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sábado, 14 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26264: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (50): A velha fortaleza do Cacheu, com os seus inúteis canhões de bronze, e o triste Diogo Gomes lá aprisionado, a ver o pintor de canoas nhomincas...

Foto nº 13


Foto nº 14A


Foto nº 14

Foto nº 15

Foto nº 16A


Foto nº 16


Foto nº 17


Foto nº 17A


Foto nº 2 

Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 e 5 de dezembro de 2024 >  

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Aqui vai o resto das fotos da  última viagem ao Cacheu, em 4 e 5 do corrente,  partilhadas pelo  Patrício Ribeiro, nosso amigo e camarada, histórico membro da Tabanca Grande, nosso "embaixador em Bissau",  cicerone, autor da série "Bom dia desde Bissau" (*)...

Legendas:

Foto nº 13 > Ele, o Diogo Gomes, lá dentro, fechado, a assistir às pinturas das canoa nhomincas 

Foto nº 14 >   Os canhóes apontados para o rio

Foto nº 15 > O portrão da fortaleza

Foto nº 16 > Lateral oeste da fortaleza

Foto nº 17 > Igreja de Cacheu (ou de Nossa Senhora da Natividade)  

Foto nº 2 > Canoas nhomincas, com pinturas originais, no porto de manutenção, na margem esquerda do rio Cacheu

Sobre a foto nº 17, o fotógrafo escreveu, já com data de 8 do corrente:


"Hoje está a decorrer a peregrinação anual entre Canchugo e Cacheu.

"A peregrinação é a pé. Normalmente, é nesta altura de Dezembro, com o tempo frio, em que alguns milhares de pessoas percorrem a estrada durante a noite, onde o capim tem cerca três metros de altura e o cheiro da palha anima os corações dos fiéis crentes. As pessoas, durante a maior parte do tempo vão a cantar cânticos religiosos. No percurso passam em cima da ponte metálica antes do Bachil, e da mítica floresta de Cobina [ou Caboiana, segundo a nossa antiga carta militar de 1953],  local onde os Manjacos fazem as cerimónias ao irã ."


Igreja do Cacheu. Fonte: HIPP

2. Comentário do edit0r LG:

Sobre esta igreja, lê-se no portal HIPP - Património de Influência Portuguesa, este apontamento de Manuel Teixeira:

"Historicamente, constitui a primeira igreja portuguesa erigida na costa ocidental africana, padroeira da urbe. Em 1680 ruiu, devido a uma inundação do Rio Cacheu, sendo mandada reconstruir pouco depois pelo bispo de Cabo Verde, D. António de São Dionísio. Encontra‐se hoje relativamente bem preservada".



Guiné > Bissau > Região de Cacheu > Forte de Cacheu (séc- XVIII) > Restos da estátua de Diogo Gomes, que até à Independência, estava em Bissau, frente à ponte cais de Bissau...


Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




(...) "Edificado à beira‐rio, em 1641‐1647, é de pequena dimensão, consistindo num quadrado de cerca de vinte metros de lado, defendido nos cantos por pequenos bastiões, e uma muralha com quatro ou cinco metros de altura. 

"Em 1822 há notícia da sua existência, com estrutura de paredes em adobe. 


Forte do Cacheu (séc. XVII).
 Fonte: HIPP
"Em 1988 foi assinado um protocolo de geminação com Viana do Castelo, que contribui para diversos melhoramentos da vila, nomeadamente a recuperação do forte e o restauro da Capela de Nossa Senhora da Natividade. Mais recentemente, por iniciativa da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e da Câmara Municipal de Lisboa, procedeu‐se a nova reabilitação do forte. A reabilitação incluiu o interior e as muralhas exteriores, danificadas pelo tempo e pelas correntes do Rio Cacheu, que em alguns pontos lhe corroeram os alicerces. 

"A zona adjacente ao forte é o local onde as autoridades da Guiné‐Bissau, após a independência, vieram depositar as estátuas ligadas ao período colonial. Estão há trinta anos no meio da vegetação, desmontadas, à beira do forte."



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Cacheu / São Domingos (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor dos rios Cacheu e seus afluentes: Pequeno de São Domingos (margem norte); Caboi, Caboiana e Churro (margem sul), a montante da vila de Cacheu.


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015).

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25679: As nossas geografias emocionais (25): Quase todos partimos, até 1972, num navio de transporte de tropas, a partir do Gare Marítima da Rocha Conde Óbidos, e não da Gare Marítma de Alcantara...



