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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27098: Facebook...ando (92): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte IX: Praça Che Guevara (antiga Praça Honório Barreto)

Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos (via Praça dos Mártires)

Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos (via Praça dos Mártires) > Hotel K / Hotel Kalliste, restaurante  e esplanada

Foto nº 2> Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Rua Osvaldo Vieira) 


Foto nº 2A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Rua Osvaldo Vieira) > Restaurante Chinês Bar Bayana


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Av Amílcar Cabral)



Foto nº 3A  e 3B > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Rua Eduardo Mondlane (via Av Amílcar Cabral) > Centre Culturel Franco bissau guinéen (Centrro Cultural Franco-bissau-guineense)


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos  (via Av  Francisco Mendes) > 


Foto nº 4A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara / Av Domingos Ramos  (via Av  Francisco Mendes) > Farmácia



Foto nº 5 e 5A > Guiné-Bissau > Bissau > Praça Che Guevara  > Efígie e placa: "Praça Ernesto Guevara, 'Che' "


Foto nº 6 > Guiné-Bissau >  Região do Cacheu > Cacheu > Fortaleza do Cacheu > Parte da antiga estátua do Honório Barreto, uma figura da história da Guiné-Bissau, vista pelo partido independentista como um "simbolo do esclavagismo e da opressão colonial" e liminarmente rejeitado e diabolizado: a sua estátua foi apeada e parcialmente destruída, o liceu que tinha o seu nome foi "rebatizado" (subtituído por uma das figuras do pan-africanismo),  enfim, como sempre, "deitou-se fora a água do banho com a criancinha"...  

A história é sempre um parto violento... Cabe agora aos historiadores (e aos guineenses) "redescobrir" o Honório Barreto na sua complexidade e no contexto do seu tempo, reconhecendo-o como uma importante e paradoxal figura da proto-história da Guiné-Bissau. Ele também faz parte do processo de nascimento da nação...

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Bissau > s/d [c 19690/70] > "Praça Honório Barreto e Hotel Portugal"... Bilhete postal, nº 130, Edição "Foto Serra" (Colecção "Guiné Portuguesa") (Detalhe). Colecção: Agostinho Gaspar / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)

Agora a Praça chama-se Che Guevara (vd. mapa do Google)... e o antigo Hotel Portugal agora é o Hotel Kalliste (vd. foto nº 1). A estátua do Honório Barreto foi derrubada e levada (o que restou)  para a fortaleza do Cacheu (Foto nº 6).



João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):

(i) é profissional de seguros, vive em  Alquerubim,  Albergaria-a-Velha;

(ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local);

(iii) regressou há pouco mais de 2 meses  da sua viagem deste ano de 2025;

(iv) tem página no Facebook (João Reis Melo);

(vi) tem mais de duas dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.

1. Na sua viagem, em maio passado, de Bissau a Cumbijã, no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo, passou por várias das nossas geografias emocionais... E fotografou esses lugares (Bissau, Quinhamel, Bula, Susana, Cacheu, Bambadinca, Saltinho, Buba, Mampatá, Cumbijã...).

 Temos procurado, com a sua autorização, fazer uma seleção das suas melhores imagens. Ele tornou-se um grande conhecedor e um excelente cicerone da atual Guiné-Bissau. 

2. Excerto da página do Facebook do João Reis Melo, postagem de 25 de julho de 2025, 15:29

“Retalhos de uma passagem pela Guiné-Bissau:

"A antiga Praça Honório Barreto em Bissau, atual Praça Ernesto Guevara “Ché”, é uma praça com rotunda uniforme e quatro vias perfeitamente delineadas que são o resultado do cruzamento das Avenida Domingos Ramos e a Rua Eduardo Mondlane.

"Quando foi desenhada, atribuiram-lhe o nome   de Honório Barreto, e lhe foi ali erigido um monumento em sua homenagem,  uma estátua em bronze construída em 1958 e que,  hoje, está depositada na Fortaleza de Cacheu. No antigo pedestal, restaurado ou reaproveitado,  foi colocada uma efígie do 'Che' Guevara e uma placa com o seu nome (Ernesto Guevara, 'Che').

"Honório Pereira Barreto (1813-1859), filho de pai cabo-verdiano e mãe guineense, nasceu na fortaleza de Cacheu, onde o pai estava como capitão-mor, atingindo depois os mais altos cargos da antiga província ultramarina portuguesa e falecendo na fortaleza de São José de Amura, em Bissau, onde estava como capitão-mor.

Apresento-vos fotos de minha autoria da mesma praça tiradas em maio passado."

(Revisão / fixação de texto: LG)

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27097: Historiografia da presença portuguesa em África (493): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, (o segundo semestre de 1936) (47) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Março de 2025:

Queridos amigos,
Em jeito de desabafo, a leitura que fiz deste segundo semestre de 1936 é uma seca, tudo muito arranjadinho, uma administração composta com gente a ir para férias ou delas regressar, nomeações, passagens à aposentação, não tivesse havido, como sabemos, a campanha de pacificação de 1936 em Canhabaque, teríamos que perguntar porque é que dela jamais se faz menção a não ser nos primeiros dias de janeiro, onde se fez referência no texto anterior e agora se volta à carga aquela acalorada sessão do Conselho de Governo que aqui se reproduz, visto à distância destas décadas (mais de nove) há qualquer coisa de estrambótico naquela reunião em que a votação resultou empatada. Foi me dado ler o Decreto que saiu do punho de Salazar para a criação da Legião Portuguesa, pareceu-me útil aqui fazer a sua menção.

