Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 12 de julho de 2024
Guiné 61/74 - P25736: Parabéns a você (2289): SMor Paraquedista António Dâmaso das CCP 121 e CCP 123 do BCP 12 (Guiné, 1969/70 e 1972/74)
Nota do editor
Último post da série de 9 DE JULHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25728: Parabéns a você (2288): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) e Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa e Empada, 1968/70)
quarta-feira, 12 de julho de 2023
Guiné 61/74 - P24470: Parabéns a você (2186): SMor Paraquedista Ref António Dâmaso da CCP 121 e 123/BCP 12 (Guiné, 1969/70 e 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de 9 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24463: Parabéns a você (2185): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) e Arménio Estorninho, 1.º Cabo Mec Auto Rodas da CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa e Empada, 1968/70)
terça-feira, 12 de julho de 2022
Guiné 61/74 - P23423: Parabéns a você (2081): Sargento-Mor Ref António Dâmaso (CCP 121 e 123/BCP 12, Guiné, 1969/70 e 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de Julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23417: Parabéns a você (2080): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) e Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa e Empada, 1968/70)
segunda-feira, 12 de julho de 2021
Guiné 61/74 - P22364: Parabéns a você (1977): Sargento-Mor Paraquedista Ref António Dâmaso, CCP 121 e CCP 123/BCP 12 (Guiné, 1969/70 e 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de 9 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22353: Parabéns a você (1976): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) e Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa e Empada, 1968/70)
domingo, 28 de fevereiro de 2021
Guiné 61/74 - P21956: Facebook...ando (60): o gen Bettencourt Rodrigues, em 16 de novembro de 1973, em Madina do Boé, com dois jornalistas alemães, para verem "in loco" o sítio onde o PAIGC teria alegadamente proclamado a independência unilateral
Guiné >Região do Gabu > Boé > Madina do Boé > 16 de novembro de 1973 > O jornalista alemão, da Reuters, Joachim Raffelberg, e o gen Bettencourt Rodrigues, governador-geral e com-chefe que, a partir de 21/9/1973, substituiu o carismático gen António Spínola.
1. Na página do Facebook do antigo jornalista da agência Reuters, Joachim Raffelberg, chamada Raffelnews, Serviço comunitário, encontrámos esta "preciosidade", um álbum sobre Madina do Boé, com fotos (legendadas em inglês), inseridas em 29 de janeiro de 2018, incluindo recortes de jornais portugueses (Diário de Notícias e Diário de Lisboa) que reproduziram a notícia da agência noticiosa portuguesa, ANI, dando conta de uma visita de jornalistas estrangeiras, de helicóptero, à antiga Madina do Boé, acompanhados do gen Bettencourt Rodrigues, o então novo comandante-chefe do CTIG.
A visita terá ocorrido no dia 16 de novembro de 1973, quase dois meses depois da proclamação unilateral da independência que o PAIGC reclamava ter sido feita na antiga Madina do Boé, evacuada em 6 de fevereiro de 1969. (*)
Com a devida vénia, reproduzimos alguns desses documentos, que são importantes para informação e conhecimento dos nossos leitores, antigos combatentes (**), com tradução nossa, livre, para português, das legendas (, no todo ou em parte), que se reproduzem, a seguir, em itálico:
Foto nº 1
(....) Os cerca de 500 anos de domínio colonial português estavam a chegar ao fim. (...) Apesar das minhas reportagens críticas, em 1971, sobre o uso de napalm no teatro de operações de Angola, o Governo português convidou-me, mais uma vez, para visitar uma das suas colónias africanas, desta vez, a Gyuiné, um pequeno ponto na costa da África Ocidental.
[O antigo jornalista também tem um pequeno álbum sobre o alegado uso de napalm em Angola, vd. aqui: Napalm in Angola 25 jan 2018]
(...) Aqui, na Guiné, o
PAIGC de Amílcar Cabral, um dos principais líderes anticoloniais africanos
(assassinado em janeiro de 1973), esforçava-se por derrubar as forças armadas portuguesas, primeiro sob o comando
do general do monóculo, António de
Spínola, e agora, em 1973, sob a liderança pelo general José Manuel de
Bettencourt Rodrigues, ex-ministro da Defesa.
