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sábado, 30 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26217: Os nossos seres, saberes e lazeres (656): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (181): From Southeast to the North of England; and back to London (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Agosto de 2024:

Queridos amigos,
Ainda mal refeito da viagem às ilhas de S. Miguel e de Sta. Maria, tinha combinado com gente muitíssimo amiga uns 12 dias a viajar entre o condado de Oxford, localidades do Norte de Inglaterra e depois uma passeata por Londres, os museus são fabulosos e gratuitos e há galerias onde se podem ver grandes mestres por 10 libras. Sempre com aquela consigna de José Saramago de que o se vê de manhã não é o que se vê à tarde, do que se vê na primavera não é o que se vê no outono, meto-me ao caminho com a curiosidade resguardada, pronto para qualquer surpresa, a bússola é sempre o inesperado, procuro aproximações e as necessárias distâncias entre os nossos usos e costumes e os britânicos, apraz ver a beleza destes jardins, têm eles, como nós, serviços públicos pelas ruas da amargura, desde os correios às operações cirúrgicas, os preços da habitação são devastadores, esta localidade recebe cada vez mais gente da cidade de Oxford; perderam o pequeno comércio, os grandes supermercados abastecem integralmente Faringdon, o pequeno comércio que resiste é pouco mais que o Fish and Chips. Aqui perto, em Swindon, uma cidade que há 20 anos podia ser uma joia e um farol do desenvolvimento, ficou arrasada pelo Brexit, as grandes fábricas multinacionais saltaram para o continente, Swindon parece uma cidade fantasma. Vamos continuar.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (181):
From Southeast to the North of England; and back to London – 1


Mário Beja Santos

Saio de manhã pela fresquinha, bem pequeno-almoçado, atravesso The Pines, depois Canada Lane, encaminho para o centro de Faringdon, condado de Oxford, é o primeiro dia de redescoberta de um lugar de que guardo as melhores recordações, princípio de uma viagem que depois me levará às Midlands, Peak District, depois Ashbourne, depois Wakefield, Leeds, Bath, e depois uma descida a Londres, acomodado em Richmond, a beijar o Tamisa, museus e exposições, daqui o metro até Heathrow, regresso à procedência. A primeira etapa, em nome da curiosidade, sempre sôfrego por um traste especial, entra-se numa charity shop (loja que tem o timbre de uma causa, vende objetos doados para angariar receitas, desde o inumerável bricabraque, passando por roupas e livros, há de tudo como na botica), fareja-se um tesouro, é um belo prato, não há que hesitar, traz-se música espantosa, de Monteverdi a Sibelius. A viagem prossegue até ao centro de informação local, farejo exposições, horário de autocarros, para meu desgosto não há nenhuma carreira que percorra o Cavalo Branco, tem panoramas fabulosos e uma escultura que lembra um cavalo branco, obra da Idade do Bronze, nada feito. Aproveito para visitar o museu local que dá honras a Lord Berners, um excêntrico aristocrata que compadecido com o desemprego entre as guerras mandou fazer uma torre em 1935, para dar trabalho (dela falaremos mais adiante). Berners era amante das artes plásticas, recebeu nas suas propriedades gente como Salvador Dali e apoiou os republicanos espanhóis exilados. Vou percorrendo estas imagens de chapéu na mão, honra a Lord Berners.

É inevitável, paro diante da escultura em pedra do escafandrista, um dos ícones de Faringdon, agora faço uma pausa nos jardins cemiteriais da Igreja de Todos os Santos, estes cemitérios são silenciosos, a despeito do trinado das aves e dos coelhos à solta, li uns tantos parágrafos de Homero e ponho-me a caminho, a bisbilhotar singularidades, deixo aqui algumas imagens, à tarde meto-me ao caminho, há mais Faringdon para referenciar, estou em pulgas para fazer duas milhas até chegar a um histórico celeiro do tempo do rei João sem Terra, Great Coxwell Tithe Barn, de que gosto muito. Até já!

O centenário do edifício da câmara municipal de Faringdon, Oxfordshire
Homenagem a Salvado Dali que convidado por Lord Beners andou vestido de escafandrista por uma exposição em Londres, em 1936
Faringdon, condado de Oxford, no fim da época vitoriana. Imagem retirada do site Faringdon & District Archeological & Historical Society
Mostra de Lord Berners como artista plástico
Chama-se Igreja de Todos os Santos, o corpo principal trata dos séculos XII e XIII
A serenidade de um cemitério inglês, aproveito um banco e fico ali a ler
Honra a um velho combatente
Uma bela casa de Faringdon à espera de comprador. Vim aqui pela primeira vez, há mais de um quarto de século, era uma loja onde se vendiam artigos de vestuário e armas para caça
Edifício da velha Bolsa de Cereais, ali funciona uma loja de caridade, comecei o dia a comprar um prato da fábrica Lille, 1767, e uma carrada de CDs, cada um aí a 30 cêntimos, esta loja de caridade contribui para apoiar as vítimas da violência infantil
Os jardins ingleses não deixam ninguém indiferente, veja-se este caramanchão de hipericão, todo ele luzidio a encher o balcão
Podem ser traseiras, mas a crise da habitação em Inglaterra é tão ou mais aguda que em Portugal, aproveitam-se todas as instalações para fazer casas
Quem tem a mais dá, põe-se à porta de casa, quem precisa leva
Vista aérea de White Horse Hill Uffington, Faringdon