Um abraço do
Mário



A Província da Guiné Portuguesa
Boletim Oficial da Colónia da Guiné (o segundo semestre de 1936) (47)

Mário Beja Santos

Na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde regularmente trabalho, pus-me à cata de uma fotografia do Major Carvalho Viegas, foi encontrada numa publicação que tem a ver com a 1.ª Conferência dos Governadores Coloniais, que decorreu em Lisboa, houve discursos de Salazar e do ministro Armindo Monteiro, Carvalho Viegas discursou, disse logo que só tinha cinquenta dias da Guiné, mas que entusiasmo não faltava para que a colónia progredisse. Prometeu à assistência que se ia centrar no essencial: a questão financeira e económica, a administrativa, a assistência ao indígena.

Lendo-o, passadas todas estas décadas, e sabendo alguma coisa do que era a Guiné nesta altura, as suas observações são surpreendentes: a situação financeira da Guiné não inspirava cuidados. Tudo se satisfazia com os recursos da colónia, a Guiné por sis só se bastava, tinha uma receita de 22 mil contos. Certamente que havia alguns empecilhos pelo caminho, logo a questão dos cambiais e lembrou a reclamação da Casa Gouveia no sentido de se anular o diploma em vigor e voltar ao regime dos 25% de entrega de cambiais. O novel governador fará discretamente uma defesa dos cambiais dizendo que eles são benéficos para o Estado, funcionários e particulares, ao comércio importador para pagamento de géneros da primeira classe, até para a Companhia Colonial de Navegação. Recordou que a posição devedora da Guiné era desafogada.

Falando da economia, lembrou aos presentes que tinham diminuído as cotações das oleaginosas, por si só diminuíram o poder de compra do indígena, mas também diminuíram as importações, com prejuízo quer para o país quer para a marinha mercante. A crise mundial chegara à Guiné e caminhava-se para uma diminuição de receitas.


Fez uma dissertação sobre as oleaginosas, mas não afastou um cenário de tremendas dificuldades: “Apesar do encorajamento e promessas que lhe poderão ser feitas, das distribuições de sementes, etc., o indígena que se recuse a renovar o seu esforço, de que nada de positivo obterá. Se não lhe dá a absoluta certeza que poderá vender os seus produtos em condições de suficiente renumeração, ele afastar-se-á de nós, da nossa civilização, voltará para a sua vida primitiva de antanho.” Falando da assistência ao indígena, declara aos presentes de que o Governo da colónia tem um programa para ela: assistência médica, assistência agrícola e zootécnica, assistência escolar rural e de beneficência. Não deixa de nos surpreender dizendo que é fundamental criar na colónia um movimento associativo rural.

E mudando de discurso recorda à assistência que a Guiné está vivendo condições que não são boas, está passando maus dias, as exportações são quase maioritariamente amendoim e coconote, a exportação de arroz não passa ainda de uma experiência, o comércio vive do descoberto das suas contas nas casas financeiras da Europa. E certamente que terá surpreendido quem o ouvia: “Se um esforço de imediato heroico se não produz, a colónia desmoronar-se-á, e, em poucos anos, de tudo quanto o comércio e o Estado fizeram, nada restará, absolutamente nada, que recorde Portugal ter feito alguma coisa para atualizar a colónia.” Está ciente que não se podem proporcionar mais recursos às necessidades existentes à colónia, mas há o espectro da ruína total, o verdadeiro desaparecimento de edifícios e do material dos serviços públicos.


Se fiz este destaque, é para recordar ao leitor no texto anterior, apresentado dois anos mais tarde, a narrativa toma outro tom, quem investiga estas matérias sente o embaraço nas dissonâncias da narrativa, é bem verdade que naquele ano de 1934 a austeridade era fortíssima, imposta para haver o milagre financeiro de Salazar, dois anos depois o discurso é completamente tranquilo e pede-se muitíssimo para haver boas infraestruturas portuárias, rodoviárias, de saúde, de comunicações – quem investiga tem que ter muita prudência em avaliar as exposições, umas em que predomina a escuridão, outras feitas de luz, quase encadeadora.

Estamos agora já no segundo semestre de 1936 e surge a ata da segunda sessão do Conselho de Governo da Colónia que se realizou em 4 de janeiro desse ano. O governador toma a palavra dizendo que segundo informações oficiais, como protesto a medidas promulgadas por este Conselho, em 23 de dezembro do ano findo, um grupo de indivíduos capitaneado pelo cadastrado Jaime Duarte, no dia 2 do corrente, entrou em várias casas estrangeiras para as compelir a encerrar os seus estabelecimentos comerciais. O governador trazia uma proposta onde se aludia ao incitamento à indisciplina pela Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau, exatamente no momento em que se proclamava o estado de sítio da ilha de Canhabaque e, conforme já se escreveu no texto anterior, fora decretada a dissolução desta associação.