Lisboa
sempre rejeitou, como falsa, a
reivindicação do PAIGC de extensas áreas libertadas no interior do território, mas quando o
PAIGC em 1973 declarou que tinha proclamado a independência da Guiné-Bissau
num local chamado Madina do Boé em 24 de
setembro, as autoridades militares portuguesas levaram, até lá, jornalistas estrangeiros, sete semanas depois, para provar que os rebeldes estavam errados.
Hoje já
sabemos qual foi o desfecho: o próprio General de Spínola abriu caminho aos libertadores, com o seu livro “Portugal e o Futuro”, que pôs em marcha a revolução dos cravos de
1974: ao som da canção “Grândola, vila morena”, tocada pela Rádio Renascença a partir da
meia-noite de 25 de abril, em menos de 24
horas, seria derrubada a ditadura mais antiga da Europa.(...)
Fotos nº 2:
Guenter Krabbe (...) e eu fomos acompanhados pelo governador Bettencourt Rodrigues (...) no nosso passeio de helicóptero ao local, situado a poucos quilómetros da fronteira com a Guiné-Conacri. Depois de Bafatá, o piloto vestiu o seu colete à prova de bala para não correr nenhum risco.
Verificamos o percurso no mapa do comandante. Em Madina do Boé, o
nosso grupo foi saudado por Forças Especiais Portuguesas [. tropas paraquedistas, CCP 122 / BCP 12,] que tinham enviadas previamente para limpar a área, em caso de necessidade. (***)
O general deu-nos 'uma pausa para o cigarro' , o tempo suficiente para dar uma olhadela no terreno à volta, antes de regressarmos. Tudo o que encontramos no terreno de savana foram os restos de um edifício que parecia um barraco e as fundações de várias palhotas. Não tínhamos permissão para inspecioná-los porque o local havia sido minado, conforme aviso que nos fora feito.
Se o PAIGC tivesse ter declarado aqui a independência, eles bem poderiam ter atravessado a fronteira próxima e regressado a correr, após uma possível breve cerimónia.
Embora o Krabbe tenha escrito que não havia nenhuma povoação em Madina do Boé, muito menos com aspeto de estar inserida numa zona libertada, os jornais portugueses citaram extensivamente a minha história com um enfoque no colete anti-balas do piloto.
Foto nº 3
(...) Sem mo dizer, o QG da Reuter tinha enviado, ao mesmo tempo que eu, um colega a Conakry para confirmar, do “outro lado”, a declaração de independência alegadamente feita em Madina do Boé, e a Reuters atrasou a transmissão da minha reportagem aos nossos nossos subscritores, até que eles validassem comigo as coordenadas do lugar que nos disseram ser Madina do Boé, uma vez que tinham detectado um erro no grau de latitude no meu fax. Acontece que o grau correto se perdeu na transmissão (...)
J. Raffelberg, na altura correspondente da Reuter em Bona, tinha recebido instruções para explorar a oportunidade de obter informação em primeira mão sobre um assunto controverso (a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau), o mesmo é dizer, conseguir um "furo jornalístico", mas o relato do repórter deveria passar primeiro pela sede da Reuter em Londres, com vista a garantir que os padrões da agência, de objectividade, imparcialidade e triangulação de fontes, estavam assegurados.
Foto nº 4
"Os marinheiros nos disseram ter [, a Cassiopeia.] participado da invasão marítima de Portugal à Guiné-Conacri em [22 de novembro] de 1970 para capturar ou matar Amílcar Cabral, mas a missão falhou. Quando naveguei com eles no rio Cacheu em 1973, o seu comandante era o 1.º tenente António Silva Miguel".
O gesto do novo comandante-chefe e governador-geral, gen Bettencourt Rodrigues, parece ter chegado demasiado tarde. E não terá tido grande repercussão na imprensa internacional: os dois jornalistas alemães terão estado menos de 15 minutos em Madina do Boé, e com forte protecção militar. Acrescente-se ainda o facto de a Op Leopardo não ter ficado barata, dada a mobilização de meios que implicou (parte do BCP 12 e parte da frota de Helis AL III).Não tenho qualquer dado para responder a isso, mas posso contar o que aconteceu em 69
Eram dois Helis, eu seguia num, com os Páras (picadores na especialidade). As ordens eram as seguintes: Eu largava um Pára que picaria o terreno para os Helis aterrarem. Assim foi executado.
Para que o IN pensasse que havia muita tropa, foi feita uma manobra de diversão. Enquanto o Gen Spínola estava em terra, os dois helis aterravam e levantavam fazendo voltas de pista, para sugerirem muitos efectivos.
