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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26394: Humor de caserna (97): O anedotário da Spinolândia (XV): O comandante do destacamento de Cabedu... a quem Spínola perguntou pelo plano de defesa (Rui A. Ferreira, 1943-2022)



1. Mais uma história (daquelas "rocambolescas da guerra"...) contada pelo nosso saudoso camarada Rui Alexandrino Ferreira (1943-2022), ten cor inf ref, que fez duas comissões no CTIG, a última como cmdt da CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, jan 71 / set 72): além de ter sido um grande operacional, foi também um talentoso escritor, tendo-nos deixado três livros de memórias; natural de Angola (antiga Sá da Bandeira, hoje Lubango), viveu parte da sua vida em Viseu, cidade que muito amava, onde tinha muitos amigos  (como o protagonista desta história) e onde faleceu.


O comandante do destacamento de Cabedu... a quem Spínola perguntou pelo plano de defesa (*)

por Rui A. Ferreira (1943-2022)



O meu amigo Manuel Cerdeira (**), atualmente coronel reformado da administração militar, cumpriu uma comissão na Guiné, como alferes miliciano atirador de infantaria.

Tendo saído do barco que o transportou até Bissau, diretamente para uma lancha da marinha, que o foi depositar, a si e ao seu grupo de combate, no aquartelamento de Cabedu, cuja guarnição era então composta por dois pelotões de atiradores e, sendo que, como era o mais antigo, passou nestes termos a ser o comandante militar de Cabedu.

Passados uns tempos, recebeu a visita do próprio general Spínola, que a certa altura lhe perguntou:

− Então, e o plano de defesa ?

Ao que o bom do Cerdeira respondeu:

− Não sei o que é isso.

− Então, quando são atacados o que é que fazem ?

− Fazemos fogo.

− Para onde ?

− Para onde pensamos que eles estão.

− Então, e não veio cá ninguém ajudá-lo a fazer um plano de defesa ?

− Não, senhor, o meu general foi o único até agora.

Spínola voltou para o helicóptero, foi à sede do batalhão (***), fez subir para o mesmo o comandante e foi largá-lo em Cabedu  e deixou-lhe TPC (trabalho de casa):

− Daqui a 15 dias volto cá a buscá-lo,quando o plano de defesa estiver pronto.

Para concluir a história, foi o comandante punido com uns quantos dias de prisão e devolvido à metrópole.


Fonte: Excerto de Rui Alexandrino Ferreira - "Quebo: nos confins da Guiné". Coimbra: Palimage, 2014, pág. 348.

( Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, itálicos, título: LG)


_______________

Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 15 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26391: Humor de caserna (96): "O mê Zé disse isso ?!"... O epílogo engraçado da história do impaludado (Alberto Branquinho)

Vd. poste de 4 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26348: Humor de caserna (91): O anedotário da Spinolândia (XIV): "Vão-se todos vestir com a roupa que tinham quando viram o helicóptero!"... (Mário Gaspar, ex-fur mil art, MA, CART 1659, Gandembel e Ganturé, 1967/69)


Cor SAM ref Manuel C. A. G. Cerdeira 
(1946-2023)

(**) Trata-se do cor SAM Manuel Carlos de Almeida Guerra Cerdeira, natural de Viseu (1946- 2023)(Curso de Saída da AM: 1974); foi alf mil at inf, OE, tendo cumprido uma comissão de serviço no CTIG, em Cabedu,  no subsetor de Catió (1969/70), comandando dois Gr Com da CART 2476  (Catió e Cabedu, 1969/70), setor S3 (Catió, BART 2865).

Ingressou depois  na Academia Militar em outubro de 1970 (Patrono do Curso: “Major Neutel Simões de Abreu”), concluindo a parte curricular do Curso de Administração Militar (AdMil) em 1973, sendo, após frequência do tirocínio na Escola Prática de Administração Militar (EPAM/Lisboa - 1973/1974), promovido a alferes.

Elemento da primeira hora do MFA, integrou o grupo de oficiais que assumiu o comando da Escola Prática de Administração Militar (EPAM/Lisboa) na madrugada de 25Abril74 bem como o grupo de comando que  garantiu a  ocupação e a defesa dos Estúdios da RTP no Lumiar, no âmbito na “Operação Fim de Regime”.

Fez depois a sua normal carreira militar: tenente (1974), capitão (1977), major (1986), tenente-coronel (1994) e coronel (1996). Destaque para uma Comissão de Serviço na Bósnia e Herzegovina, integrado no Destacamento de Apoio de Serviços (DAS) da Força Nacional Destacada “FND-IFOR/BÓSNIA” (1996).

(***) Catió, sector S3, englobando 3 subsetores, Catió, Cufar e Bedanda, e posteriormente (em out69) mais 3, Cacine, Gadamael e Guileje. Nesta altura, a responsabilidade do setor S3 era do BART 2865 (fev 69 / dez 70), que teve dois comandantes: TCor Art Mário Belo de Carvalho e TCor Art António José de Melo Machado.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26228: Operação Grande Empresa, a reocupação do Cantanhez e a criação do COP 4, a partir de 12 de dezembro de 1972 - Parte I: O que diz a CECA



Guiné > Região de Tombali > Rio Cumbijã > Proximidades de Caboxanque (?) > Op Grande Empresa (que começou em 11 e 12 de dezembro de 1972) > LDM > Imagens do 1º cabo apontador da HK21, Victor Tavares, CCP 121 / BCP 12, ao centro.

Fotos (e legenda): © Victor  Tavares (2022).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Há dois anos publiquei o poste P23910 (*), no dia a seguir ao Natal... Justamente sobre a reocupção do Cantanhez, em finais de 1972, seis anos depois de ter sido proclamada pelo PAIGC como "área libertada"... 

