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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27183: "Una rivoluzione...fotogenica" (10): Vítima de napalm ou um caso de vitiligo ? Mais uma foto polémica do húngaro Bara István (1942-2025), alegadamente tiradas nas "áreas libertadas" do PAIGC em 1969

 


Foto nº 1A


Foto nº 1


Fotpo nº 1B
Ex-Guiné Portuguesa > s/l > 1969 > Uma das 7 dezenas de fotos da visita do foto jornalista húngaro István Bara (1942-2025), da agência noticiosa estatal MTI (Magyar Távirati Iroda), que esteve alegadamente embebbed com forças do PAIGC, no mato, em 1969/70, em "áreas libertadas".

Nesta imagem, da sua fotogaleria, mostram-se "os efeitos do napalm"... Pelo menos, a legenda (em húngaro) é isso que diz explicitamenmte: " István Bara: Napalm áldozata. Guinea-Bissau, 1969" (em português: "István Bara: vítima de napalm. Guiné-Bissau, 1969").

O fotojornalista da MTI (a agência noticiosa estatal húngara na época)  não diz onde foi exatamente tirada a foto (podia ter sido na Guiné-Conacri). A sua página (comercial) foi descontinuada há uns largos anos, sendo entretanto   capturada em 2009 pelo Arquivo.pt.

O fotógrafo morreu recentemente aos 83 anos.

Numa análise mais atenta e detalhada da imagem, com a ajuda da IA, concluimos que estamos perante um caso aparentemente de grosseira ignorância (clínica): tudo indica que se trataria de um caso de vitiligo (despigmentação da pele, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas), confundida intencionalmente ou não com queimaduras por napalm (que em geral atingem também outras partes do corpo, com o peito, o pescoço, a cara, o coro cabeludo... e não apenas as mãos... e deixam marcas profundas)

Temos de admitir o princípio da presunção da inocência, neste caso, da santa ignorância ... Mas a nós "cheira-nos", no mínimo, a aproveitamento propagandístico (*)... 

Sabemos que o PAIGC e sobretudo o seu líder histórico, Amílcar Cabral (Bafatá, 1924- Conacri, 1973) sempre beneficiou de uma "boa imprensa", a nível internacional, e nomeadamente nalguns países europeus, como a Suécia, a Itália ou até a França. Sem esquecer os países da Europa de Leste...

Foto: Foto Bara (com a devida vénia...)


1. Perguntámos ao assistente de IA / ChatGPT:
 
Pele escamada, despigmentada, branca, nas mãos de um africano, guineense de Bissau... Doença dermatológica ? O fotógrafo diz que foi vítima de napalm, em 1969... A vítima não foi atingida na cara, só nas mãos. O que é estranho... Ignorância ? Encenação fotográfica ? É mais que provável... O fotógrafo, húngaro, oriundo de um país do bloco soviético, esteve em 1969, nas "regiões libertadas" do PAIGC.  Não seria o primeiro caso de um fotojornalista manipulador, sem ética, usando encenações. 

A foto está aqui: 

https://blogueforanadaevao
tres.blogspot.com/2008/04/guin-6374-p2723-poemrio-do-jos-manuel-6.html
2. Resposta do Chat Português:

O caso que descreves levanta várias questões interessantes, tanto médicas como históricas e políticas.

(i) Aspeto dermatológico

  • Pele esbranquiçada e descamada nas mãos pode corresponder a várias condições:

    • Vitiligo (perda de pigmento, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas);

    • Ictiose (pele muito seca e escamosa);

    • Dermatite crónica (por contacto ou alergia);

    • Cicatrizes de queimaduras (mas estas costumam deixar pele lisa, brilhante e retraída, não apenas esbranquiçada).

  • Napalm: provoca queimaduras gravíssimas, destrói tecidos até ao osso; é pouco provável que atingisse apenas as mãos e deixasse a cara completamente intacta, sobretudo num conflito; além disso, as sequelas típicas são cicatrizes grossas, quelóides e retrações, não simplesmente pele branca e escamosa.

