Guiné-Bissau > Bissau > Casa Esteves > c. 1980/90 (?) > Av Domingos Ramos, nº 33 (?). Foto: cortesia da página do Facebook de Adilson Cardoso. nascido na Guiné-Bissau, a viver em Lisboa. O fundador, António Augusto Esteves, foi dos poucos velhos colonos portugueses que terá ficado por lá, depois da independência, tendo sido, ao que parece, simpatizante do PAIGC. Ou soube adaptar-se ao fim do "império". Antes da independência, a Casa Esteves era na Rua Administrador Gomes Pimentel, num r/c, havendo no piso superior 4 moradias para a família e para alugar... Em frente ficava a Tipografia das Missões onde se publicava "O Arauto" (, a informação é da Lucinda Aranha Antunes. "O Homem do Cinema" (Alcochete, Alfarroba, 2018, p. 112).
1. António Augusto Esteves foi um conceituado colono da Guiné portuguesa, comerciante, radicado no território, nos anos 20, tendo inclusive sido nomeado, como vogal, do primeiro Conselho Legislativo da província, em março de 1964. Pertencia igualmente à direcção da Associação Comercial, Industrial e Agrícola.
No romance ou biografia ficcionada "O Homem do Cinema - A la Manel Djoquim i na na bim" [Alcochete, Alfarroba, 2018, 163 pp, il,] a autora, a nossa amiga e grã-trabanqueira Lucinda Aranha Antunes (*), tem várias referências a esta conhecida figura da vida comercial da Guiné, o António Augusto Esteves, sendo inclusive amigo e compadre de seu pai, Manuel Joaquim dos Prazeres (1901-1977), empresário, caçador e homem do cinema ambulante que, nascido em Lisboa, viveu grande parte da sua vida em Cabo Verde (1929/1943) e depois na Guiné (1943/1973).
Segundo a Lucinda Aranha Antunes (op cit, pp. 103 e ss), o fundador da Casa Esteves teria chegado à colónia em 1922, acompanhando a mulher que fora colocada no Cacheu como professora primária. .
No Cacheu terá começado a dar cinema. Entretanto, a mulher no final dos anos 30 é colocada em Bafatá. O Esteves conhece o Manuel Joaquim quando este se muda de Cabo Verde para a Guiné em 1946. Em 1951, em Bissau, o Esteves explora uma sala de espetáculos, onde projeta cinema, sala que fica totalmente destruída na sequência de um incêndio.
É a altura então em que inicia os seus negócios no ramo do comércio. Começou com um camião e ao fim de algum tempo tinha várias filiais junto à fronteira e no interior do país (Em Bafatá, por exemplo, a Casa Esteves era conhecida de alguns de nós, sendo o gerente um transmontano de Mirandela, o sr. Camilo.)
Na obra atrás citada, a filha do "Manel Djoquim" (que, diga-se, de passagem, escreveu um notável livro de memórias sobre Cabo Verde e a Guiné, onde, a par de Lisboa, decorre a saga da família, mas também um livrinho que é um monumento de ternura pelo seu pai, que tinha o nominho de Nequinhas, e pela sua mãe Julinha...), diz-nos algo mais sobre os negócios do António Augusto Esteves (p. 104):
(...) "O compadre estendera, pouco a pouco, os negócios comercializando arroz, calçado, fardos e fardos de suecas, camisolas interiores sem mangas, fabricadas em Portugal, e tão baratas que os indígenas ao fim de uma semana de uso continuado, descartavam.
"Por influência do Pereira, seu genro, começou a fazer representaçã de carros e de motas (Honda, Volvo, Simca, Vauxhall Bedford), tendo também representação de acessórios auto. Mas não se ficou por aí, passando a importar máquinas fotográficas japonesas, frigoríficos, primeiro a petróleo e nos anos sessenta-setenta já elétricos, rádios, gravadores, máquinas-ferramentas, além de não desdenhar a venda de combustível"...
" - Dou graças a Deus por o cinema ter ardido [em 1951] e eu ter mudado de vida. A Casa Esteves é a minha galinha dos ovos de ouro" (...).
