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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16108: Tabanca Grande (488): Conceição Alves, esposa do nosso camarada José Eduardo Alves, recentemente falecido, benemérita em favor das crianças de Mampatá/Guiné-Bissau, onde já se deslocou mais que uma vez desde 2009, nossa nova Amiga Grã-Tabanqueira de Leça da Palmeira

1. Aquando do funeral do nosso camarada José Eduardo Alves, o Manuel Carvalho (ex-Fur Mil da CCAÇ 2366) falou-me de um Poste (Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino!) onde o Eduardo dava as boas-vindas ao seu Comandante de Companhia, ex-Cap Mil João Marcelino, e falava na hipótese de a sua esposa Conceição fazer parte da nossa tertúlia.

Nesse mesmo Poste, mais abaixo, tinha-nos na altura passado despercebido este parágrafo onde o Eduardo se referia a uma mensagem enviada por si ao Blogue.:

Já mandei as fotografias para a [minha] adesão e perguntei se a minha esposa também pode fazer parte do blogue, porque ela diz que também foi militar, já que éramos casados quando fui para tropa.

Hoje, talvez já um pouco tarde, achamos ser de inteira justiça darmos entrada, com todas as honras,  à Conceição.
Porquê? Porque ela já foi à Guiné-Bissau umas quantas vezes com o marido, coisa que infelizmente não voltará a acontecer, continua a demonstrar vontade em ajudar aquele povo tão carenciado, especialmente as crianças, é só ver o que ela tem em "armazém" para enviar, ou levar pessoalmente como era seu desejo, e também porque, parafraseando ainda o seu marido, ela também foi militar já que era casada com ele antes da sua ida para a Guiné. Cumpriu a sua espinhosa missão na retaguarda.

A foto que se segue é a melhor justificação para recebermos de pé esta nossa nova amiga tertuliana. 

Guiné-Bissau - Mampatá - A Conceição rodeada de meninos.

Ortigosa - 2009 - IV Encontro da Tertúlia - Esta terá sido a primeira participação do casal Eduardo e Conceição nos nossos Encontros Nacionais.


2. Comentário do editor CV:

Bem-vinda cara amiga tertuliana Conceição Alves.
Vai ficar assim registada para a ligarmos ao, já saudoso, nosso camarada e seu companheiro de vida, que recentemente a (nos) deixou, José Eduardo Alves.

Que fique bem claro que a Conceição não ocupará na tertúlia o lugar do seu marido, está aqui por direito próprio e pelo seu sentimento de solidariedade em favor de quem precisa, especialmente pelas crianças da Guiné-Bissau.
Será uma honra tê-la entre nós, inclusive nos Encontros Nacionais da Tertúlia, se quiser dar-nos o prazer da sua companhia.

Ficamos também ao seu dispor para darmos a conhecer as suas iniciativas em favor dos meninos de Mampatá. Só terá que me contactar, já que somos vizinhos, em minha casa ou através do nosso comum amigo Ribeiro Agostinho.

Receba destes velhos combatentes da Guiné um enorme abraço e aceite a disponibilidade dos editores para o que lhe for útil.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16107: Tabanca Grande (487): Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt Pel Red Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73): vive em Aveiro e é o nosso grã-tabanqueiro nº 716

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16057: In Memoriam (257): José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016), ex-sold cond auto, CART 6250, Mampatá (1972/74): homenagem da Tabanca Grande


José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016)
Sold Cond Auto, CART 6250/72, "Os Unidos de Mampatá", Mampatá, 1972/74 (*)


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 >  Aspeto parcial dos participantes no encontro que totalizou cerca de centena e meia de presenças


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 > A Maria da Conceição Alves, à esquerda, assinalada com um rectângulo a amarelo; a seu lado, a Isaura Resende (esposa do nosso camarada Manuel Resende) e a Lígia Guimarães (esposa do David Guimarães), e por detrás desta a Cyndia, a neta do Valentim Oliveira,


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 > Dois casais idos de Leça da Palmeira, da esquerda para a direita: o José Eduardo Alves, a esposa Maria da Conceição, e depois a Elisabete e o marido Ribeiro Agostinho.

Fotos (e legendas): © Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné  (2009). Todos os direitos reservados


Tabanca de Matosinhos > Almoço de 4ª feira > 23 de abril de 2009 > O casal Alves, a Conceição e José ("Leça") que ainda recentemente foram e voltaram à Guiné de carro; ao lado, à esquerda, o nosso autarca de serviço.. o Carvalho de Mampatá.

Foto (e legenda): © Blogue da Tabanca de Matosinhos  (2009). Todos os direitos reservados


1. Deixou, há dias, a "terra da alegria" (como diria o poeta Ruy Belo) o nosso camarada José Eduardo Alves (1950-2016), também conhecido pela sua alcunha da tropa, o "Leça". Nasceu em Cabeceiras de Basto e morreu em Leça da Palmeira, Matosinhos, para onde veio com 12 anos para marçano. Deixa viúva a nossa amiga Maria da Conceição. Tinha ainda um filho, que vive na Suíça.  

Deixou-nos a todos, tristes e inconsolados. Morreu cedo demais, já que, sendo um camarada e amigo da Guiné, ele merecia tudo, ou seja, muita saúde e longa vida. No momento da partida (derradeira), cabe-nos lembrar e honrar o homem bom, simples e solidário que ele foi, amigo do seu amigo, camarada do seu camarada. A Tabanca de Matosinhos, a nossa Tabanca Grande e os "Unidos de Mampatá", a antiga CART 6250, perdem um bravo soldado, um dos melhores de todos nós.

Na singela homenagem que lhe quisemos fazer, juntamos aqui alguns fotos mais antigas, alguns comentários de camaradas que o conhecerem melhor e ainda um pequeno texto que ele escreveu em tempos para o blogue, mostrando todo o seu amor à Guiné e ao seu povo.

O "Leça" ficará sempre connosco, na nossa memória, no nosso blogue, enquanto a gente por cá andar e tiver ganas de continuar a partilhar memórias e afetos, à sombra do nosso mágico e fraterno poilão, tendo por pano de fundo a Guiné que conhecemos entre 1961 e 1974, nas duras condições de uma guerra (*)...  LG


2. Viajar por (e sentir) a Guiné

por José Eduardo Alves (1950-2016)

Camaradas,

Depois de me ter remetido ao silêncio, mas sempre ativo nas leituras do blogue, hoje acho que está na hora de escrever sobre a viagem que fiz à Guiné este ano [de 2010], e vou fazê-lo porque há sempre alguém que gosta que se fale destas aventuras.

