.
Uma pausa para meditar,
um levíssimo sorriso
e por fim diz,
para tranquilidade de todos
"hao ren", boa pessoa (...)(p.43)


Da Lusitana (sic) (pp. 55-62), temos mesmo que reproduzir aqui, com a dupla vénia ao autor e ao editor, as páginas inteirinhas (pp. 55-629...




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Nota de L.G.:
Primeiro poste desta série >21 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7483: Portugalidade(s) (1): A recepção dos goeses ao Navio Escola Sagres

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7483: Portugalidade(s) (1): A recepção dos goeses ao Navio Escola Sagres

1. O nosso querido Mário Dias [, foto à esquerda, português de Portugal, da Guiné, de Angola, de Macau...] teve a gentileza e sobretudo a inspiração de nos enviar esta mensagem, pré-natalícia, datada de 20 do corrente,  com a qual vamos inaugurar uma nova série a que chamaremos Portugalidade(s)... 


No fundo,  pretende-se revelar qui as mil e uma maneiras de se ser português (ontem, hoje, amanhã...),  pelo mundo fora, pelos cinco continentes, pelos muitos mares  e rios e braços de mar que ajudámos a descobrir, navegar, desbravar, descrever, conhecer, explicar, colonizar, povoar, desenvolver, interligar, interconectar, globalizar, humanizar ...


Portugalidade(s) é uma muitas maneiras, específicas, de sermos homens e mulheres, pertencentes à espécie Homo Sapiens Sapiens... É sobretudo um espaço de lusofonia, que tem como ponto de partida a língua e a cultura portuguesas, Portugal e a Guiné-Bissau, e por aí fora... De facto, não há amarras que nos prendam aos cais, até por que o nosso blogue é visto, é lido,  em muitos cantinhos do mundo, da Austrália ao Canadá, do Brasil à  Guiné, da Suécia aos EUA...


 É tão somente uma reflexão, e sobretudo um ponto de encontro e de partilha, de e para antigos combatentes (camaradas, amigos e camarigos...) , sobre o que é ser Portugal, português, lusófono... Aqui na casa lusitana, mas também na diáspora, e nos muitos sítios do mundo onde deixámos alguma coisa bonita, sobretudo humanidade, sobretudo amizade, sobretudo saudade... (LG)


Caros editores:

Apenas para indicar uma espécie de reportagem fotográfica feita em Goa, aquando da recente passagem do navio-escola Sagres. É comovente que ao fim de tantos anos, e apesar da repressão das autoridades indianas sobre os que continuam ligados a Portugal, ainda tantos não se tenham esquecido de nós.

http://www.youtube.com/user/MeninodeValpoi (*)

Um grande abraço e Boas Festas para toda a tabanca.

Mário Dias

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Nota de L.G.:

(*) O autor do vídeo, MenipodeValpoi, de seu nome completo, Menino G. P. T. Fernandes, nasceu em Valpoi, Satari, Goa, há 50 anos (uns meses portanto da invasão do território pelas tropas indianas), vive hoje no Reino Unido, onde é informático (programador)... O seu perfil no You Tube é apresentado em português mas o video é legendado em inglês... O vídeo é apresentado nestes termos: "The fond & loving brass band farewell by Goans to the Portuguese Navy [, Navio Escola Sagres]"... Desde 16 de Novembro p.p., tem já mais de 400 visualizações... Parabéns ao MeninodeValpoi. Many thanks for this nice heart touching document concerning our special relationship,  the Portuguese and the Goan People"... 



Sobre a viagem de circum-navegação da nossa Sagres, que está a terminar, vd. o sítio da RTP e em especial o reencontro com os goeses...