Alguém saberá mais sobre este homem, que conheceu vários regimes políticos (Monarquia Constitucional, República, Ditadura Militar, Estado Novo, República da Guiné-Bissau...) ? (***) Não sabemos quando morreu, mas foi já depois da independência da Guiné-Bissau, e possivelmente ainda uns anos depois do seu compadre Manel Djoquim (1901-1977)(*).
Na obra atrás citada, a filha do "Manel Djoquim" (que, diga-se, de passagem, escreveu um notável livro de memórias sobre Cabo Verde e a Guiné, onde, a par de Lisboa, decorre a saga da família, mas também um livrinho que é um monumento de ternura pelo seu pai, que tinha o nominho de Nequinhas, e pela sua mãe Julinha...), diz-nos algo mais sobre os negócios do António Augusto Esteves (p. 104):
(...) "O compadre estendera, pouco a pouco, os negócios comercializando arroz, calçado, fardos e fardos de suecas, camisolas interiores sem mangas, fabricadas em Portugal, e tão baratas que os indígenas ao fim de uma semana de uso continuado, descartavam.
"Por influência do Pereira, seu genro, começou a fazer representaçã de carros e de motas (Honda, Volvo, Simca, Vauxhall Bedford), tendo também representação de acessórios auto. Mas não se ficou por aí, passando a importar máquinas fotográficas japonesas, frigoríficos, primeiro a petróleo e nos anos sessenta-setenta já elétricos, rádios, gravadores, máquinas-ferramentas, além de não desdenhar a venda de combustível"...
" - Dou graças a Deus por o cinema ter ardido [em 1951] e eu ter mudado de vida. A Casa Esteves é a minha galinha dos ovos de ouro" (...).
Alguém saberá mais sobre este homem, que conheceu vários regimes políticos (Monarquia Constitucional, República, Ditadura Militar, Estado Novo, República da Guiné-Bissau...) ? (***) Não sabemos quando morreu, mas foi já depois da independência da Guiné-Bissau, e possivelmente ainda uns anos depois do seu compadre Manel Djoquim (1901-1977)(*).
Projeto do arquiteto Jorge Chaves (, datando de 1949/52), é considerado o melhor edifício colonial da ex-Guiné portuguesa (, segundo a opinião da especialista Ana Vaz Milheiros). Depois da independência, passou a ser a sede do PAIGC.
Foto: © Agostinho Gaspar (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
2. O nosso amigo e camarada, guineense, António Estácio, em "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., c/ ilustrações), refere o nome do António Augusto Esteves, como vogal do Conselho Legislativo:
(...) "O profundo conhecimento da realidade guineense e a reconhecida ascendência social, contribuíram para que em 1964, no mandato (1964-1968) do General Arnaldo Schulz, como Governador, a “tia Nâna” viesse a ser eleita e por sufrágio directo, para exercer as funções de vogal do primeiro Conselho Legislativo da Província da Guiné.
Como vogais natos, integravam o Conselho o Inspector Dr. James Pinto Bull e o Director de Finanças, Tomás Joaquim da Cunha Alves, o Comandante Militar e o Delegado do Procurador da República.
Ainda, por sufrágio directo, Fernando dos Santos Correia e Joaquim V. Graça do Espírito Santo. Pelos Corpos Administrativos e Pessoas Colectivas de Utilidade Pública o Dr. Luís dos Santos Lopes. Pelos Organismos Morais e Culturais o Padre José M. da Cruz Amaral, pelos Contribuintes os comerciantes António Augusto Esteves e Mário Lima Wahnon. Pelos Corpos Administrativos e Pessoas Colectivas de Utilidade Pública o Dr. Artur Augusto da Silva [, pai do nosso Pepito e marido da Dra. Clara Schwarz ] e, pelas Autoridades das Regedorias Joaquim Batican Ferreira, Sene Sane e Mamadú Bonco Sanhá [, o régulo de Badora]." (...) [Negrito nosso, LG]
3. Excerto das memórias de Carlos Domingos Gomes, 'Cadogo Pai' (Bissau, edição de autor, 2008):
(...) “Voltei a encontrar o camarada Aristides Pereira em Madina do Boé. Foi na altura do 1º Aniversário da nossa Independência Nacional. Conduzi uma delegação de Bissau até Gabú. Era comandante da zona o sr. Honório Chantre que nos recebeu à chegada a Gabú. Após se inteirar da nossa intenção de irmos assistir às comemorações do 1º Aniversário da nossa Independência, mandou-nos procurar alojamento e aguardar a resposta à comunicação que ia mandar para a base.