O ano passado também tinha ido à Guiné, mas apanhei a “caravana” nos últimos dias da sua preparação e, pelo caminho, em conversa com alguns dos Camaradas que já lá tinham ido mais vezes, ouvi dizer: “Vais ter uma desilusão,  pois quem lá conhecias já morreu tudo!”

Mas, felizmente, não foi assim e ainda encontrei bem viva muita gente do meu tempo. Fiquei então com vontade de lá voltar e voltei este ano, mais bem preparado e com mais coisas para dar aquelas crianças, que necessitam de tudo (, muito do que nós esbanjamos).

No ano passado tínhamos ido até Mampatá,  quatro homens da minha Companhia - a CART 6250: o [António] Carvalho, o Zé Manuel [Lopes], o Francisco Pereira Nina e eu. Todos ficamos surpreendidos pelo grau de abandono do nosso antigo quartel.

Este ano só fui eu. Como não podia deixar de ser, voltei ao velho quartel de Mampatá, e encontrei em curso obras de recuperação, vendo-se já diferente e renovada a sala do soldado (de pedra e cal), o paiol (que o ano passado nem se via) estava limpinho, a antiga enfermaria (que já não tinha telhado) está a ser recuperada para enfermaria local, os balneários dos soldados estão transformados numa escola, que eu apoiei no que pude e vou continuar a ajudar.

Mas não parei aí e,  como levava uma encomenda, e um pedido do nosso camarada e amigo Vasco da Gama,  para Cumbijã, segui viagem e visitei a Fonte de Iroel (que data de 1946) [, a 2 km de Mampatá, e de que não existe uma única imagem no nosso blogue!], Colibuia e Cumbijã.

Cumbijã, onde um dia encontramos a CCAÇ 18 e outras NT que lá estavam encurraladas. Quem conhece a zona entende o porquê deles estarem encurralados, é que a estrada Mampatá - Nhacobá  não tem saída para lado nenhum.

Depois visitei Guileje, Gadamael e Cacine, regressando a casa por Mampatá, Nhala, Buba, seguindo pelo Quebo, Bissau, S. Domingos, Casamança, Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Marrocos, Espanha e, finalmente, Leça da Palmeira (onde vivo).

Vou continuar a trabalhar para levar mais alguma coisa àquelas crianças. Vou lá quando puder e penso que não é uma forma de neocolonialismo.

Vou dizer algumas palavras que ouvi a uma Guineense: "Ó Leça, só vieste agora, foste embora zangado e vieram estes (…), para o vosso lugar. Vocês entregaram isto a um (…) armado, que era uma minoria e cujos cabecilhas nem eram Guineenses, eram de outro país.”

Penso eu que, se calhar, o governo Português ainda um dia há-de pedir desculpas à parte daquele povo que ensinou a pegar e usar uma arma, depois tirou-lha e abandonou-a à mercê de uma sorte cobarde, traiçoeira e macabra.

Agora, quero levar luz eléctrica a Mampatá, especialmente para a dita enfermaria e posto de rádio, que foram inauguradas pelo sr. Pepito, no dia em que nós lá estivemos (...).

Se alguém quiser contribuir com objectos, equipamentos e medicamentos, tudo o que nos entregarem será bem aceite. Lembrem-se que muita coisa que para nós já não tem valor, nem aplicação faz falta àquele bom povo da Guiné. Nós, eu e a minha esposa [, Conceição,], pedimos mais precisamente roupas de criança e material escolar, assim como medicamentos (dentro do prazo de validade, como é evidente).

É a minha esposa que se ocupa da recolha, selecção e embalagem destas coisas, foi uma vez à Guiné e quer lá voltar. (...) (**)


3. Algumas das mensagens de camaradas que conheceram melhor o José Eduardo Alves (*):


(i)  António Carvalho [Carvalho de Mampatá]

Sempre optimista e esperançoso, a nada se vergava ele, José Eduardo, mesmo quando perdeu uma filha, há alguns anos, logo se reergueu com novo ânimo. Por sorte, também a esposa Conceição o acompanhava nas jornadas de solidariedade para com o povo da Guiné, especialmente da área de Aldeia Formosa e Mampatá, que visitava, todos os anos, desde 2009. Mas a morte não escolhe só os maus nem só os bons, leva-nos a todos, quando calhar. Cada vez ficamos mais reduzidos, até que o último morrerá também, inexoravelmente.

Para toda a família, a minha homenagem


(ii) Um seu conhecido e amigo [que, por lapso, não se identificou]

Não estive convosco na Guiné, estive em Angola e é fácil de entender o espírito de grande camaradagem entre vós. Há uns anos atrás criei um slogan que diz:

AS ARMAS TAMBÉM UNEM OS HOMENS

Neste momento, quero dizer que conheci o Eduardo há poucos anos, mas além de grande trabalhador, era um homem de carácter e amigo.

O seu grande coração dividia-se pela Guiné. Falava deste país com uma alegria e vaidade por bem conhecer.

Neste ano da Misericórdia que o Papa Francisco bem instituiu, o nosso amigo Eduardo e a sua esposa Conceição, muito bem lá cabem. Que Deus lhe dê coragem para enfrentar este desenlace, bem como a seu filho que os amigos tenham o discernimento adequado para os ajudar. Enfim, vamos dar as mãos para ultrapassar este momento tão difícil, mas a vida é isto e não para.


(iii)  Manuel Carvalho

Homem de carácter e de forte personalidade mas simples e amigo do seu amigo.Gostava de olhar olhos nos olhos e cumprimentos de mão bem apertados.Sempre preocupado com o seu semelhante e passou os últimos anos da sua vida a ajudar os seus amigos da Guiné.
Que Deus o tenha num bom lugar que bem merece.
Um dia nos encontraremos por aí.
Para a esposa e filho as minhas sentidas condolências.


