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domingo, 2 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26543: Humor de caserna (106): "Senhora enfermeira, quero fazer chichii!"... (Leite Rodrigues, 1945-2025 / José Teixeira)


1. Dizem que os bois se conhecem pelos cornos, e os homens pela(s) palavra(s)...

Os homens também também se conhecem pelo humor, mais fino ou mais alarve, mais inteligente ou mais brejeiro (*), mais "soft" ou mais "hard"... E não importa as situações: em casa ou no trabalho, na rua ou no salão, à mesa ou no cama do hospital, na paz ou na guerra... 

Mal de nós, humanos, quando perdermos o sentido de humor, coisa que os robôs nunca terão, espero bem... Nem têm os ditadores e aprendizes de ditadores, os censores, os arrogantes, e os que pensam que são donos disto tudo...

Esta "história" do nosso já saudoso Leite Rodrigues (1945-2025) que, além de grande senhor do hipismo e do olimpismo, foi nosso camarada (e continua a sê-lo, respousando agora à sombra do nosso poilão), diz muito sobre ele, a sua personalidade, a sua história de vida...É aqui reconstituída (ou recontada) pelo régulo da Tabanca de Matosinhos, José Teixeira:

Excerto do poste P26523 (**):


Senhora enfermeira,  quero fazer chichi!  

(Leite Rodrigues, 1945-2025 / José Teixeira)


O Leite Rodrigues era um exímio contador de histórias, não só da guerra, mas também...

Contava ele que o avião que o trouxe, ferido, da Guiné, veio de noite de modo a chegar a Lisboa no escuro da alta madrugada, para não serem notados, e vinha carregado de feridos muito graves. 

O que estava em melhores condições era ele, que apenas vinha com uma fome de criar bicho, com a língua traçada e a boca selada com arames, pois os ossos do queixo ficaram em bocados. 

Entre os feridos, vinha um grande grupo de queimados em grau elevado, devido ao rebentamento de uma granada incendiária num embate com o inimigo, creio que em Bula. Todos embrulhados em gaze, pareciam múmias, era assustador e doloroso olhar para aquelas criaturas, comentava com ar pesado o Leite Rodrigues, nas suas lembranças, passados tantos anos…

Acompanhavam-nos duas zelosas enfermeiras, que tudo tentavam para lhes amenizar as dores. Às tantas ouve-se um gemido. 

– Senhora enfermeira,  quero mijar! 

E logo uma sorridente bata branca se aproximou, desapertou-lhe a carcela, e o pobre do rapaz aliviou-se. De seguida, todos os queimados, em carreirinha, apelaram às enfermeiras para os pôr a mijar…

 E foi assim durante o resto da noite. E, ele que nem falar podia, apreciava silenciosamente a paciência e o zelo das queridas enfermeiras.

Quando chegaram a Lisboa, desembarcaram e seguiram para o Hospital em ambulâncias militares, sem fazer o tradicional ninau! ninau!ninau!, para não incomodar os lisboetas.

Encaminharam-no para uma camarata, e atribuíram-lhe uma cama no R/C. Ao pousar os seus haveres tocou em uma coisa dura, que tombou ruidosamente.

O Camarada que dormia no primeiro andar disparou:

– Deste-me cabo da perna, amanhã vou foder-te o juízo!

O Leite Rodrigues tentou dizer-lhe que foi sem querer, mas apenas consegui balbuciar, nh! nh! nh!

– Tu grunhas,  meu filho da...p*ta!... Quando me levantar vou te partir os queixos!

No dia seguinte de manhã, cruzaram o olhar calmamente, e descobriram que tinham sido colegas do mesmo pelotão na recruta em Mafra. Um abraço não esperado, sem palavras, mas sentido. Do Leite Rodrigues apenas se viam os olhos; o camarada chegara uns tempos antes vindo de Moçambique, sem uma perna que fora levada por uma mina antipessoal. estado do povo e sobretudo de nós os jovens dessa altura. 

(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)
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Notas  do editor LG:

(*) Último poste da série > 28 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26537: Humor de caserna (105): Ir às meninas ao Pilão, todo pipi, de calça e camisinha branca, e pingalim debaixo do braço... Mas o terreno estava "minado"... (José Ferraz de Carvalho, Tabanca da Diáspora Lusófona)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26532: In Memoriam (535): Leite Rodrigues (1945-2025), cap ref da GNR, cavaleiro olímpico, ex-alf mil cav, CCAV 1748 (1967/69), voltou, em abril de 2017, aquela "terra verde-rubra" que continuou a amar, apesar de lá ter sido ferido gravemente em combate, em outubro de 1967 (Fotos: José Manuel Cancela)


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Zona Oeste >  Hotel Rural de Uaque, próximo de Mansoa > Abril de 2017 > O Leite Rodrigues e a sua "pileca" guineense...  Um cavaleiro olímpico mostra o saber-ser, o saber-estar,  o saber-fazer e o saber-montar-em-toda-a-sela... em qualquer parte do mundo!


 Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bafatá > 4 de abril de 2017 > O Leite Rodrigues com a Célia e o João Dinis (1941-2021), donos do restaurante "Ponto de Encontro", porto de abrigo de muitos portugueses que voltam à Guiné em viagem de saudade... 

O João Dinis, nosso grão-tabanqueiro, era também dono da escola de condução automóvel de Bafatá. Era um militar português, da CART 496 (Cacine e Cameconde, 1963/65), integrada no BCAÇ 513 (com sede em Buba)... Vivia na Guiné desde 1963. Natural de Alvorninha, Caldas da Rainha (conterrâneo do cardeal José Policarpo, 1936-2014), casou em janeiro de 1972, aos 31 anos, com a Célia, de 18 anos de idade. O casal teve 3 filhos (um rapaz, falecido aos 25 anos, e duas raparigas mais velhas a viver em Portugal). Infelizmente, morreu de Covid-19, durante a pandemia.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Bafatá > 4 de abril de 2017 >  No restaurante "Ponto de Encontro". O Leite Rodrigues ao fundo da mesa, do lado direito, tendo á sua esquerda o Antônio  Barbosa, também nosso grão- tabanqueiro.


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Cache > São Domingos, a caminho da praia de Varela, com paragem em Susana  >  Abril de 2017 >  Parte do grupo vendo possivelmente um desafio de futebol na TV... O Leite Rodrigues, ao centro.