“No dia seguinte, logo pela manhã, mandou-me chamar a mim e aos companheiros a fim de dar a resposta prometida. Da autorização recebida, só eu podia entrar para a base, escolhendo uma pessoa para me acompanhar.
"A delegação era composta por 14 nacionais e um português, de nome António Augusto Esteves, ex-comerciante bem conhecido, já falecido, radicado há dezenas de anos na Guiné-Bissau. Posso testemunhar a sua dedicação, bem coberta a causa da Independência (como o testemunham os bens implantados).
"Foi ele então a pessoa escolhida para me acompanhar. Foi deslocado um helicóptero da base de Madina Boé a Gabu para nos transportar. A minha escolha causou mal estar na caravana que teve de regressar a Bissau.
"A chegada à base que acolheu a manifestação, fomos recebidos pelo então Comissário do Comércio, o camarada Armando Ramos, que a seguir às manifestações, recebeu ordens para nos conduzir a uma sessão especial, onde encontrámos, reunido, todo o elenco dirigente do Partido, entre eles com a toda a surpresa o camarada Aristides Pereira que me acolheu de braços abertos, com uma abertura desconhecida no seu semblante, sempre fechado. Disparou-me a seguinte pergunta:
- E as nossas conversas em Bolama ?
"Respondi comovido, só descobri os fundamentos dos nossos encontros após a sua partida dita para os Estados Unidos." (...) [Negritos nossos]
(...) “Voltei a encontrar o camarada Aristides Pereira em Madina do Boé. Foi na altura do 1º Aniversário da nossa Independência Nacional. Conduzi uma delegação de Bissau até Gabú. Era comandante da zona o sr. Honório Chantre que nos recebeu à chegada a Gabú. Após se inteirar da nossa intenção de irmos assistir às comemorações do 1º Aniversário da nossa Independência, mandou-nos procurar alojamento e aguardar a resposta à comunicação que ia mandar para a base.
“No dia seguinte, logo pela manhã, mandou-me chamar a mim e aos companheiros a fim de dar a resposta prometida. Da autorização recebida, só eu podia entrar para a base, escolhendo uma pessoa para me acompanhar.
"A delegação era composta por 14 nacionais e um português, de nome António Augusto Esteves, ex-comerciante bem conhecido, já falecido, radicado há dezenas de anos na Guiné-Bissau. Posso testemunhar a sua dedicação, bem coberta a causa da Independência (como o testemunham os bens implantados).
"Foi ele então a pessoa escolhida para me acompanhar. Foi deslocado um helicóptero da base de Madina Boé a Gabu para nos transportar. A minha escolha causou mal estar na caravana que teve de regressar a Bissau.
"A chegada à base que acolheu a manifestação, fomos recebidos pelo então Comissário do Comércio, o camarada Armando Ramos, que a seguir às manifestações, recebeu ordens para nos conduzir a uma sessão especial, onde encontrámos, reunido, todo o elenco dirigente do Partido, entre eles com a toda a surpresa o camarada Aristides Pereira que me acolheu de braços abertos, com uma abertura desconhecida no seu semblante, sempre fechado. Disparou-me a seguinte pergunta:
- E as nossas conversas em Bolama ?