(iv) José Manuel Matos Dinis

Tive oportunidade de conviver com o casal numa deslocação à Guiné, e eram de facto pessoas simpáticas e solicitas. Agora o Zé acabou a caminhada, como um dia vai acontecer-nos.
Aproveito para apresentar as minhas condolências pelo infeliz evento.
Um beijo para a D. Conceição com votos de coragem e resignação nesta hora, e para o Zé fica um abraço a aguardar agenda.


(v) António Murta

O José Eduardo Alves, o "Leça", foi meu contemporâneo em Mampatá, mas só o conheci verdadeiramente (e à sua esposa), no encontro da CArt 6250 em julho do ano passado. Era a simplicidade em pessoa mas de carácter firme.

À sua esposa e restante família, envio as minhas sentidas condolências. Aos seus amigos e camaradas, especialmente o Zé Manel e o Carvalho de Mampatá, envio um abraço solidário.

domingo, 1 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16037: In Memoriam (256): José Eduardo Alves (1950-2016), ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250, Mampatá, 1972/74), falecido ontem, dia 30 de Abril de 2016. O funeral é amanhã, segunda-feira, pelas 10 horas, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira

 IN MEMORIAM

José Eduardo Alves (1950-2016),
ex- soldado condutor auto da CART 6250, "Os Unidos de Mampatá" (1972/74), natural de Leça da Palmeira... O funeral é 2ª feira, dia 2, às 10h00

A notícia chegou ontem ao nosso conhecimento através do Ribeiro Agostinho, que estava a acompanhar mais de perto o estado de saúde do nosso malogrado camarada José Eduardo.
Mal chegados do convívio comemorativo do Dia do Combatente de Matosinhos, no Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, já a esposa do José Eduardo, a D. Conceição, comunicava ao Agostinho o falecimento de seu marido.

Desde há algum tempo que o José Eduardo [foto actual à direita] lutava contra a doença que o apoquentava. Ainda chegou, mais a esposa que sempre o acompanhava, a inscrever-se no X Almoço/Convívio dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos e no XI Encontro da Tabanca Grande, mas em nenhum deles participou, infelizmente.

O José Eduardo e a D. Conceição eram muito amigos, principalmente das crianças, da Guiné-Bissau, onde se deslocaram várias vezes a partir de 2009, no seu automóvel, com fins humanitários(1).
Estava inclusive prevista uma ida à Guiné-Bissau, ainda este ano, para levar mais donativos, contributos variados que fazem imensa falta à população daquele país irmão.
  
A D. Conceição chegou a confidenciar que quando encontrava roupa de criança abandonada, ainda em bom estado, levava para casa, lavava, consertava, passava a ferro, e guardava para um dia levar, ou mandar, aos meninos da Guiné-Bissau. 

Duas boa almas, uma, o José Eduardo que nos deixa, e outra, a D. Conceição, que vai ter de enfrentar a saudade do seu marido. O filho de ambos, a trabalhar na Suíça, estará já junto de seu pai para a derradeira despedida e para confortar a sua mãe, no dia de todas as Mães.

Quem quiser e puder prestar uma última homenagem ao nosso camarada José Eduardo, um homem simples, mas de grande estofo moral, altruísta, trabalhador incansável(2) e amigo verdadeiro de quem pela sua vida passou, pode fazê-lo a partir de hoje, domingo, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira, onde o seu corpo já se encontra em Câmara Ardente.

O funeral sai da mesma Capela às 10 horas da manhã(3), de amanhã segunda-feira, para a Igreja Matriz, onde será celebrada Missa de Corpo Presente, seguindo depois para o Cemitério n.º 2 da mesma freguesia, onde o corpo será sepultado.

Em especial, à D. Conceição e ao filho de ambos, a tertúlia do nosso blogue envia as mais sentidas condolências, com a certeza de que o José Eduardo jamais será esquecido por nós.


Guiné-Bissau - Numa das sua visitas àquele país, o José Eduardo, à esquerda e o António Carvalho, à direita.


Guiné-Bissau - A D. Conceição rodeada de meninos
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Notas do editor

(1) Vd. poste de 23 de maio de 2010 Guiné 63/74 - P6459: Ser solidário (72): Viajar (e sentir) pela Guiné (José Eduardo Alves, ex-Condutor da CART 6250/72)

(2) Vd. poste de 22 de maio de 2009 Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (22): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

(3) - Horário alterado posteriormente ao lançamento do poste, depois de o editor falar com a D. Conceição.

Último poste da série de 21 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15999: In Memoriam (254): Nina Amado (1932-2016), Mãe do nosso camarada e amigo Juvenal Amado, falecida no passado dia 13 de Abril

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10023: Convívios (451): Encontro Anual do pessoal da CART 6250 a realizar no dia 30 de Junho de 2012 em Perafita/Matosinhos (José Eduardo Alves)

1. O nosso camarada José Eduardo Alves, fez chegar ao nosso Blogue a convocatória para o Encontro Anual do Pessoal da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) que ele vai realizar na Rua do Padrão, 210, freguesia de Perafita, Concelho de Matosinhos, local que vai estar referenciado como MAMPATÁ a partir do Nó 9 da A28 (Porto-Viana do Castelo) .

O Convívio terá lugar no dia 30 de Junho de 2012 e, como habitualmente, cada camarada e respectivos acompanhantes terão de se munir da respectiva ração de combate.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10016: Convívios (450): Encontro do pessoal das CCAÇs 3326; 3327 e 3328, dia 21 de Julho de 2012 na Batalha (José da Câmara)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9059: Memória dos lugares (163): Mampatá saúda Mampatá (António Carvalho / José Câmara / José Eduardo Alves / Mário Pinto)

Região de Tombali > Mampatá > Uma foto aérea de povoação e aquartelamento.
Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados .


Comentários deixados no Poste 9052*, referente à apresentação à tertúlia do nosso novo camarada José Santos que foi 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro na CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1071/73:

1. Do nosso camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto foi Fur Mil At Art na CART 2519 (Os Morcegos de Mampatá), Buba, Aldeia Formosa e Mampatá,1969 a 1971:

Caro José Santos
Em meu nome e da Cart 2519, Os Morcegos de Mampatá, dou-te as boas vindas ao nosso convívio.

