terça-feira, 7 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23334: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXVI: O "meu" regresso à Guiné (2): Os Bijagós que muitos de nós nunca vimos - Parte I


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá >  Saltinho > 2008 >A engenharia (sendo o Tiago Costa o segundo da esquerda) bebendo umas cervejas no antigo "Clube de Oficiais no Saltinho"



Foto nº 2


Foto nº 2 A


Foto nº 2B

Fotos nº 2, 2A e 2B  > Guiné-Bissau > Região de Bafatá >  Saltinho > Rio Corubal > A engenharia foi a banhos nos rápidos do Saltinho 










Joaquim Costa, hoje e ontem. Natural de V. N. Famalicão,
vive em Fânzeres, Gondamar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado. Foi também professor e adminsitrador escolar no  ensino secundário  (os últimos 20 anos em Gondomar

Já saiu o seu livro de memórias (a sua história de vida),
de que temos estado a editar largos excertos, por cortesia sua.
Tem um pósfácio da autoria do nosso editor Luís Graça. Será apresentado dia 11 de junho, sábado, na Tabanca dos Melros, em Fânzeres, Gondomar (*).



Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) (*)


Parte XXVI - O "meu" regresso à Guiné (2):  Os Bijagós, que muitos de nós nunca vimos - Parte I (**)



Enfim! Pontes e não mais muros, sejam eles de betão ou de arame farpado.

Mas só pontes não bastam, mais que tudo é preciso educação… paz, pão, habitação…Liberdade...

A Guiné entranhou-se de tal forma no nosso corpo que a tudo o que aí acontece os nossos sentidos reagem. Ansiamos mais que tudo por boas notícias, que infelizmente tardam a chegar.

Este poste  mostra as extraordinárias potencialidades deste país que teima em não encontrar o caminho da paz e do desenvolvimento. Meio século após a proclamação da independência as notícias que ainda chegam são de guerra. Não contra um inimigo externo, mas sim, inexplicavelmente, uma guerra fratricida sem fim.

Como já alguém disse (com muita propriedade) a Guiné não nos sai da cabeça... Extraordinário a quantidade de ONG criadas por ex combatentes na ajuda ao desenvolvimento desta terra, que se nos entranhou.

Eis a Guiné que muitos de nós nunca viu Ue de que chema imagens atrvavès do Tiago Costa, meu filho Tiago, engenheiro civil da Soares da Costa,  que esteve a a trabalhar na Soares da Costam na Guiné, de 2007 a 2009, na construção de uma ponte sobre o rio Cacheu, junto a S. Vicente, financiada pela União Europeia, a pomte



A visita ao Arquipélago dos Bijagós  (por intreposta pessoa, neste caso o Tiago Costa, meu filho) > Ano de 2008 > Num fim de semana de descanso na construção da ponte de S. Vicente (Ponte Europa) - Parte I




Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque >  2008 >  A mulher dos Bijagós: “O que dizem os teus olhos”?



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque > 2008 >  Dia de festa (creio que o carnaval)...“Manga de Ronco”!!


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque >  2008 > Em dia de festa a melhor indumentária...para impressionar as Bajudas!!!


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque > 2008 > Não parece mas estamos na Guiné. Um resort numa das Ilhas paradisíacas dos Bijagós.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque > 2008 > Ainda há encantos destes...


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque > 2008 > Aves marinhas...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Arquipélago de Bijagós > Bubaque > 2008 > Encantos de recantos...



Fotos (e legendas) © Tiago Costa / Joaquim Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23245: Agenda cultural (811): Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, 11 de junho de 2022, sábado, 11h00: Luís Graça apresenta o livro do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul"

8 comentários:

Valdemar Silva disse...

Costa, assim nunca de lá tinha-mos saído.
E o teu filho deve pensar 'tá bem, tá bem aquilo é que foi uma guerra lixada!'

O meu mano gêmeo da CART11, ex-fur.mil. Cândido Cunha levou uma porrada do capitão por ter ido tomar bonho ao rio sem autorização. O Cunha tomava banho de hora a hora, havia dias que não tirava a toalha da cintura que parecia andar de saia.
Imagino o que seria, a nossa CART11 ter estado no Saltinho. Coitado do Cunha devia estar a levar porradas todos os meses.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Saltinho: um dos sítios mais deslumbrantes da Guiné... Fui lá no tempo da guerra, e depois em 2008... A paz é outra coisa, o rio não era o mesmo...

paulo santiago disse...

A foto nº1, pode dar origem a confusões...não existiu um qualquer "clube de oficiais",durante a guerra.Naquela sala,pouco modificada,funcionou a Messe de Oficiais e Sargentos,até ao dia em que um Cap.Mil,de triste memória,resolveu separar sargentos e oficiais.Antes deste Cap.Mil.a CCAÇ substituída era comandada por um Cap QP,e as duas classes conviviam bem.