O vogal Granger Pinto pediu a palavra dizendo que era infundada esta acusação, contestou que ela tenha provocado incitamento à indisciplina, houvera, é certo, um grupo de indivíduos que entrara na sé da Associação, a protestar legislação referida, a Associação não tivera forças para o fazer retirar. O que efetivamente acontecer é que o comércio da cidade de Bissau, em sinal de protesto contra tal medida legislativa encerrara as suas portas durante os dias que seguiram à publicação do diploma, mas tudo correu em normalidade.

O governador veio à estacada dizendo que houvera entendimentos prévios para se proclamar a greve, ato punível, que a associação se mancomunou com os tais indivíduos, de novo Granger Pinto diz que tudo tinha corrido normalmente, que Mário Campos e Alfredo Vieira das Neves tinham embarcado para Bolama para falar com o governador, à procura de uma plataforma conciliatória, só que a embarcação fora recebido a tiros, o governador interrompe e diz que não é verdade, “o governador da colónia não recebe, nem trata com desordeiros, nem lhe fora pedida antecipadamente para receber qualquer indivíduo ou comissão.” O que em verdade acontecera é que uma vedeta da delegação marítima de Bolama tinha feito sinal à embarcação que transportava o senhor Mário Campos para que parasse, que a embarcação não obedeceu e por esse motivo fora disparado um tiro para o ar, que ouvido o tiro a embarcação do senhor Mário Campos parou.


Interveio agora um outro vogal, de nome José Júlio de Sousa, dizendo que não está convencido que a Associação tivesse provocado o incitamento à indisciplina social. Entende que antes da promulgação do diploma cujo projeto se discute neste Conselho, se deveria proceder a um rigoroso inquérito aos atos de que é acusada. Deve frisar que não pode e nem deve aceitar o projeto do diploma por entender que o seu objetivo só prejudica os interesses do comércio e muito especialmente os da colónia. O governador retoma o seu discurso dizendo que a direção da Associação se manifestara sediciosamente. Agora intervém o senhor Capitão Lima Júnior dizendo que a manifestação havida em Bissau não apresentava senão um protesto contra a legislação, e que não a votava até haver um processo de inquérito. Voltando ao uso da palavra, o governador retorquiu dizendo que já tinha mandado proceder a um rigoroso inquérito, que se concluiu ter havido um pacto com os desordeiros e que o programa enviado ao ministro, redigidos em termos incorretos, era assinado pelo presidente da Associação. O Capitão Lima Júnior responde que seria bom saber se o telegrama fora forjado sem que os interessados dele tivessem conhecimento, interrompe o governador dizendo que o telegrama do presidente da direção agira contra os atos emanados do Conselho da colónia. É a vez de tomar a palavra o delegado do Procurador da República dizendo que estavam proibidas as greves e que como representante do Ministério Público no Conselho votava o projeto do diploma proposto.

Submetida a proposta à votação houve empate, o governador pediu a discussão para outra sessão. Estamos agora em outubro, no Boletim Oficial da Guiné n.º 44 vem o texto do Decreto-Lei n.º 27:058, estava constituída a Legião Portuguesa. O texto é inequivocamente escrito por Salazar, veja-se um extrato:
“Dura há dez anos nova ordem política criada pelo Exército e mais uma vez confirmada pela vontade expressa da grande maioria dos portugueses. À sombra dela tem sido possível reparar as ruínas do passado e lançar as bases do nosso ressurgimento material e moral. Mas, acima de tudo, tem-nos permitido gozar o benefício inestimável da paz. Sempre que se tem querido perturbá-la, a força armada a tem defendido e sustentado. Ela continua, na verdade, a ser a grande reserva moral da Nação.
Mas as forças do mal não desatam. Um inimigo de especial virulência tenta instalar-se no corpo social das nações, infiltrando-se nas escolas, nas oficinas e nos campos, nas profissões liberais e nas próprias fileiras. Nega a Pátria, a família, os sentimentos mais elevados da alma humana e as aquisições seculares da civilização ocidental (…) As formas de atuação do inimigo convencem da utilidade de uma força composta de ardentes e esclarecidos patriotas que, sendo por si mesma uma fonte de saúde moral na sociedade, ajude, caso venha a ser necessário e na esfera de ação que lhe venha a ser atribuída, as forças regulares contra os inimigos da Pátria e da ordem social.
E para que não se corrompa nem desvie dos seus fins, antes viva a exaltação das virtudes cívicas e militares, dá-se-lhe a forma de corpo organizado, sujeito a rigorosa disciplina e diretamente subordinado ao Governo.”