Como deves estar lembrado a CCAÇ 3326, foi a Companhia que rendeu a minha em Fevereiro de 1971. Nesse altura metade da minha Companhia seguiu para Bissau via Buba, através de LDG, ficando 2 Gr Comb em Mampatá, um dos quais o meu.

Na primeira saída que fiz com vocês para o corredor de Missirá, tiveram o vosso baptismo de fogo num forte contacto e onde a CCAÇ 3326 teve os primeiros feridos e o IN 2 mortos e algumas baixas. Como resultado, vocês tiveram o o vosso primeiro material capturado (ronco).

Mampatá encontra-se no Blog, bem documentada, em períodos distintos conforme as unidades que por lá passaram sendo o período com menos informação o ocupado pela CCAÇ 3326 (1971/72). Convido-te [para o fazer], se puderes e estiveres interessado, para assim conseguirmos fechar o círculo das unidades instaladas em Mampatá.

Um abraço
Mário Pinto
ex-Fur Mil CART 2519


2. Do nosso camarada António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Mampatá, 1972/74:

Caro José Santos:
Também te saúdo de forma muito especial porque também sou de Mampatá. Fui Fur Mil Enf da CART 6250 que vos foi render, no fim de Julho de 72. Só me lembro do Real e do vosso capitão que nunca mais encontrei.
Devo dizer-te que passámos a comissão a proteger os trabalhos de abertura e asfaltagem de duas estradas: uma entre Aldeia e Buba com passagem por Mampatá e Nhala, e outra ligando Mampatá a Colibuía, Cumbidjã e Nhacobá.

Um abraço
António Carvalho


Do nosso camarada José Eduardo Alves, ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74:

Camarada e amigo José Santos,
Em primeiro deixa-me dar-te as boas vindas ao blogue. Eu, José Eduardo Alves, fui condutor da CART 6250 que vos foi render a Mampatá. Estou contente por saber que estás com ideias em ir ajudar aquela gente para o hospital da Comura, pois eu indiretamente estou ligado à gente que faz lá serviço de voluntariado.

Já fui 3 anos seguidos à Guiné-Bissau, claro visitar a gente de Mampatá onde tenho bons amigos. Fui com a minha esposa, e no próximo ano talvez volte lá.

Um abraço, depois falamos.
José Eduardo Alves


4. Finalmente, do lado de lá do Atlântico, do nosso camarada José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73, estes dois comentários:

Bem-vindo ao Blogue. Em tempos estive em contacto com o Brum. Por aqui, no estado de Massachusetts, conheço o Soldado Condutor Auto Manuel Fortuna, natural do Faial. Vive em Taunton. Também tenho os contactos dos Fur Mil José Bendito e Fernando Portugal.

Se estiveres interessado no meu contacto, podes pedi-lo aos editores.

Já agora, tal como o Luís Graça, gostaria de saber de onde veio essa história dos “Jovens Assassinos de Mampatá”. Tenho alguma dificuldade em aceitar que o vosso Cap Paula de Carvalho, um Comandante muito austero, permitisse o nome de guerra “Jovens Assassinos de Mampatá”. Mesmo assim tudo é possível.

Eu tenho um crachá da vossa companhia, “Os Sempre Operacionais”. Foi este crachá que esteve presente no último convívio da CCaç 3327 e para o qual foram convidadas as CCaçs 3326 e 3328.

Um abraço,
José Câmara
CCaç 3327


5. Ainda do camarada José da Câmara:

Caros amigos,
Decidi prosseguir um pouco mais com o meu comentário anterior por ter sentido que o nome de guerra "Jovens Assassinos" não se coadunava com a docilidade do soldado açoriano. Também não é menos verdade que conheci muitos dos militares que compunham a CCaç 3326, com os seus graduados e mantenho correspondência com alguns. Foi a um desses graduados que me dirigi para aclarar um pouco sobre aquele nome de guerra.

Tal como deixara antever antes, nunca houve nome de guerra Jovens Assassinos de Mampatá, mas uma alcunha feita por forças exteriores à Companhia.

Por ter entendido que essa alcunha não orgulhava o meu correspondente, camarada e amigo, pedi-lhe e foi-me concedida a devida autorização para usar as suas próprias palavras na explicação do que então aconteceu.

Com a devida vénia:

“Quando chegámos a Mampatá entrámos a "matar" naquela zona em que praticamente se havia perdido o controle e rapidamente o reconquistamos .

Foram uns primeiros 7 ou 8 meses verdadeiramente infernais. Mas atenção:
NÃO FOMOS NÓS QUE NOS BAPTIZÁMOS COMO "JOVENS ASSASINOS DE MAMPATÁ"
Nós fomos baptizados assim pelo PAIGC e por outras Companhias que souberam do nosso percurso ao fazermos a "limpeza" da zona.

Não tenho orgulho nisso, por que as guerras têm sempre o lado injusto. Mas era a lei da sobrevivência. Eram eles ou nós.”

De notar que o grande e único juízo de valor que esse nosso camarada faz, que importa realçar, é a sua afirmação “Não tenho orgulho nisso”, nesse nome, acrescento. Nas mesmas circunstâncias, como filho dos Açores e de Portugal, eu também não teria, nem tenho.

Um abraço amigo,
José Câmara
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Vd. último poste da série de 9 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9016: Memória dos lugares (162): Farim do Cantanhez e suas gentes... (João Graça)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8156: Estórias avulsas (52): Carta de agradecimento da gente de “Mampatá Forrea” (José Eduardo Alves)



1. O nosso Camarada José Eduardo Alves, Soldado Condutor Auto da CART 6250/72 - Mampatá -, 1972/74, enviou-nos hoje a seguinte mensagem.



Camaradas,

Pelo terceiro ano consecutivo, eu e a minha esposa fomos à Guiné.

Tornamo-nos associados da Associação Memórias e Gentes de Coimbra e colaboramos com eles, mas estamos ligados à gente de “Mampatá Forrea”, localizada junto à antiga Aldeia Formosa - actual Quebo.

Como sempre fomos recebidos com muitos abraços e muita alegria.