As movimentações em terra eram feitas com muito cuidado. No único local onde há montes na Guiné [, as famosas Colinas do Boé,], os Helis apareciam e desapareciam para dar a ideia de muito aparato.
Recuperado o Chefe, Maj Durão, fotógrafo, e julgo mais um graduado, e os quatro Páras, que seguiram comigo, nunca mais voltei a aterrar em Madina do Boé.
Com estas fotos, Spínola queria mostrar que Madina ainda era controlada por nós, mesmo abandonada.
Porquê toda esta tosca explicação?
Acho que seria inapropriado o PAIGC ir com o seu Povo fazer uma cerimónia de independência num local que eles sabiam estar minado. Não saberia a FAP que eles nunca iriam a Madina ?
A cerimónia terá sido mesmo em Madina do Boé, dentro da Guiné? A Guiné-Conacri fica ali a dois passos.
Gostaria de saber se, em 1973, o Gen Bettencourt Rodrigues aterrou em Madina ou só fez umas passagens para ver se havia alguém.
Afinal não estou a esclarecer nada, estou a aumentar as dúvidas!!! (...)
Guiné > Região de Bafatá > Dulombi > Op ÇLeopardo (15-17 de nevembro de 1973) > Heli Al III estacionados em Dulombi.
Azeitão
Pelotão, nestas funções tomei ainda parte na Guarda de Honra que a CCP 121 fez à recepção da chegada do novo Governador da Província, General Bettencourt Rodrigues em 21 de Setembro de 1973. (...)
Comandei o Pelotão até 01Nov73, data em chegou um Alferes para o comandar, participei na Operação “Leopardo” de 15 a 17 de Nov73, em Madina do Boé em que participaram as CCP 121 e CCP 122, consistiu em levar uma equipa de fotógrafos ao local onde diziam que tinha sido declarada a Independência, mas quem lá foi disse que não havia lá nada, nem indícios, não há dúvidas que filmaram foi noutro local e não em Madina do Boé. (...)
domingo, 12 de julho de 2020
Guiné 61/74 - P21160: Parabéns a você (1837): António Dâmaso, SMor Paraquedista Ref das CCP 122 e CCP 123 (BCP 12 / Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de Julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21153: Parabéns a você (1836): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70) e Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Meânico Auto (Guiné, 1968/70)
sexta-feira, 12 de julho de 2019
Guiné 61/74 - P19970: Parabéns a você (1652): António Dâmaso, SargMor Paraquedista Ref das CCP 122 e 123/BCP 12 (Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P19959: Parabéns a você (1651): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70) e Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381
quinta-feira, 12 de julho de 2018
Guiné 61/74 - P18837: Parabéns a você (1469): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista Ref, das CCP 122 e 123 (BCP 12 / Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de Julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18827: Parabéns a você (1468): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Guiné 61/74 - P17569: Parabéns a você (1286): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista Ref (CCP 122 e 123/BCP 12 / Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17560: Parabéns a você (1285): Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70); Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
terça-feira, 12 de julho de 2016
Guiné 63/74 - P16295: Parabéns a você (1108): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista Ref - CCP 122 e CCP 123 (BCP 12 - Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16286: Parabéns a você (1107): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Guiné 63/74 - P15245: Inquérito "on line" (7): Estava em Bissau quando em 7 de maio de 1974 chegou o TCor graduado em Brigadeiro, Carlos Fabião, esse sim o último Com-Chefe. Conheci também o Schulz, o Spínola e o Bettencourt Rodrigues (António Dâmaso, SMor PQ ref, BCP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74)
In: Afonso, A., e Matos Gomes, C. - Guerra colonial: Angola, Guiné, Moçambique. Lisboa: Diário de Notícias, s/d., pp. 332 e 335.
No vosso inquérito, a meu ver, parece-me que se esqueceram de mais um governador.
Vejamos, eu fui contemporâneo de quatro Governadores e Comandantes-chefes da Guiné.
Quando em 17NOV66 a 17ABI68, fui colocado na BA12 e seguidamente no BCP12, era o Comandante-chefe o General Arnaldo Schulz.
Reportando a governação deste à época, tenho a dizer que houve uma grande atividade operacional por parte do BCP 12 que lhe deu direito à medalha de Cruz de Guerra de 1.ª Classe.
Quando lá apareceu o Brigadeiro Spínola, eu já não lá estava.