Lisboa > 22 de Março de 2009 > Cais e Gare Marítima de Alcântara, vistas da Ponte 25 de Abril... > Não, não foi o nosso cais de partida... A nossa "porta de saída" para África foi o Cais da Rocha do Conde Óbidos, que fica mais para leste, a 1600 metros de distância...  Às vezes confundimos os dois cais e as duas gares (que são do mesmo arquiteto, o Pardal Monteiro).  

O Cais de Alcântara também era usado, mais pontualmente, para as partidas  e as chegadas de tropas,  mas era o cais da Rocha do Conde de Óbidos que estava destinado a esse fim.  Aliás, eram onde atracavam os navios da CCN (Companhia Colonial de Navegação), enquanto o de Alcântara era o terminal da CNN (Companhia Nacional de Navegação) e a SG (Sociedade Geral). 

Pelo outro lado, não passávamos sequer pelas gares....pelo que nunca pudemos admirar os painéis do Almada Negreiros, obras-primas da pintura portuguesa do séc. XX.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 


Lisboa > Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos > Da autoria do arquiteto Pardal Monteiro, foi inaugurada em 1948... Foi daqui que partimos, muitos de nós,  para a Guiné... Nos últimos anos da guerra (a partir de meados de 1972), o transporte já se fazia por via aérea, através dos TAM - Transportes Aéreos Militares. (LG)

Foto do domínio público. Cortesia de Wikipedia.



1. O porto de Lisboa tem dois cais e duas  gares marítimas, a de Alcântara, a poente, e a da Rocha Conde de Óbidos,  a nascente. Ambas servidas por linha férrea... Mas muitos camaradas, sobretudo os de fora de Lisboa, confundem as gares...

Recorde-se a aqui, resumidamente, a história da sua construção:

(i) A modernização do porto de Lisboa é relativamente recente. as primeiras grandes obras remontam ao ano de 1887, no reinado de D. Luís. 

Até 1907 não havia cais acostável (!) para os navios de passageiros, de maior tonelagem. Ficavam ao largo do Tejo, fazendo-se o transbordo de passageiros e bagagens, "à moda antiga"...

Datam dos finais da monarquia, os trabalhos de dragagem, na margem norte do rio, a oeste do cais de Alcântara. 

(ii) Em 1918 começaram a poder atracar no porto de Lisboa os transatlânticos de maior arqueação bruta. 

(iii) A atracação de navios de passageiros passou a ser obrigatória em 1927.

(iv) O cais de Alcântara  e o molhe oeste (poente) do cais de Santos ficaram reservados para as companhias de navegação estrangeiras. 

(v) Os navios nacionais, com destino às ilhas adjacentes e às colónias de  África, partiam do cais da Fundição, Terreiro do Trigo (junto a Santa Apolónia) e molhe leste (nascente) do cais de Santos.

(vi) É no âmbito do “plano de melhoramentos do porto de Lisboa: margem norte do Rio Tejo”, da iniciativa do Estado Novo, que vão ser construídas as gares marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos; era então ministro das Obras Públicas e Comunicações, o eng Duarte Pacheco (1901-1943).

(vii) O projeto destas gares marítimas com 2 pisos, é do arquiteto Pardal Monteiro (1895-1957), um dos grandes arquitetos estadonovistas cua obra marcou a cidade de Lisboa, entre as décadas de 1920 e 1950, com edifícios icónicos como a Estação do Cais do Sodré, o Instituto Superior Técnico, a Igreja de N. Sra. de Fátima, o 
Hotel Ritz, etc.

(viii) A gare marítima de Alcântara será inaugurada ainda em plena II Guerra Mundial (a 7 de julho de 1943), quando afluíam a Lisboa dezenas de milhares de refugiados de um continente devastado pela tragédia da deriva totalitária e da guerra.

(ix) Por sua vez, a gare marítima Rocha de Conde de Óbidos (chamava-se assim em virtude do cais estar próximo do palácio do Conde de Óbidos, hoje edifício da Cruz Vermelha, ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga, ou Museu das Janelas Verdes) só foi inaugurada em 1948; é 
 aqui se localizava o estaleiro naval que, em 1936, seria  concessionado a um empresa do grupo CUF, a primeira do país a construir navios com casco de aço.

Para muito de nós, antigos combatentes, o cais da Rocha de Conde de Óbidos foi o local de embarque para a guerra colonial... 