Um dos aspetos mais assombrosos deste Boletim Oficial, é que ao longo de 1936 jamais se ouvirá o resultado da campanha de pacificação de Canhabaque, estamos muito longe do tempo do governado Vellez Caroço que punha em letra de forma este Boletim o que fazia e com que resultados.
Revista Ilustração. Lisboa n.º 205, 1.07.1934. Aspetos da aldeia indígena guineense e imagens dos africanos expostos aos olhares do público. Fonte Hemeroteca Municipal de Lisboa.
Aspeto da aldeia bijagós e um dos muitos retratos de 'Rosinha' a jovem balanta. (Fonte Maria do Carmo Serén. A Porta do meio, a Exposição Colonial de 1934. Fotografias da Casa Alvão. Porto: Centro Português de Fotografia, 2001)
Espaço onde esteve o Antigo Quartel do Centro de Instrução Militar, em Bolama
Reconhecimento do rio Geba, desde a foz do Corubal até ao rio Geba, 1897, Comissão de Cartografia

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 30 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27071: Historiografia da presença portuguesa em África (492): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, (o primeiro semestre de 1936) (46) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27071: Historiografia da presença portuguesa em África (492): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, (o primeiro semestre de 1936) (46) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Março de 2025:

Queridos amigos,
O Major de Cavalaria Luís António Carvalho Viegas entrou de pingalim em riste, destituiu a Assembleia Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau, encontrou-lhe sérias ligações com o que se estava a passar naquele exato momento na sublevação em Canhabaque, resistente contra uma medida do Governo que estava em vigor em quase a totalidade das colónias, mordera mesmo quem lhe estava a fazer bem, pois não tendo fundos para comprar o edifício para a sua sede pedira um adicional sobre a importação no porto de Bissau, e revelava claramente um desinteresse absoluto na colaboração com o Governo, isto no mesmo Boletim Oficial em que por portaria se ordenava um rigoroso inquérito aos acontecimentos ditos anormais da cidade de Bissau. Criou-se o Império Sporting Club de Bissau, muito provavelmente a partir de 1951, quando desapareceram colónias e apareceram as províncias ultramarinas terá nascido o Sporting Clube de Bissau. Mais adiante Carvalho Viegas também aparece impetrante contra os procedimentos da Associação Comercial de Bolama. E provavelmente o leitor irá ficar com o resumo do documento enviado para a 1.ª Conferência Económica do Império Colonial Português, era assim a Guiné em 1936, curiosamente o que se pede é o que irá ter andamento nos anos subsequentes.

Um abraço do
Mário



A Província da Guiné Portuguesa
Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa (o primeiro semestre de 1936) (46)


Mário Beja Santos

Este período de 1936 é fundamentalmente ocupado por questões de Canhabaque e pela participação do representante da Guiné na 1.ª Conferência Económica do Império Colonial Português. No Boletim Oficial da Colónia n.º 1 vamos ser informados do estado de sítio na ilha de Canhabaque e na destituição da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau, acusada de ligação às sublevações de Canhabaque; e não deixa de ser importante ler o que Rodrigo de Sousa Coutinho Osório de Castro, em representação da Guiné enviou como relatório para a 1.ª Conferência Económica do Império Colonial Português.

Na Portaria n.º 1 publicada no Boletim Oficial, com data de 4 de janeiro, escreve o Major de Cavalaria Luís António de Carvalho Viegas:
“Tendo ocorrido em Bissau factos anormais, atentatórios da ordem e tranquilidade públicas e que urge averiguar para o fim de serem tomadas as correspondentes responsabilidades; Considerando a extrema gravidade do caso que pode assumir proporções de melindrosa contingência, sabido que os aludidos factos se estão desenrolando precisamente na altura em que o Governo da Colónia acaba de declarar, por motivos da rebelião indígena, o estado de sítio na ilha de Canhabaque;
Considerando que a coincidências destas ocorrências obriga o Governo a adotar medidas rápidas e enérgicas que extirpem focos de subversão da ordem social, evitando a sua propagação entre o elemento nativo, o que seria de bem perigosas consequências;
O Governador da Colónia da Guiné, no uso das faculdades que lhe são atribuídas, determina:
1.º É ordenado um rigoroso inquérito aos acontecimentos anormais da cidade de Bissau, para o apuramento das responsabilidades individuais ou coletivas da ocorrência, inquérito que deverá ter feição sumária.
2.º Fica encarregado do referido inquérito o Administrador do Quadro Administrativo Alberto Gomes Pimentel.”


No mesmo Boletim Oficial temos um diploma legislativo e vamos perceber o que aconteceu em Bissau. É referido que a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau provocou o incitamento à indisciplina social, promovendo manifestações coletivas atentatórias da ordem e da tranquilidade públicas. Diz-se que a mesma associação já por várias vezes manifestara o seu espírito de rebelião, e por isso fora dissolvida temporariamente em 1929; juntaram-se a esta associação elementos a ela estranhos capitaneados por agitadores de profissão, alguns com cadastro judicial; associação que não se moveu sequer pelo sentimento patriótico, agora que foi proclamado o estado de sítio na ilha de Canhabaque; promoveu reuniões clandestinas, desviando-se dos seus verdadeiros fins associativos; a resistência desta associação contra uma medida do Governo, em vigor na quase totalidade das colónias, não tem a apoiá-la qualquer razão séria de ordem económica ou de interesse de classe; e não tem procurado cooperar a favor das questões sociais que interessam à coletividade, apesar das constantes instâncias para uma intima colaboração com o Governo. E após um outro punhado de considerandos e invocada a legislação pertinente, o governador manda dissolver a associação e o edifício em construção destinado a ser usufruído para sede dessa coletividade entra imediatamente na posse do Estado.