E aproveitei para usar estas duas fotos do álbum do nosso grande paraquedista, da CCP 121 / BCP12, o ex-1º cabo Victor  Tavares, o homem da HK21 e comentar, com a bonomia, a candura e  o pacifismo próprios da quadra natalícia, essa Op Grande Empresa em que ele e os seus camaradas do BCP 12 estiveram empenhados, bem como outras unidades, quer da Marinha quer do Exército... O que lhe escrevi, acho que merece ser relembrado, agora, a escassas três semanas do Natal de 2024 (mais um, há dois mil anos, sem paz na terra).

"Victor, há natais que nunca mais se esquecem. E menos ainda as guerras por onde andámos.  Em março de 2008 tive ocasião de conhecer o que restava do Cantanhez do teu tempo. Um verdadeiro inferno verde. Deslumbrante mas onde ainda havia marcas de guerra. Tudo nos falavava da guerra que por ali passara, há 40 an0s, mesmo no mais recôndito da floresta onde se escondiam os irãs dos nalus... 

"O silêncio da floresta não conseguia abafar os muitos anos de guerra e as bombas que lá foram largadas, incluindo as de napalm... 

"A Op Grande Empresa foi um duríssimo golpe para o PAIGC e o orgulho de Amílcar Cabral.  Caía por terra o último dos mitos, o dos dois terços de território libertado... 

"Doravante, o PAIGC iria sobretudo refugiar-se nos santuários para lá das fronteiras, na Guiné-Conacri e no Senegal, onde poderia mais facilmente usar as armas pesadas e os camiões russos.

"É claro que neste tipo de território, de extensa floresta-galeria, cruzada por míríades de cursos de água, não há áreas controladas nem libertadas... Mas a resposta do PAIGC foi a do costume: fugir para se reagrupar... A resistência das suas tropas foi fraca, não foi capaz sequer de defender a sua população... 

"Mas também é verdade que Spínola estava a gastar os seus últimos cartuchos... E um mês depois Amílcar Cabral seria abatido como um cão pelos seus homens...  (A mando de quem ?  Dos seus inimigos, internos e externos). E três meses depois, em 25 de março de 1973, há um  'strela', vitorioso, apontado ao coração da nossa Força Aérea.

 
Victor Tavares (ex-1º cabo pqdt,
apontador de HK21
CCP 121/ BCP 12, BA 12,
Bissalanca, 1972/74;
natural de Águeda,
é membro da Tabanca Grande
desde 6/10/2006)
"E tudo isto, para quê, Victor? Nada disto valeu a pena, incluindo o sacrifício inútil
de
 milhares de jovens combatentes de ambos os lados, das dezenas de milhares de mulheres, crianças e velhos da população civil, afinal as grandes vítimas do conflito... 

"Nada, de resto, que tirasse o sono ao Amílcar Cabral ou ao Sékou Touré,  ou ao Spínola ou ao Marcello Caetano, para não falar dos donos do mundo bipolarizado, a ex-URSS e os EUA, o Nixon e o Brezhnev, respetivamente.

"No que nos dizia respeito mais diretamente, Spínola estava já numa relação de divórcio litigioso com o chefe do Governo... Este por sua vez exigia que o exército continuasse a lutar na Guiné com os escassos meios que de dispunha...E até já admitia a sua derrota militar, mas o mais importante era não hipotecar, do ponto de vista jurídico e político, as conmdições a continuação da   defesa das 'joias da coroa', Angola e Moçambique... Sim, por que o resto eram 'peanuts'...

"Entende isto, Victor, como um 'devaneio de paz natalícia', e que não pretende de modo algum pôr em causa a qualidade excecional da tua subunidade (CCP 121) e da sua unidade (BCP 12) nem muito menos o grande combatente, 
de corpo inteiro, de grande coragem e estofo moral que tu foste." (...)


II. Dois anos depois, está na altura de conhecer, em mais detalhe, os planos que, os nossos "maiores", desenharam para a Op Grande Empresa... Voltaremos a falar dela...E. com graça, da maneira como um trio, Spínola e dois dos seus adjuntos, "cozinharam a coisa"... 

Um deles é membro da Tabanca Grande...E quis partilhar comigo, já por mais de uma vez, 
esse "segredo" (que já não de Estado)... 
(Refiro-me ao cor inf Mário Arada Pinheiro 
a quem já pedi autorização para publicar essa conversa, "top secret", que teve com o Spínola, o major Baptista, chefe da Repartição de Operações; era então, o major Pinheiro o comandante de 13 mil tropas africanas...).

De qualquer modo, importa sublinhar qiue a Op Grande Empresa, que se arrastou +por mais de ,meio ano (12Dez / 07Jul73), foi  "uma das mais complexas e difíceis travadas em qualquer dos três TO africanos, pelas Forças Armadas de Portugal" (...), face  à envergadura dos meios humanos e materiais necessários e empregues, oriundos do Exército, da FAP e da Marinha.(diz-se npo sítio da História dss Tropas Paraquedistas Portuguesdas). 
 
Foram empenhadas:

  • como forças de intervenção, três CCP/BCP 12 e o DFE 1 (Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 1), depois substituído pelo DFE 12; 
  • como forças de quadrícula, três Companhias de Infantaria, uma de Cavalaria, três Pelotões de Artilharia e uma Companhia de Engenharia; 
  • como força de apoio atuou um CFT (Cmd de Força Tarefa/Marinha), com duas LDG (Lancha de Desembarque Grande), quatro LDM (Lancha de Desembarque Média), uma LFG (Lancha de Fiscalização Grande), duas LFP (Lancha de Fiscalização Pequena) e, a pedido do Cmdt da operação à FAP, os indispensáveis e disponíveis meios aéreos. 

"O objetivo principal foi a reocupação da região do Cantanhez, no sul da Guiné, a qual há muito tinha sido abandonada, decorrente da retração do dispositivo militar e, como consequência, livremente ocupado pelo PAIGC, onde criara uma embrionária estrutura política e administrativa, apoiada por relevantes forças de guerrilheiros. 

"O difícil objetivo foi atingido, atuando-se em duas vertentes, a operacional através de uma intensa e permanente atividade em toda a zona, que conduziu à desarticulação da dispositivo IN, e outra vertente mais estrutural, tendo sido implantados rapidamente quatro aquartelamentos para as NT, depois mais um outro; concomitantemente foram concentradas as populações da área em aldeamentos de muito boa qualidade, construídos para o efeito, com mão de obra dos próprios e material fornecido, tudo sob orientação das NT. 

