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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26391: Humor de caserna (96): "O mê Zé disse isso ?!"... O epílogo engraçado da história do impaludado (Alberto Branquinho)


1. A história do impaludado da CART 1689 / BART 1913, contada pelo Alberto Branquinho no seu livro de 2013, "Cambança final", e reproduzida no poste P26377 (*), teve um "fim feliz". 

Os nossos leitores (os leitores do Branquinho) têm direito a saber qual foi então esse "desfecho".  É um outro microconto, este inédito. Chegou-nos no próprio dia 11, pelo correio eletrónico. Ficamos a saber que o alferes Abreu da história é um "alter ego" do autor. E que o impaludado que queria mandar a notícia da sua morte à mulher, aproveitando a ida de férias do alferes à metrópole, se chamava Zé P...na [ P...ena ?  P...estana ? P...atarrana ? ... Para o caso não interessa, o Alberto Branquinho quer protegê-lo, e o Zé tem direito ao anonimato].

Aproveitou o nosso escritor (e ilustre camarada) para esclarece que, desde 2005 saíram 11 títulos sus ( e não oito, como tinhamos  informado) (*), mais uma 2ª edição (do "Por Século e meio" - romance com acção principal entre Barca d'Alva e Porto/Foz). 

Desses onze, há três sobre a Guiné: 

  • "Cambança" (2005 e 2009), 
  • "Cambança Final" (2013) e 
  • "Deixem a guerra em paz" (2019).


"O mê Zé disse isso ?!"...  O epílogo engraçado da história do impaludado 

por Alberto Branquinho



A situação (*) teve um epílogo engraçado muitos anos depois.

O impaludado do texto que  o blogue publicou, e que, afinal, se chama Zé, apareceu pela primeira vez (e com a mulher) num encontro da Companhia.

Meio a choramingar, dirigiu-se-me de braços abertos:

− Ó meu alferes!

E abraçámo-nos.

A mulher dele observava-nos deliciada e sorridente. Então dirigi-me a ela:

− A senhora não esteja a rir. Olhe que aqui o seu marido estava muito doente quando eu vim cá de férias e pediu-me para lhe telefonar a dizer-lhe que morreu a pensar em si.

− O mê Zé disse isso?

Imediatamente, se agarrou a ele e a mim. E não parava de chorar:

− Ele disse isso? Disse?

Aí o Zé (também a choramingar), soltou-se do abraço e desatou a bater na mulher (controladamente...), que continuava abraçada a mim sem parar de chorar,,,  E ele repetia, repetia:

 − Ó mulher, pára lá com isso! Ora não querem lá ver esta!

Juntou-se à nossa volta um grupo dos que estavam a chegar, que olhavam espantados sem perceber porque o Zé batia na sua própria mulher (que continuava abraçar-me e a chorar).

Era assim o Zé P....na. (**)

Alberto Branquinho, Lisboa, 11 jan 2025 18:44
 
 _____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26377: Humor de caserna (94): "Ó meu alferes, telefone à minha mulher e diga-lhe que morri a pensar nela!" ... Ou para o que davam as sezões!... (Alberto Branquinho, "Cambança Final", 2013)

(**) Último poste da série > 13 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26386: Humor de caserna (95): Os meus Natais de 66 e 67 no HM 241, em Bissau (António Reis)

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

impaludado

A forma impaludadoé [masculino singular particípio passado de impaludar].

impaludar
(im·pa·lu·dar)

verbo transitivo
1. Infeccionar ou atacar com febre palustre.

verbo pronominal
2. Adquirir impaludismo.

"impaludado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/impaludado.

Tabanca Grande Luís Graça disse...


impaludismo

impaludismo
(im·pa·lu·dis·mo)

nome masculino
[Medicina] Doença infecciosa causada por parasitas do sangue do género Plasmodium, transmitida ao homem pelo mosquito anófele, que se manifesta geralmente por sezões. = MALÁRIA, PALUDISMO, SEZONISMO

etimologia Origem etimológica: im- + paludismo.

"impaludismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/impaludismo.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Alberto, só tu te lembrarias de ir buscar um termo médico, "impaludado", como sinónimo de infetado pelo paludismo, malária ou "sezonismo" (termo grafado por Ricardo Jorge no princípio do século). Encontra-se na literatura sobre esta doença. Mas já é pouco usado.

Acho-o uma delícia: eu fui "impaludado" umas tantas vezes na Guiné e já cá, depois da "'peluda", devo ter sido "reimpaludado" na década de 1980 (com um grave crise: um médico de medicina interna, meu conhecido, chegou a suspeitar que podia uma caso de HIV/SIDA...; deixei de fumar nessa altura!).

A malária (daí o termo "malariologia", a especialidade médica que estuda e trata a malária) foi durante séculos um grave problema de saúde publica...

Sabe-se, por exemplo, que no início da década de 40 do séc XX, em Portugal, havia cerca de 70 mil casos anuais de malária, sendo o número de crianças infectadas cerca de 30 mil... Nomeadamente no Vale do Sado, a nossa grande "bolanha"...

Francisco Cambournac (1903-1994)</a; merece aqui ser lembrado, por todos nós, portugueses, mas também africanos. È um referência nacional e internacional nesta área da medicina tropical e da saúde pública. Foi diretor da Organização Mundial de Saúde para a Região de África durante dez anos, 1954-1964 (!), apesar de não ser uma figura grata ao regime do Estado Novo (!).