Vínhamos, geralmente de noite, de comboio, das unidades de mobilização (muitos vinham diretamente do Campo Militar de Santa Margarida). Nunca passávamos pela gare.  

Só mais tarde eu vim a conhecer os salões Almada Negreiros e admirar os seus painéis, hoje famosos ...

Já aqui confessei, em tempos,  que gosto mais dos painéis da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, pela sua modernidade e ousadia (temática e estética) (*). 

Todos os cais de partida (mais do que os de chegada) fazem parte das nossas geografias emocionais (**).


(**) Último poste da série > 2 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25327: As nossoas geografias emocionais (24): Nhamate, no sector Oeste 1, Bissorã, em 1970, ao tempo da CCAÇ 13, "Leões Negros"

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25083: O segredo de... (41): António Rosinha (ex-fur mil, Angola, 1961/62; topógrafo da TECNIL, Bissau, 1987/1993): Luís Cabral, a camarada Milanka, eu e o 'mau agoiro' do meu patrão

Angola > Luanda > 1961 > Desfile de tropas > O António Rosinha, beirão,  vivia já em Angola há uns anos (foi para lá adolescente e fez lá a tropa)... Vemo-lo aqui a desfilar com o seu pelotão, que parece ser composto apenas por militares do recrutamento local (ele nunca nos disse a que unidade ou subunidade pertenceu, e por onde andou, em concreto; sabemos que teve uma "guerra" relativamente tranquila, apesar dos acontecimentos de 1961...). Era furriel miliciano aparece aqui em primeiro plano, depois do alferes, cmdt do pelotão, na segunda fila, a dos comandantes de secção: é o primeiro a contar da direita para a esquerda, está de óculos escuros e empunha, durante o desfile, pistola-metralhadora FBP, tal como os restantes graduados; as praças usavam, evidentemente, a velha espingarda Mauser 7,9 mm m/937 ... A farda, em 1961, era o do "caqui amarelo"... E, em plenos trópicos, os combatentes da época usavam capacete de aço.

Angola > s/l > c. 1961/62 > O então fur mil António Rosinha

Fotos (e legendas): © António Rosinha  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O António Rosinha não queria entrar para a nossa Tabanca Grande (em 2006, chamava-se apenas "tertúlia"), não obstante a estima que lhe logo lhe manifestaram alguns dos nossos camaradas como o Amílcar Mendes, o Vítor Junqueira e eu próprio, que fiz questão de o "apadrinhar". E ainda bem que ele acabou por aceitar sentar-se à sombra do nosso poilão em 29/11/2006 (nessa altura ainda não havia poilão nem tabanca, tratávamo-nos uns aos outros como "tertulianos", membros da "Tertúlia dos Amigos & Camaradas da Guiné").

E em boa hora ele começou a colaborar connosco, desfiando as suas memórias do império: além de Angola (onde diz que foi "colón até 1974"), fez a diáspora dos "retornados",  passou pelo Brasil e pela Guiné-Bissau, onde depois da independência, de 1979 a 1993, trabalhou como "cooperante", exercendo a sua profissão, como topógrafo,  na empresa de construção e obras públicas TECNIL (que fez muitas das infraestruturas daquele país, antes e depois da independência; foi herdada do "colonialismo" tanto por Luís Cabral como pelo seu carrasco, 'Nino' Vieira, o mesmo aconteceu com o comandante Pombo, que ficou a pilotar o avião a jato privado Falcon da presidência).

O Rosinha é autor de uma notável série, a que demos o nome de "Cadernos de Notas de Um Mais Velho", em geral alimentada com pequenas notas e comentários que ele vai deixando no blogue. Já se publicaram uma meia centena de postes.  Além disso, é um caso notável de longevidade, vida ativa saudável, proatividade... A brincar, a brincar, ele deve chegar aos 90 para o ano se as minhas contas não falham! (Tinha 77 anos em 2012)... É, pois, um grande exemplo para todos nós!... (Não tenho ideia de ter alguém , com a sua idade, ainda tão ativo como ele, no nosso blogue, neste momento!)

Num desses postes (P16701) (*), deparámos com uma saborosa pequena história que mete o Luís Cabral, primeiro presidente da República da Guiné-Bissau, mais dois arquitetos (e pessoas gradas do regime, o casal Lima Gomes) e a empresa portuguesa TECNIL,  na pessoa do topógrafo António Rosinha e do patrão Ramiro Sobral.