"Respondi comovido, só descobri os fundamentos dos nossos encontros após a sua partida dita para os Estados Unidos." (...) [Negritos nossos]
4. Comentário de António Rosinha, outro amigo e camarada nosso com um profundo conhecimento da Guiné, onde trabalhou na empresa Tecnil, depois da independência (**):
O português António Augusto Esteves, a que Cadogo se refere, antigo comerciante, poderá ser da célebre "Casa Esteves", que continuava a funcionar com muita dificuldade em plena ortodoxia comunista. Essa casa fica na rua do mercado municipal. (***)
Vários comerciantes mantinham após a independência um certo entendimento com os governantes. Embora sem grandes perspectivas, foi melhor do que em Angola e Moçambique, devido à guerra com Renamo, Unita e FNLA, após 74.
Quando falamos que a Guiné está mal, no pós-independência, o povo não sofreu nada comparado com as guerras de Angola e Moçambique, após 1974. Embora o petróleo pague e esqueça muita coisa.
Agora ver um guineense com o nome respeitado como Cadogo, ter que recorrer a um cabo-verdiano, A. Pereira, do PAIGC, para "provar" o seu nacionalismo, ajuda-nos a subentender o que foi o pesadelo dos nosso comandos e de muitos anónimos.
Quando se cria a ideia que historicamente a administração usou os cabo-verdianos, se virmos por outro prisma, a capacidade, a necessidade e a inteligência dos cabo-verdianos, não seriam estes a imporem-se, em Bissau, mas também em Luanda?
Exceptuando os velhos comerciantes, "atrasados" e "analfabetos", que falavam vários dialetos e se «amancebavam» nos fins de mundo, a verdadeira administração colonial, nunca passou de uns ingénuos "piriquitos", perante os cabo-verdianos e luso-descendentes, e os brancos de 2ª ( de vez em quando, por conveniência, quem se auto-intitula de 2ª é Otelo Saraiva de Carvalho).
Penso que o que digo, não ofende ninguém, até porque me refiro a um grande número que continua português como eu e cujos filhos e netos, mesmo nascido lá, são registados (também) cá." (...)
Vários comerciantes mantinham após a independência um certo entendimento com os governantes. Embora sem grandes perspectivas, foi melhor do que em Angola e Moçambique, devido à guerra com Renamo, Unita e FNLA, após 74.
Quando falamos que a Guiné está mal, no pós-independência, o povo não sofreu nada comparado com as guerras de Angola e Moçambique, após 1974. Embora o petróleo pague e esqueça muita coisa.
Agora ver um guineense com o nome respeitado como Cadogo, ter que recorrer a um cabo-verdiano, A. Pereira, do PAIGC, para "provar" o seu nacionalismo, ajuda-nos a subentender o que foi o pesadelo dos nosso comandos e de muitos anónimos.
Quando se cria a ideia que historicamente a administração usou os cabo-verdianos, se virmos por outro prisma, a capacidade, a necessidade e a inteligência dos cabo-verdianos, não seriam estes a imporem-se, em Bissau, mas também em Luanda?
Exceptuando os velhos comerciantes, "atrasados" e "analfabetos", que falavam vários dialetos e se «amancebavam» nos fins de mundo, a verdadeira administração colonial, nunca passou de uns ingénuos "piriquitos", perante os cabo-verdianos e luso-descendentes, e os brancos de 2ª ( de vez em quando, por conveniência, quem se auto-intitula de 2ª é Otelo Saraiva de Carvalho).
Penso que o que digo, não ofende ninguém, até porque me refiro a um grande número que continua português como eu e cujos filhos e netos, mesmo nascido lá, são registados (também) cá." (...)
______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12991: Tabanca Grande (433): Lucinda Aranha, filha de Manuel Joaquim dos Prazeres que viveu em Cabo Verde e na Guiné entre os anos 30 e 1972, e que era empresário de cinema ambulante
Vd. também postes de:
23 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13022: Em busca de... (241): Fotos e histórias do cinema ao ar livre e do empresário Manuel Joaquim dos Prazeres, que deambulou pelo território entre 1943 e 1972 (Lucinda Aranha, filha e escritora)
Assim, nem eu nem os meus irmãos estudámos em África.
O meu pai praticava uma política de casa aberta aos amigos. Por lá passavam administradores, chefes de posto, comerciantes e as suas famílias, alguns deles chegaram mesmo a ser residentes temporários.