"As condições de vida asseguradas às populações, nomeadamente médico-sanitárias, e as ações psicológicas exercidas sobre as mesmas na região, afetaram severamente as forças adversas que, consequentemente, se viram privadas do apoio da população, mormente das colheiras do arroz das produtivas bolanhas. 

"Em cerca de quatro meses foi contruída também uma estrada alcatroada, com cerca de 13 Km de extensão, ligando Cadique a Jemberém, desmatando-se para tal uma zona onde apenas havia uma picada que, na sua maior parte e devido à altura da vegetação, quem nela circulava não via o céu."






Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Península de Cubucaré > Cantanhez > Cananima > 9 de Dezembro de 2009 > c. 18h > Imagens da comunidade da aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do Rio Cacine, frente a Cacine.

Fotos (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Operação "Grande Empresa" - Parte I


A Directiva n" 19/72 de 29Nov do Comandante-Chefe tem de assunto a "Criação do COP 4". 

Transcrevem-se os primeiros quatro pontos:

"1. No quadro da manobra de contra-subversão a conduzir de acordo com a Directiva para a época seca de 1972-73, a execução de reordenamentos nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine, para recuperação das populações da região do Cantanhez, é uma das concretizações de maior alcance do esforço da manobra socioeconómica que se pretende desenvolver no Sul da Província.

2. Considerando:

- que o lN pode vir a empenhar elevado potencial na região do Cantanhez, para obstar à execução daqueles reordenamentos;

- que o Sector S3 não tem capacidade de exercício de comando para o cumprimento desta missão específica, face à missão que atualmente já lhe está cometida;

determino a criação do COP 4 sob o comando do tenente-coronel Pqdt Sílvio Araújo e Sá, apoiado pelo Cmd/BCP 12.

3. O COP 4 fica na dependência directa do CCFAG, sendo-lhe atribuída a seguinte missão, meios e ZA:

a. Missão

- implanta destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolve imediatamente e com a maior intensidade os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas;

- recupera as populações sob controlo do lN e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos;

- desenvolve adequada actividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenamento e meios materiais;

- limita a iniciativa militar ln na região de Cantanhez por actuação sobre os seus dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existentes na área;

- desenvolve permanente ação psicológica sobre as populações de modo a que aceitem a presença das NF, colaborem na construção dos reordenamentos e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.

b. Meios

- 2 CCP do BCP 12

- 2 DFE (1 Destacamento a atribuir posteriormente)

- CCaç 6

- CCaç 4540/72

- CCaç 4541/72

- CCav 8352/72

- Destacamento de Cabedú

- 1 Pel Art 14 cm (T) a 2 Sec BP.

c.ZA

  • Foz do R. Cumbijã, curso do R. Cumbijã até Guileje 3 A5-I5,
  • R. Demba Chiudo, Guileje 2 G3-45, Guileje 2 F7-23, R. Dideregabi,
  • R. Cacine até à foz.

4. Atribuo alta prioridade à missão do COP 4. Consequentemente, impõe-se desde já iniciar com maior intensidade os trabalhos que permitam a instalação dos destacamentos e a execução dos reordenamentos de Caboxanque, Cadique e Cafine que, em linhas gerais, se deverá processar nas seguintes fases:

a. 1ª Fase - Preparação (desde já e até 08Dez72)

(1) Realização de ações ou operações na região do Cantanhez ou de Catió com a finalidade de aniquilar o ln e criar condições psicológicas que facilitem a aceitação por parte das populações dos futuros reordenamentos.

(2) Preparação das Unidades (pessoal e material) para a execução da 2ª. fase e transporte para Cufar dos materiais considerados indispensáveis.

b. 2ª Fase - Implantação (de 08 a 16Dez72)

(1) Transporte e desembarque das forças responsáveis pela implantação dos destacamentos e do material necessário, atendendo ao seguinte:

- Os destacamentos de Cadique e Caboxanque devem ser estabelecidos simultaneamente ou então apenas com um dia de intervalo, mas neste caso o de Cadique tem prioridade.

- Não devem concentrar-se simultaneamente em Cufar efetivos superiores a 1 Comp, além dos atualmente lá existentes.

(2) Desenvolvimento da atividade militar que garanta a necessária segurança à implantação dos destacamentos e à recuperação das populações.

c. 3ª Fase - Consolidação ( a partir de 16Dez72)

(1) Consolidação da ocupação militar e desenvolvimento dos trabalhos de reordenamento.

(2) Desenvolvimento de actividade operacional em proveito da segurança dos destacamentos e populações recuperadas. [... ]"

• Para cumprimento da Directiva n° 19/72, o COP 4, com sede em Cufar, integrando o subsector de Bedanda e a área do Destacamento de Cabedú, ambos transferidos do BCaç 4510/72, teve início em 12Dez72 e a extinção em 02Ju173 .

• Para concretizar a missão, foi decidido executar a Operação "Grande Empresa" de cujo Plano de Operações, elaborado pelo Comandante do COP 4 e datado de 01Dez72, se reproduzem as "Situação", "Missão" e "Execução".

1. Situação

a. Forças Inimigas

Anexo B (Informações) (omitida)

b. Forças Amigas

(1) CDMG

- Realiza os transportes de pessoal e abastecimentos necessários, em coordenação com o CTIG, em ordem ao cumprimento da missão.

- Atribui permanentemente 1 LDM para transportes de material e pessoal.

- Garante o apoio administrativo - logístico às suas Unidades.