(ii) Contexto histórico e propaganda

  • Em 1969, o fotógrafo húngaro István Bara,a partir de Conacri, esteve nas "zonas libertadas" do PAIGC, num contexto de guerra colonial e guerra de propaganda.

  • Fotógrafos do bloco soviético muitas vezes produziam imagens com grande carga ideológica, destinadas a mobilizar a opinião pública internacional contra  Portugal.

  • Há registos de encenações e manipulações em várias coberturas de guerra, e o facto de o fotógrafo ter "fama de manipulador" reforça a suspeita.

(iii) A foto em questão

  • Na imagem, o que se vê parece mais compatível com vitiligo ou outra doença dermatológica crónica do que com sequelas de napalm.

  • A narrativa do fotógrafo (registo de um sobrevivente de napalm que ficou apenas com mãos brancas) é pouco verosímil clinicamente.

  • O objetivo pode ter sido produzir um símbolo visual de “crueldade colonial” para consumo internacional.

Portanto, a explicação médica mais provável é vitiligo ou ictiose

A explicação histórica mais plausível é que se trata de uma manipulação narrativa (ou mesmo encenação) feita pelo fotógrafo para reforçar a propaganda do PAIGC e do bloco soviético.

3. Pedimos ao ChatGPT, em português ( a IA dos pobrezinhos... que é por enquanto de borla) para fazer uma análise detalhada da fotografia em si (textura da pele, marcas visíveis, consistência com queimaduras vs. doenças dermatológicas). Aqui vai a resposta.

 Fiz uma análise cuidada da fotografia (link do blogue que me enviaste). Eis alguns pontos técnicos e médicos:

(i)  Textura da pele nas mãos

  • A pele aparece esbranquiçada, seca e descamada.

  • Não se observam cicatrizes espessas, retrações ou deformações, típicas de queimaduras graves.

  • O formato dos dedos mantém-se normal: em queimaduras profundas de napalm, é quase inevitável haver retracção cicatricial e perda de elasticidade.

(ii) Distribuição das lesões

  • Afeta principalmente o dorso das mãos, enquanto a face e os braços parecem poupados.

  • Isto é muito estranho para queimaduras de combate: o napalm adere à pele e espalha-se rapidamente, atingindo zonas expostas como a cara, pescoço e tronco.

  • A distribuição é muito mais compatível com vitiligo (que costuma atingir mãos, face, pés) ou ictiose/dermatite.

(iii) Consistência fotográfica

  • O contraste exagerado da foto (preto/branco) pode ter sido usado para acentuar o branco das mãos, criando um efeito dramático.

  • Nada indica lesões recentes; parecem condições crónicas e não traumáticas.

(iv)  Contexto político

  • A legenda sobre “vítima de napalm” não corresponde ao aspeto clínico real.

  • É altamente provável que tenha sido uma encenação ou interpretação manipulada pelo fotógrafo, István Bara, reforçando a narrativa de propaganda anticolonial.

Conclusão:

A fotografia não mostra sequelas de napalm, mas sim uma doença dermatológica crónica (provavelmente vitiligo). A explicação de queimadura é insustentável do ponto de vista médico e serve apenas a um propósito propagandístico.

4. Segue-se uma comparação lado a lado com imagens reais de queimaduras de napalm vs. vitiligo, para visualizar melhor as diferenças

 

Aqui tens um conjunto de imagens que ajudam a visualizar melhor a diferença entre queimaduras de napalm e alterações típicas de vitiligo:

  1. Primeira imagem: mostra uma vítima com queimaduras graves:  pele irregular, com áreas aparentemente destruídas e retrações visíveis, características compatíveis com lesões profundas por napalm ou substâncias semelhantes.

  2. Segunda imagem: retrata vitiligo nas mãos: manchas bem delimitadas, brancas e lisas, sem cicatrizes ou retrações.

  3. Terceira imagem: imagem histórica da Kim Phuc, a “Napalm Girl”, a menina do napalm, com queimaduras extensas acompanhadas de cicatrizes e áreas deformadas.