"Levei" com ele nas duas comissões seguintes: 20MAR69 a 10JUN70 e 18NOV72 a 30AGO74. Este militar, apesar de ter alguma preferência pelos oficiais de Cavalaria, esteve muito tempo dentro do teatro de operações e conseguiu implantar a “psico” de juntar as Populações perto de Aquartelamentos, construir moranças e criar legislação que protegia os indígenas de maus tratos por parte de militares metropolitanos.
Assisti mais de uma vez a palestras de receção a militares, em que este dizia aos militares aquilo que gostavam de ouvir de um chefe militar, por outro lado era a sua postura nas visitas aos Aquartelamentos e teatros de Operações... Sempre gostou de arriscar e teve sorte, morreu de velho.
Quando em 1961declinei a oferta de ir para a PM {, Polícia Militar], quis o destino que não o tivesse tido por 2.º Comandante, fui para Lanceiros 1
Depois havia a sua habilidade de convivência com as Populações, que era muito boa e era considerado o Homem Grande. Depois desta convivência e análise politica e militar, previu que a guerra não era ganha militarmente.
Para muitos, foi um Cabo de Guerra, mais tarde no 11MAR75, assisti "in loco", na BA3, à sua partida [para o exílio], num Heli que o levou à Base de Talavera de la Frontera.
Também lá estava quando fui comandar um Pelotão, integrado na CCP 121, para fazer guarda de honra na receção ao general Bettencourt Rodrigues quando este foi substituir o General Spínola, na minha modesta opinião não tenho conhecimentos para avaliar o desempenho deste senhor general, apenas sempre admirei a sua verticalidade de não alinhar com os revoltosos quando em 26ABI74, invadiram o seu gabinete. E como não alinhava com eles, deram-lhe voz de prisão e recambiaram-no para cá.
Este militar teve muita sorte na sua recusa, porque não passou pela vergonha de ter entregado a Guiné ao PAIGCV.
Imediatamente a seguir a 25 de Abril, vi muitos Periquitos posicionados nas esquinas das ruas de Bissau
Ainda lá estava quando em 07MAI74, chegou o TCor graduado em Brigadeiro, Carlos Fabião, que este sim foi fazer a transferência.
Lembro-me que quando este senhor lá chegou, se preocupou com a sua segurança e a do palácio, recebi ordem para ir levantar 20 Jeeps ao Exército, estas viaturas depois, algumas equipadas com canhões sem recuo, serviam de equipamento para uma CCP fazer a segurança ao palácio.
Por último, tenho dúvidas se Arnado Schulz e Spínola, participaram na guerra civil de Espanha.
PS - Caros camaradas, apesar de tudo, e do comentário acima, sou um spínolista. Um grande abraço do Dâmaso.
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terça-feira, 21 de julho de 2015
Guiné 63/74 - P14909: Memória dos lugares (308): Rios ? Subi o Geba até Bambadinca, naveguei no Bichaque e no Cumbijã, fui atacado no Cacheu, andei no Cacine e no Sapo... (António Dâmaso, srgt PQ, BCP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74)... O rio da minha tabanca, o Olossato (Paulo Salgado,ex-alf mil cav, CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72)
Data: 2 de julho de 2015 às 14:12
Assunto: Sondagem sobre ss nossos rios da Guiné
Ilustres camaradas!
Obrigado pelo convite para participar, mas o inquérito (*) não me permite dizer "o que me vai na alma".
Das várias vezes que estive no Ultramar, fui um privilegiado por ter sido sempre transportado de avião.
Quanto a deslocações na Guiné, até certo ponto também usufruí desse privilégio.
Em 9 ou 10 de julho de 1969, subi o rio Geba até Bambadinca, neste trajeto lembro-me de ter passado por um estreito e de ter esperado que a maré enchesse, pelo menos isto é o que eu retenho em todos os meus sonhos de guerras travadas.
Mais tarde, em dezembro de 1972, naveguei no Bichaque e no Cumbijã.
Em Maio de !973, no Cacheu, por duas vezes onde fui envolvido no ataque do Patrulha.
Em Junho e Julho de 1973, naveguei no Cacine e no afluente [, Rio Sapo que banha] Gadamael Porto por quatro vezes.
Isto foi a minha passagem por rios da Guiné.