Foto nº 9 > Guiné-Bissau > s/l > Abril de 2017 > s/ legenda


Foto nº 10 > Guiné-Bissau >  Zona Oeste >  Hotel Rural de Uaque, próximo de Mansoa > Abril de 2017 >  


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > s/l > Abril de 2017 > O grupo (que parece estar completo) com um líder político ou  religioso (?)... Talvez o PR da Guiné. A foto deve ter sido tirada por um dos 2 motoristas.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > s/l >  Abril de 2017  > O Zé Cancela


Foto nº 13 > Guiné-Bissau >  s/l >  Abril de 2017  > O Zé Cancela.


Foto nº 14 > Guiné-Bissau > Bissau >  Ponte Amílcar Cabral sobre o Rio Mansoa >  Abril de 2017  > O Zé Cancela.


Foto nº 15 > Guiné-Bissau > Região do Cacheu  >  Abril de 2017  > O Zé Cancela, de pé, encontados ao monumento que parece ser um antigo "padrão dos Descobrimentos", eventualmente transformado em monumento às vítimas da escravatura e trafico negreiro: o brasão de armas de Portugal terá sido picado, aproveitou-se a pedra... À esquerda, de costas, está o Leite Rodrigues e o Vitorino.


Fotos (e legendas): © José Cancela (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso camarada Leite Rodrigues (1945-2025), que passou a integrar a Tabanca Grande a título póstumo, sob o nº 899,  voltou à Guiné-Bissau em abril de 2017, com mais camaradas da Tabanca de Matosinhos: o José Manuel Cancela, o  João Rebola (1945-2018) (ex-fur mil,  CCAÇ 2444, Bula, Có, Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70), o António Barbosa, o Angelino Silva, o José Manuel Samouco, o Eduardo Moutinho, o Rodrigo Teixeira e o Monteiro...

 Penso que ficaram instalados no Hotel Coimbra, alugaram dois jipes, e percorreram parte da Guiné (Bissau, Zona Oeste e Zona Leste). Não temos aqui â mão o percurso. Foi na época seca, abril de 2017.
 
O Zé  Cancela teve a gentileza, a meu pedido, de me mandar algumas fotos desta viagem. Já publicámos algumas no poste P26527 (*). 

 Recorde-se que o Leite Rodrigues foi ferido com gravidade  em outubro  de 1967,  no decurso da Op Invicta II  na região de Caresse, a  caminho de Sinchã Jobel no subsetor  de Geba, sector L2 (Bafatá),  quando a sua CCAV 1748 estava aquartelada em Contuboel...  (Foi evacuado para o HM 241 e depois para o HMP, já não tendo regressado à Guiné.) 

Seria interessante que um ou mais dos seus companheiros de viagem pudessem partilhar aqui, connosco, as reações do nosso camarada recentemente falecido. Seguramente partilhou nessa altura (e depois na Tabanca de Matosinho) as suas emoções com o grupo.  (**)

PS1 - O José Manuel Cancela foi ex-Soldado Apontador de Metralhadora, CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70). Tem mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue.

PS2 - Afinal o grupo que foi à Guiné-Bissau, de 30 de março a 7 de abril de 2017, era maior: "13 elementos, que englobavam os colegas Moutinho, Vitorino, Rebola, Ferreira, Marques Barbosa, Leite Rodrigues, Isidro, Monteiro, Cancela, Rodrigo, Angelino, Samouco (que embarcou em Lisboa) e eu próprio" (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, cmdt da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74): o nosso camarada, membro da Tabanca Grande, fez a reportagem completa desta viagem, em 11 postes, publicados em setembro e outubro de 2017.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26527: Tabanca Grande (568): Homenagem ao capitão e cavaleiro Leite Rodrigues (Aveiro, 1945 - Matosinhos, 2025), ex-alf mil cav, CCAV 1748 (1967/69), membro da Tabanca de Matosinhos: passa a sentar-se, simbolicamente, no lugar n.º 899, sob o nosso poilão, a título póstumo

(**) Último poste da série > 24 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26523: In Memoriam (534): O Alberto Leite Rodrigues que eu conheci (José Teixeira/Tabanca de Matosinhos)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26527: Tabanca Grande (568): Homenagem ao capitão e cavaleiro Leite Rodrigues (Aveiro, 1945 - Matosinhos, 2025), ex-alf mil cav, CCAV 1748 (1967/69), membro da Tabanca de Matosinhos: passa a sentar-se, simbolicamente, no lugar n.º 899, sob o nosso poilão, a título póstumo



Matosinhos > Tabanca de Matosinhos, Natal de 2024.
Leite Rodrigues. Foto: J. Casimiro Carvalho (2024)




Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bafatá > 4 de abril de 2017 > O Leite Rodrigues dando uma aula de ciências naturais numa escola local...


Foto nº 2A > Guiné-Bissau > Bafatá > 4 de abril de 2017 > O Leite Rodrigues com a professora da escola...




Foto nº 3B, 3A e 3 > Guiné-Bissau > Binta > Abril de 2017 > O João Rebola (1945-2018) esteve aqui, com a sua CCAÇ 2444 (Bula, Có, Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70)... Da esquerda para a direita, na base do poilão, o Leite Rodrigues, o João Rebola, o José Cancela e o José Manuel Samouco.



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissa > Abril de 2017 > Junto ao Hotel Coimbra > O Leite Rodrigues, com oosando parea a fotografia com um pano tradicional usado pelas mulheres guineenses, 

Fotos (e legendas): © José Cancela (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Não tenho dúvidas que o nosso saudoso camarada Leite Rodrigues, que vai amanhã, dia 26,  descer à terra da verdade, sem ter completado os 80 anos (*),  merece figurar, a título póstumo, na nossa Tabanca Grande, sentando-se simbolicamente sob o nosso poilão no lugar nº 899, ao lado de outros tabanqueiros quer vivos quer  já falecidos (e sobretud0, neste caso, homens grandes da Tabanca Pequena de Matosinhos,  como o A. Marques Lopes, o João Rebola, o Joaquim Peixoto, o Jorge Teixeira (Portojo), o António Batista da Silva, o Xico Allen, o Francisco Silva, etc., alguns dos nomes que me vêm à cabeça, e que "da lei da morte já se libertaram").