  4. Quarta imagem: outra representação de queimaduras de napalm, com textura visceral e evidente sofrimento físico. 

Comparação clínica

(i) Aparência das queimaduras de napalm

A ação do napalm envolve queimaduras profundas de segundo a terceiro grau, a temperaturas entre 800 e 1 200 °C, causando destruição extensiva da pele e dos tecidos subjacentes. Resultam frequentemente em escaras, ulceras, formação de queloides e contraturas, que impedem o movimento das articulações e deixam cicatrizes espessas e deformantes Wikipedia  Reddit.
  • Um testemunho histórico descreve vítimas com pele em “crosta púrpura”, ausência de orelhas ou lábios, olhos opacos — um quadro extremamente grave Reddit.

  • Vítimas como Kim Phuc passaram por anas de cirurgia profundas, com mobilidade reduzida, dor crónica e necessidade de tratamento durante dezenas de anos hrw.org | People.com | Wikipedia | The Guardian   l  Medium.

(ii) Aspecto do vitiligo

  • O vitiligo é uma condição autoimune crónica que destrói melanócitos, levando à formação de manchas bem delimitadas, lisas e esbranquiçadas, frequentes em mãos, pés, rosto e outras áreas expostas Wikipedia | MSD Manual | saafp.org.

  • Essas áreas não são doloridas nem apresentam cicatrizes; são simplesmente despigmentadas e se mantêm estáveis ou progridem lentamente patient.info | aafp.org.

  • Frequentemente aparecem em padrões simétricos, com bordas nítidas e ausência de textura alterada aafp.org.


Conclusão comparativa

CaracterísticaQueimaduras de NapalmVitiligo
Aparência
da pele

Cicatrizes espessas, deformações, retrações 

Manchas brancas, bem delimitadas, lisas
Textura / mobilidadePele rígida, retração, limitação de movimentoPele suave, sem alteração de textura

Tempo
de evolução
Lesões traumáticas
e agudas
Condição crónica, evolução gradual

A fotografia que mencionaste — mãos brancas, escamosas, mas com estrutura normal e sem sinais de cicatrização grave — corresponde muito mais às características do vitiligo do que a queimaduras de napalm.

Isso reforça a suspeita de que a legenda de “vítima de napalm” é, no mínimo, clinicamente questionável e possivelmente parte de uma encenação ou narrativa manipulada. (**)

(Pesquisa: LG | Assistente de IA / ChtaGPT) (Revisão / fixação de texto, negritos: LG)
___________________

Notas do editor LG:

(*) Vd.  poste de 3 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27179: Casos: a verdade sobre... (54): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte I: O que diz a IA / ChatGPT

sábado, 12 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26679: Fotos à procura de...uma legenda (195): Bissau "by air"... Alguns pontos de referência (Armando Oliveira, ex-1º cabo at inf, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)





Guiné > Bissau > s/d (c. 1970/74) > Alguns pontos de referência da capital, na época da administração portuguesa.


Fotos: © Armando Oliveira (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

I. Fotos do álbum do Armando Oliveira (ex-1º cabo,  3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74): grão-tabanqueiro nº 901; natural do Mraco de Canaveses, vive no Porto.
 

Legenda:

1. Catedral

2. Nunes & Irmão Lda (hoje Hotel Coimbra)

3. UDIB

4. Praça Honório Barreto (hoje, Pr Che Guevara)

5. Av República (hoje Av Amílcar Cabral)

6. CTT

7. Pemsão Dona Berta (hoje uma "universidadfe privada)

8. Administração civil (hoje Ministério da Justiça e/ou Finanças)

9. Ponte-cais

10. Porto do Pijiguiti

11. Marginal

II.  Comentário do editor LG: 

As fotos não são famosas. Têm fraca resolução. De qualquer modo, são vistas aéreas da Bissau que conhecemos... (e que faz parte das nossas "geografias emocionais").

O Armando Oliveira não diz   qual é a sua proveniência nem a data.

Se algum dos nossos leitores quiser dar uma ajudinha, mande-nos mais pontos de referência (devidamente sinalizados)... 

É bom como exercício de memória... Ainda há dias se discutia aqui se a antiga Pensão Central (da saudosa dona Berta, que morreu em 2012) ficava antes ou depois da Catedral (no sentido ascendente, da avcnida marginal para a praça do Império / Palácio do Governador).