No Boletim Oficial n.º 6, de 10 de fevereiro, são aprovados os estatutos do Império Sporting Club de Bissau, a agremiação destinada a promover e praticar todos os jogos desportivos e recreativos, festas para a distração dos seus associados e concorrer para o desenvolvimento intelectual destes. Neste mesmo Boletim Oficial dá-se a saber que o Governo da colónia solicitara à única associação económica e profissional existente na cidade de Bolama, a Associação Comercial de Bolama, a nomeação de quatro vogais para fazerem parte da Comissão Municipal da cidade. E o governador escreve o seguinte:
“Considerando que as pessoas indicadas para vogais efetivos não estão em condições de oferecerem garantias de idoneidade moral para representarem condignamente o comércio, proprietários, empregados do comércio, visto que um dos referidos elementos tem vários processos, um a correr no Tribunal Militar por lhe haverem sido apreendidas 22 latas de pólvora, outro a ir para o Tribunal da comarca por possuir ilegalmente uma arma de fogo e não ter pago a respetiva multa, e, ainda mais, um outro que segundo os depoimentos de vários indígenas feitos prisioneiros na ilha de Canhabaque foi quem vendeu a maior parte da pólvora sem a qual não se podia ter dado a rebelião do gentio e de que resultou a perda de dezenas de vidas, mais do que uma centena de feridos; e quanto ao outro eleito, por haver na documentação do Governo comunicação da Companhia Colonial de Navegação que não lhe foram ainda pagas as passagens que em tempos àquele lhe concedera; considerando que, por prudente recado, tendo sido comunicados, confidencialmente, à associação comercial tais factos, e pedido a substituição desses vogais efetivos, a assembleia quis manter a sua eleição.”
E com mais outros considerandos a eleição dos vogais efetivos e suplentes deverá ter uma nova eleição.

Logo no primeiro Boletim de 4 de janeiro, o governador nomeara um funcionário, Rodrigo de Sousa Coutinho Osório de Castro, para representar a Guiné na 1.ª Conferência Económica do Império Colonial Português. Este funcionário elaborou em Bissau, com data em 12 de janeiro, um relatório, que aqui relevamos algumas análises:
“Colónia onde apenas desde 1915 foram abertas as primeiras estradas, pelas necessidades da sua pacificação e ocupação, no curto prazo de 22 anos, quase exclusivamente com os seus, de começo, parcos recursos (…) Urge que esta colónia possua transportes rápidos e seguros que lhe permitam lutar com as vizinhas colónias francesas (...) Colónia com carências absolutas, rede de estradas em grande parte em péssimo estado. Na Guiné existem 245 viaturas automóveis das quais 166 camiões e 79 automóveis, na sua maioria modelos antiquados, abundando os camiões Ford, modelo T. No tocante à aviação, havia um campo de aterragem em Bolama, o de Bissau ainda não estava concluído. Na navegação fluvial, havia três vapores do Estado a necessitar de substituição por outros movidos a óleos pesados, havendo também a necessidade de adquirir um rebocador para fazer o serviço de farolagem, porque é perigoso fazê-lo com os barcos existentes. Os portos interiores estão desprovidos de qualquer utensilagem. Não há trabalhos de irrigação na colónia, os telégrafos são deficientes. No tocante aos portos marítimos, o de Bissau necessita de importantes obras, o de Bolama apenas exige o prolongamento da sua ponte-cais.”

O relator apresenta um plano de obras públicas onde cabem material de apetrechamento maquinista (britadeiras, tratores…), obras (construção das pontes de Ensalmá, sobre o Geba, Braia, Armada, Puloa), edifícios (Palácio do Governo, escolas primárias, bairro para residência de funcionários da cidade de Bissau), portos (grande reparação da ponte-cais de Bissau, prolongamento da ponte-cais de Bolama), estradas (abertura de nova estrada S. João-Fulacunda-Xitole) e reparação geral e retificação do traçado das restantes estradas, faróis (conclusão do plano de farolagem dos serviços da Marinha, construção dos faróis da ilha das Cobras-Areia Branca-Ponte Barel e Orango).

A finalizar o seu relatório, expõe o cômputo de receitas das explorações das obras que se pretendem realizar, modo de pagamento e o plano de fomento das comunicações marítimas e fluviais da Guiné, bem como os correios e telégrafos. Castro Osório conclui falando da necessidade de rever os acordos com a África Ocidental Francesa para o alargamento dos serviços postais e telegráficos e também os estabelecimento de acordo com os correios de Cabo Verde para permuta radiotelegráfica com todo o arquipélago.