(2) CZACVG

- Atribui diariamente 

  • 1 "DO-27" (DCON- TMAN) , 
  • 2 "T-6" (ATAP) 
  • e 1 "ALL III" (TMAN/TEVC) 
para apoio de fogo, ligação entre os destacamentos, e evacuações, e, quando necessário, um meio aéreo para exercício de comando e PCV

- Atribui os meios aéreos necessários à execução de operações, com:

  •  "FIAT G-91" ATAP
  • "T-6" ATAP
  • "ALL III" TMAN/TASS
  • "ALL III" ATAP
  • "DO-27" DCON

- Executa e atribui meios aéreos para intenso reconhecimento da ZA, em ordem à execução do esforço e transporte de manobra em exploração imediata de informações.

- Garante o apoio administrativo-logístico das CCP.

(3) CTIG

- Fornece os meios e serviços necessários ao apoio administrativo- logístico das Unidades do Exército, à implantação dos destacamentos, e à construção dos reordenamentos.

- Liga-se com o CDMG para efeito de transporte dos meios e serviços necessários.

(4) QG/CCFAG

- Fornece uma equipa que assegura diretamente e em permanência o suporte psicológico do cumprimento da missão, considerando como finalidade primordial desta missão a recuperação das populações do Cantanhez.

- Garante o apoio de caráter técnico e logístico aos trabalhos de construção dos reordenamentos, dentro da sua esfera de ação.

(5) BCAÇ 4510/72

- Fornece ao COP4 todo o apoio, em especial em Cufar, no que respeita a instalações de pessoal e material, e ao exercício do Comando.

- Garante a segurança dos meios aéreos e do pessoal e material desembarcado em Cufar.

- Garante o apoio administrativo-logístico do destacamento de Cabedú.

(6) COE

- Colabora na interdição das zonas de passagem mais frequentes do ln, lançando campos de minas quando tal lhe for solicitado pelo comando do COP 4.

2. Missão

- Implantar destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolver imediatamente e maior intensidade, os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas.

- Recuperar as populações sob controlo do ln e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos.

- Desenvolver adequada atividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenação e meios materiais. 

- Limitar a iniciativa militar lN na região do Cantanhez por atuação sobre o dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existente na área.

- Desenvolver permanente acção psicológica sobre as populações, de modo a que aceitem a presença das NT, colaborem na construção dos reordenamentos, e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.

3. Execução

a. Conceito da Operação

- Construir quatro Agrupamentos, com a missão específica e particular:

- Agrupamento de Forças de Intervenção (Agrup I) - Assegurar a proteção afastada dos reordenamentos, executando ações ofensivas sobre áreas fulcrais, e interdizer ao ln as "cambanças" tradicionais.

- Agrupamentos de Reordenamento (Agrup A, B e C) - Efetuam os reordenamentos em ordem ao cumprimento da missão, e as- . seguram a sua protecção imediata e próxima.

- Atribuir aos Agrupamentos de reordenamento, a organização e funcionamento das missões específicas relativas a:

- Segurança imediata e próxima dos trabalhos de cada reordenamento.

- Organização e controlo do trabalho de cada reordenamento.

- Instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Exercer intensa ação psicológica, procurando recuperar a população da ZA.

- Atribuir a cada Agrupamento de reordenamento, um sector de responsabilidade
para manutenção da actividade normal de rotina, em ordem a garantir uma ação efetiva e contínua na segurança próxima dos trabalhos de reordenamento, ou a ela ligada.

- Atribuir à CCaç 6 um sector de responsabilidade para manutenção da atividade normal de rotina, em ordem a contribuir para a segurança afastada dos trabalhos de reordenamento.

- Com o Agrup das Forças de Intervenção, executar ações por helitransporte ou por desembarque em meios navais, nas Zonas que possam afetar a segurança dos trabalhos de reordenamento.

- Prever a alteração das Zonas de ação dos Agrupamentos, assim como a articulação das forças, de acordo com a evolução e adiantamento dos trabalhos, e a situação na ZA.

- Anexo C (Zona de acção dos Agrupamentos) (omitido)

b. Agrupamento das Forças de Intervenção

(1) CCP 122

- Articula-se a 2 Agrupamentos a 2 Grupos de Combate.

- Após helicolocação em D-l, de um dos seus Agrupamentos na Zona x e do outro na Zona y, garante a segurança afastada das Zonas ALFA e BRAVO.

- Em D+ 1 é helirecuperada para Cufar, onde fica à ordem do Comandante do COP 4 para intervenção.

- Após helicolocação em D+4 na Zona 2, garante a seguranç afastada da Zona CHARLIE.

- Em D+5 é helirecuperada para Cufar.

- A partir de D+5 fica à ordem do Comando do COP 4 para o desempenho de missões de intervenção na sua ZA.

(2) DFE 1 (-)

- A partir de D+4 faz a interdição, em permanência, da "cambança" tradicional do ln entre Darsalame e a Ilha do Como.

c. Agrupamentos de Reordenamento

(1) Agrupamento ALFA

(a) 2 GComb/CCP 121 (-)

- Após ser helicolocada em D, em Caboxanque, contacta e controla a população, e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4541/72.

- Findo o desembarque da CCaç 4541/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.

(b) CCaç 4541/72

- Após o seu desembarque em D, em Caboxanque, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).

- Com apoio do COE, coloca em D, um campo de minas na região de Bedanda C 1; em data a indicar.

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções que lhe forem dadas.

- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).

(2) Agrupamento BRAVO

(a) CCP 121 (-)

- Após ser helicolocada em D em Cadique, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4540/72.

- Findo o desembarque da CCaç 4540/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.


(b) CCaç 4540/72

- Após o seu desembarque em D, em Cadique, procede à segurança imediata do seu estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções especiais que forem dadas.

- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).

(3) Agrupamento CHARLIE

(a) DFE 1 (-)

- Após ser helicolocado em D+4 em Cafine, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCav 8352/72, após o que colabora com esta na defesa imediata do estacionamento, em íntima coordenação
com aquela companhia.

(b) CCav 8352/72

- Após o seu desembarque em D+4 em Cafine, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação
com o DFE 1 (-).

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal em estacionamento temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com ela as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade
com as instruções especiais que lhe forem dadas.

- Mantém íntima ligação com o DFE 1 (-).

d. CCaç 6

- De D-l a D+ 1 bate a região de Cura- Braia em ordem a contribuir para a segurança afastada da Zona ALFA.