Ora a ordem é a seguinte: edificio da administração civil (8), Pensão Dona Berta (7), Catedral (1) (e em frente,  os CTT, 6), Nunes & Irmão, Lda (2), e já na quase na outra ponta, na antiga Av República (5), a UDIB (3).

____________________

Nota do editor:

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26448: Fotos à procura de...uma legenda (194): Pastelaria e Café Império, diz o Cherno Baldé, "comi lá em 1979 o primeiro bolinho de arroz"... E o Patrício Ribeiro confirma: "É o antigo Café Império, na praça do Império, onde hoje é o Hotel Império, o café é diferente mas continua a manter o mesmo nome, ainda hoje tomei lá o pequeno almoço"...




Guiné-Bissau > Bissau > Vista aérea > S/d > Assinalado a amarelo o café e pastelaria Império, na antiga Praça do Império (hoje, dos Heróis da Independència) (ao lado, o Hotel Império, e atrás, com maior volumetria, o Hotel Royal)

Foto: cortesia da página do Facebook da Society for The Promotion of Guinea-Bissau, una ONG,com sede em Bissau. Disponibiliza centenas de fotos da Guiné-Bissau de hoje. Merece uma visita. As fotos, em princípio, são do domínio público, não é indicada a sua autoria.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


Guiné-Bissau > Bissau >  Antiga Praça do Império (hoje, dos Heróis da Independência) > s/d > "Café Império, que hoje já não deve existir (ou transformou-se numa padaria e pastelaria, segundo lemos algues). Era local de encontro de muitos militares, durante a guerra colonial". Foto do álbum do Albano Costa, ex-1.º cabo at inf da CCAÇ 4150 (Bigene e Guidaje, 1973/74), fotógrafo profissional reformado (Guifóes, Matosinhos).

Foto (e legenda): © Albano Costa (2000).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]




Guiné > Bissau > Agosto de 1974 > O "misterioso" estabelecimento comercial com esplanada, fotografado pelo Jorge Pinto, na véspera de regressa a Portugal... Alguns confundiram-no com o Café Bento, outros com a Cervejaria Solmar...A memória já não é o que era... Pormenor que podia ser uma pista: no pendão, ao nível do 1º piso, pode ler-se "Confeitaria" (e não "Continental", como sugere o Valdemar Queiroz)... 


Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]




1.  Alguns dirão que andamos aqui a discutir "o sexo dos anjos"...O mesmo é dizer, "conversa da treta" (*)...

A conversa quotidiana da generalidade dos seres humanos é sobre "coisas fúteis", do passado ou do presente.. Ninguém se interroga sobre o futuro... O passado e o presente conhecemo-los, mal ou bem... Temos uma narrativa "securizante", graças à nossa memória "seletiva"... O futuro, esse, não..., está carregado de incertezas. E a incerteza maior é a da hora e do lugar em que o "barqueiro de Caronte" nos vier buscar para a última viagem sem retorno...

Àparte esta reflexão melancólica (e meta...física!), lidamos mal com a incerteza... O futuro está fora da nossa zona de conforto...

Por isso, meus amigos, vamos lá continuar a decifrar o enigma (*): Café Bento ? Cervejaria Solmar ?... 

Nem uma coisa nem outra, dizem os mais "expertos" que calcorrearam a Bissau Velha do tempo colonial, à procura de uma bom vinho da "metrópole", de um bifinho com ovo a cavalo e batatas fritas, ou simplesmente de uma "bejeca" (como se diz hoje) para matar a malvada da sede (que na guerra e nos trópicos era a triplicar)...


2. O Cherno Baldé, que é hoje o "dono do chão", é perentório: 

"Ah!, tugas do caraças, o tempo não volta para trás...Mas se voltasse, vocês iriam parar de novo à Pastelaria Império, que ainda hoje existe com esse nome!... Ali na antuga Praça do Império onde se ergue o mamarracho de um monumento racista e colonista "Ao Esforço da Raça", inauguradio em 1945!... Escapou à fúria iconoclasta do Luís Cabral e dos seus rapazes paigecistas, todos filhos do colonislismo!...