Um abraço
A. Dâmaso
2. Mensagem de Paulo Salgado, com data de 3 jul 2015 06:20
[ foto à esquerda: Paulo Salgado, ex-Alf Mil, CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72. administrador hospitalar reformado; cooperante na Guiné-Bissau e em Angola]
Caros bloguistas, caro Luís,
Como podeis pensar apenas na grandeza, na extensão (quase todos os que indicais...)?
Há um pequeno rio que serpenteia entre arvoredo frondoso, que recebe as crianças, jovens brincando na água, que devolve tranquilidade a quem, por certo, se aventurou a navegar numa canoa...é o rio Olossato, que corre na povoação com o mesmo nome.
Registai: Olossato. (**)
Saudações bloguistas
Paulo Salgado
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Notas do editor;
(*) Último poste da série > 20 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14903: Memória dos lugares (305): O meu rio próximo, e de estimação, era o Rio Grande de Buba (António Murta)
(*) Vd, poste de 19 de fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - P548: Do Larinho ao Olossato ( Blogue de Paulo Salgado)
domingo, 12 de julho de 2015
Guiné 63/74 - P14866: Parabéns a você (934): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista das CCP 122 e 123/BA 12 (Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14852: Parabéns a você (933): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
sábado, 17 de janeiro de 2015
Guiné 63/74 - P14157: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (96): Não sei se era o senhor Comandante Pombo que estava aos comandos, sei que fiquei muito sensibilizado com esta boleia (António Dâmaso)
HOMENAGEM AO COMANDANTE POMBO
Li que havia três Antónios que voaram em Cessna.
Eu também sou António e voei em Cessna. Estava na 2.ª Comissão, pertencia à CCP 122, estava destacado em Teixeira Pinto, um dia à boa maneira da Tropa, sem me darem qualquer explicação, mandaram-me embarcar numa DO 27 com destino a Bissalanca, aí integrara-me por empréstimo numa Companhia menos de Páras que tinha sido mobilizada para Angola e foi parar à Guiné como reforço à zona Leste.
Esta companhia foi reforçada com sargentos e praças das CCP 121 e CCP 122 e passou a ser denominada CCP 123, no dia 11 de Julho embarcou em lancha com destino a Bafatá, com camas e colchões da FAP.
Em Bafatá, ficou alojada no Esquadrão FOX junto do aeroporto, no dia 12 fez um heli-assalto.
Era na 2.ª quinzena de Julho de 1969, não posso precisar o dia, se foi a 19 ou 30, depois de uma operação na zona, estava em Galomaro para tomar o transporte de regresso para Bafatá, ouvi uma conversa de um casal de comerciantes locais, que ia embarcar em Bafatá com destino a Bissau em viagem de negócios. Como tinha a família em Bissau, perguntei se me davam uma boleia, foi-me dito que tinham prazer na minha companhia, pedi ao Comandante de Companhia e este disse-me que me dava dois dias.
Saltei para a caixa de carga da Pick-up do casal, com destino a Bafatá onde nos esperava uma avioneta Cessna, embarcámos com destino a Bissalanca, aterramos já depois do por do sol com as luzes da pista acesas.
Não sei se era o senhor Comandante Pombo que estava aos comandos, sei que fiquei muito sensibilizado com esta boleia. O meu regresso a Bafatá, foi feito em Dakota onde o meu saudoso camarada MMA, Luís Maria Vitorino era tripulante, este faleceu nos Açores quando o Aviocar colidiu com a serra de Santa Bárbara, na Ilha Terceira em 05 de Julho de 1978.
Nota do editor
Último poste da série de 15 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14152: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (95): Mais uma pequena história... Em honra do Cessna dos TAGP e do Comandante Pombo (Mário Migueis da Silva)
sábado, 12 de julho de 2014
Guiné 63/74 - P13391: Parabéns a você (761): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista Reformado (Guiné, CCP 122 e 123 / BCP 12)
Nota do editor
Último poste da série de 9 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13379: Parabéns a você (760): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Guiné 63/74 - P11828: Parabéns a você (601): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista das CCP 122 e 123/BCP 12 (Guiné)
Nota do editor
Último poste da série de 9 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11818: Parabéns a você (600): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf da CART 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Guiné 63/74 - P10158: (Ex)citações (189): Chamem-lhe destino, providência, desígnio ou simplesmente sorte... mas a verdade é que eu estive para me sentar duas vezes no lugar do morto (Jorge Narciso, ex-1º cabo espec MMA, Bissalanca, BA 12, 1969/70)
1. Comentário, com data de hoje, de Jorge Narciso [, foto acima, do próprio,] ao poste P10144 (*):
Luís:
Mas, no caso ora tratado, o que estava efetivamente combinado e autorizado, era que eu no regresso da operação ocupasse o "lugar" do Machadinho, trocando ele para o heli onde afinal acabei eu por voar.
