O T/T Império, da Companhia Colonial de Navegação, que a caminho de Moçambique com 1400 militares sofreu um grave acidente, um rombo, na casa das máquinas tendo ficado à deriva durante 3 dias. Ainda hoje não se sabe se foi um ato de sabotagem... Era então comandado pelo Óscar Fraústo de Oliveira Guimarães, o oficial da marinha mercante que trouxe o T/T Uíge, de Bissau até Lisboa, em 4 de agosto de 1969 (nele tendo viajado o nosso camarada Virgílio Teixeira e o seu batalhão, o BCAÇ 1933).
(Fonte: Navios à Vista > 26 de junho de 2011 > Paquete Português "Império" - 1948/74.)
T/T Uíge, viagem de regresso de Bissau a Lisboa > Festa de despedida a bordo, em 8 de agosto de 1969.
1. Mensagem, enviada em 21 do corrente, às 15:46, do Virgílio Teixeira (ex-alf mil, SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):
Olá, Luis
Bom regresso às terras nortenhas.
(...) Junto envio a lista dos militares que viajaram comigo no T/T Uíge, no regresso a casa, bem como o programa da festa de despedida, a bordo, em 8 de agosto de 1969.
Entre os passageiros da 1ª classe estava o capitão Robles, figura afamada na Guiné, no meu tempo (...) [ adjunto do comandante da 15.ª Companhia de Comandos, 1968/69],
Bom regresso às terras nortenhas.
(...) Junto envio a lista dos militares que viajaram comigo no T/T Uíge, no regresso a casa, bem como o programa da festa de despedida, a bordo, em 8 de agosto de 1969.
Entre os passageiros da 1ª classe estava o capitão Robles, figura afamada na Guiné, no meu tempo (...) [ adjunto do comandante da 15.ª Companhia de Comandos, 1968/69],
Nunca o conheci pessoalmente. (...) Também não me lembro dele a bordo. Sei que depois foi para Tavira. (..:.)
O tempo está frio mas não consta a chuva.
Abraço, Virgilio
Abraço, Virgilio
2. Comentário do editor LG:
Obrigado, Virgílio. Confirma-se, sem qualquer margem para dúvida, que o teu regresso foi a 4 de agosto de 1969 e não a 10 (*).
O Fernando Robles (bem como o Trotil) foi um dos instrutores militares conhecidos dos instruendos que passaram pelo CISMI de Tavira. Eu estive no último turno de 1968, já não apanhei o cap Robles, hoje cor inf, com 84 anos. (E o Trotil não sei quem era; do Robles contavam-se histórias do início da guerra de Angola; o que eu não sabia é que ele tinha começado a sua carreira militar como alferes miliciano.)
Pareve haver um erro na lista dos passageiros de 1ª classe: há 3 capitães milicianos médicos: além do teu, o João Martins Barata Crespo (mais tarde, médico de família, no centro de saúde de Rio de Moura, e que já terá falecido) e o Horácio David Garcia (mais tarde, ginecologista,com consultório privado em Lisboa).
Viajou ainda contigo um capitão, que eu iria conhecer, passados uns meses, em Fá Mandinga, como instrutor da Companhia de Comandos Africanos, o cap art cmd Octávio Emanuel Barbosa Henriques, e grander amigo do nosso saudoso "Alfero Cabral". (Infelizmente, ambos já morreram; o Barbosa Henriques, que era de origem cabo-verdiana, tem nove referências no nosso blogue.)
Virgílio, lá foram todos a caminho de Lisboa (passando por Cabo Verde, ilha de Santiago e ilha do Sal) em ambiente festivo, ao som da famosa Kamarinskaya, do composityor russo Mikhail Ivanovich Glinka (1804 – 1857)...
Não sei se havia mais gente conhecida. O comandante de bandeira, o capitão-de-mar e guerra Antóniio Malheiro Júlio do Vale,já morreu há muito com o posto de almirante reformado (1911-1997).
Uma curiosidade: o comandante do navio que te trouxe, Óscar Fraústo de Oliveira Guimarães, comandaria, cinco meses depois, o T/T Império, da Companhia Colonial Navegação, quando em 9 de janeiro de 1970, aconteceu um acidente grave :
(...) Sofreu "um rombo na casa das máquinas, que originou enorme entrada de água, que acabou por inundar e paralisar as máquinas, e como tal a vida quotidiana a bordo ficou insuportável, quando aquele paquete se encontrava a quatro dias de viagem e a 400 mn de Cabo Verde, mais propriamente a 150 mn a sul de Dakar."
Transportava 1400 militares. Ainda hoje se discute se foi sabotagem ou acidente. Andou à deriva mais de 3 dias:
(...) Chegado um rebocador de nacionalidade Grega, da Tsavliris, foi por este rebocado para o porto do Mindelo, no arquipélago de Cabo Verde, onde arribou passados cerca de seis dias, com o pessoal a bordo em desespero, particularmente a tropa, que dias depois seguiu para Moçambique no paquete Niassa.
(...) Chegado um rebocador de nacionalidade Grega, da Tsavliris, foi por este rebocado para o porto do Mindelo, no arquipélago de Cabo Verde, onde arribou passados cerca de seis dias, com o pessoal a bordo em desespero, particularmente a tropa, que dias depois seguiu para Moçambique no paquete Niassa.
O paquete acidentado regressou a Lisboa rebocado pelo salvadego Holandês Jacob Van Heemskerck, da NV. Bureau Wijsmuller, de Ijmuiden, e daí dias mais tarde seguiu para os estaleiros de Glasgow para reparações finais; pelos seus próprios meios" (...) (Fonte: Navios à Vista > 26 de junho de 2011 > Paquete Português "Império" - 1948/74.)
Obrigado, Virgílio, pelos documentos que nos mandaste. São interessantes para a série "Os Nossos Regressos" (**)
Boa Consoada, junto dos teus. Luís
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 16 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26271: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (30): Virgílio Teixeira (ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte IV: o embarque, no T/T Uíge, de regresso a casa, em agosto de 1969
(**) Último poste da série > 19 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22644: Os nossos regressos (41): O tempo até aos meus 25 anos e a minha vida de adulto (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e CART 2732)