Descolonizaram tudo, deitaram abaixo as estátuas dos vossos ilustres antepassadpos, mudaram a toponímia (rebatizada com os nomes dos grandes combatentes da liberdade da Pátria), arrumaram com os resquíscios todos dos velhos 'colóns0 (comoo diz o Rosinha),  decidiram por decreto que iriam construir um 'homem novo', segundo a Bíblia do Amílcar Cabral, mas continuaram a chamar 'Império' à pastelaria e ao hotel, junto à antiga Praça do Império, agora dos Heróis da Independència"...

De facto, a Pastelaria Império ainda hoje existe, com esse nome, e tem página no Facebook!...  Localização: Praça do  Império" (sic), Bissau, Guiné-Bissau, Telef +245 966 467 126...

E o Patrício Ribeiro acaba de o confirmar:

(...) Uma das fotos, mostra o antigo Café Império, na praça do Império, onde hoje é o Hotel Império, o café é diferente mas continua a manter o mesmo nome, onde hoje tomei o pequeno almoço, com vento e algum frio, 20º.

sábado, 1 de fevereiro de 2025 às 12:47:00 WET "(...)

Quanto à antiga Casa Esteves...,. " desde alguns anos é um banco. Perto do antigo Hotel Portugal, onde hoje funciona um Hotel, casino, bar e restaurante."


3.  Mais umas achegas da "malta-do-tempo-que-não-volta-p'ra-trás":

(i) Valdemar Queiroz :

Na última fotografia, aumentada, lê-se CONTINENTAL, no pendão na varanda da esplanada , pelo que os dois (militares) "já olham pro Continente” . 

sábado, 1 de fevereiro de 2025 às 13:43:00 WET 


(ii) Cherno Baldé:

Em 1979 aconteceu a minha primeira viagem a capital Bissau e, ainda lembro-me como se fosse hoje, o meu irmão trouxe-me a cidade que, já não era a mesma cidade do Gen. Spinola, mas ainda respirava-se um pouco do ambiente colonial, e na Pastelaria Império (na foto), deu-me a comer o meu primeiro bolinho de arroz e a seguir fomos assistir a um filme na então famosa UDIB, logo d'outro lado da Avenida da República/Amilcar Cabral. E, desde então nunca mais nos separamos salvo os anos de estudos no estrangeiro.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025 às 16:02:00 WET


(iii) Hélder Sousa:





(...) Tirei a minha carta de condução automóvel durante o ‘tempo da tropa’. Foi em Bissau, em Novembro de 1971.

Numa escola de condução ‘civil’, a “Escola de Condução Manuel Saad Herdeiros, Lda,” que se situava na Rua Tenente Marques Gualdes. À séria, com aulas de código e de condução pelas ruas de Bissau e também, já nas últimas lições, na estrada até ao aeroporto. O mais difícil era arranjar local para fazer “ponto de embraiagem”….

Quase tudo plano, havia três ou quatro sítios onde isso se fazia. Ensaiava-se em todos esses locais e um deles calhava de certeza no exame. A mim foi na pequena rampa de acesso à então “Praça do Império”, vindo do lado do aeroporto. Foi a última manobra e após isso, ficando aprovado, lá se foi comer uma ‘sanduiche’ de queijo da serra na “Pastelaria Império”. Com o examinador, claro! (...) (**)



(iv) Carlos Pinheiro:

(...) Nessa avenida estavam talvez as maiores casas comerciais. Por exemplo: a Casa Gouveia, da CUF, que vendia ali de tudo e que tudo comprava o que os naturais produziam, principalmente a mancarra; o Banco Nacional Ultramarino, o banco emissor da Província;o Cinema UDIB; e ao lado uma boa gelataria, mais acima, a Pastelaria, Padaria e Gelataria Império, assim baptizada por estar já na Praça do Império onde se situava o Palácio do Governo e a Associação Comercial. (...) (***)

Afinal, em que é que ficamos ? 

Café Bento, não, Cervejaria Solmar, não... Pastelaria ou Café Império. sim!!!