Entregaram-nos uma carta de agradecimento que eu gostava de ver publicada no blogue.
No nosso grupo viajou também, pela primeira vez, um grupo de amigos de Soure - Coimbra -, composto pelo António José Pinhão, sua irmã Maria de Fátima Pinhão e a Maria Manuela G. T. da Costa, que se tornaram uns excelentes companheiros de ida e volta.
É de realçar a emoção quando entraram em Pirada, em cima da linha da fronteira norte da Guiné, onde tiveram direito à velhinha e saudosa canção dos nossos tempos: “Periquito vai no mato, que a velhice vai na Metrópole“, cantada pelos Guineenses locais.
O Pinhão ficou muito emocionado.
Outro assunto que não posso deixar de abordar, é que a esposa do nosso Comandante de companhia - a CART 6250 -, Luís Marcelino, fez uma melindrosa operação e como ele faz parte da nossa tertúlia bloguista, gostava de lhe desejar as rápidas melhoras, com um abraço grande de toda a companhia.
Na foto vê-se o casal Marcelino.
Com os melhores cumprimentos,
José Eduardo Alves
Sold Cond Auto da CART 6250
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7260: Blogoterapia (166): Virar as costas sem se despedir (José Eduardo Alves)

Maria da Conceição, esposa do nosso camarada José Eduardo Alves, no meio dos miúdos de Mampatá.


1. Mensagem de José Eduardo Alves, (Leça) *, ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74, com data de 9 de Novembro de 2010:

Caros editores e amigos
Sinto no escrever de muitos camaradas do blogue uma frustração pelo que aqui vou exprimir a minha opinião.

No dia que cheguei à Guiné, olhei à volta e pensei: Que venho aqui eu fazer, isto não é meu para eu defender - olhei à volta e não podia ver nada amarelo, era tempo fraco e quase tudo que era amarelo, não prestava.
Talvez me enganasse, mas estava convicto, passaram-se 26 meses, chegou a hora da partida, que alegria, finalmente ia recomeçar vida nova.

Passaram 35 anos, olhei para trás e disse:
- Afinal deixei amigos na Guiné e não me despedi deles, quando embarquei eram 23 horas, noite escura, olhei para trás e não vi ninguém.

Falei com camaradas que também lá estiveram e um deles disse-me:
- A mim aconteceu o mesmo ou quase, quando embarquei estava nevoeiro, mas depois fui lá de propósito despedir-me.

Então eu fui lá encontrar os meus amigos, partir mantanha.

Voltei e vou novamente.

O que se encontra lá, é o que a Catarina Furtado encontrou, aquilo que semeámos e a verdadeira simpatia daquela gente. Acho que faz falta a muitos irem lá despedir-se dos amigos e verificar que não temos inimigos na Guiné.

Caros editores, se não tiver interesse fica a intenção.

Uum abraço do tamanho dos meus braços para todo o blogue.
J. Eduardo Alves ( Leça )
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)

Vd. último poste da série de 30 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7195: Blogoterapia (165): A geração da guerra (Joaquim mexia Alves)

domingo, 23 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6459: Ser solidário (72): Viajar (e sentir) pela Guiné (José Eduardo Alves, ex-Condutor da CART 6250/72)

1. O nosso Camarada José Eduardo Alves(*), ex-Condutor da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 21 de Maio de 2010:

Viajar (e sentir) pela Guiné

Camaradas,

Depois de me ter remetido ao silêncio, mas sempre activo nas leituras do blogue, hoje acho que está na hora de escrever sobre a viagem que fiz à Guiné este ano, e vou fazê-lo porque há sempre alguém que gosta que se fale destas aventuras.

O ano passado também tinha ido à Guiné, mas apanhei a “caravana” nos últimos dias da sua preparação e, pelo caminho, em conversa com alguns dos Camaradas que já lá tinham ido mais vezes, ouvi dizer: “Vais ter uma desilusão pois quem lá conhecias já morreu tudo!”

Mas, felizmente, não foi assim e ainda encontrei bem viva muita gente do meu tempo.

Fiquei então com vontade de lá voltar e voltei este ano, mais bem preparado e com mais coisas para dar aquelas crianças, que necessitam de tudo (muito do que nós esbanjamos).

No ano passado tínhamos ido até Mampatá quatro homens da minha Companhia - a CART 6250: o Carvalho, o Zé Manuel, o Francisco Pereira Nina e Eu. Todo ficamos surpreendidos pelo grau de abandono do nosso antigo quartel

Este ano só fui eu.

Como não podia deixar de ser voltei ao velho quartel de Mampatá, e encontrei em curso obras de recuperação, vendo-se já diferente e renovada a sala do soldado (de pedra e cal), o paiol (que o ano passado nem se via) estava limpinho, a antiga enfermaria (que já não tinha telhado) está a ser recuperada para enfermaria local, os balneários dos soldados estão transformados numa escola, que eu apoiei no que pude e vou continuar a ajudar.

Mas não parei aí e como levava uma encomenda, e um pedido do nosso Camarada e Amigo Vasco da Gama para Cumbijã, segui viagem e visitei a Fonte de Iroel (que data de 1946), Colibuia e Cumbijã.

Cumbijã, onde um dia encontramos a CCAÇ 18 e outras NT que lá estavam encurraladas.

Quem conhece a zona entende o porquê deles estarem encurralados, é que a estrada Mampatá - Hinhacovâ não tem saída para lado nenhum.

Depois visitei Guileje, Gadamael e Cacine, regressando a casa por Mampatá, Hinhala, Buba, seguindo pelo Quebo, Bissau, S. Domingos, Casamança, Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Marrocos, Espanha e, finalmente, Leça da Palmeira (minha terra natal e onde vivo).

Vou continuar a trabalhar para levar mais alguma coisa àquelas crianças.

Vou lá quando puder e penso que não é uma forma de neocolonialismo.

Vou dizer algumas palavras que ouvi a uma Guineense: “Ó Leça só vieste agora, foste embora zangado e vieram estes (…), para o vosso lugar. Vocês entregaram isto a um (…) armado, que era uma minoria e cujos cabecilhas nem eram Guineenses, eram de outro país.”

Penso eu que se calhar o governo Português ainda um dia há-de pedir desculpas à parte daquele povo, que ensinou a pegar e usar uma arma, depois tirou-lha e abandonou-a à mercê de uma sorte cobarde, traiçoeira e macabra.

Agora, quero levar luz eléctrica a Mampatá, especialmente para a dita enfermaria e posto de rádio, que foram inauguradas pelo Sr. Pepito, no dia que nós lá estivemos (tenho que lhe pedir autorização para publicar as fotografias).