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 23 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26185: Os nossos seres, saberes e lazeres (655): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (180): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (9) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26018: Notas de leitura (1733): Regresso a um clássico da historiografia guineense: A questão do Casamansa e a delimitação das fronteiras da Guiné (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Junho de 2023:

Queridos amigos,
Depois do relato surpreendente do tenente da Armada Real que andou em 1888 na delimitação de fronteiras, pareceu-me necessário voltar à questão do Casamansa, um dos efeitos mais dolorosos provocados pela ambição francesa, ignorantes e obtusos quanto à delicada questão dos povos ali residentes, forçados a entrar num espaço para eles inaceitável. E, como é público e notório, a questão perdura e perdurará. A investigadora Maria Luísa Esteves é mestra na organização do seu trabalho, enquadra de forma simples e incisiva a questão do Casamansa na perspetiva histórica da presença portuguesa, a parte da situação económica, continuamente desfavorável para Portugal, agravada pela presença dos Filipes, pelo analfabetismo político naquela monarquia constitucional em que Alexandre Herculano teve que desancar uma besta quadrada. Creio que o leitor ganhará mais elementos através desta visão de conjunto que este clássico da historiografia oferece, traz mais luz àqueles acontecimentos que o tenente da Armada Real Cunha Oliveira descreveu num relatório sem precedentes, agravado pelo seu desgosto em constatar a indiferença dos políticos portugueses pela Guiné, levado nas conclusões a conclamar: ou se desenvolve a Guiné ou então entreguem-na à França.

Um abraço do
Mário



Regresso a um clássico da historiografia guineense:
A questão do Casamansa e a delimitação das fronteiras da Guiné (1)


Mário Beja Santos

No repositório das obras admiráveis, de leitura obrigatória para melhor compreender a historiografia luso-guineense, avulta o impressionante trabalho de Maria Luísa Esteves, A Questão do Casamansa e a Delimitação das Fronteiras da Guiné, edição conjunta do Instituto de Investigação Científica e Tropical e do INEP, 1998. Trata-se de uma revisitação, o anseio de um novo olhar sobre tão importante narrativa, isto depois de ter lido e aqui comentado o texto do tenente da Armada Real, Cunha Oliveira, que coordenou em 1888, do lado português, a comissão mista que procurou resolver questões encrencadas na delimitação das fronteiras, tudo produto de quem assinou a convenção luso-francesa de 12 de maio de 1886 não fazer a menor ideia das delicadezas da topografia da região.

Atenda-se ao que escrevem a investigadora e Carlos Cardoso, este então a presidir o INEP:
“Ontem, objeto de disputa entre as potências de então, principalmente entre Portugal e a França, e hoje motivo de reivindicações por parte das populações que o habitam, este território, que perfaz 28,350 km2, ou seja, 1/7 do Senegal, denominado Casamansa, continua a despertar a atenção a historiadores e homens políticos. Com efeito, devido ás suas características naturais esta região cedo foi objeto de preocupação por parte daqueles que queriam ‘descobrir’ África.”

Parece-me também útil relevar da nota prévia: “Portugal e a França, até 1830, tiveram uma posição definida na Guiné. A partir dessa data, a influência francesa acentua-se lentamente após a fundação de uma feitoria no rio Casamansa (…) Para fazer uma descrição tanto quanto possível do Casamansa e da sua importância através dos tempos, fomos buscar elementos aos autores do século XV, XVI e XVII, que se lhe referem, como Luís de Cadamosto, Valentim Fernandes, André Álvares de Almada, André Donelha e Francisco Lemos Coelho.”