Luís António Carvalho Viegas, foi Major de Cavalaria enquanto Governador da Guiné, terminou a sua carreira em Brigadeiro
Monumento comemorativo das operações de pacificação em Canhambaque, 1935-1936.
Fotografia de Francisco Nogueira, retirada do livro “Bijagós Património Arquitetónico”, Edições Tinta-da-China, 2016, com a devida vénia.
Bissau, um trecho da Avenida, bilhete-postal, 1920
(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 23 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27047: Historiografia da presença portuguesa em África (491): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial do Governo da Província da Guiné Portuguesa, 930-1936 (45) (Mário Beja Santos)

sábado, 26 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27054: A Bissau do Meu Tempo (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte IV: Arredores: Safim



Foto nº 101


Foto nº 102



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Foto nº 106A e 106



Foto nº 115 e 115A

 

Foto nº 119






Foto nº 120, 120A e 120B



Foto nº  114A e 114

Guiné > Ilha de Bissau   >  Safim >  1968 > 

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de Virgílio Teixeira  (ex-alf mil, SAM, CCS/BCaç 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):

Data - segunda, 30/06/2025, 23:47

Assunto - Safim, Nhacra, Landim, Ensalma

Meu caro amigo e camarada Luis,

Tenho seguido diariamente, várias vezes, o Blogue e todas as histórias, que não são infelizmente deste tipo que aqui trago. (...)

Este poste ando há cerca de 15 dias a tentar acabar, mas sempre algo me aparece e me faz parar, também o tema não é dos mais atractivos. É o que tenho, e ando a refazer o meu ábum e depois perco-me como uma criança que não sabe o caminho de casa.

As minhas dificuldades estão a agravar-se mas tenho sempre muitas outras coisas a fazer em prol da familia, porque todos , o quase, recorrem a mim para os mais variados assuntos sem interesse. Sou especialista em contestar multas de trânsito, e isso ocupa muito tempo, mas vale a pena.

Vamos ver em continuação como posso ir ajudando. (...)

Um grande abraço, e boa noite (...)

Em, 2025-06-30

Virgilio Teixeira

2.  A Bissau do Meu Tempo - Parte IV: Arredores: Safim 

2.1.  Introdução

O presente Poste sobre este tema, pode ferir a susceptibilidade de alguns combatentes, que não se revêm nestas fotos e descrição das mesmas.

É um tema que esteve sempre guardado, por respeito àqueles que não tiveram estas oportunidades, posso até dizer que pode ser um atentado a todos que tiveram uma guerra que não esta. Uns excessivamente mais dura, mas há muitos que também tiveram melhor vida.spero que sirva pelo menos para o conhecimento de tantos locais a rondar os 40 km de Bissau.

Já foi parcialmente postado parte deste espólio, mas como já não me lembro, vamos tentar relembrar com melhoramento das mensagens.

Como já disse, fui sempre um empreender nas viagens por aqueles lugares que na data não havia qualquer perigo, eu tinha muita vontade de um dia ir de motorizada até Mansabá.

Não sei porquê, era o nome que me soava a algo que não consigo entender. Acabei por nunca ter ido até aquela localidade , que só poderia ir desde Mansoa com escolta.

Ainda tive a ousadia de me pôr a caminho, mas fui travado por uma coluna que,  face à minha estupidez, mandaram regressar para trás, e assim foi e terminou a aventura.

Andei muitas vezes por esta zona, com especial destaque para Safim, Nhacra, João Landim, Ensalma, Rio Mansoa.

Aqui fica um resumo daquilo que andei a fazer, nas horas mortas, quando estava em Bissau e quando me deslocava para lá em serviço.

Os petiscos de Safim, a piscina de Nhacra, a jangada de João Landim, e Ensalma, as ostras de Quinhamel, e Biombo...

(22.2.  Mapas



Guiné > Bissau > Carta de Bissau (1949) (Escala 1/50 mil) >  Posição relativa de Bissau, na margem direita do estuário do Rio Geba (assinalada a vermelho) e seus arredores: Cumeré, Brá, Bissalanca, Safim, Ensalma, rio Mansoa, Nhacra (assinalados a amarelo). 

Em rigor Bissau não é uma ilha, como dizíamos no nosso tempo, diz a IA (Chatpgt)...Embora Bissau esteja quase rodeada de água por todos os lados, o que pode dar a sensação de ser uma ilha, não cumpre a definição geográfica de ilha, que exige ser completamente rodeada de água em permanência. Contrariamente à antiga capital, Bolama.

Senão vejamos: é limitada a norte e oeste pelo Rio Mansoa,a leste pelo rio ou canal do Impernal, e a sul, pelo estuário do rio Geba (navegável e ligado ao Atlântico). A oeste, porém, não há uma separação completa de água que isole a cidade do continente. Há ligações por terra que não implicam atravessar água, embora parte da área seja pantanosa ou de difícil acesso na época das chuvas.

Já outros assistentes de IA (Gemini e Perplexity) dizem que Bissau é uma ilha estuarina... Em que é que ficamos ? A Wikipedia diz que Bissau é uma ilha... 