Excerto de mapa de Bissau > Posição relativa da Pastelaria (e Café) Império e o do Hotel Império, na antiga praça do Império, hoje dos Heróis da Independência. Uns chamam-lhe pastelaria, outros café... O Albano Costa tirou uma chapa em novembro de 2000 (****).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)
_____________

Notas do editor:

(*)  1 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26446: Fotos à procura de... uma legenda (193): A foto de agosto de 1974, do Jorge Pinto, corresponderia a um dos três cafés-cervejarias existentes nas imediações da Praça Honório Barreto, o Internacional, o Portugal ou o Chave 
de Ouro ?

Vd. poste anterior:

31 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26443: Fotos à procura de... uma legenda (192): Bissau, agosto de 1974: qual a mais famosa esplanada da cidade ? Café Bento ou cervejaria Solmar ? E esta foto é da 5ª Rep ou da Solmar ?

(****) Vd. poste de 9 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16287: Memória dos lugares (340): Café Império, Praça dos Heróis Nacionais, Bissau, em novembro de 2000 (Albano Costa, ex-1.º cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74, o fotógrafo de Guifões, Matosinhos)

Guiné 61/74 - P26446: Fotos à procura de... uma legenda (193): A foto de agosto de 1974, do Jorge Pinto, corresponderia a um dos três cafés-cervejarias existentes nas imediações da Praça Honório Barreto, o Internacional, o Portugal ou o Chave de Ouro ?



Guiné > Bissau > s/d [. c 1969/70] > "Praça Honório Barreto e Hotel Portugal"... Bilhete postal, nº 130, Edição "Foto Serra" (Coleção "Guiné Portuguesa") (Detalhe). Coleção: Agostinho Gaspar / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)

Agora a Praça chama-se Che Guevara... e o antigo Hotel Portugal era, quando estive em Bissau em 2008, Hotel  Kalliste...



Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral > 16 de novembro de 2023 > 50 anos da independência (proclamada unilateralmente em 24 de setembro de 1973) > Desfile militar... A parada começou por descer a avenida, seguindo para a marinha, dando a volta junto ao porto do Pidjiguiti e subindo depois de novo a artéria  nobre de Bissau... O palanque com as autoridades guineenses e os convidados estrangeiros estava montado em frente ao antigo cinema UDIB... Nesta foto, tirada pelo Patrício Ribeiro da varanda da Pensão Central (estabelecimento criado pela saudosa Dona Berta) estão assinalados, a vermelho, o antigo Hotel Portugal, e a amarelo a Casa Esteves (pintada de branco e com muitas janelas no 1º piso), segundo identificação do fotógrafo. (*)

Foto  (e legenda): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



Guiné-Bissau > Bissau > Casa Esteves > s/d > Av Domingos Ramos, nº 33 (?). Foto: cortesia da página do Facebook de Adilson Cardoso. nascido na Guiné-Bissau, a viver em Lisboa. 

O fundador, António Augusto Esteves, foi dos poucos velhos colonos portugueses que terá ficado por lá, depois da independência, tendo sido, ao que parece, simpatizante do PAIGC. Ou soube adaptar-se ao fim do "império". 

Antes da independência, a Casa Esteves era na Rua Administrador Gomes Pimentel, num r/c, havendo no piso superior 4 moradias para a família e para alugar... Em frente ficava a Tipografia das Missões onde se publicava "O Arauto" (a informação é da Lucinda Aranha Antunes. "O Homem do Cinema", Alcochete, Alfarroba, 2018, p. 112). (Este edifício não parece ser o mesmo da foto em questão, do Jorge Pinto, agosto de 1974, veja-se o gradeamento do primeiro andar, que seria a área de residência. Segundo o Patrício Ribeiro, é agora um banco,.  desde há uns anos.)




 
Guiné > Bissau > Agosto de 1974 > Uma das famosas esplanadas de Bissau, a um mês dos "tugas irem definitivamente para casa"... 

O fotógrafo não identifica o local, diz apenas: "A foto foi tirada em Bissau, um ou dois dias antes do nosso regresso, por volta de 23 de agosto de 1974. Quem não conhece esta esplanada?!!!"...