Não tenho dúvidas em aceitar a proposta do nosso régulo e poeta José Teixeira, dando ao Leite Rodrigues honras de Tabanca Grande (*)... É nossa pequena homenagem a um homem, português e camarada de coração grande, generoso e solidário, que nos ajudou também a t0rnar menos agreste e penosa a nossa caminhada pela picada da vida (e nomeadamente aos membros da Tabanca de Matosinhos, cuja tertúlia ele frequentavca desde 2006).

Verifico agora, com mais atenção que ele foi ferido gravemente num operação a caminho de Sinchã Jobel no subsetor de Geba, quando a sua CCAV 1748 estava aquartelada em Conbtuboel... Mais de ano e meio depois eu próprio iria conhecer o CIM de Contuboel, cujo subsector era um "oásis de paz"...

Já agora a operação em que o cmdt do 4º peloitão da CCAV 1748 foi ferido com gravividade: Op Invicta II, de 5 a 8dez67,  que consistiu mum golpe de mão na região de Caresse, sector L2, envolvendo forças da CCaç 1788, CCav 1748 e 2 Sec/Pel Mil 112, e  com apoio aéreo. As NT atingiram o objectivo constituído por 10 casas de mato, capturaram munições diversas e fizeram 12 feridos ao lN, que reagiu pelo fogo. As NT tiveram 2 feridos.

2. Facto que eu desconhecia, ele também foi à Guiné-Bissau em 2017 ... Com o Zé Cancela, o João  Rebola, o António Barbosa, o Angelino Silva, o José Manuel Samouco, o Eduardo Moutinho, o Rodrigo Teixeira e outros camaradas da Tabanca de Matosinhos...

O Zé Teixeira, que dessa vez não foi (tinha ido em 2015),  diz-me que "o grupo foi recebido pelo Presidente da República, o JOMAV. Sei que falaram do seu ferimento e do comandante Gazela. O Eduardo Moutinho também foi, mas agora anda às voltas com uma pneumonia".

Pedi ao Zé  Cancela algumas fotos desta viagem (em que visitaram muitas localidades) para ilustrar a minha apreesentação do nosso novo grão-tabanqueiro, que deixa muitas saudades, não só entre os antigos combatentes mas também no mundo do oçlimpisco e no hipismo .  Fizemos uma primeira seleção.

Recordo-me de, antes da pandemia, o ter convidado a integrar a nosssa Tabanca Grande...  Mas, como diz o Zé Teixeira, ele gostava mais de cavalos (e mulheres bonitas) do que computadores. Gostava mais de falar (de improviso) do que escrever. Mas era uma exímio contador de histórias. 
 
Apurámos que o nosso infortunado camarada foi alf mil cav, CCAV 1748 ( subunidade que passou por Bissau, Bula, Contuboel e Farim, entre jul 67 e jun 69). Tem cruz de guerra de 4.ª classe, atribuída em 1972. Não tínhamos, até agora,  nenhum representante desta subunidade na nossa Tabanca Grande.

Segundo a página do facebook do portal Utw Ultramar Terraweb (nota de óbito, de 23 do corrente, 16:08), o Leite Rodrigues era capitão do quadro permanente da GNR, na situação de reforma. Em 1/12/1970, tinha sido promovido a ten mil, e colocado na GNR. Em 17/5/1984, foi gradudo em capitão e promovido a cap QP, da GNR.

Era uma figura conhecida e respeita no meio equestre, foi atleta olímpico, e é recordado tanto como cavaleiro como mestre na arte da equitação. Era natural de Aveiro. Tem uma filho, que vive em Lisboa. Tinha uma filha que morreu em circunstâncias trágicas, aos 14 anos,  em 2006,  na sequência de um acidente com um dos seus cavslos. A Filipa era uma promissora atleta da equitação portuguesa, seguindo os passos do pai.

Segundo o portal Equitação, o "Alberto Bernardo Azevedo Leite Rodrigues (1945 - 2025), capitão da Guarda Nacional Republicana, representou Portugal ao mais alto nível, tendo sido olímpico nos Jogos de Barcelona em 1992, na disciplina de CCE. Dedicou a vida ao desporto equestre, que viveu com paixão. Durante a carreira como atleta, venceu inúmeras competições no nosso país e no estrangeiro, em provas de Saltos de Obstáculos e CCE. Como Veterano e Embaixador regista títulos e medalhas nos Campeoanatos de Portugal e da Europa". Nomeadamente, em 2000, sagrou-se "Campeão da Europa de Veteranos de Saltos de Obstáculos".


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26523: In Memoriam (534): O Alberto Leite Rodrigues que eu conheci (José Teixeira/Tabanca de Matosinhos)



O Alberto Leite Rodrigues que eu conheci

Por José Teixeira

Bastaram três meses de guerra ao Alberto Leite Rodrigues para ganhar uma Cruz de Guerra, da qual nunca falou aos seus amigos, e para o marcar para toda a vida. Foram umas curtas, mas dolorosas “férias” que acabaram com uma basucada nos queixos a caminho de Sinchã Jobel. Fora colocado por azar nos trilhos do famoso comandante Gazela e este não perdoava. Andou por lá o saudoso Marques Lopes e teve de recuar com feridos e mortos por duas vezes. O Alferes Fernando da Costa Fernandes que foi substituir o Marques Lopes, ferido em combate, numa terceira tentativa, caiu numa emboscada em 18 de dezembro de 1967 e não resistiu. Morreu a caminho de Sinchã Jobel.

O nosso saudoso e querido amigo Leite Rodrigues, teve um pouco mais de sorte, pois, ao tentar lá chegar, caiu de queixos, ficou com a língua em bocados, mas conseguiu levantar-se, e regressar a Portugal, ao fim de três meses de guerra, com uma cruz ao peito, mas estranhamente nunca nos falou dela.

Alferes Miliciano de Cavalaria ALBERTO BERNARDO AZEVEDO LEITE RODRIGUES
CCav 1748 / BCav 1905 - RC7 - GUINÉ
Cruz de Guerra de 4.ª CLASSE

Transcrição do Despacho publicado na OE n.º 1- 2.ª série, de 1972.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª classe, nos termos do artigo 12.° do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n." 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 03 de Novembro último, o Alferes Miliciano de Cavalaria, Alberto Bernardo Azevedo Leite Rodrigues, da Companhia de Cavalaria n.º 1748 / Batalhão de Cavalaria n.º 1905 - Regimento de Cavalaria n.º 7.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o 56, de 08 de Maio de /968, do Comando do Agrupamento n.o 1980):

Louvo o Alferes Miliciano de Cavalaria, Alberto Bernardo Azevedo Leite Rodrigues, da CCav 1748 / BCav 1905 - RC7, pela forma eficiente e dinâmica como soube comandar e instruir os homens do seu Gr Comb, tipo "comandos", quer na Metrópole, quer durante os três meses de permanência nesta Província.