Infografia: Blogue Luís Graça & Camarada da Guiné (2025)


Este mapa ajuda-me a perceber melhor por onde andei, com alguma "ligeireza",  nas minhas "acenturas de motorizada" quando estava em (ou vinha a) Bissau. Sem mapa!

Agora verifico que, saindo de Bissau, de Santa Luzia (Clube Militar) ou de Brá (Depósito de Adidos) (a 3 km) , e passando por Bissalanca (aeroporto e BA 12) (5 km), e chegando a Safim (18 km), temos depois duas vias alternativas:

(i) para a direita, íamos  por Nhacra (a 15 km de Safim), passando por Emsalma e atravessando o rio ou canal Impernal, afluente do rio Geba,

(ii) mas havia uma estrada, direta, de Bissau para Nhacra, sem passar por Brá, Bisslanca e Safim, que seguia  depois   para Mansoa e Mansabá, onde nunca fui, infelizmente; antes de Mansoa, à direita, cortava-se para leste (Jugudul, Porto Gole, Bambadinca,  Bafatá...), mas estava em 1967/69; mais e já para o o fim da guerra, estará em construção, o troço (alcatroado) Jugudul-Bambadinca, que deu muita porrada;

(iii) de Safim para o noroeste, região do Cacheu (Bula, Binar...),  só havia uma maneira de "cambar" o rio Mansoa:  era de jangada, em João Landim (cerca de  7 km de Safim).

Estive no outro lado do rio Mansoa, em João Landim por alguns momentos, o tempo de ir e vi na mesma jangada.


Guiné > Bula > Carta de Bula (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bula, Binar, João Lamdim e Rio Mansoa.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camarada da Guiné (2025)

2.3. Legendas das fotos

F101 – A caminho de Safim, partindo de Bissau, ou dos Adidos em Brá. Captada em 11 março 1968

F102 – E lá continuamos com nova paisagem, ao lado esquerdo estende-se um novo bairro com novas tabancas, parecido com o Bairro da Ajuda à entrada de Bissau. 11 marco 1968,

F103 – Continuando o caminho vejo a primeira pessoa, uma mulher local do outro lado da estrada, ela deveria andar pelo lado oposto, mas ainda não tinha chegado as novas regrs de peões nas estradas. 11 março 1968

F104 – Já vai longe a cidade de Bissau e o Depósito de Adidos em Brá, o terreno está deserto, vendo bem, qualquer turra me apanhava à mão, mas nunca pensei nisso, pelo que não há aqui qualquer louro para as minhas aventuras, era pura ignorância, leviandade, inocência, apesar da idade, pois já tinha os 25 anos de vida. 11 março 1968

F105 – Chegada a Safim, com foto da Placa.11 março 1968

F106 – Cruzamento de estradas em Safim: logo ao sair de Safim, está um cruzamento; para o lado esquerdo, Landim e Bula; para o lado direito, Ensalma, Nhacra, Mansoa e Mansabá. 11 março 1968.

F114 – Caminhada de Safim para  João Landim 11 março 1968

F115 – Bar esplanada à entrada de Safim. Um local muito calmo. 11 agosto 1968

F116 – Jangada em João Landim, no Rio Mansoa (cambança para Bula):

F117 – Partida da jangada de João Landim a caminho do outro lado do Rio Mansoa. 11 agosto 1968

F118 – Na jangada na cambança do rio. 11 agosto 1968

F119 – Novamente na Esplanada de Safim, com outro companheiro a bater a chapaAo lado um Unimog com tropa que foi beber uns copos 11 Agosto – 1968

F120 – Na esplanada de Safim noutro ângulo, a tomar uma bebida, junto com o furriel Riquito do meu CA (Conselho de Administração do BCAÇ 1933)  e o outro que não sei quem é, mas parace-me ou irmão ou familiar do Riquito. Em novembro de 1968

2.4. Notas complementares

 Muitas fotos são do mês de  março de 1968, foi o mês em que o meu batalhão esteve em Bissau, vindo de Nova Lamego em fins de fevereiro a caminho de São Domingos no final do mês de março. Foi o tempo mais longo em Bissau. Depois, e antes, seria uma vez por mês para a prestação de contas na Chefia de Contabilidade.

Nota-se a descontração saloia em que fazia estas aventuras, já tinha ido antes mas sem fotos.

Em várias fotos percebe-se que vai outro camarada noutra motorizada, também minha, para tirar a chapa. Uma vez foi o furriel Riquito do meu CA e acho que tinha lá um irmão ou alguém parecido que aparece em muitas fotos com ele e eu.

Uma das vezes fui com o meu homologo do BCAÇ 1932 de Farim, quando nos encontrámos em Bissau. Ele não sabia conduzir a motorizada, e fomos os dois na mesma, com o nosso peso, eu nem tanto, mas ele era muito alto e no assento de trás chegava com os pés ao chão.

Numa vez que chegámos de noite já com uns copos, ao Clube de Oficiais, eu a conduzir, ele só desiquilibrava, tinha medo de tudo.

Caimos nas valas altas, a motorizada mandou-nos pelo ar, foi uma gargalhada enorme, ele só perguntava se tinha sido o IN, fomos para o Biafra, mudar de roupa e tomar banho, depois para a Messe jantar.