 O autor foi alf mil  art, 3ª C/BART 6520 / 72 (Fulacunda, 1972/74). Os dois militares que aparecem de costas, seriam do pelotáo do Jorge. (O Fernando Carolino tem uma foto igual, se calhar oferecida pelo Jorge; ele regressaria mais tarde à metrópole, já em setembro, por ser de rendição individual)... 

Tem-se especulado à volta do nome deste estabelecimento do tempo do fim da guerra: Café Bento ou Cervejaria Solmar ? Se calhar nem um nem outra...

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


1. Será que vamos conseguimos esclarecer  o "mistério" da foto do Jorge Pinto, de agosto de 1974 ? (**)...

O edifício em questão ficaria entre os CTT e o antigo Hotel Portugal..., do lado direito de quem descia a Av da República (hoje Av Amílcar Cabral) mas também dava para a Rua Honório Barreto (hoje Domingos Ramos)... 

Esse edifício já foi aqui identificado como sendo a Casa Esteves, tanto pelo Patrício Ribeiro (*) como pela nossa amiga Lucinda Aranha (***)

O Carlos Pinheiro, o nosso melhor "guia turístico" de Bissau,  diz que no no seu tempo (1968/70) havia na Praça Honório Barreto  (ou imediações) os seguintes estabelecimentos: (i) o Internacional; (ii) o Portugal; e (iii) o Chave de Ouro, "tudo cafés-cervejarias mas também onde se comiam umas febras ou uns bifes, quando havia" (****)

Como se chamaria então  a esplanada da foto de agosto de 1974 ? Venham lá mais ajudas, caros leitores...

_____________


(***) Vd, poste de 1 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20297: (De)Caras (139): Quem foi António Augusto Esteves, colono desde 1922, comerciante, fundador da "Casa Esteves", simpatizante do PAIGC?

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26443: Fotos à procura de... uma legenda (192): Bissau, agosto de 1974: qual a mais famosa esplanada da cidade ? Café Bento ou cervejaria Solmar ? E esta foto é da 5ª Rep ou da Solmar ?





Guiné > Bissau > Agosto de 1974 > Uma das famosas esplanadas de Bissau, a um mês dos "tugas irem definitivamente para casa"... O fotógrafo nãpo identifica o local, diz apenas: "A foto foi tirada em Bissau, um ou dois dias antes do nosso regresso, por volta de 23 de agosto de 1974. Quem não conhece esta esplanada?!!!"... O autor foi alf mil  art, 3ª C/BART 6520 / 72 (Fulacunda, 1972/74). Os dois militares que aparecem de costas, seriam do pelotáo do Jorge. (O Fernando Carolino tem uma foto igual, se calhar oferecida pelo Jorge; ele regressaria mais tarde à metrópole, já em setembro, por ser de rendição individual) (*)

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


1. Qual a mais famosa esplanada de Bissau ?  O Café (e cervejaria) Bento, dirão muitos (tem 11 referências no nosso blogue) ... Também era conhecido com a 5ª Rep, o maior "mentidero" da cidade: era um dos nossos locais de convívio, dos gajos do mato, dos desenfiados e sobretudo dos heróis da guerra do ar condicionado; recorde-se que havia 4 grandes repartições militares em Bissau, no QG, na Amura,  mas a 5ª Rep,  o Café Bento, era a mais famosa, porque era lá que paravam todos os "tugas" que estavam em (ou iam a) Bissau, gozar as "delícias do sistema";  era lá que se fazia "contra-informação", de um lado e do outro; era lá que se contavam as bravatas, os boatos e as mentiras da guerra...

O Café Bento ficava na esquina da Av da República  (hoje Av Amílcar Cabral) (do lado esquerdo, de quem descia), com a  Rua Tomás Ribeiro (hoje António Nbana) (nº 1 a vermelho no croquis a seguir), já perto do final da única avenida de Bissau, digna desse nome... 

Do outro lado dessa artéria, um pouco mais à frente, no sentido descendente, ficava a Casa Gouveia, a maior "superfície comercial da cidade"...