Nas operações em que tomou parte, sempre se afirmou como um bom combatente,dotado de reais qualidades de coragem e decisão. Tendo sido ferido numa operação, com bastante gravidade, pelo que ficou impossibilitado de falar, longe de ficar abatido por tal facto, continuou a incutir coragem a todos com o seu exemplo, acorrendo a toda a parte onde a acção se tornava necessária.

Sendo-lhe aconselhado, atendendo a que estava ferido, que fosse para a retaguarda e não se expusesse repetidas vezes, indiferente ao perigo, voltou à frente para auxiliar e receber ordens do seu comandante de Companhia.

Disciplinado e disciplinador, bom camarada e bom chefe, conquistou o Alf. Leite Rodrigues a consideração e estima do seu comandante de Companhia, dos seus camaradas e dos seus subordinados, em todos deixando saudades.


Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 5.° volume: Condecorações Militares Atribuídas, Tomo VII: Cruz de Guerra (1972/73), Lisboa, 1995, pág. 42
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O Leite Rodrigues era um exímio contador de histórias, não só da guerra, mas também:

Contava ele que o avião que o trouxe, ferido, da Guiné, veio de noite de modo a chegar a Lisboa no escuro da alta madrugada, para não serem notados, e vinha carregado de feridos muito graves. O que estava em melhores condições era ele, que apenas vinha com uma fome de criar bicho, com a língua traçada e a boca selada com arames, pois os ossos do queixo ficaram em bocados. Entre os feridos, vinha um grande grupo de queimados em grau elevado, devido ao rebentamento de uma granada incendiária num embate com o inimigo, creio que em Bula. Todos embrulhados em gaze, pareciam múmias, era assustador e doloroso olhar para aquelas criaturas, comentava com ar pesado o Leite Rodrigues, nas suas lembranças, passados tantos anos…

Acompanhavam-nos duas zelosas enfermeiras, que tudo tentavam para lhes amenizar as dores. Às tantas ouve-se um gemido. – Senhora enfermeira quero mijar! E logo uma sorridente bata branca se aproximou, desapertou-lhe a carcela, e o pobre do rapaz aliviou-se. De seguida, todos os queimados, em carreirinha, apelaram às enfermeiras para os por a mijar… e foi assim durante o resto da noite. E, ele que nem falar podia, apreciava silenciosamente a paciência e o zelo das queridas enfermeiras.

Quando chegaram a Lisboa, desembarcaram e seguiram para o Hospital em ambulâncias militares, sem fazer o tradicional ninau! ninau!ninau!, para não incomodar os lisboetas.

Encaminharam-no para uma camarata, e atribuíram-lhe uma cama no R/C.
Ao pousar os seus haveres tocou em uma coisa dura, que tombou ruidosamente.

O Camarada que dormia no primeiro andar disparou:
– Deste-me cabo da perna, amanhã vou foder-te o juízo!

O Leite Rodrigues tentou dizer-lhe que foi sem querer, mas apenas consegui balbuciar, nh! nh! nh!
– Tu grunhas meu fdp! Quando me levantar vou te partir os queixos!

No dia seguinte de manhã, cruzaram o olhar calmamente, e descobriram que tinham sido colegas do mesmo pelotão na recruta em Mafra. Um abraço não esperado, sem palavras, mas sentido. Do Leite Rodrigues apenas se viam os olhos; o camarada chegara uns tempos antes vindo de Moçambique, sem uma perna que fora levada por uma mina antipessoal.

Tinha um prazer imenso em usar da palavra, nos almoços semanais da Tabanca de Matosinhos. Era exímio e profundo. Tocava-nos no coração e todos nós adorávamos ouvi-lo saudar um camarada em festa de aniversário, como o fez, em 12 de fevereiro, pela última vez para me saudar a mim, Zé Teixeira, na minha passagem para o 79. De surpresa, sem eu contar, ouvi soar da sua boa palavras tão lindas que ficarão gravadas eternamente.

Acolher alguém que vem pela primeira vez; para relembrar um acontecimento, uma passagem da história, saudar uma senhora, esposa de um camarada, que nos visita; uma pessoa ex-combatente, ou não, de alguma relevância que vem ao nosso encontro. Tantas e tantas vezes, que algum de nós, ia ter com o Leite Rodrigues a pedir para falar sobre um assunto de interesse.

Mas o que ele gostava mais, era falar da guerra, suas causas e consequências no tempo e ainda hoje, pelas marcas que nos deixou e que irão connosco para a cova. Falava com muito entusiasmo do Vinte e Cinco de Abril, sem paixões, mas com paixão e ardor. Relembrar o antes, o estado do povo e sobretudo de nós os jovens dessa altura. As razões da origem deste dia, como se foram acumulando. Como fomos preparando o terreno, até que chegou o momento em que os militares rebentaram com o regime, e ele estava lá como Capitão na GNR. Depois o povo fez o resto. Gostava de falar desse Vinte e Cinco de Abril que acabou com uma guerra estúpida, sem sentido, que estava a matar a juventude deste país e um povo. E todos nós fomos as suas vítimas.

Gostava de falar aos jovens e todos os anos, por altura do Vinte e Cinco de Abril, fazia um périplo pelas escolas de Vila do Conde, a convite de um tabanqueiro muito querido, Presidente da Associação local de Antigos Combatentes, o Manuel Nascimento Azevedo, para falar aos jovens do Grande Dia da Liberdade.

Foi este homem que acabamos de perder.

Há outras facetas da vida dele: O seu amor aos cavalos. A sua ligação ao Hipismo como atleta campeão olímpico e nacional por diversas vezes. A sua arte como professor de Hipismo e a escola que criou no Centro Hípico de Matosinhos Leça.

Mas, a marca que vai ficar mais patente em nós é o tempo em que convivemos com ele, desde 2006, pelo que aprendemos com ele, pelo prazer de ouvir as suas palavras de alento, que agora nos vão falhar, pela sua alegria e boa disposição contagiante, sobretudo pela sua presença.