Sobre o mesmo escrevi em comentário ao Post 5176 o seguinte:
Com um abraço
Jorge Narciso
_________________
Notas do editor:
(*) 12 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10144: In Memoriam (121): António Machado, 1.º Cabo Especialista MARME, e António Rodrigues, Capitão Pilav, que pereceram num acidente de helicóptero no dia 12 de Julho de 1969, em Bafatá (Jorge Narciso)
(**) Último poste da série > 15 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10154: (Ex)citações (188): Os Joões Mecânicos, nós, os outros... (Carvalho de Mampatá)
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Guiné 63/74 - P10143: Parabéns a você (448): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista (BCP 12) na situação de Reforma
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 9 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10132: Parabéns a você (444): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf.º da CART 2412; Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 e Joaquim Peixoto, ex-Fur Mil da CCAÇ 3414
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Guiné 63/74 - P9975: Efemérides (101): Ataque ao navio Patrulha Hidra, dia 20 de Maio de 1973 (António Dâmaso)
ATAQUE AO NAVIO PATRULHA HIDRA
António Dâmaso
No dia 20 de Maio de 1973, depois da CCP 121 participar na Operação ”Ametista Real”, cerca das 19h30, não posso precisar a hora sei que era de noite, embarcámos em Ganturé, juntamente com alguns Comandos Africanos no Navio Patrulha HIDRA com destino a Binta, julgava eu que íamos regressar a Bissau.
Entrei à conversa com um camarada da guarnição 1.º Sarg. Artilheiro Joanás, fomos até uma salinha, depois de uma cervejinha bem fresca e de uma conversa, estávamos sentados e eu deixei-me vencer pelo sono, repentinamente cerca das 24h00, sou acordado com uma série de rebentamentos, o convés do navio tinha sido atingido*, havia granadas a arder (pólvora), tive a sensação que o paiol tinha sido atingido, mais tarde li algures que o que foi atingido foi um reservatório das peças Bofors de um dos canhões que equipavam o navio. O Joanás agarrou imediatamente num extintor, eu passei-lhe outro e com um em cada mão, apagou o incêndio naquele local, fiquei impressionado com a rapidez e destreza dele, não há dúvida que na Marinha, as guarnições dos navios estão muito bem preparadas para combater incêndios a bordo, quando vi as granadas incendiadas, fiquei com receio que estas rebentassem, o que teria acontecido se não tivessem sido extintas atempadamente.
A reacção ao ataque por parte da CCP 121 foi rápida e eficaz, dando origem a que os guerrilheiros do PAIGC tivessem desistido de mandar mais granadas para o convés do navio, porque se tivessem continuado, teriam provocado mais vítimas e estragos de maior monta, como era de noite não me apercebi bem dos efeitos do ataque, quanto à localização julgo ter sido na curva de Jugali.
De cada vez que eu tentava subir as escadas para o convés, aparecia-me um ferido que eu encaminhava para a enfermaria, tarefa dificultada por ser feita no escuro, isto repetiu-se várias vezes, um dos feridos era do meu pelotão, apontador do morteiro e ficou ferido num calcanhar. Recordo que no meio daquela confusão toda, alguém ter dito que faltava um Zebro (barco de borracha), chegamos a Binta na madrugada do dia 21. Pela manhã os feridos foram evacuados e nós lá ficamos, ao meu pelotão coube para alojamento um barracão de madeira junto do cais que ficava do lado esquerdo, Binta tinha sido em tempos um entreposto madeireiro.
Depois de ter desembarcado dei por falta de um rádio (banana), que só podia ter desaparecido no Patrulha, uma vez que tinha feito conferência de material antes de embarcarmos e o militar que o tinha à guarda foi ferido no ataque, como recebiam prémios por armamento ou equipamento, apreendido ou encontrado, mais tarde o rádio apareceu como tendo sido dado como achado por um Comando Africano na zona de Bigene.