- A partir de D+ 1 efectua patrulhamentos da sua ZA, em ordem a prosseguir a mesma finalidade.

- Apoia o 17° Pel Art.

- Desempenhará missões indicadas pelo comando do COP 4 em ordem ao cumprimento de missão.

e. Destacamento de CABEDÚ

- Mantém apoio de comunicações, e logístico quando ordenado pelo Comando do COP 4.

- Apoia o 5° Pel Art.

f. Artilharia

(1) 17° PelArt (14 cm)

- Executa AID à ordem do Comando do COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos noturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do comando do COP 4.

(2) Pel Art (Eventual-Cufar) (14 cm)

- Executa AlD à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP 4.

(3) 5° Pel Art

- ExecutaAID à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP4. [... ]"

•A instalação no terreno teve início em 12Dez através de uma operação
 [1] .

A missão atribuída ao Cmdt do COP4 pelo Cmdt-Chefe através da Directiva n.º 19/72 de 22 de Nov foi concretizada conforme se comprova:

"As Companhias de Caçadores e de Cavalaria construíam os seus aquartelamentos em Cadique, Caboxanque, Cafal Balanta (e em Jemberém, mais tarde), cuja segurança imediata e próxima garantiam. Controlavam e apoiavam a população. Apoiavam e protegiam a execução dos reordenamentos e  faziam a protecção imediata e próxima à construção da estrada.

As três Companhias de Pára-quedistas e o Destacamento de Fuzileiros
Especiais actuavam ofensivamente sobre os grupos armados inimigos onde
eles fossem detectados, garantindo a segurança em toda a área a fim de permitirem a recuperação das populações e o seu reordenamento, bem como a construção da estrada Cadique-Jemberém. ,

A CMI- Companhia de Material e Infraestruturas do BCP 12 faria o apoio logístico imediato a todo o COP 4.

O Destacamento de Engenharia construiria a estrada Cadique-Jemberém
e apoiaria todas as restantes obras a realizar na Zona de Acção.

A Marinha asseguraria os transportes de pessoal e os reabastecimentos por via marítima e fluvial. Para este efeito, em 07 de Dezembro de 1972, o Comando da Defesa Marítima da Guiné criou uma Força Tarefa exclusivamente
para esta operação, o CTG6.

A Força Aérea asseguraria os reconhecimentos visuais, os transportes de manobra, as evacuações sanitárias e os apoios de fogo aéreos.

Em Janeiro, após as bem sucedidas instalações das Unidades que iam ocupar os novos aquartelamentos no Cantanhez, o dispositivo militar português na região ficou como segue:

  • Em Caboxanque [2] , a CCaç 4541/72 e a CCav 8352/72 ocupando as instalações e a CCP 122 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Capitão de Artilharia Nelson de Matos.
  • Em Cadique [2] , a CCaç 4540/72 ocupando as instalações e a CCP 121 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Major de Infantaria Carlos Gordalina.
  • Em Cafal   [3], a CCaç 3565 ocupando as instalações e o DFE 1 fazendo a segurança afastada.

 
- Em Bissau estava a CCP 123, em reserva, com uma prontidão de 15 minutos.

Começaram então as difíceis, melindrosas e persistentes acções de captação da confiança das populações, numa região que não via tropas portuguesas  há anos e onde o PAIGC se instalara em força, controlando todos os aspectos do  quotidiano das ditas populações. 

Durante os primeiros meses de 1973, paulatinamente, [... ] Caboxanque, Cadique, Cafal- e mais tarde Jemberém [4] - tornaram-se centros populacionais onde eram efectuadas muitas trocas comerciais, consequência da visita diária de muitas pessoas que ali acorriam vindas de aldeamentos vizinhos. 

De acordo com os Relatórios Periódicos de Informações do Comando-Chefe, naquele período, Caboxanque era a seguir a Tite e Pirada a localidade que, em toda a Guiné, tinha maior afluência de população vinda do exterior, geralmente para efectuarem trocas comerciais [... ]". [5]

• Integradas na "Grande Empresa" foram realizadas subsequentes operações
destacando-se entre outras:

 - "Cavalo Alado" (17 e 18Dez72) e "Dragão Bravo" (28 a 30Dez72) constantes da actividade operacional deste Capítulo);

- "Tamarú" (OlJan73) e "Gato Espantado" (30 e 31Jan73) constantes da actividade operacional do Capítulo III; 

- "Tigre Poderoso" do BCP 12 onde foi morto em combate, a 01Mai73, o Comandante de bigrupo que era simultaneamente Comandante Militar da área do Cantanhez"  [6].



Foto (CECA, 2015, pág. 235):  Operação "Grande Empresa": 
primeira missa em Caboxanque

_____________

Notas da CECA:

[1] Operação "Grande Empresa" - Actividade Operacional - 2° Semestre deste Capítulo.

 [2]    Subsectores criados em 12Dez72.

 [3]    Subsector criado em 10Jan73 e a partir de 13Mar73, com uma subunidade de reforço em Cafine, Chugé e Cobumba, ambas em 7Abr73.

 [4 ]Subsector criado em 20Abr73.

 [5] CALHEIROS, José de Moura, A Última Missão, Editora Caminhos Romanos, Porto, 2010, p.336

 [6] Relatório Op. N° 15/73, 6° período, do BCP 12. pp. 225/235
____________

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 225-235 (Com a devida vénia...).

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)

_______________


Nota do editor:

(*) Vd. poste de 26 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23919: Facebook... ando (70): A Op Grande Empresa (reocupação do mítico Cantanhez) foi há 50 anos (Victor Tavares, ex-1º cabo ap MG 42, CCP 121/BCP 12, 1972/74)



quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26208: Tabanca Grande (565): Jorge Fernando Ferreira Pedro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 6251/72 (Catió e Cabedú, 1972/74), que se senta no lugar 896 do nosso poilão

1. Mensagem de Jorge Fernando Ferreira Pedro, dirigida em 23 de Fevereiro passado ao nosso Blogue através do Formulário de Contacto do Blogger:

Quero fazer parte do vosso blog.