Obrigado, Leite Rodrigues.
Zé Teixeira

A comemorar o seu aniversário no restaurante do Centro Hípico.
A saborear o almoço ao lado do tabanqueiro mor - Eduardo Moutinho Santos.
Outro aspeto da Tabanca de Matosinhos em dia de festa.
A amizade expressa no abraço ao camarada que uma vez por mês nos vem visitar e a quem o grupo paga o almoço.
Uma imagem da Tabanca de Matosinhos à quarta-feira
Talvez a falar do Vinte e Cinco de Abril.
O Leite Rodrigues a usar da palavra
A saudar o aniversariante no dia 12 de fevereiro.
No Aniversário do Leite Rodrigues no Restaurante do Centro Hípico, com o Nascimento Azevedo a fazer um brinde.
O abraço do José Fernando Couto
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Nota do editor

Vd. post de 22 de Fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26518: In Memoriam (533): Cap Cav Ref Alberto Bernardo Leite Rodrigues (1945-2025), ex-Alf Mil Cav da CCAV 1748 (1967/69): A Tabanca de Matosinhos fica doravante mais pobre (José Teixeira)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26518: In Memoriam (533): Cap Cav Ref Alberto Bernardo Leite Rodrigues (1945-2025), ex-Alf Mil Cav da CCAV 1748 (1967/69): A Tabanca de Matosinhos fica doravante mais pobre (José Teixeira)


Alberto Bernardo Leite Rodrigues (1945-2025)

Faleceu o Alberto, a Tabanca de Matosinhos está mais pobre

por José Teixeira

Faleceu o Alberto Bernardo Leite Rodrigues (15/09/1945 – 21/02/2025). Era capitão de cavalaria reformado. Cumpriu a sua missão na Guiné 1967/68 como Alferes de Cavalaria, 

Apanhou-nos de surpresa, e partiu para o Eterno Aquartelamento, o combatente mais carismático e mais querido que passou pela Tabanca de Matosinhos. Recordamos:

  • as palavras cheias de afeto, quentes e calorosas com que acolhia todos e cada um dos camaradas, enchiam os nossos corações;
  • a sua presença semanal (té no tempo da Pandemia, com o amigo inseparável Rodrigo Teixeira, esteve presente na Tabanca de Matosinhos) com alegria, bo a disposição e sobretudo com uma palavra de alento);
  • a sua paixão por causas justas, e a sua visão uma guerra que nunca devia ter existido, que arrastou para a morte milhares de jovens, e deixou muitos mais estropiados (ele próprio) e doentes, para além de outros efeitos colaterais negativos que tanto marcaram o povo português e guineense; 
  • visão que ele tão eloquentemente punha em comum, e que todos nós gostávamos de ouvir;
  • a forma alegre como encarava a vida, e nos transmitia o calor dessa vivência: à  volta dele não havia tristeza.

Recordamos as suas conversas (pequenos discursos) com que nos brindava a pretexto de um aniversário, de um acolhimento a um novo conviva, de uma festa; a sua graça a receber as nossas esposas sempre com aquele sorriso cativante que o caraterizava.

Ainda na passada quarta-feira, o ouvimos muito muita atenção.

Foi este querido amigo, companheiro e camarada de todas as horas, que partiu, em silêncio, repentinamente, e nos deixa imensa saudade.

Recordamos o seu sofrimento, quando, ao fim de três meses de Guiné, foi vítima de uma basucada inimiga que o feriu gravemente na cara e na boca, deixando-lhe a língua em pedaços. Terminou assim a sua comissão.

Recordamos a sua intervenção no pós-25  de Novembro, (quinze dias depois) no recito exterior da Cadeia de Custóias (já como caitão da GNR). onde estavam os militares que foram presos naquele acontecimento, em que ele vestido à civil, porque estava de folga, quando soube que os seus homens da GNR tinham ido para Custóias reforçar a segurança, seguiu para lá a tempo de evitar um banho sangue.

Quando viu os soldados da GNR abrirem fogo sobre a multidão, saltou para o seu meio e mandou cessar o fogo, impedindo assim que houvesse mais mortos. Creio que houve quatro mortos nesse acontecimento. Como “prémio” pela sua ousadia foi deslocado compulsivamente para o Quartel da GNR em Lisboa, por cerca de um ano.

Querido amigo Leite Rodrigues onde estiveres, descansa em paz, que nós embreve, vamos ter contigo.

À família enlutada, sobretudo ao seu querido filho, os mais profundos sentimentos de pesar desta sua segunda família – Os combatentes da Guiné agrupados na Tabanca de Matosinhos.

Até sempre, camarada!

José Teixeira

Nota: Quando houver mais dados sobre o triste acontecimento informaremos.



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2. Nota dos editores LG/CV:

Apurámos que o nosso infortunado camarada foi alf mil cav, CCAV 1748 (que passou por Bissau, Bula, Contuboel e Farim, entre jul 67 e jun 69). Tem cruz de guerra de 4.ª classe, atribuída em 1972.  Não temos nenhum representante desta subunidade na nossa Tabanca Grande.  

Era uma figura conhecida no meio equestre, foi atleta olímpico, e é recordado tanto como cavaleiro como mestre na arte da equitação.  Era natural de Aveiro. 

Curvamo-nos à sua memória, apresentamos à família e amigos mais próximos bem como  aos nossos tabanqueiros de Matosinhos a nossa solidariedade na dor por esta perda de um camarada que nos era querido e que conhecemos em vida; a sua jovialidade, simpatia, carisma, amor à sua arte e carinho pelos seus camaradas, antigos combatentes, tocou-nos a todos (**).

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3. Em tempo:

O nosso camarada José Teixeira acaba de informar que os restos mortais do Capitão Leite Rodrigues estarão em Câmara Ardente na Igreja da Lapa a partir das 17 horas do dia 25.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19884: Efemérides (304): O meu dia de Portugal, 10 de junho de 2019 (Virgílio Teixeira, Vila do Conde)


Foto nº 9

Foto nº 8


Foto nº 3

Foto nº 1 

Foto nº 4


Foto nº 10


Foto nº 6


Foto nº 11

Vila do Conde > 10 de Junho de 2019 > Homenagem aos vilacondenses, ex-combatentes da guerra do ultramar

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O MEU DIA DE PORTUGAL – 10 DE JUNHO DE 2019

por Virgílio Teixeira


Ontem, como de costume todos os anos, nestes últimos, como habitante desta terra que me foi adoptando – Vila do Conde – comecei o dia a ver na TV as comemorações oficiais do Dia de Portugal, este ano, em Portalegre.