À noite, estava a dormir, pelo quarto dia consecutivo, sou acordado com um ataque dirigido aos barracões, com lança granadas de foguete (RPG 2 e 7), vindo do outro lado do rio Cacheu, não ouve baixas mas além de termos ripostado ao ataque, tivemos de apagar um incêndio num dos barracões que ficava em frente ao nosso. Nesse barracão estava uma viatura carregada com caixões com destino a Guidage, os ataques já se tinham tornado uma rotina. Ainda ficamos em Binta mais um dia e uma noite, à espera de uma coluna de viaturas que viria de Farim com destino a Guidage.
Mais tarde quando me encontrei com o Joanás em Cacine, quando este andava a apoiar Gadamael Porto, disse-me que tinha sido louvado que a CCP 121 tinha tido uma citação elogiosa pela sua acção.
Um Ab
A. Dâmaso
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Notas de CV:
Vd. último poste da série de 31 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9972: Efemérides (66): Guidaje foi há 39 anos... A coluna do dia 29 de maio de 1973: a participação da 38ª CCmds (Pinto Ferreira / Amílcar Mendes / João Ogando)
(*) Ver poste de 16 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1665: Operação Larga Agora, Tancroal, Cacheu, local maldito para a Marinha (Parte I) (Lema Santos)
– Em 20 de Maio de 1973 a LFG Hidra, frente à clareira de Jagali, a juzante da foz do rio Buborim, foi emboscada da margem Norte com RPG, armas ligeiras e morteiro 60 mm. O primeiro RPG deflagrou contra os cunhetes de munições da Boffors de vante, provocando rebentamentos e um grave incêndio, tornando a peça inoperativa. Reagiu de imediato e tudo acabou por se compor, não sem alguns estragos.
Foi elogiada a colaboração de elementos da CCP 121 e BCCmds (Baltalhão de Comandos) que, seguindo a bordo, conjuntamente com o navio, reagiram prontamente com o armamento de que dispunham. O resultado foram 3 feridos graves (Comandos) e 6 feridos ligeiros (Comandos, Paras e LFG).
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Guiné 63/74 - P9966: Efemérides (98): Guidaje foi há 39 anos: Operação "Mamute Doido" (4): O Regresso (António Dâmaso)
Legenda:
1 - Cabo Gonçalves, foi ferido no ataque ao Navio Patrulha em 20MAI73
2 - Soldado António das Neves Vitoriano, morto em combate na emboscada de Cufeu em 23MAI73 (a) (b)
3 - Soldado José de Jesus Lourenço, morto em combate na emboscada de Cufeu em 23MAI73 (a) (b)
4 - Soldado A Ferreira Carvalho, morto em Combate em 22JUL73 em Cubonge
5 - Soldado Manuel da Silva Peixoto, morto em combate na emboscada de Cufeu em 23MAI73 (a) (b)
6 - Soldado Fernando Jorge Ferreira Dias, morto na Operação «Gato Zangado I» Nova Lamego em 05FEV74
(a) Ficaram sepultados em Guidage
(b) Os restos mortais foram resgatados e entregues às famílias em Julho de 2008
OPERAÇÃO ”MAMUTE DOIDO” (4)
O REGRESSO
No dia 30 de Maio pelas 06H30 saímos do Guidage, saí com um misto de alívio por me ver livre daquele inferno e uma tristeza enorme por deixar para trás aqueles três Bravos rapazes que abnegadamente tinham dado a sua vida pela Pátria. Ao sair deitei um último olhar para as campas desejando paz às suas almas, mesmo armado em “duro”, senti um nó na garganta e um ardor nos olhos, foi como se tivesse deixado ali três irmãos mais novos que não consegui proteger, o Lema dos Pára-quedistas “NINGUÉM FICA PARA TRÁS” tinha sido quebrado.
A minha Companhia ia em guarda de flanco esquerdo no sentido Guidage-Binta, os Fuzileiros iam no flanco direito, estávamos arrasados, alguns dos meus homens estavam mesmo em baixo. Antes da saída pedi-lhes que fizessem um esforço, pelo que acederam e lá nos dispusemos a palmilhar os quase 20km de distância, mas depois de passar a zona mais perigosa, ordenei aos que estavam com maior dificuldade para subirem para as viaturas, mas eu como tinha de dar o exemplo, fiz um esforço para aguentar.