Ao reler o poste, demos conta que uma das personagens era a arquiteta Milanka Lima Gomes, uma jugoslava casada com o então Ministro das Obras Públicas, 'Tino' Lima Gomes, e também a autora do projeto  (1976/78) da casa de férias de Luís Cabral em Bubaque (em parceria com outro arquiteto, jugoslavo, cooperante, Nikola Arsenic). A casa, dizem os entendidos, é uma referência da arquitetura pós-colonial: infelizmente, ficou amaldiçoada, com a queda política, a prisão e o exílio do seu dono. Hoje é uma confrangedora ruína, engolida pelo mato, na "ilha paradisíaca" de Bubaque que já teve muitos "donos e senhores"...

Pelo  seu bom senso, sensibilidade, perspicácia, inteligência emocional, história de vida, cultura e memória de "africanista", o Rosinha, um dos nossos veteranos, é merecedor do apreço e  elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, mesmo quando as nossas opiniões podem divergir.

A ele poderá aplicar-se  inteiramente o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo".    

Esse provérbio veio mesmo a propósito desta pequena história "pícara", que não é "nenhum segredo de Estado", mas queremos "repescar" e preservar, agora na série "O segredo de...".  (**). 

É uma história com piada, com chiste, com humor, típico dos velhos africanistas, e é também uma lição sob o "sic transit gloria mundi", a vaidade e a transitoriedade do poder e da glória...

Que fique claro: não é intenção do Rosinha  (nem dos editores do blogue) achincalhar ninguém nem muito menos bater nos mortos ou ajustar contas. Simplesmente o picaresco, o burlesco, a ironia, o riso, o humor, etc., fazem parte da nossa "caserna" de velhos combatentes. Uma boa piada, uma boa história sobre os "nossos homens grandes", seja o Spínola ou seja o  Amílcar Cabral, são a prova de que aqui somos plurais e defendemos  a todo o custo a liberdade de expressão, pedra basilar da democracia que recuperámos há 50 anos.

Guiné > Bissau > s/d [meados dos anos 60] > Aspecto parcial do centro histórico, Câmara Municipal à direita, Palácio do Governador ao fundo à esquerda, Praça do Império, monumento "Ao Esforço da Raça", telhados de outros edifícios públicos, etc... Bilhete postal, nº 133, Edição "Foto Serra" (Colecção Guiné Portuguesa")...

O António Rosinha pede-nos para "enriquecer o poste com esta  lindíssima foto  onde se vê a casa que o Luís Cabral queria que a Tecnil lhe adaptasse, antes de ser deposto em 1980 (...). Essa foto (tirada de helicóptero, penso eu) é das mais bonitas sobre Bissau (...): uma lindíssima residência, r/c  e 1º andar com um Jeep Willys da nossa tropa junto à entrada de casa (...).  Foi essa casa que o Luís Cabral queria adaptar para sua residência, e que o Ramiro Sobral, o patrão da Tecnil (***), lhe agoirou o destino."

Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalizações e edição: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)


 O segredo de... (41): António Rosinha (ex-fur ml, Angola, 1961/62; topógrafo da TECNIL, Bissau, 1987/1993): 

Luís Cabral, a camarada Milanka, eu e o "mau agoiro" do meu patrão


Luís Cabral pretendia reformular uma residência bastante moderna que foi propriedade de um antigo 'colón',  que eu não conheci, para sua residência, penso eu. Essa residência ficava atrás do gabinete do primeiro ministro, e tinha uma portaria que era preciso adaptar, na cabeça de Luís Cabral, para receber o Volvo presidencial, bem junto à porta da casa.

Só que havia um pedaço de jardim e duas colunas à entrada do edifício que era preciso derrubar, construir noutra disposição, e isso Luís Cabral não queria.

E, agora,  vou falar em nomes de gente muito simpática e não quero de maneira nenhuma fazer «politiquice» nem com as pessoas nem com a atitude das mesmas nem do momento. O ministro das Obras Públicas era 'Tino' Lima Gomes que era arquitecto e ainda chegou a dar uma vista de olhos na portaria mas sem adiantar qualquer solução.

A esposa dele, a camarada Milanka, de nacionalidade jugoslava, arquitecta nas Obras Públicas,  é que foi encarregue de descalçar a bota, e eu no campo 
[como topógrafo] para executar o impossível. 