Fiquei logo totalmente ‘pregado’ no discurso de João Miguel Tavares, indigitado para ser o mandatário das comemorações na sua terra. Segundo ele, ficou muito admirado e agradado por este PR escolher ‘Um Zé Ninguém – segundo as suas palavras – ‘para levar a cabo tão grande tarefa. E saiu-se muito bem, o seu discurso foi diferente de tudo o que se tem visto por aí fora. Portanto se me perguntarem qual é o meu Curriculum, respondo apenas que ‘sou Português’, e com muito orgulho, nada mais.

Mas o dia ainda estava no inicio:

1 - Por volta do meio dia, saímos de casa, coloquei a minha medalha na lapela e fui ao fim da missa que antecede as comemorações, aqui, nesta terra tão pequena. Juntei-me ao cortejo na direcção do monumento ao Combatente e seu Anexo, uma Estátua daquela mãe que espera junto ao Rio, o seu filho ‘vindo do outro lado do mar…’ [Foto nº 10]

A cerimónia, organizada pela Associação dos Combatentes cá do sitio [, Associação Social e Cultural dos Vilacondenses Ex-Combatenets do Ultramar, com págin ano Facebook,] presidida pelo já cansado Nascimento Rodrigues, foi mais do mesmo, e cada vez mais pobre e com menos gente. Antes havia uma força militar com uma secção, para fazer as honras militares, agora nem um Bombeiro lá temos. Uma tristeza.

Alguma gente da Politica, Presidente da Camara, Vereadores, uns convidados, o nosso Padre Bártolo [Paiva Gonçalves Perereira] – com 83 anos, ainda trabalha, foi capelão militar nos 3 cenários de guerra, com 3 comissões - e pouco mais. [Foto nº 3]

As flores, os discursos cada vez mais sem um fundo novo, esgotados, até fazer sono. Mas pelo menos fazem alguma coisa e eu não faço nada. Bem hajam.

Leite Rodrigues e Virgílio Teixeira, na Tabanca
de Matosinhos em 5/9/2018 (*)
Tirei umas fotos, encontrei lá um dos nossos camaradas , ‘Capitão',  não me lembro o nome, esteve no almoço em Matosinhos de homenagem a um camarada falecido [, o Joaquim Peixeoto], ele tem uma foto comigo no almoço, mas não encontro o Poste para ver o nome dele.  [Leite Rodrigues] [Foto nº 1] (*)

Ainda o cumprimentei, mas percebi que ele não me reconheceu, porque me tratou por senhor. Ele foi apanhado de surpresa para fazer um discurso e lá se safou, eu nem isso faria.

Não havia corneteiro para o toque a finados, apenas um som da rádio, no final com o Hino Nacional e fecho das cerimónias, muito pouco, mesmo pouquinho…. (**)

Ainda falei com o Nascimento, ele queria que eu fizesse parte da Associação, porque falta lá, segundo ele, gente mais letrada, com outras ‘patentes’, mas eu não sirvo para isso, e como sempre lhe disse, eu não pertenço a esta terra, estou por cá de passagem, a ver o tempo a passar.

Ele em 1973, juntamente com outros irmãos, abriu em Vila do Conde, a primeira coisa fora de série, Restaurante – Snack Chez Nous. Andava há tempos para lhe perguntar se o nome foi importado da Guiné adaptado ao Chez Toi, mas não, foi um irmão que lhe deu o nome, mas este importado de Angola. Fiquei desiludido, pois ainda lhe ia perguntar mais sobre o Chez Toi, ele diz que ouviu falar disso, mas nunca lá foi, é da geração de 68-70, na Guiné.

2 – Como estamos na época de São João, as festas da Vila fazem-se por aí muitos ‘eventos’

À frente de quase tudo, anda a minha Nora, directora dos Museus, Ivone, que é ‘pau para toda a colher’, uma mulher de garra nestas coisas da sua terra, e no final quem paga a factura é o meu filho.

- Havia uma concentração, ou passagem, de motards sob a sigla de ‘lés a lés’, com paragem obrigatória na nossa Nau,  na doca do Rio. Mais umas fotos e vamos almoçar, que está na hora.

- De tarde, e junto à Nau, houve fado pela Tuna académica, não sei de onde, talvez do Porto, foi bonito, porque a minha mulher gosta, e levou-me a velhos tempos, mas acabou cedo. [Foto nº 6]

O dia sempre frio, vento gelado, a minha mulher não aguenta, andamos vestidos como no Inverno, apesar do Sol espreitar, mas esta terra não me serve, já disse.

- Enquanto estivemos ali, já no final, eu ia olhando para o céu, e contava os aviões que passavam, vindos do aeroporto do Porto – Pedras Rubras. De dois  em dois minutos passava um, no final já ia quase em 20, então lembrei-me de outro programa.

- Vamos então ver os aviões no aeroporto de Pedras Rubras - agora chamam de Sá Carneiro, mas para mim é sempre o velho nome, daquele barraco que eu nos anos 50 vi a construir naquele descampado chamado então de Pedras Rubras, e assim ficou. Depois ergueu-se novo edifício e pista, e já lá aterrei quando vim de férias em 1969, era já um aeroporto, mas hoje, é um Super-Aeroporto, o mais belo de todo o mundo, que também assisti à sua construção, bem como a todas as grandes obras realizadas neste Milénio.

- Para quem não saiba, assisti à construção de raiz do Hospital São João do Porto, ainda a Asprela era um enorme campo cheio de nada, e hoje não cabe lá mais nada.

- Assisti à construção do Estádio das Antas, à sua inauguração, lá vi muitos jogos, quer nacionais quer internacionais, e por fim à sua demolição.

- Assisti, já neste milénio a todas as grandes obras que se fizeram no Porto, palmilhei a pé as linhas do metro em construção, estive nas profundezas das linhas subterrâneas, vi com alguma tristeza á demolição do Museu do elétrico na Rotunda da Boavista, e depois à construção da Casa da Musica nesse local.