Fui combatente na Guiné. 72/74. Cart 6251.

Eu pessoalmente fiz toda a comissão em Cabedú, Especialidade de radiotelegrafista, 1.º Cabo.

Cumprimentos,
Jorge Pedro


********************

2. No dia 7 de Março foi enviada mensagem ao camarada Jorge Pedro:

Caro camarada Jorge Pedro:

Muito obrigado pelo teu contacto e por quereres fazer parte da tertúlia do nosso Blogue.

A fim de que sejas apresentado com o maior número de dados possível, por favor manda-nos uma foto actual e outra, fardado, do tempo de Guiné. Se não foste com a tua Companhia, diz-nos em que data foste e vieste da Guiné.

Se quiseres, podes contar-nos uma pequena história passada contigo ou a que tenhas assistido, na Guiné, acompanhada de algumas fotos que tenhas aí por casa.

Sabemos que te chamas Jorge Pedro, que foste 1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 6251 e que estiveste em Cabedú. Se quiseres fala mais de ti na vida civil, onde vives (só a localidade, claro) a tua ocupação, etc.

Ficamos à espera do teu contacto para te apresentarmos à tertúlia.

Recebe um abraço do teu camarada e amigo
Carlos


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3. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Jorge Fernando Ferreira Pedro que foi 1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 6251/72 (Catió e Cabedú, 1972/74), com data de 24 de Novembro de 2024:

Boa tarde caros amigos,

Por algum desmazelo da minha parte só agora respondo ao vosso email que me foi enviado após o meu contacto. Vou enviar duas fotos do tempo da Guiné e outra atual.

Agora sou reformado.

Depois do regresso da Guiné comecei a estudar como Estudante/Trabalhador e frequentei a Universidade de Coimbra, em Direito, tendo feito várias cadeiras mas não acabei a licenciatura.

Fiz um Mini MBA na Universidade Católica do Porto, Leadership Challenge - Liderança de Grupos com excelente aproveitamento.

Trabalhei no setor Bancário durante 35 anos, sendo 25 como gerente e 3 como Director de Departamento.

Tenho várias "estórias de guerra", algumas que me envergonho só de pensar que tal aconteceu.
Um dia destes vou tentar escrever as mesmas e enviarei para o blog.

Algumas atividades que fui exercendo:

- Treinador de Futebol entre várias equipas a de maior destaque foi o Lourosa na 3.ª e 2.ª Divisão Nacional.

- Fui Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira durante 8 anos.

- Fui Representante da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira na CPCJ de Santa Maria da Feira onde exerci a função de comissário durante 8 anos e gestor de processos durante 5 anos, estes já depois de reformado.

- Dedico-me à fotografia e já fiz várias exposições, sendo que vou expor novamente a partir de 7 de dezembro, na casa da cultura de Avintes integrada nas propostas fotográficas da Associação Instantes.

- Pinto a Óleo e tenho vários trabalhos em diversas instituições de carácter Social.

- Toco Guitarra, Saxofone e Clarinete.

- Sou membro do Grupo Coral da Universidade Sénior de Espinho, onde resido atualmente.

Por hoje chega. Apenas atividades após o regresso da Guiné.

O antes da Guiné é tão rico como o pós Guiné.

Abraço.
Jorge Pedro


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4. Comentário do editor:

Caro Jorge Pedro,

Bem-vindo à tertúlia da nossa Tabanca Grande, um blogue onde os antigos Combatentes da Guiné, e não só, convivem em sã camaradagem, quer publicando as suas memórias escritas e em fotos, quer comentando os postes publicados por terceiros.

Os nossos propósitos, enquando depositório da história contada na primeira pessoa pelos combatentes da Guiné, estão patentes na aba lateral da nossa página. Contamos por isso com a tua colaboração, sendo que pelo que referes, tens muito para nos contar. Os antigos militares que por aqui convivem há largos anos, assim o podemos afirmar já que o blogue tem a bonita idade de quase 25 anos, disseram praticamente tudo o que tinham para dizer. Os camaradas que chegam de novo são, por isso, a esperança de novas estórias, experiências e fotografias.

O tempo que lá viveste foi já o do "fim do império", em contraponto com a maioria da tertúlia, composta por combatentes dos anos 60.

Muito obrigado pela tua apresentação "civil", muito completa, que transparece uma personalidade multifacetada. És um homem dos sete instrumentos, embora só toques três musicais, porque fizeste e fazes de tudo, como profissional e nas artes. A propósito, ficamos ao teu dispor para publicitar as tuas actividades culturais.

O nosso editor vai com certeza dedicar-te algumas palavras de boas-vindas, eu serei o teu "padrinho" já que te recebi.

"Administrativamente" ficas com o lugar nº 96 da nossa tertúlia, como os anteriores, também à sombra deste frondoso poilão.

Ficamos por aqui, nos endereços que te indiquei, para qualquer dúvida que te possa surgir. Os teus trabalhos para publicação devem ser enviados simultaneamente para o editor Luis Graça e para mim, para que tenhas a certeza de que um de nós te vai ler.

Aproveito para te pedir, que dentro dos possíveis, as tuas fotos venham com um pouco mais de resolação para que as possamos editar com a melhor qualidade possível. E também pedir para não te esqueceres de mandar à parte as legendas para as mesmas, indicando, pelo menos, o local, a data, a circunstância e os retratados

Termino, enviando-te um abraço colectivo de toda a tertúlia, incluindo os editores.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26175: Para bom observador, meia palavra basta (6): O fortim de Cabedu

 


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Península de Cubucaré, Cantanhez > Cabedu >  Restos (arqueológicos...) do antigo destacamento de Cabedu... O fortim.... 