Ao passar pela última vez pelo Cufeu lá estavam os esqueletos espalhados comidos pelos bichos, dando uma imagem fantasmagórica, um dos meus homens ia a olhar para a esquerda, de repente olha em frente, depara-se com dois esqueletos junto a uma árvore, fez uma ligeira paragem repentina, mais de respeito do que medo e no momento lembro-me de lhe ter dito para não se preocupar que aqueles já não lhe faziam mal. Ao todo passei pelo Cufeu quatro vezes. Desta vez os guerrilheiros do PAIGC, optaram por não nos incomodar, fiquei com a impressão que eles gostavam mais de atacar pessoal que passava lá pela primeira vez, pelo que chegamos a Binta sem incidentes. Ficámos a aguardar por uma lancha que no dia 01JUN73 nos transportou até Farim, nessa noite fomos dormir no Kapa3, no dia 02JUN73 seguimos em escolta a uma coluna de viaturas de Farim para Bissau, na estrada entre o Kapa 3 e Mansabá, que eu quatro anos antes tinha por lá andado a fazer segurança à construção da mesma. Viam-se algumas viaturas na berma que tinham sido incendiadas, no trajecto entre Mansabá e Mansoa, reconheci os pontos críticos por também ter feito segurança a várias colunas quatro anos antes. Chegamos a Bissalanca pelas 15 horas depois de 15 dias de martírio.
Era fim-de-semana, depois de proceder à operação de recolha do material e do entregar na arrecadação, deixei os homens na camarata e dirigi-me aos meus alojamentos, como o bar de sargentos ficava em caminho, fui lá para matar a longa sede. Ao chegar ao jardim fronteiriço dei uma cambalhota em frente e soltei um grito estridente, deixando escapar toda a raiva e emoções contidas naqueles dias, os presentes já estavam informados do que tinha acontecido, as más notícias sabem-se logo, entreolharam-se e pensaram: "Este tipo vem apanhado de todo, este não é o primeiro-sargento que nós conhecemos". Não se enganaram porque nunca mais fui o mesmo que tinha de lá saído quinze dias antes, noutras circunstâncias ter-se-iam fartado de gozar mas a situação era grave, soube disto por confidência de um deles mais tarde em conversa.
Resumindo, naquelas duas Operações, “Ametista Real” e “Mamute Doido”, sofremos ataques/flagelações em Bigene nos dias 18 e 19 de Maio à noite; na noite de 20 quando érammos transportados no Navio Patrulha que navegava no rio Cacheu, este foi atacado, tendo o meu Pelotão sofrido um ferido que teve ser evacuado. Na noite de 21 fomos atacados no Cais de Binta; no dia 23 sofremos uma emboscada na Zona do Cufeu, onde o meu Pelotão teve três mortos e o 2.º teve um ferido grave que acabou por morrer mais tarde, das seis vezes que passamos na zona de Ujeque, fomos flagelados três; não contabilizei as vezes que fomos flagelados em Guidage nos oito dias que lá estivemos onde num desses ataques uma só granada provocou sete vítimas.
“Diz-se que foram quinze dias para esquecer” mas o pior de tudo é que não se consegue esquecer, têm-me dado muitos pesadelos e tirados milhares de horas de sono.
Curiosamente, apesar de ter tomado notas há muitos anos, tenho uma “branca” desde o espaço de tempo que passei por Genicó e desembarquei em Farim, dizem-me que fomos pernoitar em Binta mas não me lembro de nada
Um Ab
Dâmaso
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Notas de CV:
- Sobre a a batalha de Guidaje (ou Guidage), é obrigatório ler o livro de José de Moura Calheiros - A Última Missão (Lisboa, Caminhos Romanos, 2010, 638 pp) e em especial as pp. 437 - 491: cap 31 (A batalha de Guidage) e cap 32 (Como morrem os soldados)...
- Há referências sobre Moura Calheiros (que era na altura o Segundo Comandante e Oficial de Operações do BCP 12) (Guiné, 1971/73)
(http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Moura%20Calheiros%20%28Cor%20P%C3%A1ra%29)
Vd. postes anteriores da série de:
27 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9951: Efemérides (60): Guidaje foi há 39 anos: Operação "Mamute Doido" (1): Estadia em Binta e saída até Cufeu (António Dâmaso)
28 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9954: Efemérides (61): Guidaje foi há 39 anos: Operação "Mamute Doido" (2): Desenrolar da emboscada na zona do Cufeu (António Dâmaso)
e
29 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9963: Efemérides (63): Guidaje foi há 39 anos: Operação "Mamute Doido" (3): Permanência em Guidaje (António Dâmaso)