Só que a camarada Milanka não tinha coragem de dizer ao presidente que era impossível executar como ele queria, e eu descarreguei o meu fardo para o meu patrão Ramiro Sobral [engenheiro, dono da TECNIL], velho "africanista que se encontrava em Bissau, onde ia,  mês sim, mês não.

E o velho,  de 75 anos, e muitos anos de África, habituado a resolver casos bicudos, analisou e solucionou:
– Senhora Dona Milanka (toda a gente dizia "camarada Milanka"), sabe porque ando nesta vida com esta saúde aos 75 anos? Porque a porta da minha casa em Viseu tem 3 degraus. E subir e descer esses 3 degraus dão-me imensa saúde. Convença o senhor presidente que com 3 degraus resolve o problema e dá-lhe imensa saúde para daqui a muitos anos continuar com o meu dinamismo.

Passados uns instantes,  já só comigo no automóvel, Ramiro Sobral, como que a falar para os próprios botões, previa:

Com degraus ou sem degraus,  não vais envelhecer aqui, não.

Talvez uns 15 dias depois, dá-se o golpe a 14 de Novembro de 1980 que derruba Luís Cabral.

Adenda:

Pessoalmente conheci um desertor guineense, ou que ficou para a história da Guiné como desertor, e que levou com ele uma avioneta de Bissau para Conacri.

Tinha o seguinte currículo popularmente conhecido na sociedade de Bissau:

(i) era furriel da Força Aérea, guineense, da minha idade, portanto foi para a Força aérea antes da Guerra do Ultramar;

(ii) era guineense de uma família antiga,  "colonialista", que se foi "amestiçando";

(iii) como era menino bonito e inteligente, era um desperdício ir lutar para o mato como os indígenas. (Isto o povo pensava em crioulo, mas eu traduzo.)

Foi de armas e bagagens estudar com bolsa para a Jugoslávia e regressou com bagagem pesada, canudo de engenheiro/arquitecto, após a independência.

O PAIGC, reconhecido, atribui-lhe mais que uma pasta governamental, e também agradecido o governo português concedeu-lhe bolsas de estudo para os filhos nos Pupilos do Exército em Lisboa.

Já faleceu. em acidente com arma de caça.

Chamava-se 'Tino', Alberto 'Tino' Lima Gomes, foi ministro das obras públicas de Luís Cabral. Era um português como milhares de transmontanos, açorianos, angolanos, etc., nunca foi indígena, nasceu «assimilado». (*)

António Rosinha 

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG)



Guiné-Bissau > Arquipélagos dos Bijagós > Ilha de Bubaque > 2013 > A antiga casa de Luís Cabral, projeto dos arquitetos de origem jugoslava (1976/1978) Milanka Lima Gomes e Nicola Arsenic. Foto do nosso camarada José Martins Rodrigues (ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72) (****)


Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > 2016 > Casa de Luís Cabral. Construída com financiamento público, projeto dos arquitetos Milanka Lima Gomes (1976) e Nikola Arsenic (1978). Fotograma do filme "The Vanished Dream" (2016),  reproduzida no artigo de Lucas Rehnman (2023), a seguir citado. (Com a devida vénia...)


Curiosamente, o poste do Rosinha, P16701 (*), tem honras de citação num artigo sobre a arquitetura pós-colonial da Guiné-Bissau, da autoria do brasileiro Lucas Rehnman (n. 1988, S. Paulo), investigador, artista e curador (vive em Berlim), e donde extraímos com a devida vénia esta outra imagem da casa, em ruínas, do Luís Cabral. O título do artigo, em inglês, pode ser traduzido por: "Acabado de construir, e logo em ruinas: descolonização e dis-conectividade na Guiné-Bissau pós-colonial, 1973-1983":

Bibliografia (...): 

Tabanca Graca Luís, Graça. ‘Caderno de Notas de Um Mais Velho’. Blog. Luís Graça & Camaradas Da Guiné (blog), 9 November 2016. https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2016/11/guine-6374-p16700-caderno-de-notas-de.html.