A autora observa que o grande mentor da defesa dos direitos portugueses ao Casamansa foi o visconde de Santarém, cuja obra Memoria sobre a prioridade dos descobrimentos Portuguezes na Costa d’África occidental; para servir de illustração à chronica da Conquista de Guiné por Azurara se tornou a base histórica de toda a discussão diplomática. Depois da convenção de 12 de maio de 1886, o que parecia simples e resolvido levou a contendas sucessivas, notas diplomáticas azedas, era difícil saber o que rigorosamente pertencia a cada país. Uma tentativa de ultrapassar o impasse, os dois países aprovaram a constituição de uma comissão mista que se deslocou à Guiné em 1888 (conhecemos o conteúdo desta atividade através do artigo-memorial de Cunha Oliveira, detalhadamente referido aqui no blogue), havia a intenção de marcar as áreas de influência de cada uma das partes. Surgiram obstáculos e divergências, como se observou acima, tudo fora feito pelos negociadores sem ter havido previamente o levantamento topográfico dos locais a delimitar para, sempre que possível, se respeitarem as divisões naturais. Os impasses sucediam-se, organizaram-se missões que 1900 a 1905 se irão ocupar da balizagem das fronteiras, procedendo ao reconhecimento de certos rios, à troca de territórios, à colocação de pilares. Por muito que o leitor se surpreenda, a demarcação da fronteira luso-francesa da Guiné só se pode considerar definitivamente concluída depois dos trabalhos de 1930 e 1931.

Postos estes prolegómenos, a autora procede esquematicamente a dados da presença portuguesa na Guiné: provavelmente quem aqui chegou em primeiro lugar terá sido Álvaro Fernandes, em 1446, segue-se Luís de Cadamosto na segunda viagem à Guiné, em 1456; meio século adiante, no manuscrito de Valentim Fernandes, há uma descrição minuciosa do Casamansa; em 1594, mais notícias se vêm juntar e desta vez dadas pelo capitão André Álvares de Almada numa outra obra fundamental, Tratado Breve dos Rios de Guiné (capítulo VIII ‘Que trata do reino do Casamança e do que nele há’).

Chegados ao século XVII, deparam-se-nos três manuscritos de indiscutível importância – um de 1625, Descrição da Serra Leoa e dos Rios da Guiné de Cabo Verde, outro de 1669, Descripção da Costa da Guiné desde Cabo Verde até à Serra Leoa, com todas as ilhas e rios que os brancos assistentes nella navegão, e o último de 1684, Discripção da Costa da Guiné e Situação de Todos os Portos e Rios Della, e Roteyro Para se poderem Navegar todos seus Rios (associado aos nomes de André Donelha e Francisco Lemos Coelho).

Depois da Restauração, o capitão-mor de Cacheu, Gonçalo de Gamboa de Aiala, fortificou Ziguinchor, este vai ser o único porto digno desse nome, até ao século XIX. Apesar do panorama desanimador do movimento comercial no início do século XIX, as relações dos naturais com o presídio eram boas devido à influência da família Carvalho Alvarenga, aparentada com o régulo de Ziguinchor. Alguns portugueses procuravam alertar os responsáveis e demonstrar que a perda da presença portuguesa na região seria uma catástrofe para o país, pois “aquelle rio exporta o dobro do que exportam os outros pontos juntos” e é o “maior rio d’Africa Portugueza”.

Depois desta contextualização, a autora expõe a situação económica da Guiné através dos séculos, como aqui se resume. Expedições de Cid de Sousa (1453), Cadamosto (1455) chega ao Geba; Diogo Gomes terá precedido em 1454 Cadamosto. Recorda-se a capitania em Arguim e como D. Afonso V arrendara os “trautos da Guiné” a Fernão Gomes. É também recordado que o comércio da Guiné estava eivado de grandes defeitos: por um lado, o controlo exercido pela administração régia; por outro lado, a indisciplina dos particulares que se entregavam à atividade mercantil da forma mais arbitrária, e com perda de réditos para a Fazenda.

A presença lusa na Guiné limita-se ao princípio ao litoral e às margens dos grandes rios. Era nestes pontos, quase isolados entre si, que se exercia a influência portuguesa. Em fins do século XVIII não havia uma ocupação efetiva na Guiné. Os franceses estabelecem companhias de comércio em África e, para justificarem a sua presença, inventam a lenda das viagens dos normandos à Guiné no século XIV.

A Companhia de Cacheu formou-se em 1675, de que a Fazenda Real era acionista, ficava com o exclusivo da navegação e comércio da Guiné. Mas era tarde, a derrota da Invencível Armada, em 1588, lançou definitivamente a Inglaterra a caminho da costa da Guiné – vai aparecer a feitoria da Gâmbia, berço da futura colónia inglesa.

Em 1677, os franceses conquistaram aos holandeses a ilha de Goreia e assim começou verdadeiramente a ocupação militar do Senegal. Só pelo Tratado de Versalhes, de 3 de setembro de 1783, a França fica senhora sem mais contestações da região compreendida entre o Cabo Branco e a Gâmbia, enquanto esta e a Serra Leoa pertenciam à Inglaterra. A nossa presença sempre em deterioração. Arguim caiu em poder dos holandeses no tempo dos Filipes, em 1638. Ali tinham permanecidos os portugueses durante séculos, datando de 1461 a ordem de D. Afonso V para se edificar um castelo na ilha.