- E tanta coisa, eu era um perfeito ‘fiscal de obras’ seria esta a minha tendência profissional, meto o nariz em tudo que está a ser demolido e a ser construído, especialmente as grandes obras. Posso dizer que não havia Auto Estrada, IC, IP e outras, onde eu não estivesse lá a ver, e a inauguração era imprescindível.

- Fui dos primeiros a fazer a viagem inaugural do Metro do Porto, em finais de 2001, com um bilhete oferecido, ainda sem valor, uma amostra do que seria o futuro ‘andante’.

- E fico por aqui, o resto da história está nas minhas memórias, que agora vou passar a fotografias, ainda não sei bem como, mas vou arranjar uma forma.

- Li nas minhas andanças pelo Google, na procura dos meus icónicos Cafés do Porto, que o antigo Café Imperial na Praça da Liberdade, por onde andei nos passados anos 60, hoje mais uma loja da cadeia McDonald’s, foi considerado ‘O mais bonito do Mundo’ de toda a cadeia da McDonald’s, e fiquei surpreendido e feliz por isso.

- Chegados mais uma vez ao nosso maior e mais bonito aeroporto do país – tenho de dizer isto senão fica tudo lá para outros locais -, fica-se impressionado com a quantidade enorme de pessoas e malas, os Metros de 2 carruagens chegam carregados de Turistas, e logo vão cheios com aqueles que chegam.

- Fui ver se filmava a pista, mas é difícil agora, tem várias paredes de vidros e nem o som se consegue ouvir, só a pista e eles a chegarem e levantarem. Fiquei ali 10 minutos, e contava pelo relógio, cada minuto estava preenchido, levantava um, e atrás aterrava outro, minuto a minuto, era impressionante, bem como as filas para o check-in.

- Lanchamos qualquer coisa a preços de turista, dava quase para um jantar aí numa tasca, e comia-se e ali só se cheirava, mas bom e eficiente serviço, limpeza quanto baste, eficácia por todos os lados, nada de confusões nem discussões, um bom lugar para passar um Domingo chato de chuva ou trovoada.

- Ainda fiz umas fotos minúsculas aos aviões, pois a minha máquina não dá para mais, reparei que são todos pequenos aviões dessas empresas de Low Cost. Lá chegam os novos turistas que se dirigem logo para a Estação do Metro, sabem disto melhor que a maioria dos moradores lá do sitio, que só andam de carro.

Às 8 horas fomos embora, o frio cada vez apertava mais, já nem as roupas de inverno chegam, mas parece-me que, segundo me disse a minha filha, que já noite o vento amainou e já puderam sair um pouco à rua a passear o cão. Eu andava em casa vestido à inverno.

- Como a minha mulher já deixa tudo adiantado, quando chegamos a casa, passado meia hora já tínhamos um ‘bom cozido à Portuguesa’ pois não como muito ao almoço, prefiro ao jantar.

As fotos:

Foto 1 – O discurso do Capitão  Falta-me o nome, mas acho que está ligado à equitação, e representante da Liga dos Combatentes. [Trata-se do capitão da GNR, reformado, o cavaleiro Leite Rodrigues, que tem uma escola de equitação em Leça da Palmeira (e que esteve na Guiné, como alferes miliciano, onde foi gravemente ferido em combate, em Sinchã Jobel),  O Leite Rodrigues sabe dar valor à solidariedade na dor e na perda, uma vez que já pssou por isto: em 2006, perdeu a sua filha, Filipa, de 14 anos, num trágico acidente com um dos seus cavalos.. A Filipa era uma promissora atleta da equitação portuguesa, tal como o pai (que foi atleta olímpico) vd. poste de

Foto 2 [Não incluída] – Estátua, a gravação dos nomes dos mortos do concelho de Vila do Conde, e agora também as fotos de cada um, os locais, as datas, de nascimento e morte.

Foto 3 – O Presidente da Associação, ao lado o Padre Bártolo, e a Presidente da Camara [, draª Maria Elisa de Carvalho Ferraz], de branco, o de boina é um elemento da associação.

Foto 4 – Eu, como assistente da cerimónia, fotografado pela minha filha

Foto 5  [Não reproduzida[ – As motas de parte dos mil Motards que passaram por Vila do Conde.

Foto 6 – A Tuna académica junto à Nau a tocar e cantar os seus fados

Foto 7 [Não reproduzida] – Aeroporto de Pedras Rubras. A chegada de um dos imensos aviões que por ali passaram, acho que está longe demais, mas não dá para chegar mais perto.

Foto 8 – O Cortejo, finda a missa, com as suas bandeiras, já em direcção ao local das cerimónias

Foto 9 – A estátua do combatente, tem cerca de 10 anos. Para o meu gosto não me agrada, mas não fui eu que a projectei.

Foto 10 – A ‘Menina dos olhos tristes’ a receber um ramo de flores. Este nome é de minha autoria, passei a designar assim, em homenagem à canção de Adriano Correia de Oliveira [, Porto, 1942 - Avintes, 1982],  chamada ‘a menina dos olhos tristes’ e a sua letra que nunca esqueci.

Foto 11 – Uma vista geral de uma das salas interiores do aeroporto, de grande luxo. [Do lado esquerdo, a esposa do autor. ]

Direitos reservados. Texto e imagens legendadas hoje, dia

2019-06-11

Virgilio Teixeira

[ ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem mais de 130 referências no nosso blogue]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de setembro de  2018 > Guiné 61/74 - P18994: Convívios (873): Tabanca de Matosinhos, 4ª feira, dia 5, com 35 camaradas e amigos/as: Joaquim Peixoto (1949-2018), presente ! (Parte II)

(**) Último poste da série >  10 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19877: Efemérides (303): a Tabanca Grande marca presença, hoje, 10 de junho de 2019, às 12h00, em Belém, Lisboa, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, debaixo do "poilão" mais frondoso que lá houver... Juntamo-nos todos, os que puderem aparecer, para uma "foto de família"...

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P18994: Convívios (873): Tabanca de Matosinhos, 4ª feira, dia 5, com 35 camaradas e amigos/as: Joaquim Peixoto (1949-2018), presente ! (Parte II)


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > O régulo da Tabanca, Eduardo Moutinho dos Santos, falando do homenageado e da sua história de vida... No final, deixou uma garrafa de aguardente bagaceira, envelhecida, que o Joaquim lhe oferecera em tempos, produto da sua Tabanca de Guilamilo. Pelo Bando do Café Progresso, falaria ainda o José Ferreira e, pela Tabanca Grande, o nosso editor Luís Graça. O Joaquim pertenceu a estas três tertúlias, tendo frequentado ainda a Tabanca dos Melros (Gondomar). Em boa verdade, teríamos que lembrar ainda aqui a Tabanaca de Guilamilo, de que era o régulo, bem como a Tabanca da Sra. da Graça (Santa Marta de Penaguião), onde pontifica a matriarca Luísa Valente Lopes. Sem esquecer a Tabanca de Candoz, onde ele foi, com a Margarida, um ou duas vezes...