Por aqui passaram, em 1963/56, os valorosos e esforçados militares portugueses da CCAÇ 555, comandados pelo cap inf António Ritto  (de seu nome completo, António José Brites Leitão Rito) e de que fazia parte o fur mil at inf Norberto Gomes da Costa, hoje mestre em história,  e membro da nossa Tabanca Grande.  (Vd. livro "Missão na Guiné, Cabedu, 1963-1965”, por António José Ritto e Norberto Gomes da Costa, com a colaboração de José Colaço. Linda-a-Vela, DG Edições, 2018) (*)

A CCAÇ 555, em 28dez63assumiu a responsabilidade do subsector de Cabedu, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 356 e depois do BCaç 619; d20 a 22set64, tomou parte na Op Tornado, a região do Cantanhez. Em 25set65, foi rendida pela CCaç 1427, por troca, recolhendo por escalões, até 11out65, a Bissau.

Foto (e legenda): © José Teixeira  (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e lehendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67) > c. 1966 > Foto do álbum do Tony Grilo, (Canadá): artilheiro, apontador de obus 8,8 (Bissau, Cabedu, Cacine, Cameconde,1966/68)-

A CCAÇ 1426, de 25set65 a 11out65, rendeu por troca, a CCaç 555, assumindo então a
responsabilidade do subsector de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 619 e depois do BCaç 1858, tendo tomado parte em diversas operações realizadas naquela área. Em 31mar67, foi rendida no subsector de Cabedú pela CArt 1614 e
recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
 
Foto (e legenda): © Tony Grilo (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e lehendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

 Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67) > Vista aérea do aquartelamento e pista de aviação. Foto do ãlbum do Manuel José Janes,  "O Violas", membro da Tabanca Grande.

Em substituição da CCaç 1427, foi deslocada para Cabedú, em 30mar67, a CART 1614, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, e ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 1913. Em 6jan68, foi substituída, transitoriamente, pela CArt 1689 até à chegada  da CCaç 1788.

Fotos (e legendas): © Manuel José Janes / Jorge Araújo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67) > c. 1966 >  Vista aérea do aquartelameento e parte da pista que atravessava a tabanca ao meio.


A CArt 2476 / BART 2865  seguiu em 16fev69 para Catió a fim de render a CCaç 1788, assumindo, em 17fev69, a responsabilidade do respectivo subsector, com dois pelotões no destacamento de Cabedu e, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.
Em 6dez70, foi rendida no subsector de Catió pela CCaç 2792.

Esta útima assumiu, nessa data,  a responsabilidade do subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 2865 e depois do BCaç 2930, tendo sofrido várias flagelações aos aquartelamentos e executado patrulhamentos, emboscadas e contactos com as populações. Em 21go72, foi rendida no subsector de Catió pela CArt 6251/72, tendo-se deslocado por fracções, em 13ago72 e 23ago72, para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
 
Fotos (e legendas): © Manuel José Janes / Jorge Araújo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


1. Não se sabe ao certo quando e por quem foi construído o fortim de Cabedu...Talvez pela a primeira companhia de quadrícula, a CCAÇ 555. Ou das seguintes:  CCAÇ 1427, CART 1614, CCAÇ 1788, CCAÇ 2792...

Temos que reler as memórias de Cabedu, do Norberto Gomes Costa. O Orlando Pinela,  que esteve lá, na CART 1614 (1966/68), não se lembra do fortim... Nem dos três espaldões dos obuses...

Será que a construção do fortim é data posterior a estas  primeiras três companhias ?

Mas o fortim ainda lá está ou estava, em 2008, quando o Zé Teixeira o fotografou, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje, em março desse ano. Foi expressamente a Cabedu, mais o nosso saudoso Pepito (e outros camaradas como o Zé Carioca), para inaugurar o fontenário (**).

Em 1971, quando o cap art, cmdt da CCAÇ 2696 (Gadamael, 1970/72), Morais da Silva, sobrevoou de avioneta Cabedu, a caminho de Catió, o fortim já lá estava, como o atesta a foto aérea que ele tirou, mas sem até hoje ter a certeza que estava a fotografar Cabedu (destacamento da CCAÇ 2792, com sede em Catió, cujo comandante, seu camarada,  ele ia visitar) (***)... 

Estava  já o fortim ou não estava, caro leitor, tu que és bom observador (****) ?!





Guiné > Região de Tombali > Península de Cubucaré > Cabedu > 1971 > Vista aérea da povoação, pista de aviação e destacamento das NT em finais do ano de 1971 >  O fortim vem assinalado a amarelo.

Foto: © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P26174: Elementos para a História dos Pel Art - Parte III: o 5º Pel Art (10,5 cm), representado pelo grão-tabanqueiro, ex-1º cabo art Fernando Macedo (Cabedu, 1971/72)



Foto nº 1


Foto nº 2



Foto nº 3


Foto nº 4


Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 2972 e 5º Pel Art > c. 1971/72 > O 1º cabo art Fernando Macedo.


Fotos (e legenda): © Fernando Macedo (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O Fernando Macedo é membro da nossa Tabanca Grande desde 4 de março de 2013 (*). Tem página no Facebook. Esteve em Cabedu (1971/72), no 5º Pel Art (10,5 cm), comandado pelo alf mil Nolasco, macaense. 

Diz com pena: "Apenas estas minhas fotos  [da Guiné] chegaram aos tempos de hoje!"

Esperemos que mais artilheiros do CTIG nos passam ajudar a documentar e a completar a história da artilharia de campanha no CTIG (**).

Em 1971/72, o 5º Pel Art (10,5 cm) estava em Cabedu, mas em 1 de julho de 1973 mudou para Jemberém.

Sabemos que de outubro de 1969 até junho de 1970 quem esteve a comandar,  em Cabedú, o 5.º Pel Art / BAC 1 foi o nosso grão-tabanqueiro Carlos Marques de Oliveira (curiosamemnte, um alf mil armas pesadas inf),  data em que regressou  a Catió para comandar o 7.º Pel Art, cujo comandante falecera em combate. (***). Falaremos dele, do Carlos Marques de Oliveira, e do seu 7º Pel Art,  em próximo poste.*

Sobre o 5º Pel Art termos 8 referências no nosso blogue. Segundo a "ordem de batalha", de 1/7/71 e 1/7/1972, o 5º Pel Art estava em Cabedú; em 1/7/73 passa para Jemberém onde se manteve até ao fim da guerra ()ordem de batalha de 10/4/1974).