Envio-lhes um excerto do livro que estou a escrever sobre Manuel Joaquim onde a sua mulher discreteia sobre essas «invasões» e que, penso, lhes permitirá perceberem melhor as minhas relações com a Guiné." (...)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12991: Tabanca Grande (433): Lucinda Aranha, filha de Manuel Joaquim dos Prazeres que viveu em Cabo Verde e na Guiné entre os anos 30 e 1972, e que era empresário de cinema ambulante
Vd. também postes de:
23 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13022: Em busca de... (241): Fotos e histórias do cinema ao ar livre e do empresário Manuel Joaquim dos Prazeres, que deambulou pelo território entre 1943 e 1972 (Lucinda Aranha, filha e escritora)
9 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13120: Notas de leitura (588): "Julinha", um excerto do próximo livro de Lucinda Aranha dedicado a seu pai Manuel Joaquim, empresário e caçador em Cabo Verde e Guiné (Lucinda Aranha)
(...) O meu pai teve 7 filhos, todos eles nascidos na Praia, excepto a sexta nascida em Bolama e eu que vim a nascer em Portugal. Viveu na Praia entre 1929 e 43 e desde essa data até 1972 na Guiné portuguesa, vindo à metrópole para junto da família, que residia em Portugal desde 1946, na época das chuvas.
Assim, nem eu nem os meus irmãos estudámos em África.
(...) Fui professora, leccionando História no ensino secundário. As estórias sobre África que conto no Reino das Orelhas não foram vivenciadas por mim mas são recordações dos meus pais, da minha ama Sampadjuda e dos amigos cabo-verdianos e guineenses que enxameavam a nossa casa de Lisboa.
O meu pai praticava uma política de casa aberta aos amigos. Por lá passavam administradores, chefes de posto, comerciantes e as suas famílias, alguns deles chegaram mesmo a ser residentes temporários.
Envio-lhes um excerto do livro que estou a escrever sobre Manuel Joaquim onde a sua mulher discreteia sobre essas «invasões» e que, penso, lhes permitirá perceberem melhor as minhas relações com a Guiné." (...)
(**) Vd. poste de 8 de agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6836: Memórias de Um Combatente da Liberdade da Pátria, Carlos Domingos Gomes, Cadogo Pai (4): Casado em 1956, vereador em 1957, em Bolama, regressa a Bissau em Novembro de 1960, como convicto nacionalista
(***) Último poste da série > 23 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20268: (De)Caras (112): Camaradas da Companhia de Terminal (Bissau, 1973/74), que em menos de 2 meses carregou mais de setenta barcos para o Leste (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547, Contuboel, 1972/74)
(***) Último poste da série > 23 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20268: (De)Caras (112): Camaradas da Companhia de Terminal (Bissau, 1973/74), que em menos de 2 meses carregou mais de setenta barcos para o Leste (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547, Contuboel, 1972/74)
8 comentários:
A fotografia da Casa Esteves não deve ser 1980/90.
Valdemar Queiroz
Valdemar, será de quando ? Pelo "mostruário" (tapetes, coisas baratas...) não deve ser do "antigamente", antes do 25 de Avril...
A Casa Esteves, nos seus tempos áureos, também tinha representações de marcas de carros e motas, máquinas fotográficas japonesas, eletrodomésticos, etc., beneficiando da economia de guerra, tal como os restantes comerciantes de Bissau.
Querida amiga Lucinda:
Só agora vi, de lápis na manhã, o seu livrinho, que é um monumento de ternura, sobre a saga da sua família, o Nequinhas, a Julinha, as manas, os amigos... incluindo o "compadre" Esteves... Vou fazer fazer uma detalhada recensão do seu livro, que eu um dia ainda agora gostaria de ver transformado em guião para um filme sobre o Manel Djoquim, em Cabo Verde e na Guiné...