Se alguém quiser contribuir com objectos, equipamentos e medicamentos, tudo o que nos entregarem será bem aceite. Lembrem-se que muita coisa que para nós já não tem valor, nem aplicação faz falta àquele bom povo da Guiné.

Nós, eu e a minha esposa, pedimos mais precisamente roupas de criança e material escolar, assim como medicamentos (dentro do prazo de validade como é evidente).

É a minha esposa que se ocupa na recolha, selecção e embalagem destas coisas, foi uma vez á Guiné e quer lá voltar.

Até Monte Real onde falaremos melhor, se houverem condições eu faço uma pequena exposição das inúmeras fotos das minhas viagens.

Na presente mensagem não vou anexar muitas fotos, apenas as de Guileje.

Um abraço,
José Eduardo Alves
Condutor da CART 6250
____________

Notas de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

22 de Maio de 2010 >
Guiné 63/74 - P6450: Ser solidário (71): Visita de Guineenses a Portugal (Agostinho Gaspar)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Guné 63/74 - P5533: O meu Natal no mato (28): José Eduardo Alves, ex- Sold Cond Auto, CART 6250 (Mampatá, 1972/74)


Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250/72  (1972/74) > Mampatá > Natal de 1973 > Cartão enviado pelo Leça [, natural de Leça da Palmeira,] à sua esposa, com votos de boas festas natalícias.

Foto: © J. Eduardo Alves (2009). Direitos reservados.

1. Mensagem (e foto) do José Eduardo Alves, ex-Sold Condutor Auto, Cart 6250/72, Os Unidos de Mampatá, Mampatá,  com data de ontem:

Camarada Luis e editores do blogue

Venho nesta época festiva para os católicos desejar um santo
e feliz Natal com muita saúde muita paz. E lembrar que enquanto o nosso vizinho tiver frio e fome nós não podemos dormir em paz.

Já muito foi dito no blogue mas eu quando saí de casa dos meus pais com 12 anos o meu pai disse-me:
- Se tiveres frio ou fome, volta.

E neste natal eu lembrei-me de usar esta frase porque assenta
muita na minha maneira de ser.

Junto envio um cartão de boas festas que eu enviei à minha esposa no Natal de 1973, em Mampatá.

Agora para os cinco continentes, um bom natal e que o 2010 nos traga o que puder de melhor, saúde e paz.
_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

30 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

22 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (14): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4393: Tabanca Grande (146): Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250 (Mampatá, 1972/74)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves, (Leça) (*), ex-Condutor da Cart 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 29 de Maio de 2009:

Camaradas editores
Venho pela presente, dar as boas-vindas, ao blogue do meu ex-Comandante de Companhia, CART 6250, Os Unidos de Mampatá. (**)

Não é demais, saudá-lo, pois é uma pessoa que eu sempre admirei, e já lhe agradeci pessoalmente por ter tomado conta de mim na Guiné, pois eu era tão revoltado com a tropa que às vezes me portava mal, mas graças a ele, tenho a Caderneta Militar limpa. É um homem com um grande coração, pois conduziu muito bem os homens que lhe foram confiados, não é por acaso que vem dar a cara em todos os convívios que se realizam anualmente, e é de realçar o carinho que toda gente tem por ele.

Não posso deixar de dizer que há três anos lhe falei desta família, embora só agora tenha aparecido. Seja bem-vindo a esta casa. Devo dizer que por este amarelo sempre tive apreço, só gostava que ele me explicasse porque é que na minha caderneta militar está que eu fui transferido para a 1.ª Rep do QG, em Bissau, e eu nunca saí de Mampatá. Eu era para ser transferido, para ser condutor do Carlos Fabião, que era o Comandante das Milícias da Guiné, ou coisa parecida, porque o condutor dele tinha acabado a comissão. Numa passagem por Bissau orientei-me, mas o meu Comandante deixou que todos os papéis fossem feitos, acabando eu por ficar em Mampatá. Muito obrigado.

Como estou à vontade, aqui vai uma pequena estória.

Estava eu de serviço à agua, porque inicialmente nós íamos buscar a agua a Aldeia Formosa, eram oito da noite, já estava a dormir, chega o sargento de ronda e chama:
- Oh Leça, você está de reforço.
- Mas eu não estive de serviço de dia, logo não posso estar à noite. Façam entrar a reserva.
- Já entrou, portanto você tem que ir para o posto 8.

Lá me convenceu. Cheguei ao posto, e pensei:
- Está bem.

Afinei o ouvido e da messe dos sargentos e oficiais vinha o toque da viola.
- Então é aquele que para os senhores não podia estar onde estou.

Que faço? Pego na G3 e dou duas rajadas. De imediato veio o sargento de ronda:
- Eh pá, que foi?
- Fique aqui, que eu venho já.

Fui à tabanca levar a arma e dizer ao Comandante Marcelino para mandar o da viola para o posto 8. Não vale a pena explicar a confusão que aquilo deu, mas eu é que não fui para o posto.

O Comandante Marcelino demorou dois dias a chamar-me e a convencer-me a aceitar um castigo, que foi sete dias a supervisionar a abertura de uma vala para nos abrigar em caso de ataque. Deu-me dois africanos para o trabalho, só que eu era tão querido na população que apareceram aí uns para me ajudar. Tive que explicar que o meu castigo eram os sete dias e não abrir a vala até ao fim, mas o sétimo dia foi perdoado.

Falta aqui dizer que convidei o Comandante Marcelino a ir comigo e com a minha esposa à Guiné, mas como o convite foi feito muito em cima da hora, não deu para aceitar. Acho que cumpri o meu dever, porque eu gostava que ele fosse. Talvez para o ano.

Eu sei que o trabalho no blogue tem sido intenso, por isso deixo ao vosso critério. Já mandei as fotografias para a adesão e perguntei se a minha esposa também pode fazer parte do blogue, porque ela diz que também foi militar, já que éramos casados quando fui para tropa.

Confirmo a nossa presença no Encontro em Ortigosa, s/dormida, José Eduardo Alves e Maria da Conceição M. Alves, afinal havia amarelos bons.