O edifício do Café Bento, ao   que parece, passou a ser, mais tarda, a sede da delegação da RTP África (hoje, com novas instalações, inauguradas em 2021, na Rua  Angola,  78, Chão de Papel, já fora portanto da "BissauVellha"; foi aqui que nasceu o saudoso António Estácio).

Em 1970, eu, o Humberto Reis e outros diriam que a melhor esplanada era o Pelicano (acabada de inaugurar,  ficava na Marginal, hoje Av 3 de Agosto). 

Mas o que importa agora á a foto que publicamos acima: Café Bento  ou Cervejaria Solmar (que infelizmente não vem no croqui do António Estácio). Vai uma aposta ?


  • O Virgílio Teixeira (ex-alf mil SAM, BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), que conheceu bem Bissau, antes e depois da independência, diz que a foto é o Café Bento, a famosa 5ª Rep,. do seu tempo (1967/69), do meu tempo (1969/71)... 


  • O Jorge Pinto (que tirou esta foto na véspera do regresso a casa, ams que conhecia mal Bissau, sempre enfiado em Fulacunda) diz também que não era o Café Bento, não se lembra bem do nome mas acha que podia ser a Solmar... Sabe que era perto da marginal do rio, da Casa Pintosinho...


Mas há mais camaradas nossos que conheceram bem (pou relativamente) Bissau, por lá terem estado colocados... e fazerem referências ao quer ao Café Bento / 5ª Rewp ou ao Café Restaurante Solmar... Por exemplo;

  • ou o nosso camarada da FAP, Mário Serra de Oliveira (que teve o  seu próprio restaurante em Bissau) [ex-1.º cabo escriturário, nº 262/66, BA 12, Bissalanca, 1967/68; esteve destacado na messe de oficiais em Bissau, entre maio de 1967 e dezembro de 1968; depois, já como civil, entre janeiro de 1968 e agosto de 1981, como empregado e como empresário passou por diversos estebelcimentos: Café Restaurante Solmar, Grande Hotel, Pelicano, Ninho de Santa Luzia (uma casa sua, que abriu em 14/11/1972), Tabanca, Casa Santos, Abel Moreira, José D’Amura e Oásis; trabalharia ainda na embaixada dos EUA; é autor, entre outros, do livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser"(Lisboa: Chiado Editora, 2012, 542 pp, preço de capa 16€]
  • o Abílio Duarte, amigo e camarada do Valdemar Queiroz, ambos da CART (temos uma foto dele no café Bento);
  • sem esquecer o nosso também querido amigo guineense,  o Nelson Herbert...




Infografia: António Estácio (1947-2022)  / Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné (2025)


Infelizmente o croqui que encontrámos num livrinho do António Estácio (1947-2022) (nascido em "chão de Papel"...), só inclui a parte oriental da Bissau Velha, entre o lado esqerdo, de quem desce, da Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura (8) (antiga Rua Capitão Barata Feio, hoje Rua 24 de Setembro).

Aguardamos, por parte dos nossos leitores. uma ajudinha para legendar a bela foto do Jorge Pinto, que desdobrámos em quatro para uma leitura mais atenta e detalhada.




Planta de Bissau (edição, Paris, 1981) (Escala: 1/20 mil)



Guiné-Bissau > Bissau > 1996 > Duas décadas depois da independência... Rua onde ficava a célebre cervejaria Solmar, aqui evocada pelo Hélder Sousa, acabado de chegar a Bissau, em 9 de novembro de 1970: "Após o jantar, uma voltinha para desmoer e reconhecer os vários locais de interesse, a Solmar, o Solar do 10, a Ronda, o inevitável Café do Bento (5ª Rep.), a casa das ostras na rua paralela à marginal, o Pelicano"...

Foto (e legenda) © Humberto Reis (2005). Todos os sireitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

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(***) Vd. 9 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18908: Estórias de Bissau (20): A cidade onde vivi 25 meses, em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)... [Afinal o "Chez Toi" era a antiga casa de fados "Nazareno"...

(****) Último poste da série > 11 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26255: Fotos à procura de... uma legenda (191): a 4ª e última foto por identificar não pode ser o reordenamento e a pista da "minha" Gadamael, em finais de 1971 (Morais da Silva, cor art ref)