2. Excerto do poste da apresentação à Tabanca Grande (*)

(...) Faz tempo que acompanho este blog assim como outros, onde cheguei a lançar pedido no sentido de encontrar camaradas do 5º pelotão de Artilharia que esteve em Cabedu entre 1971/1972, sem sucesso.

Sou Fernando Macedo, ex-1º Cabo Apontador de Artilharia Pesada (10,5), natural de Bonfim, Porto, nascido a 26 de Janeiro de 1949.

Embarquei para a Guiné em Abril, a bordo do T/T Angra do Heroísmo atracando a 1 Junho de 1971.

Nove dias depois, periquito, tive meu batismo, nem queria acreditar, Bissau era atacada pela primeira vez assim como várias localidades próximas da capital. Tinha-me encontrado com um primo, Policia Militar no território há já longos meses, num café na baixa de Bissau,

Bom, foi um desatino completo com o pessoal a recolher aos quartéis. Apanhei boleia para a minha Unidade, GA7. Era na verdade uma grande agitação, ao fim de não sei quanto tempo, que me pareceram horas, de formaturas e espera, seguiram várias colunas militares com vários destinos e eu fui parar a Nhacra, regressando a Bissau no dia seguinte, 10 Junho.

Duas semanas depois segui de batelão para Cabedu, onde estava sediada parte da CCAÇ 2792. O destacamento era Comandado pelo Alferes Paiva.

Fui em rendição individual substituir um camarada que estava a acabar a comissão, a bateria de obuses era comandada pelo Alferes Nolasco, natural de Macau, excelente homem.

Poucos meses depois sofri perfuração do tímpano do ouvido esquerdo, agravado com uma infeção na sequência das detonações, tendo dez meses depois de ter regressado a casa sido submetido a uma operação no hospital de São João, no Porto, em Dezembro de 1972. Resultado final, surdez completa do ouvido esquerdo. (...)


 (Selecão, revisão, fixação de texto, edição de fotos: LG)
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Notas dos editores:

(`*) Vd. poste de 4 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11192: Tabanca Grande (388): Fernando Macedo, ex-1.º Cabo Apontador de Artilharia Pesada do 5.º Pel Art (Cabedu, 1971/72)

(**) Último poste da série > 20 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26169: Elementos para a História dos Pel Art - Parte II: a artilharia de campanha estava bem representada no CTIG, com 34 Pel Art, e 47% das do total (=283) das bocas de fogo

(***) Vd. poste de 27 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20181: Tabanca Grande (485): Carlos Marques de Oliveira, ex-alf mil arm pes inf, cmdt Pel Mort 2115 e, depois, do 5º Pel Art e do 7º Pel Art (Catió e Cabedu, 1969/71): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 796

sábado, 16 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26159: Fotos à procura de... uma legenda (184): Vistas aéreas de guarnições militares, povoações, tabancas e reordenamentos da Região de Tombali (Morais Silva, cor art ref, ex-cmdt, CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)




Foto nº 25 > Guiné > Região de Tombali > 1971 > Catió ?


Foto nº 29 > Guiné > Região de Tombali > 1971 > Destacamento de Cabedu?


Foto nº 20 > Guiné > Região de Tombali > 1971 > Reordenamento em ?


Foto nº 30 > Guiné > Região de Tombali > 1971 > Cacine ?



Foto nº 23 > Guiné > Região de Tombali > 1971 > Catió (quartel) ?



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796 (Gadamael, 1970 / 72 ) > Vista aérea de Gadamael Porto nos finais do ano de 1971-


Fotos (e legendas) : © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Cor art ref Morais da Silva: (i) cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas; (ii) no CTIG, foi instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972; (iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974; (iv) membro da nossa Tabanca Grande, com 145 referências no blogue:


1. Mensagem do nosso grão-tabanqueiro Morais Silva:

Data - Segunda, 11/11/2024, 22:18

Caros Camaradas Editores:


Peço a ajuda do blog para identificar as vistas aéreas juntas de que perdi as cópias identificadas.

Nº 20 – reordenamento em ?

Nº 29 – destacamento de Cabedu?

Nº 23 – Catió (quartel) ?

Nº 25 – Catió ?

Nº 30 – Cacine?

Abraço, Morais da Silva


2. Informação adicional do editor LG:


O cor art ref Morais Silva explicou-me ao telefone que, quando andava a "rearrumar" fotos do seu álbum da Guiné, deparou com umas tantas, sem legendas... São vistas aéreas, tiradas de avioneta (civil ou da FAP) quando um dia foi fazer uma visita de cortesia, camaradagem e amizade ao Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), cmdt da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (precocemente falecido, com o posto de maj gen ref).


Deixou o aquartelmento de Gadamael ao cuidado dos seus homens (e, logo, por azar, foi flagelado nesse dia, sem consequências). A caminho de Catió tirou umas tantas fotos ("slides", aliás de excelente qualidade), incluindo uns quatro ou cinco do quartel e reordenamento de Gadamael (ver a última foto deste poste). 

Gostava que a malta, que andou por estas bandas (Catió, Cufar, Cabedu, Cacine, Bedanda, etc.) o ajudasse a legendar corretamene estas "vistas aéreas!"). 

Vamos lá dar uma ajuda, que a memória já não é o que era... E nem toda a gente teve o privilégio de ver a Guiné "by air"...




Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió (1956)  (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Catió e alguns rios envolventes: Tombali, Cobade, Umboenque, Ganjola, etc.


Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacine (1960)    (Escala 1/50 mil)  > Posição relativa de Cabedú, e dos rios Cumbijã e Cacine.

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


Guiné > Mapa Geral (1961) (Escala 1/500 mil) > Posição relativa de Gadamael, Cacine, Rio Cacine, Cabedu, Rio Cumbijã, 
Catió, Cufar e Bedanda


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)

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