Sem mais por hoje, um grande abraço deste camarada de armas
J. Eduardo Alves
__________

Notas de CV:

(*) Vd. último poste da série de 30 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

(**) Vd. poste de 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74

sábado, 30 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves (Leça) (*), ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74, com data de 23 de Maio de 2009:

Camaradas
Luís, Briote, Vinhal e demais camaradas

Hoje vai uma história de camaradagem.

Como sabem, eu África sinto-me como em casa. Na minha última intervenção no blogue, disse tudo.

Quando estive em Angola, perguntei a um angolano se sabia o que era a camaradadagem, ao que ele respondeu que sim, que era aquela coisa que anda dentro do pneu.

Não vim aqui para contar anedotas, mas sim para falar do blogue, o que penso dele. Este blogue deve ser visto como um local quase sagrado, onde todas as pessoas se devem respeitar. Um pouco de cultura é o que falta a alguma gente que diz, mas não sabe o quê, isto é uma expressão africana. Este meu reparo, é para uma boa interpretação, sem ofensas a ninguém. Há bastante tempo que venho a apreciar quem é quem, por isso conheço o pessoal todo do blogue. Por vezes gostava de dar um abraço a certos camaradas, mas dou-o agora através do blogue. Tive um professor na universidade que dizia que quando rodamos a cara para os lados sabemos o que valemos.

Agora vou falar de África, porque uns escrevem o que lhes vai na alma, outros o que passaram, mas poucos são capazes de analisar, porque é mais difícil, é preciso tempo, e eu também tenho pouco. Aqui deixo o meu pensar de que os portugueses em África construiram cidades e amizades nunca esquecidas, tendo o Ocidente aproveitado a teimosia salazarista para destruir o que nós portugueses construimos. Branco e africano comiam na mesma mesa, dormiam na mesma casa, coabitava da mesma maneira e isto foi obra nossa.

Quando estive em Brazzaville, diziam os africanos, que Luanda em África era comparada a Paris na Europa.
Quando entrei nas plataformas de petróleo em 1984, dentro do mesmo barco havia cozinha para branco, cozinha para africano, balneários para brancos e outros para africanos, e eu surpreendido perguntei a um africano se aquilo era normal. Sim - disse ele - E sabes porquê? É que os santos são brancos e Deus também, só o diabo é que é preto.

Chega de histórias reais. A minha luta é ajudar esta gente, na terra deles, porque é lá que eles se sentem bem, por isso eu subscrevi algumas coisas e vamos para frente.
Devo dizer, com alguma modéstia, que por onde passei deixei amigos, e é assim que a vida tem sentido.

Este ano fui à Guiné e gostava de ter encontrado mais gente conhecida, mas como diz o guineense: - Deus não quis, fica para o ano.

Agora vou deixar um alerta, é que as cerejas com esta chuva já começam a ficar recheadas. Para os amigos eu tenho um verde tinto feito só com uva.

Deixo ao vosso critério este texto para publicar, porque tem muitas coisas à mistura, mas com o tempo eu vou aprender a separar os assuntos.

Aquele abraço do J.E.S. Alves a todos quantos o queiram aceitar, e não se esqueçam, quando apartarem a minha mão, façam-no com força.

Um grande abraço.

José Eduardo e António Carvalho durante a recente viagem à Guiné-Bissau

2. Comentário de CV:

Mais um texto do nosso universitário da vida, Eduardo Alves, texto simples que se espera tenha a sua essência intacta, uma vez que precisou, aqui e ali, de uns toques.

Camaradas, analisemos este parágrafo que retirei do texto acima:

Não vim aqui para contar anedotas, mas sim para falar do blogue, o que penso dele. Este blogue deve ser visto como um local quase sagrado, onde todas as pessoas se devem respeitar. Um pouco de cultura é o que falta a alguma gente que diz, mas não sabe o quê, isto é uma expressão africana. Este meu reparo, é para uma boa interpretação, sem ofensas a ninguém. Há bastante tempo que venho a apreciar quem é quem, por isso conheço o pessoal todo do blogue. Por vezes gostava de dar um abraço a certos camaradas, mas dou-o agora através do blogue. Tive um professor na universidade que dizia que quando rodamos a cara para os lados sabemos o que valemos.

Deixo-vos com estas simples, mas oportunas palavras do Eduardo.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Maio de 2009 Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (14): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

Vd. último poste da série de 28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4431: Blogoterapia (104): Não façamos deste Blogue um muro de lamentações (António G. Matos)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (22): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves (*), Soldado Condutor Auto da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 20 de Maio de 2009:

Boa noite camarada Luís Graça
Peço desculpa por roubar um pouco de tempo, mas vou ser breve.

Eu sou leitor assíduo do vosso blogue. Faz já três anos que o divulguei no nosso convívio anual, mas o pessoal ainda estava a aprender a trabalhar com o computador. Digitalizar ainda foi mais difícil, mas com o tempo lá foram aparecendo, como eu agora.

Falando de mim, concluí o ensino obrigatório em 1962, em Cabeceiras de Basto, com distinção, entrando logo para a universidade.

Quando assentei praça já tinha dez anos de trabalho, daí achar que em alguns casos, o amarelo não ficava bem sobre o verde. Éramos todos novos, carne para canhão, mas quem não se lembra da frase: quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão? O Estado Novo mandava essa gente nova, sem experiência para a guerra, que não era nossa, pelo menos minha não era que fui sempre pacífico.

Agradeço por me pôr à vontade para nos tratarmos por camaradas, mas pela vida que levei até hoje, pelo carinho que tenho recebido de muita gente, confesso que me é difícil tratar as pessoas por tu. Mas com o tempo... as minhas desculpas.

Voltando a falar de mim, depois de 1974, agarrei-me ao trabalho. Fiz, pós-laboral, vários cursos de soldadura e de desenho de serralharia.
Em 1978 fui para Angola, voltando no ano seguinte.
Em 1980 fui para a Costa do Marfim, em 1982 fui para a República do Congo Brazaville, em 1983 fui para a Venezuela, em 1984 Congo novamente, em 1985 Angola de novo até 1987 e em 1988 fui para a Suíça, de onde regressei há oito anos.
Hoje tenho uma empresa de serralharia e tubagem industrial, mas costumo dizer que sou serralheiro, a palavra empresário cai-me mal;

A minha escrita não é por aí além, mas é o que se pode arranjar.