Mas agora gostava que comentasse o poste que acabei de editar... Sei que trocou muitos dos nomes (a começar pelas manas...), mas este Esteves é mesmo o fundador da Casa Esteves (que eu comheci em Bafatá),
Tem ideia de quando morreu ? E era de donde ? Como é que uma mulher vai para o Cacheu, em 1922, como professora ? Os filhos (filha, filho) ficaram por lá ?!... A Casa Esteves ainda existe, apesar da miséria de Bissau...
Tenho fotos para lhe mandar do último encontro de Monte Real,com a Lena...De resto, já me autorizou a publicar no blogue...Será para breve, com a recensão... (O Beja Santos j+a fez uma, mas eu quero fazer a minha...) .
Beijinhos.Um abraço para o marido e nosso camarada, Antunes. Luís. Por estes dias estou na Tabanca de Candoz, mas passo agora mais tempo na Lourinhã...
POr onde anda, esses homens e mulheres, que foram comerciantes, professores primários, chefes de posto, administradores, cabo-verdianos, libanes, portugueses... Ou os seus fantasmas... Quem se lembra deles ?... Afinal, fazem parte da "petite histoire" do séc. XX da Guiné-Bissau... E não podem morrer na "vala comum do esquecimento"...tal como os nossos camaradas. LG
Luis
Esta fotografia parece ser de meados de anos 60, talvez os especialistas em fotos a cores ajudem a esclarecer.
Vendo bem o foto, reparamos nos transeuntes vestidos 'à clássica', com calças escuras e de sapatos, nada de cores claras, calções ou ténis dos anos 80-90, a criança veste calções 'à MP', sapatos e meias até ao joelho. A Casa Esteves com o 'mostruário' de chitas e fazendas nada modernos à porta, a rua e os passeios bem limpos e a ausência de carros e jeeps dá ideia da foto ser antiga.
Esta Av. Domingos Gomes é paralela à principal Av. Amílcar Cabral (ex-Av. da República) era o rua da 'Solmar' e recordo-me que tinha árvores nos passeios e penso que a Casa Esteves era prós lados da 'Taufick Saad' e da 'Pintosinho'.
Mas, posso estar enganado.
Então, como foi o dia das bruxas por esses lados? Calhando, por aí as bruxas continuam a ser velhas e feias voando numa vassoura de cabo de pau e feixe de giestas. Por cá, as bruxas com caras botox e sem verrugas no nariz, voam de vassouras hibridas e pelo que vejo afugentaram os pássaros.
É um facto, deixei de ver os familiares pássaros-do-telhado.
Não me lembro deles emigrarem e também não noto um extraordinário aumentado de gatos (o céu dos pardais é a na barriga dos gatos). Será já o efeito das alterações climáticas? Ou, como desculpa, afinal sempre há bruxas.
Ab.e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Bom dia, desde Bissau.
A Casa Esteves, na Av. Domingos Ramos, (na Avenida onde existia a Solmar),
esteve alugada nos anos 2000 e durante diversos anos a uma Sra. Portuguesa, que praticava Comercio Geral.
Mas desde alguns anos, que o edifício é um Banco Comercial.
Abraço
Patrício Ribeiro
Queria dizer Av. Domingos Ramos, mas essa avenida (da Solmar)é muito extensa e tinha árvores e na foto em causa não aparecem e daí a minha dúvida,
A Casa Esteves era na zona da ex-Solmar?
Qual é o teu comentário à 'idade' da foto?
Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Tem graça, na Casa Esteves, de Bafatá,jantei imensas vezes com o meu conterrâneo, Camilo Coelhoso, que falava pouco mas muito sábio. Eu considerava-o quase como um pai para mim, tal era o carinho com que me tratava. Encontrava-o em Lisboa junto ao Pirata, nos Restauradores - Lisboa, e depois deslocou-se para a Tendinha, no Rossio. Quando se encontrou doente ainda o tentei visitar na sua casa, na rua Francisco Baía, em Benfica, mas já não me quis receber, porque sentiu que o fim estava próximo. Falou da janela comigo e foi a minha sentida despedida do amigo Camilo. Agora, visito, de quando em vez a cunhada, Filomena, no Vértice da Moda, em Mirandela. Da Guiné, só conheço o amigo Estácio, em Algueirão - Sintra.
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