O trambolhão foi grande e aparatoso, mas , tirando umas escoriações, tive de mandar reparar a minha Peugeot mas tinha a Honda entretanto.

Estive várias vezes em Safin, a maioria delas ia sozinho, não tinha muita malta para me acompanhar, não sei a razão.

Era um sitio agradável, longe da confusão de Bissau, tinha um café-cervejaria-bar logo è entrada, com boa esplanada. Bom local para descansar, comer umas ostras ou camarão e e beber  umas 'bazucas' de cerveja bem fresca. Não existiam outros motivos de interesse para fazer fotos, julgo eu, era lugar de passagem para  Bula (através de João Lamdim, a noroeste).

Como ia muitas vezes sozinho, nem sequer levava a máquina fotográfica, além do peso faltava outro para chapear. Claro que hoje penso doutra maneira, em vez de sistematicamente fazer fotos a mim próprio (narcisismo?!) deveria fotografar tantos locais que hoje não me lembro muito bem.

Faltam as fotos de Quinhamel por onde passei e do Cumeré também, não havia nada de interesse, mas o destino prega-nos partidas, pois passados mais de 15 anos, depois do meu regresso, estive lá nas instalações industriais de descasque de arroz, que foram abandonadas. (...)

Em 30 de Junho de 2025

(Continua)

(Revisão / fixação de texto: LG)

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Nota do editor LG:

Último poste dsa série > 19 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26936: A Bissau do Meu Tempo (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte IIIc: O "Clube Militar de Oficiais" de Bissau, QG/CTIG, Santa Luzia (Fotos de 18 a 24)

domingo, 13 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27012: Facebook...ando (89): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte VII: Os mercados de Bissau: de rua, central, Bandim...



Foto nº 1 e 1A  > Guiné-Bissau > Bissau > Mercado de rua  > Hora do almoço (e de dormir a sesta).. A vida é dura...


Foto nº 2   > Guiné-Bissau > Bissau > Mercado de rua  >  Sob os chapéus de sol da marca de cerveja  (portuguesa) Sagres


Foto nº 3 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (1)


Foto nº 4 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (2)


Foto nº 5 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (3)


Foto nº  6 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (4)


Foto nº 7 > Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandim (5)

Guiné- Bissau > Bissau > Bandim> Mercado de Bandi > Um dos maiores mercados de África, uma variantee do "souk" (em árabe), dentro das "medinas"...  Um estrangeiro facilmente se perde naquele emaranhado de ruelas...

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, 
CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):


(i) é profissional de seguros, vive em Alquerubim, Albergaria-a-Velha;

 (ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local); 

(iii) regressou há pouco tempo da sua viagem deste ano de 2025; 

(iv) fez uma visita demorada à Amura e ao atual Museu Militar. em plena zona histórica (Bissau Velho); 

(v) tem página no Facebook (João Reis Melo)

(vi) tem mais de duas dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.


1. Na sua viagem, em maio passado, de Bissau a Cumbijã, no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo, passou por várias das nossas geografias emocionais... E fotografou esses lugares. Um deles é o "mercado de Bandim"... Outro o "mercado central de Bissau", reconstruído e inaugurado em 2022. Além dos pequenos mercados de rua, em Bissau. 

Dotado de grande sensibilidade sociocultural, o nosso "tigre do Cumbijã" dá-nos um fascinante retrato da Guiné-Bissau de hoje, na sua série de reportagens a que chamou "Retalhos de uma passagem pela Guiné-Bissau". Ele  está atento aos lugares e às pessoas, ao passado e ao presente, á história e ao futuro, ao património, a cultura, as paisagens...

Escreveu ele na sua página do Facebook:

"Quem se deslocar a Bissau e não fizer uma visita ao famoso Mercado de Bandim, não sentiu o que é África e muito menos o que é a Guiné!

"Neste mercado, dos maiores de África, - onde tudo o que se necessita, se encontra - dá uma sensação estranha de estarmos próximos de tudo num emaranhado de pequenas ruelas que, quem não conhecer corre o risco de se pode perder!

"Eis umas fotos da nossa última visita em maio passado."

Veja-se também os seus pequenos vídeos:

Mercado central de  Bissau

O histórico Mercado Central de Bissau, construído pelos portugueses durante o conflito armado e que albergava centenas de vendedores ambulantes com o simples objetivo de os retirar das ruas, oferecendo-lhes melhores condições, foi destruído em 1998 quando da guerra civil que assolou o país. 

Foi reabilitado em 1999 e, um incêndio em 2005 destruiu-o de novo e quase na totalidade.
Finalmente e absolutamente renovado foi inaugurado em 2022 e está, além de muito bonito, em perfeitas e higiénicas condições!

Apresento-vos um pequeno vídeo que mostra umas bancas de frutas e legumes.

Espero que gostem! Assistam ao vídeo!

(Revisão / fixação de texto: LG)
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Nota do editor

Último poste da série > 11 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27002: Facebook...ando (88): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte VI: Passando por Bambadinca, Bambadincazinho...