Última pergunta. Para ir ao convívio, em Ortigosa é preciso pertencer ao blogue ou seja à tertúlia?

Os meus agradecimentos pela resposta.

Em Leça da Palmeira ou em Cabeceiras de Basto, freguesia de Cavez, tem uma casa ao seu dispôr.

Por hoje é tudo
Um grande abraço e bem haja


2. Comentário de CV:

Caro Eduardo
Este teu texto está a ser publicado na série "História de Vida", porque tiveste a humildade de contares um pouco de ti, de uma forma desassombrada, sem enfeites literários, tão rectilínea como a tua maneira de estar na sociedade.

És um exemplo da força de vontade para vencer na vida, não estando à sombra, à espera que o Estado resolvesse o teu problema de subsistência. Hoje és tu que à frente da tua empresa olhas pelo teu destino e quiçá do de mais alguém.

Se entraste para a universidade da vida tão novo, tens a respectiva licenciatura. Diria que já és Doutor Honoris Causa do Trabalho.

Conheces parte do Mundo a teu modo, onde deixaste o teu suor, horas de solidão e saudade da família. Hoje, mais confortavelmente instalado na vida, não sabendo ainda o que é descanso, tens pelo menos a alegria de teres os teus, todos os dias à tua mesa.

Respondendo à tua pergunta. Não é necessário ser tertuliano do Blogue para participar no nosso Encontro. Condição importante é ser ex-combatente da Guiné. Por outro lado temos tertulianos que felizmente, para eles, não foram combatentes na Guiné nem em lado nenhum, mas que se querem juntar-se a nós. Também eles são bem recebidos.

Eduardo, escreve sempre que queiras, não te preocupes com a escrita, como referes, pois nós damos um jeitinho. O importante é que, cada um a seu modo, possa dizer o que lhe vai na alma e, por que não, ensinar algo aos demais.

Não te esqueças das fotos da praxe.

Para ti um abraço do Luís e dos restantes camaradas.
Carlos Vinhal

OBS:- Não repares por não ser o Luís a dar-te resposta, mas as relações públicas são do meu pelouro.
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4393: Tabanca Grande (146): Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250 (Mampatá, 1972/74)

Vd. último poste da série de 11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3724: História de Vida (13): 2ª Parte do Diário do Cmdt da 4ª CCAÇ: Bedanda, Março de 1963 (George Freire)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4393: Tabanca Grande (146): José Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74)

1. Mensagem de José Eduardo Alves, com data de 19 de Maio de 2009:

Boa noite dr. Luís
Eu sou J.E.S. Alves (Leça), ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74, um afincado leitor do vosso blogue, pelo qual admiro todos quantos fazem com ele seja maior que o mundo.

Gostava de escrever para o blogue, mas devo confessar que da tropa nem do pré gostava, um dia ia levando um castigo por não ter ido receber, era tão pouco que não valia a pena.

Depois, eu era contra tudo o que fosse amarelo, mas um dia hei-de arranjar jeito para mostrar o porquê da minha indignação na altura.

Hoje falo da minha ida à Guiné no mês de Fevereiro passado. Fui com a minha esposa de carro, com a caravana do Moreira de Coimbra.

Lá, fomos tão bem recebidos que a minha esposa quer lá voltar para o ano que vem.

Quando chegámos a Pirada, perguntei se já estávamos na Guiné Portuguesa, mas logo corrigi o erro. Um guineense deu-me um abraço e disse:

- Sim, esta é a Guiné Portuguesa.

Quando cheguei a Mámpatá, fui reconhecido por algumas pessoas que me perguntaram porque é que só agora fui.

Vou terminar por hoje.
Vou tentar enviar um foto da Guiné, porque em exposição ganha um prémio.

Se acharem, deve ser publicado. Deixo ao seu critério.

Um abraço do tamanho do blogue
J. Eduardo Alves
Leça da Palmeira

Nesta foto Eduardo Alves e António Carvalho, dois ex-militares da CART 6250, no meio de gente bonita e calorosa da Guiné-Bissau

Uma singela homenagem a camaradas da CCAÇ 2406 e Pel Caç Nat 53 que perderam a vida na guerra da Guiné

O nosso camarada Eduardo Alves, nas cerimónias do 10 de Junho de 2008, no Cemitério de Leça da Palmeira


2. Comentário de CV:

Caro Eduardo. Olá vizinho.
Nas palavras do nosso Editor Luís Graça, és desde já um elemento da nossa Tabanca Grande, uma vez que foste a Meca.

Quer ele referir-se à tua ida à Guiné-Bissau, de carro, e levando a tua esposa como pendura. Embora integrado em coluna com pessoas experientes, foi uma proeza.
Para complicar, ainda por cima nos puseram em sobressalto face aos acontecimentos da Guiné-Bissau convosco lá. Felizmente correu tudo bem e vocês voltaram sãos e salvos.

Se tiveres algum tempo disponível (és patrão, logo tens outras responsabilidades) escreve as tuas estórias, mesmo aquelas contra os amarelos. Já agora não os meças todos pela mesma medida. Havia bons e maus amararelos.

Manda-me uma foto actual e outra antiga para os nossos arquivos. Se quiseres passas por minha casa e entregas-me ou metes na caixa do correio.

Como saberás, no próximo dia 20 de Junho vamos estar em Monte Real. Vais aparecer? O teu camarada Zé Manel já se inscreveu, o Carvalho ainda não se manifestou.

Se não fores, vais ser o único leceiro do Blogue a não ir ao Encontro. Vamos: o Agostinho, o Zé Carlos e eu. Vê lá nos nos deixes ficar mal.

Não sei se reparaste que o Luís Graça te chamou a atenção para o facto de aqui no Blogue nos tratarmos por tu, assim, a partir de hoje nada de insultos.

Caro vizinho, se não for antes, dia 10 de Junho, estaremos juntos no Cemitério de Leça da Palmeira a homenagear os nossos camaradas que perderam a sua vida na Guerra Colonial.

Recebe um abraço em nome da Tertúlia.
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4377: Tabanca Grande (145): João Lourenço, ex-Alf Mil do PINT 9288 (Cufar, 1973/74)