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Dançarinos bijagós
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"Homerns Grandes" da Guiné, um dos quais é oficial de 2ª linha
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Tabanca fula
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Edifício dos CTT em Bissau
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Bolama
Capa do livro: Portugal. Estado Maior do Exército - "Missão na Guiné".
Lisboa: SPEME, 1971, 77, [5] p., fotos.
1. Tem valor sentimental e documental esta brochura do Estado Maior do Exército, que nos era distribuída já a bordo do navio que nos transportava para a Guiné (ou do avião dos TAM, a partir de finais de 1972). Estamos a reprodiuzir a brochura da 3ª edição, de 1971.
Tem 77 páginas (mais 5 inumeradas) e é ilustrada com 9 fotos. Tudo a preto e branco. Baratinho. A edição é do SPEME (Serviço do Publicações do Estado Maior do Exército). Em 1967 (de 1958 a 1969) era Chefe do Estado Maior (CEME) o
gen Luís Câmara Pina (1904-1980).
É constituída por três partes:
(i) Missão no Ultramar;
(ii) Monografia da Guiné: aspeto físico, humano e económico;
(iii) Informações úteis.
Vamos agora reproduzir a II parte da "monografia da Guiné: aspecto humano" (ou seja, sucinta caracterização etnográfica dos povos que habitavam, na época, o território).
A ordem é pelo peso demográfico de cada um (segundo o censo de 1960 que registou cerca de 544,2 mil habitantes): dos grupos étnico-linguísticos mais importantes (balantas e fulas, com < de 100 mil) aos "minoritários" (> 10 mil) (Felupes, baiotes, sossos, nalus)...
No meio (> 100 mil e < 10 mil) posicionavam-se os restantes:
- manjacos (65 mil),
- mandingas ( 60 mil), papéis (40 mil),
- beafadas (ou biafadas) (13,5 mil),
- brames ou mancanhas (12,5 mil),
- bijagós (12,5 mil),
- futa-fulas (10 mil).
Na altura, há 65 anos, antes do início da guerra, os balantas (150 mil) e os fulas (120 mil) representavam praticamente metade (49,6%) da população total (ou 51,5%, se juntarmos os futa-fulas aos fulas).
A leitura deste livrinho também contribuiu para a replicação de alguns estereótipos, criados pela antropologia colonial portuguesa: por exemplo:
- islamizados (em vez de muçulmanos, de pleno direito, impuros,continuando a adorar o "Irã" e/ou a beber o vinho de palma;
- por seu turno,não há "cristianizados", mas só cristãos;
- balanta = ladrão de gado, bêbedo, brigão, homem do mato, "cabeça dura", turra, cabr-macho, excêntrico como o Pansau Na Isna;
- fula= polígamo, que põe as mulheres a trabalhar no campo; semi-feudal; "cão dos tugas";
- futa-fula = casta superior;
- manjaco = marinheiro;
- mandinga = artesão (ourives, ferreiro, músico); "o antigo dono daquilo tudo";
- papel = o malandro de Bissau (como o 'Nino' Vieira);
- biafada = "robusto mas indolente";
- bijagó = pobre diabo subjugado pelo matriarcado;
- felupe = caçador de cabeças; ferozmente independente;
- nalu = o anáo da floresta do Cantanhez em vias de extinção;
- mancanha= reguila (como Vitor Sampaio, da CCAÇ 12), etc.
Estes estereótips multiplicam-se nas história das unidades...(Teremos oportunidade de selecionar alguns exemplos em próximos postes).
PS - Se nos reportarmos à realidade de hoje, a populaçáo total mais do que quadriplicou em 65 anos: 2,272 milhões (no final de 2025), com a seguinte distribuição (em %) dos principais grupos étnicos:
- fulas (28,5)
- balantas (22,5)
- mandingas (14,7)
- papéis (9,1)
- manjacos (8,3)
- beafadas (3,5)
- mancanhas (3,1)
- bijagó (2,1)
- felupe (1,7)
- mansoanca (1,4)
- balanta mané (1)
- outros (4,1)
Total=100
Religião: muçulmanos (50%), animistas (40%), cristãos (10%)
Principais aglomerados populacionais (em milhares, por arredondamento)
- Bissau: 709,1 (quase 40 vezes mais do que em 1959, que era estimada em 18 mil);
- Bafata: 22,5 (4 mil, estimativa de 1959;
- Gabu: 14,4 (antiga Nova Lamego);
- Bissorã: 12,7;
- Bolama: 10,8 (3 mil, estimativa de 1959);
- Cacheu: 10,5.
Total= 780 mil (=34,3% do total da população)

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Fonte: excertos de Portugal. Estado Maior do Exército: "Missão na Guiné". Lisboa: SPEME, 1971, pp. 25-38.
(Seleção, edição de fotos e páginas, fixação de texto: LG)
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Nota do editor LG:
(*) Vd. postes anteriores da série :
4 comentários:
Eu ainda tenho essa brochura que me acompanhou na Guiné enquanto lá estive entre 72-74 (Cumeré, Bigene, Cadique e Nhacra).
Afinal, bons tempos, tínhamos 20 anos!... E quando os guineenses eram tão portugueses como os minhotos mas não falavam... português. E a nós íamos para a Guiné defender a Pátria, com um livrinho no bolso que se chamava "Missão...na Guiné"...(Não falavam português e eram poucos, meio milhão; hoje são quatro vezes mais, e continuam a não falar português, mas adoram Portugal e querem vir para cá todos trabalhar...)
... E são os únicos que dizem bem do Serviço Nacional de Saúde.
Albertino... Já foste de avião. Quando e ondete foi entregue a brochura ? Diz-me seé a mesma edição, a 3ª, de 1971, que eu estou aqui a reproduzir. A 1ª éde 1967, a 2ª , de 1969 e a 3ª de 1971. Teria havia mais edições (ou reimpressões) ?
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