Diz o autor, Lucas Rehnman,  sobre a casa de Luís Cabral em Bubaque (Vd. imagem acima):

(...) Seguramente mais ambiciosa e formalmente inventiva é a antiga residência presidencial, que se situa na ilha de Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, e que está agora em ruínas (...) . Apesar da sua aparência enganadoramente brutalista, a estrutura de betão foi originalmente pintada de branco e coberta por placas betuminosas. Este corpo de trabalho arquitectónico aqui apresentado pode ser visto como uma ingestão criativa e digestão de arquitectura estrangeira, o que significa que não apenas ocorreu um mero empréstimo de formas e soluções modernistas brancas, mas que também se deu  uma apropriação, interpretação e transformação local do vocabulário modernista. constituindo por isso uma arquitetura original e híbrida que vale a pena documentar e preservar." (...) (tr. livre, Google / LG)
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16701: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (49): quatro apontamenmtos: (i) Angola, as boas famílias e os seus desertores; (ii) o nosso presidente em Havana; (iii) o desertor guineense da Força Aérea; e (iv) o ministro das obras públicas de Luís Cabral, Tino Lima Gomes, a camarada Milanka e o meu velho patrão Ramiro Sobral, que não precisava de subir ao alto do poilão para ver ao longe...

(**) Último poste da série > 8 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25048: O segredo de...(40): Patrício Ribeiro, 76 anos: Angola, Quifangondo, 1975: uma das "minhas guerras" a que assisti ao vivo

(***) Sobre a TECNIL, vd. postes de;

3 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9555: Caderno de notas de um Mais Velho (19): TECNIL, importante empresa de obras públicas, que desaparece do mapa (Parte I)

5 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9561: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (20): TECNIL, importante empresa de obras públicas, que desaparece do mapa (Parte II)

25 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9655: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (21): TECNIL, importante empresa de obras públicas, que desaparece do mapa (Parte III)

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25073: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (32): Os encantos e os mistérios da ilha de Bubaque (incluindo o "Palácio do Governador", hoje em total ruína, onde o PAIGC quis matar Spínola)

 

Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > Canoa de transporte junto à ilha de Rubane


Foto nº 2A > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 >  A canoa (tipo nhominca) a chegar ao porto

Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > 

Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > Ponte-cais de Bubaque


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > Canal de Bubaque, de águas profundas


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > Hotel na zona do palácio ("Hotel Cajou Lodge",  passe a publicidade... ,  acrescenta o editor LG que nunca foi a Bubaque).


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > Hotel Kasa Afrikana, ao fundo a ilha de Rubane


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > Vivendas com vista para o mar

Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > 178 >  O "Palácio do Estado": Foto tirada pelo médico cirurgião Dr. Luís Bagulho em 1978, como cooperante (já falecido). (*)


Foto nº 8A > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > 1978  >  O "Palácio do Estado"... Edifício da época colonial, conhecido também como "Palácio do Governador"... Do lado esquerdo, não pode ser a antiga casa de Luís Cabral, construída depois da independência pelos jugoslavos, em estilo pós-moderno...  e que em 2013já estava em ruínas (ver aqui foto do nosso camarada José Martins Rodrigues)


Foto nº 9B > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque >  1978 >  Muito provavelmente uma "casa de função", para oficiais superiores do exército português, que estava em construção em 1969...

Foto nº 9A > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > O "Palácio do Estado" "ou "Palácio do Governador", hoje uma ruina...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > O "Palácio do Estado" ou "Palácio do Governador"... Ao que parece, o PAIGC chegou a pensar assassinar aqui o Spínola, quando em férias...  


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > O "Palácio do Estado", frente ao canal, hoje em ruina...


Foto nº 10A > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > Dezembro de 2023 > O "Palácio do Estado", hoje uma ruina...

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem (e fotos) que nos foi enviada pelo  Patrício Ribeiro (nosso correspondente em Bissau, colaborador permanente da Tabanca Grande para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau, onde vive desde 1984, e onde é empresário, fundador e diretor técnico da Impar Lda; tem mais de 130 referências no blogue; autor da série, entre outras, "Bom dia desde Bssau"):



Data - domingo, 14/01/0204, 23:15   | Assunto- Bom dia desde Bissau                                                                                                                                                                              Luís, junto uma fotos... São fotos de dezembro de 2023, durante os meus passeios pela Guiné. Aconselha-se uns passeios pelas águas quentes dos Bijagós, para fugir à chuva e ao frio na Europa.

Em dezembro do ano passado (há umas semanas atrás),  voltei a dar uma volta pela ilha de Bubaque. (**)

Para lá ir, há diversos transportes, de ida e volta, principalmente ao fim de semana, a partir de Bissau, para esta ilha e dali é possível apanhar transportes para as restantes ilhas, onde há alguns hotéis, espalhados por algumas das ilhas dos Bijagós.

Na ilha de Bubaque, há alguns hotéis novos, outros já os conheço há dezenas de anos.

Os principais clientes são franceses (da minha idade) que vêm diversas vezes ao ano, à pesca. Já o fazem há muitos anos.

Logo de manhã, entram nos botes e vão para a pesca todo o dia, nos canais entre ilhas, também há os que compram ou constroem hotéis, ou casas.

Hotéis de famílias portuguesas, já não há.

Tenho pena, do que está a acontecer aos Palácios do Estado em Bubaque (ver fotos). O que era do Spínola (era o nome que me informaram, das primeiras vezes que lá fui). Era ali que PAIGC o ia tentar assassinar, “como dizem”.

Também cheguei a dormir lá.

Assim como o outro Palácio, ou antiga "casa do Luís Cabral", na falésia, construído após a independência, com arquitectura tipo “Jugoslávia”, que não foi possível tirar foto, porque é só mato. (O Rosinha, que informe que arquitetura é esta, ainda existem alguns edifícios, com estas linhas arquitectónicas. )

PS - A foto antiga do Palácio foi tirada pelo médico cirurgião Dr. Luís Bagulho em 1978, como cooperante (já falecido).(*)

Abraço

Patricio Ribeiro
impar_bissau@hotmail.com
__________

Notas doo editor:

(*) Luís Tierno Bagulho: esteve em 1972 Teixeira Pinto, como alf mil médico,  com o nosso camarada António Graça de Abreu (que era do CAOP1). Outros médicos desse tempo: Pio de Abreu (psiquiatra, Coimbra) e Mário Bravo (ortopedista, Porto). 

 Vd. postes:

27 de fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1552: Lançamento do livro 'Diário da Guiné, sangue, lama e água pura' (António Graça de Abreu)



(**) Último poste da série > 20 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24867: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (31): Já estava com saudades de Farim e das canoas de transporte público...

Vd. também poste de:

9 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23339: Recortes de imprensa (123): Bubaque: alterações climáticas e educação ambiental (Excertos de reportagem de Carla Tomás, Expresso, 18 de abril de 2019, com a devida vénia...)

8 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23336: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXVII: O "meu" regresso à Guiné (3): Os Bijagós que muitos de nós nunca vimos - II (e última) Parte

7 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23334: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXVI: O "meu" regresso à Guiné (2): Os Bijagós que muitos de nós nunca vimos - Parte I

13 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13136: Memória dos lugares (265): Bubaque, cada vez mais bonita... (Patrício Ribeiro)

12 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13132: Notas de leitura (590): Bubaque foi uma colónia alemã... antes da I Guerra Mundial (Luís Vaz)

4 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8043: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (7): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte III, o regresso a Bissau)


12 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7931: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (5): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte I)

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24919: Notas de leitura (1644): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte IV: Angola, Luanda, fotogaleria, c. 1930


Foto nº 3 > Câmara Municipal ou Governo Provincial de Luanda [São Paulo de Luanda] (vd, enquadramento histórico e urbanismo),


(...) O edifício da Câmara Municipal de Luanda começou a ser construído em 1890, segundo projeto de Artur Gomes da Silva, concluindo‐se a obra em 1911. 

O edifício apresenta fachada de expressão classicizante, com frontão central e vãos de arco circular. Segue a tradição dos edifícios públicos com estrutura de pré‐fabricado de ferro. Ergue‐se sobre a Praça da Mutamba, numa relação com o terreno que lhe confere imponência e monumentalidade. 

A planta desenvolve‐se à volta de um pátio interior com iluminação zenital, de onde nasce uma majestosa e escultórica escadaria interior, toda em ferro fundido, elemento decorativo mas também distributivo, coberto por uma estrutura de pilares e arcos metálicos ogivais que lhe dão singularidade, elegância e leveza. Foi classificada como Monumento Nacional, por despacho publicado no Diário da República n.o 205, de 31.08.1981. Continua a exercer a mesma função.Isabel Martins (Fonte: HPIP - Património de Influência Portuguesa) (com a devida vénia...)


Foto nº 2 > Memória a Paulo Dias de Novais, fundador da cidade de Luanda


("A cidade foi fundada em 1575‐1576, quando Paulo Dias de Novais e suas gentes ancoraram na Ilha das Cabras que era, na época, uma possessão do rei do Congo. (...) Fonte: HPIP, com a devida vénia)


Foto nº 1 > Luanda: homenagem a Salvador Correia, o restaurador de Angola

(...) A urbe de 1900 lê‐se numa planta de Alves Roçadas, executada para a Câmara Municipal. A cidade teria uns 15.000 habitantes em 1910, cerca de 30.000 em 1923, e já 50.000 em 1930, dos quais 6.000 brancos e 5.500 mestiços. (...) Fonte: HPIP, com a devida vénia)



Foto nº 4 > Luanda. estação do caminho de ferro Luanda - Malange

(... "O terminal ferroviário da linha Luanda‐Malanje é um modesto edifício de dois pisos de adobe e cobertura de telha, situado na zona central da cidade a comprovar o seu papel relevante. A sua construção decorreu entre 1905 e 1909.Aida Freudenthal. (...) Fonte: HPIP, com a devida vénia.. 



Foto nº 6 > Luanda: avenida do hospital Maria Pia (construído em 1865.1883), hoje Josina Machel, (Esta avenida hoje deve a do 1º Congresso do MPLA. seria a Av dos Combatentes, no temo colonial?)


Foto nº 5 > Luanda; trecho da Av Salvador Correia


Foto nº 7 > Luanda: fachada da Sé,antiga igreja de N. Sra. dos Remédios

(...) Esta igreja localiza‐se na Cidade Baixa, antiga Rua da Praia, e foi construída devido ao desejo que os comerciantes e demais moradores da Cidade Baixa tinham de competir com a Cidade Alta, onde se localizavam os principais templos religiosos.

 A sua construção iniciou‐se em 1651 e terminou em 1670. Cadornega descreve‐a como "edificio sumptuoso de boa fabrica, confraria e irmandade do Corpo de Deos, e a invocação de nossa Senhora dos Remédios que servem os cidadoens e moradores com muito dispendio de suas fazendas". 

A primitiva igreja evidenciava um estilo barroco na fachada, constituída por três portas encimadas por pequenos frontões triangulares, terminando num frontão aproximadamente triangular com enrolamentos em cada vértice e um óculo bastante elaborado. Desenvolvia‐se numa planta retangular, com uma ampla nave, transepto inscrito, altar‐mor e colaterais. A composição da fachada terminava em duas torres sineiras elevadas e quadrangulares, encimadas por coruchéus piramidais. Encontrava‐se em ruína total em 1877.

 Em 1897, um restauro deu‐lhe o aspecto que hoje apresenta, transformando‐a numa tipologia de um só tramo com três portas e frontão redondo. Nos finais dos anos 1940 foi considerada um valor a preservar, sendo por isso classificada Imóvel de Interesse Público pela portaria n.o 6718 de 25.05.1949. Serviu de sé catedral entre 1828 e 1850, tendo atualmente voltado a ser a Sé Catedral de Luanda.Isabel Martins. (Fonte: HPIP, com a devida vénia...)
 


Foto nº 8 > Luanda: Fachada do Hotel Paris


Foto nº 9 > Luanda: à hora da sesta... Ao fundo,  hotek Paris...



Angola > Luanda > c. 1930 > Fotogaleria




Angola é um descritor com 544 referêcncias no nosso blogue. E é um país que também está no coração de alguns de nós. Daí o destaque que tanbém lhe damos, de vez em quando. Comparem-se as imagens dos anos 30  com estas imagens dos anos 50/60 (Cortesia do Facebook "Luanda - Imagens dos Velhos Tempos")


Luanda > Sé (antiga Igreja de N. Sra.dos Remédios)


Luanda > Hotel Paris


Luanda > Fachada do edifício da Câmara Municipal, anos 60


Luanda > Rua (e não avenida) Salvador Correia, 1968


Luanda > Av Combantes, anos 60


Luanda >  Hospital Maria Pia, anos 50


Composição dos Caminhos de Ferro de Angola, linha Luanda-Malang

Fonte: Página do Facebook "Luanda - Images«ns dos Velhos Tempos" ("Espaço de recordações para quem nasceu ou viveu em Luanda antes de 1975") (com a devida vénia...)
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Notas do editor:


Último poste da série de 4 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24916: Notas de leitura (1643): "Era Uma Vez na Tropa, Rescaldos da guerra em desfile de memórias", por Ireneu de Sousa Mac; Europa Editora, 2022 (Mário Beja Santos)