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > Margarida Peixoto e Luísa Valente Lopes, mulher do nosso poeta e vitivinicultor José Manuel Lopes (Josema), que no final ofereceu um poema seu para a Margarida ler em voz alta: "Recuso dizer uma oração ao deus que te abandonou" (*)...


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) >A esposa do Brito da Silva  (ex.fur mil, CCAÇ 3414, Sare Bacar e Bafatá, 1971/73) e a Joaquina Carmelita, esposa do Manuel Carmelita, dois casais muito amigos do casal Peixoto,


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > Foto de grupo, da direita para a esquerda, de pé: Maria Alice Carneiro, Maria Cancela, Margarida Peixoto, Luísa Valente Lopes, Manuela Teixeira e a jovem Andreia (que completou 13 anos nesse dia, e a quem todos cantámos os parabéns a você); sentadas, a esposa do Brito da Silva e a Joaquina Carmelita.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > Outra foto de grupo.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > A Margarida saudando a jovem Andreia


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > O professor e a aluna: o capitão cavaleiro Leite Rodrigues, que tem uma escola de equitação em Leça da Palmeira (e que esteve na Guiné, como alferes, onde foi gravemente ferido em combate, em Sinchã Jobel), e a sua  jovem aluna, a amazona Andreia (nascida na África do Sul, vive em Moçambique, e fez 13 aninhos nesse dia). O Leite Rodrigues sabe dar valor à solidariedade na dor e na perda, uma vez que já pssou por isto: em 2006, perdeu a sua filha, Filipa, de 14 anos, num trágico acidente com um dos seus  cavalo.s.. A Filipa era uma promissora atleta da equitação portuguesa, tal como o pai (que foi atleta olímpico). As palavras que o Leite Rodrigues dirigiu à Margarida, np final da refeição, elogiando a sua coragem e dignidade,  tocaram-nos fundo, a todos nós, os presentes.




Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > Leite Rodrigues e Virgílio Teixeira, dois homens do Porto.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) >José Ferreira e o primo, que andou na Marinha e no TO da Guiné.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) >  Manuel Carvalho e o Isidro


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) >O régulo Zé Teixeira com os tabanqueiros Vitorino, Nelson e Abreu


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > Brito da Silva é, agora, na Tabanca de Matosinhos, o único representante da CCAÇ 3414, a "açoreana", a que ele pertenceu juntamente com o seu camarada Peixoto. Reforcei, mais uma vez, o convite para ele se juntar à malta da Tabanca Grande.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > José Manuel Moreira Cancela. Escreveu na sua página do Facebook: "O nosso amigo Peixoto deixou-nos. Obrigado, amigo, pelos momentos que passámos juntos, e foram muitos. Os amigos só morrem quando nos esquecermos deles"...


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 >  Manuel Carmelita, outro amigo do peito do Joaquim. Mora em Vila do Conde.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) >A "aguardente do espírito do frade" (referência ao fantasma do frade que paira, há 170 anos, pela casa e quinta de Guilamilo). O rótulo foi desenhado por um camarada da Tabanca de Matosinhos.


Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei) > 5 de setembro de 2018 > Almoço de homenagem à memória do nosso saudoso camarada Joaquim Peixoto (1949-2018) > Aspeto da decoração da sala do restaurante, reservada à Tabanca de Matosinhos

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação da notícia do convívio de 4ª feira passada, na Tabanca de Matosinhos, em que se homenageou a memória do nosso camarada Joquim Peito mas também a dignidade e a coragem da sua  conpanheira de uma vida, a Margarida (Guida).


Joaquim e Margarida (Monte Real, 2010).
Foto de Manuel Carmelita /
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
O convívio, dois dias depois do funeral, reuniu 35 camaradas e amigos/as do Joaquim, incluindo a sua viúva, Margarida.

Foi uma bela jornada de confraternização e solidariedade, com destaque para a figura da Margarida que reafirmou a sua vontade de continuar a fazer aquilo que o marido gostava: estar com os amigos e camaradas da Guiné, frequentar as suas tabancas, etc. 

Houve várias intervenções, emotivas, de alguns dos presentes, em nome pessoal ou das tabancas que representavam: Eduardo Moutinho dos Santos  e José Teixeira (Tabanca de Matosinhos); Luís Graça (Tabanca Grande), Leite Rodrigues, José Manuel Lopes, Maria Alice Carneiro, e, por fim, Margarida Peixoto... Para a Margarida foi um convivio, naturalmente "difícil (...) mas muito gratificante pela amizade, companheirismo, respeito e saudade, manifestada por todos pelo camarada Carlos Peixoto".

Fica aqui o soneto, dito pelo nosso editor Luís Graça, em seu nome pessoal, da Alice e dos demais presentes. Recorde-se queo Joaqim foi fur mil arm pes inf, MA, CCAÇ 3414 (Sare Bacar e Bafatá, 1971/73). A CCAÇ 3414 era uma "açoreana".


Soneto de homenagem a dois grã-tabanqueiros,
Joaquim Peixoto (Penafiel, 1949-Porto, 2018) e Margarida Peixoto

Joaquim, bom amigo e camarada,
nunca quiseste estar entre os primeiros,
mas, por nós, tens presença reservada
lá no Olimpo dos deuses e guerreiros.

Serás para sempre um dos nossos melhores,
e recordado com doce saudade,
por todos nós, da Guiné aos Açores,
sem esquecer a tua natal cidade.

A Guida, a tua mulher-coragem,
deu-nos o privilégio da sua presença,
juntando-se a esta homenagem.

O vosso Amor a Morte não o matou,
mesmo se, no final, foi a Doença
quem, à traição, a Vida te tirou.

Tabanca de Matosinhos, 5 de setembro de 2018

Luís Graça, Maria Alice Carneiro 
e demais amigos/as e camaradas presentes.

Foto: Manuel Carmelita (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

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