Santiago

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Paulo, ainda bem que estás atento e ainda estás vivo... O tal regime de "apartheid" a que te referes (oficiais, para um lado, e sargentos, para outro) foi no tempo da CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74). Era conhecido esse capitão miliciano como o capitão-proveta... Não foi caso único, na Guiné, mas as exceções felizmente não confirmam a regra... De facto, tenho ideia que tivemos grandes capitães (milicianos e do QP) na Guiné...

E a propósito da CCAÇ 3490, é bom lembrar aqui que a grande tragédia de há 50 anos, a fatal emboscada do Quirafo, naicada de Quirafo (entre o Saltinho, Contabane e Dulombi), em de 17 de abril de 1972.

Foram utilizados LGFog e Canhão sem recuo. Houve 11 militares mortos (incluindo o alferes mil Armandino), 1 desaparecido (o "morto-vivo" António Batista da Silva)... Houve ainda 5 milícias mortos mais um número indeterminado de baixas, entre os civis, afectos à construção da picada Quirafo-Foz do Cantoro.

A brutal violência da emboscada ainda era visível, mais de três décadas, nas imagens dramáticas obtidas pelo Paulo Santiago e seu filho João, na "viagem de todas as emoções" que eles fizeram em fevereiro de 2005.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/04/guin-6374-p1669-efemrides1-tragdia-do.html

cherno balde disse...

Caro amigo Joaquim Costa,

“O que dizem os seus olhos” ?

Os seus olhos dizem o que , de facto, ela é, mulher bijago, orgulhosa, simples e sem medo, ligada a terra e as suas profundas raizes culturais. Os seus olhos trazem em si o desassossego das aguas do mar Atlantico e a resiliencia de quem sempre lutou para continuar a existir por si e ainda acredita na infinidade da vida e do mundo que os rodeiam e dao sentido a sua existencia.

Ali, num espaço de uns reduzidos 2 metros quadrados, tens a descriçao completa do mundo bijago: A força da tradiçao, expressa numa saia de fibras extraidas de ramos da palmeira; os seus utensilios artesanais de carga e de transporte, com que se constroi a vida diaria da mulher bijago; as folhas de plantas com que fabricam as esteiras entrelaçadas, utilizadas como camas e, sobretudo "o chabéu" os frutos da palmeira (tchebém em Crioulo), a arvore “fétiche” e polivalente que fornece mais de que metade da alimentaçao diaria do povo Bijago, sem precisar , quase, de nenhuma assistencia do exterior. Um olhar de confiança e de aconchego que convida os estrangeiros para uma convivencia plena e pacifica, num mundo que pertence a todos.

Conta-se sobre os bijagos que, numa das muitas campanhas (guerras) de pacificaçao vs repressao entre portugueses e bijagos, particularmente na Ilha “rebelde” de Canhabaque, derrotados mas nao convencidos, foram-lhes impostos condiçoes de rendiçao segundo as quais deveriam pagar de forma imediata e sem derrogaçoes, todos os impostos em divida durante muitos anos de rebeldia e ainda acrescidos de coimas por incumprimento de prazos legais. O chefe ou a chefe dos bijagos pediu aos seus para que trouxessem o que chamou de dinheiro bijago. E assim, diante do Comandante, foram depositos os sacos cheios de nozes do fruto da palmeira (coconotes) sobre os quais o chefe, retomando as palavras iniciais dirigidas aos brancos e seus auxiliares fulas, informou que o coconote (fruto da palmeira) era o unico bem valioso que o bijago conhecia e detinha, porque o outro bem ou dinheiro ao qual, certamente, o chefe fazia alusao era dos brancos, fabricado na sua terra de origem e com a efige do seu rei e soberano a que eles bijagos nao dizia respeito e nem possuiam na sua humilde terra para se servirem como meio de pagamento. Os bijagos eram assim, simples, directos e destemidos.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Magnifico comentário, Cherno, grande homenagem às mulheres e aos homens bijagós, gente que faz gala da sua dignidade e orgulho. Mantenhas.

Anónimo disse...

Obrigado Cherno

Pela tua extraordinária, e quase comovente, descrição sobre esta linda mulher Bijagó

Este olhar não deixa ninguém indiferente

É um olhar que alcança muito para além daquilo que os olhos vêm

Neste olhar não há tristeza, não há medo, não há rancor… Há LIBERDADE

Joaquim Costa

Anónimo disse...

Não comento, por desnecessidade. Como poderei acrescentar algo ao comentário sapientíssimo do Cherno, nosso amigo de peito.

Carvalho de Masmpatá