O marco 173 está situado em Chão Baiote, junto à tabanca Kassu, na praia de um dos muitos cursos de água da Baixa Casamansa. A linha de fronteira atravessa Kassu, deixando um bairro na Guiné-Bissau e outro no Senegal. O marco está instalado num espaço aberto, apenas frequentado por vacas que, para fugirem às moscas, buscam as zonas perto de água. Imagens de Lúcia Bayan, já publicadas no blogue, com a devida vénia.
Casamansa, a imagem do atrito
Imagem da ilha de Goreia, junto a Dacar
Imagem de pesca no rio Casamansa

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 4 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26010: Notas de leitura (1732): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, ano de 1877 a 1880) (23) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25955: Historiografia da Presença Portuguesa em África (443): a história (atribulada) de Bolama, segundo o Padre J.A.V (1938)


 Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...


Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia... (A estátua original, em bronze,  desapareceu, há uns largos anos; esta da foto é uma réplica... em cimento)



Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant > Base: inscrição (parcial):    
[...] Grant,   [...]  dente dos 
Estados Unidos da 
América do Norte justo
árbritro na causa de
Bolama    21 - IV-18970

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. O que sabíamos nós sobre a história da Guiné quando nos mandaram para lá "defender a Pátria" ? Nada, e muito menos desta ou daquela cidade ou vila, como Bolama, Bissau, Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Tite, Buba, Cacheu, Catió, Teixeira Pinto, etc.

Cinquenta anos depois ainda temos direito a saber algo mais... sobre aquela terra a quem pagámos o  devido "imposto de sangue, suor e lãgrimas"... Por exemplo, sobre a história (atribulada) de Bolama: muitos camaradas passaram por lá, fizeram a  IAO e até foram "saudados" pela "rapaziada do PAIGC com uns foguetões 122 mm, felizmente com fraca pontaria...

O nosso colaborador permanente Mário Beja Santos (uma das pessoas que em Portugal mais sabe sobre a historiografia da presença portuguesa na Guiné) tem escrito imenso sobre estes temas, e nomeadamemnte sobre Bolama. 

Isso não nos impede de publicar aqui um apontamento com "uma resenha histórica" de Bolama, escrita por um padre, de que só conhecemos as iniciais (Pe. A. J. D.). O artigo faz parte do nº único do jornal "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938 (pp. 1, 6 e 7 de 12). É um artigo de divulgação, já com quase 90 anos, escrito por um missionário (que seguramente tinha uma grande amor àquela terra).

Recorde-se que Bolama foi elevada à categoria de cidade, com a República, em 1913. O seu plano urbano também tem a marca da época. E foi a capital da antiga Guiné Portuguesa até 1941 (portanto, ao longo de escassas sete décadas). 

O século XIX (e sobretudo o período entre 1830 e 1870) é marcado pela  disputa, npor vezes violenta.  em relação à soberania da ilha, entre portugueses.  ingleses e ilhéus. 

Correu-se até o  risco até de cair num conflito militar entre as duas potências coloniais, se bem que "velhos aliados",  o que terá sido  evitado  graças à iniciativa de  António José de Ávila (Horta, Ilha do Faial, Açores,  1807 — Lisboa, 1881) (futuro Duque de Ávila e Bolama), que pediu a intervenção de Ulysses S. Grant, presidente dos Estados Unidos, a favor de Portugal,  

 Os bolamenses erigiram-lhe uma estátua, em homenagem à sua justa arbitragem  a favor de Portugal. Infelizmemnte, há uns anos atrás a estátua (ou parte da estátua), em bronze, desapareceu...Em total decadència, a Bolama de hoje parece não saber ou poder conseguir tomar contar dos vivos, quanto mais dos mortos...

Hoje é também uma ilha de fantasmas. onde por certo por lá pára ainda a alma errante do Caetano José Nozolini (ilha do Fogo, Cabo Verde, 1800 — Bissau, 1850), grande esclavagista cabo-verdiano de origem italiana... Mas também o Bento José Nogueira, o Bevaer, o Nozolini, o Honórito Barreto,  o  Grant e tantos outros, sem esquecer os régulos bijagós e biafadas.




Jornal-programa (sic) editado pelo "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938. Composto e impresso pela Imprensa Nacional da Guiné, Bolama. Nº de páginas: 12 (doze).Visado pela Comissão de Censura,


Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital >  Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938 (com a devida vénia).
































(Seleção, introdução, recortes, revisão / fixação de texto: LG)


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Nota do editor: